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Bullán

Neste escrito trata-se de explicar como algo simples, como é o primitivo moinho de mão, gerou toda uma série de palavras que a etimologia tem dificuldades para achar relações:


Bullán em gaélico

Na fala antiga houve uma primeira *bu!!a.

Grafo assim "!!" supondo que o tal som era é um alófono do fonema /ʎ/, (che vaqueiro).

Esta primeira *bu!!a faria referência a um buraco num penedo, e mais tarde a um moinho de mão numa rocha, moinhos assim que há por muitos lugares do mundo.





Um costume semelhante há na raia, na zona da Peneda, arredor de alguns santuários como o da Peneda ou de Anam
ão, a gente recolhe seixos, cuartzos amarelos na zona e deposita-os nas caçoletas e pias naturais ou não que as penedas graníticas têm.
O nome de uma covinha num penedo, ou uma pia é bullán em gaélico, grafado à inglesa como bullaun.
Nome também para as covinhas sacralizadas de pedras com especiais poderes, e nome também dos pisões, moinhos de mão, e morteiros.


Este radical bulh- / balh- na lenição gera malh-.
Então temos relacionado o malhar do cereal com o primário bulhar ou debulhar das landras em moinhos simples?
Bulhar que ficou para as castanhas e favas principalmente, ao abandonar-se o consumo de landras.
Para as castanhas também se diz petelar, que tem proximidade com petar.



Assim temos que ainda se fala da "bulha das graíças" para falar estritamente da malha de plantas com grãos (graíças).
O que poderia justificar que a palavra bulha, (de landras ou outros frutos), é anterior à palavra malha.

Castanhas que são bulhós, bulhotes, bilhós...

Então podemo-nos imaginar um primeiro moer em penedos tais como este:


http://www.capdg.asso.cc-pays-de-gex.fr/Circuit-des-pierres-a-cupules-d

O bater de tanta pedra contra pedra cria a bulha ruidosa e a festa, bulha que seria rítmica música de moinhada.
Bulhar que ao perder-se a sua primeira ideia, derivou, alargou em abrir ouriços de castanhas, em debulhar favas e milho na atualidade...
Bulheria que é a lama repisada.
Bulho que dá nome a matérias machucadas como o bulho da uva ou da azeitona, o bagaço...
Bulho:
Bolo de comida que volta à boca.
Bagaço da uva; aguardente.
Resíduos logo de esmagar a maçã para sidra.
Ouriços das castanhas logo de os termos debulhado.
Resíduo das cascas exteriores verdes das nozes.
Caste de castanha de forma redonda.
Desperdícios logo da malha, esterco miúdo, desfeito, que fica no fundo da corte.
Lugar onde nasce água do chão, lugar pantanoso, lugar com lama.

Outra deriva da primitiva *bu!!a é a buxa com tantas mudanças que nestoutro escrito se falaram.
Também da *bu!!a poderia nascer a bura, e a raiz do burial inglês, do galês buria ..., ou ao revés. (O Buriz).





A *bu!!a daria a bucha ou bucho, que se confunde com a moelha, da galinha, onde as aves, moem o seu sustento.
A bu!!a astur tem os significados de:
Comida do estômago dos ruminantes, depois de matados.
Esterco, bosta, defecação.
Berra, bulha, briga.
Também compre atender a esbillar em asturiano, com o mesmo significado que esbulhar, tirar os grãos da vagem.


Tudo isto fala-me de palavras anteriores ao latim, e que mesmo no latim são raízes.



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Desta *bu!!a nasce a bola e o bolo como massas esféricas?

No asturiano a palavra boroñu para um molete de pão faz a ponte entre o bolete / molete, o *bolono / bolão, e a boroa ou broa.
Borona asturiana que é uma bolona, uma bôla grande, com só uma variação de rotacismo.
Atenda-se à força da palavra molete que apresenta uma lenição de b a m, bolete, molete.
E além disto, molete é um bulhó, uma castanha assada.



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Se colho a palavra bilhó, irmã de bulhó, e tiro dela, debulhando-a um pouco poder-se-ia chegar a gerar a bilharda e a bilha?
Bilhote reúne o nome do bulhó, castanha assada, e da bilha como espeto, espicho para tapar o buraco do barril.
Bilha em occitano é uma marra, uma bengala ou cajato.
Pill com a variação bill no galês é um tronco, uma estaca, um pau


Assim na bulha, na malha, boura-se, bate-se com uma bilha, pau de maçar, na bura ou buxa, que é o buraco.

Onde o verbo bourar aparece como deriva de bu!!ar?



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Artigo interessante sobre as bullaun stones. http://oldeuropeanculture.blogspot.ie/2014/12/bullaun-stones.html


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bruia, é nome para o moinho em Vila-seco de Cea, que vem dando bruar, fazer ruido, e bruir, e brunhir, e bro, pedaço ... , na mesma génese que bulhar, brulhar
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Isto faz pensar que os bulhotes e bulhós (*bu!!onos?), bilhós, bilhotes e moletes, seriam castanhas assadas ou landras assadas das que se faria uma farinha.
Que uma *bu!!a seria uma moinhada neste tipo de morteiros e pilões?

Se temos em conta as variaçoes b / m:
No albanês mulli significa moinho, (com um suposto *bulli aparentado?).
No córnico essa mudança b / m está em belin (moinho).
Moleiro poderia ter sido *boleiro?

*Mü!!o como raiz?, temos milho, cereal que se moi no mill inglês.
Munho, como passo entre bulho e moinho sem ir ao latim?
Munha, munho, muinho, moinho?
Atenda-se que existe o particípio irregular munho, mudo, mundo, para dizer moído.

Então quando falamos das cara-munhas, falamos das carabunhas?
Da durém das pevides, dos ossos de fruta que se machucavam?

Abre-se aqui uma possibilidade etimológica para o Minho, e para os lugares chamados de Minhoteiras e variantes....
Sendo pois minhoteiras lugares próximos à mina (*minha) onde o mineral era esmiuçado em rudimentares moinhos de mão.
É o caso de diversos minerais que antes de serem derretidos polo lume é necessário moer.


Se continuamos na ideia da lenição, fortição, nesses hipotéticos primeiros moinhos, *bu!!as / *mu!!as, além de moído o cereal miúdo, o milho / bilho, também era reduzido o *minho, minium, ou *minha, o mineral, e...
 

Feito o vinho...
Na ideia de que vinho é uma derivação do *bu!!o, *bi!!o.
Como assim aparece nos abundantes lagares rupestres da zona do Tâmega, lagares que são primitivos lugares de esmaghar (esmalhar, esbulhar) as uvas e fazer o vinho.

Este fio etimológico também explicaria o topônimo Bunho?, na comarca de Bergantinhos, como o lugar onde se bulhava o mineral da zona, com o monte Neme como lugar ainda hoje canteira..

Plantas do gênero Carex, (Carex arenaria), levam o nome galego de bunho.
Nome que pode fazer referência ao uso do seu rizoma machucado como tintório na antiguidade.

Nasce assim do bunho a ideia do banho?, como lugar de remolho do esmagado que sai de ser bunhado, bulhado, confronte-se bulho, lugar lamacento, com *mulho / munho, e molho.
Com as ideias do cultivo do linho, que se dispõe em molhos / monlhos que se molham, banham e malham.
De onde se entende que um monho no cabelo não é mais que um monlho.

Estamos no início do idioma, e estamos nos primitivos moinhos de mão. Ligeiras variações na palavra fazem mudar o seu significado, mas conserva a raiz com o conceito definido.

Uma pedra bate contra outra num moinho rudimentar, e esta "nova técnica" gera palavras aparentadas umas com as outras e nascidas de uma hipotética primeira palavra que definiu o tal moinho simples.
*bu!!a / mu!!a que pode mesmo gerar faíscas chamadas de muchica, muxica, e moxena.

Bater que passa de ser *bmu!!a, murga a ser música.

Um murgueiro é um feixe ou uma meda de cereal para malhar.

Da mutação que ocorre na consoante inicial de *bu!!a, sai fu!!a.

Onde temos o moinho de folão, ou folão, que é um batão, (confronte-se o francês foulon e fouler, e com o espanhol follón e follar), o folião e a folia.

A *fü!!a, dá a ficha, a pedra que entra no buraco, lembrando-nos a sua antiguidade, pois já há jogos do tipo jogo da Velha, (três em raia) nos petróglifos...

A última lenição da série acaba em u!!a e u!!o.
Hulha que é o carvão, que dizem derivar do valão hoye, hoye que bem poderia ser um h
oyo espanhol, um buraco, uma cova, ou vala. Uello que é um güeyu, um olho asturiano.
Que dá também a palavra espanhola huella, (pegada).
Um ilhó? E um ichó?
A ucha, como arca.....
Estará por aqui a origem do rio Ulha?
Ulhó ao lado de ilhó, pântano.







Para falar que as covinhas que aparecem nos petróglifos, poderiam ter um simbolismo próximo ao moer?
Por aqui acha-se a origem da palavra mulher?

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http://sigfri.blogspot.com.es/2010/08/camino-de-santiago-te-atreves.html


Teoria evolutiva dalgumas raízes do indo-europeu: Esta teoria fala de palavras ligadas à vida dos povos pré-históricos, com uma cultura material neolítica, com caminhos de comunicação curtos de um assentamento a outro, mas estruturadas em rede de intercâmbio local.

A palavra *bu!!a raiz é uma suposição, mas viva no asturiano sul-ocidental, e semelha acaída para explicar toda esta deriva, tendo em conta as "regras" de mudança fonética; regras que não são leis estritas.

A palavra inicialmente é específica para um feito, *bu!!ar, talvez relacionada com a cultura do carvalho e as suas landras. Ao *bu!!ar outros materiais, inicialmente a palavra é a mesma, mas em territórios onde a *bu!!a começa a especializar-se muito, requere uma mudança fonética para não confundir conceitos ao falar.
Assim na expressão bulha das graíças, vemos o intento de especificação tendo de emitir mais sons, isto evitou-se com mudanças em lenição malha e mullir espanhol.

Estas palavras especializam-se diversificando levemente a sua fonética em áreas onde a agricultura ou os usos mudam do originário.
Assim o *bu!!ar inicial no *bu!!o de sementes, nalguma parte foi feito com mais frequência sobre as uvas, e o *bu!!ar seria dito *bi!!ar, e o *bu!!o: *bi!!o. Que geraria o vinho.
Quando esta nova palavra, conceito, viaja fora da sua área onde se especializou, leva consigo a mudança fonética, assim o vinho, que como nova palavra e matéria aparece, deixa de ser em parte *bu!!o, bulho, e nasce binho, vinho.
Bulho que persiste na cultura do vinho, pois é o bagaço; e que segue aqui viva, no conceito original de maçar.
Esta deriva tem núcleos claros de geração, onde as palavras nascidas da raiz são muitas e se conservam, como é o caso aqui exemplarizado.

Com o vinho abala, deita-se, a teoria latinista da sua origem em palavra.
Não é para afirmar que a Ibéria fosse nicho no último glaciarismo da Vitis vinifera, nem o lugar onde se tivesse inventado o vinho.
Talvez a evolução mais provável da palavra tenha sido de uma forma semelhante a *vi!!o, (vinho), a vinum, do que ao revês.

Que racha e quebra isto todo?
: Não que a origem do vinho seja mediterrânica?
Ou sim?, pois de seguro que o primeiro vinho pudo ter sido de amoras feito em buras, fóveas das penedas, como os nenos e nenas temos feito.
Mas racha que a raiz etimológica esteja no grego eólico ϝοῖνος (woînos), ou no grego antigo οἶνος (oînos).
Sim?, podemos-lhe dar a volta ao conto e do οἶνος (oînos) grego por fortição chegar ao bulhó?
Creio que dificilmente.

Que implicações tem isto?
Pois que o nicho glaciar da costa atlântica é gerador de palavras que chegam a um lugar que é tido por berço da cultura europeia, e que ali se imponhem ou impõem.
Como é possível, que o núcleo imperador cultural, adote palavras vindas de tão longe para elementos que são essenciais, como é o caso do vinho?

Pois...
Estamos no neolítico e no avanço da agricultura.
E esta palavra dá ideia de que um dos avanços foi também desde este canto.

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Comentar algo sobre a etimologia "oficializada" pola Real Academia Espanhola e polos dicionários portugueses
Alguns fios etimológicos quando não se acha lugar nas línguas hegemonizadas, (latim sobretudo), faz referência ao francês, não tendo em conta nem sequer o leonês ou astur-leonês, do que o espanhol tem assimilado muitas palavras, e menos ainda o galego.
Então recolhendo essa dica, algumas palavras que caem nesta dinâmica de serem derivadas do francês, achamos os mesmo cognatos e radicais nas línguas ibéricas em continuum desde Faro até Fisterra, de Fisterra a Creus, e saltam-se os Pirineus polo Occitano arriba.
Que quer dizer isto? Que houvo uma continuidade desses territórios.

Por exemplo, visto isto de bulhar e maçar comidas, onde está o bagaço, e o bagulho, e se maçam maçãs...
A etimologia espanhola força-se e esforça-se em fazer nascer manzana do malus, mala latino.
Sendo como foi a força grande destes lugares de esbulha na gênese da cultura e da palavra, aqui também se esmagárom maçãs, que anteriormente à caída, ou nasalação do ene intervocálico, seriam *mãçanas, pois eram maçadas com maça para fazer a sidra.
Quando se fala da mala mattiana, e se vai dar a que houve um botânico Caius Matius que lhe deu nome à mala mattiana....
Mas se sabemos latim, mattiana é um adjetivo derivado de mattus, matta, mattum, que significa bêbado, intoxicado.
Quer dizer que as tais mala mattiana eram maçãs "borachanas", antes do que maças do senhor Matias, maçãs da sidra, para diferenciar-se das maçãs de comer, ou doutras variedades que no Corpus legorum aparecem descritas.
Se vamos mais alô, matta que no latim significava bêbeda, como hoje em dia "andar maçado", ou "maçar-se a beber", tem uma origem inicial que é na maçada, no matar e maçar.
Se acudimos a buscar a etimologia de maço, vem direito do indo-europeu sem passar polo latim, com cognatos como machado, malho e martelo...
Então, recapitulando: A origem está aqui, num alargado aqui, que não obrigatoriamente veu da Roma, pois aqui já se maçavam, matavam maçãs com maços antes de que Roma chegasse, palavra maço que o latim não tinha, lembremos que é do latim tardio o hipotético mattea, matea, que sim houve uma matteola.
Latim que colhe palavras das falas dos territórios que conquista, assim como usos e produtos....

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http://montetecla.blogspot.com.es/2007/03/pedra-da-boullosa-i-rastros-del.html
Pedra Boulhosa, segundo A.De la Peña e Costas Goberna.1993







Mais palavras deste âmbito: esbilhar, esbilhoar, esquilhar.


bu!!a, bukha, buca, boca
bi!!a, bikha, bica, viga
mi!!a, mikha, miga

mu!!a, mukha, moca

Escabulho....



















As etimologias derivativas têm o que têm, espelham estruturas hierárquicas do poder atual ou de um passado recente onde foram construídas.
Assim para a etimologia inglesa mais divulgada de palavra pet "animal de estimação", esta deriva do francês petit "pequeno", ainda que no inglês antigo peat significasse "carinho, (darling), mulher".
Nesta palavra peat inglesa está o querer do petar?
Imo-lo ver.
Deste jeito o divulgado animal de estimação: pet, não é a/o pequeno/a mas sim a quem se estima, a cara ou o caro, a querida ou o querido, resumido na palavra "carinho". Pois o verbo inglês to pet vem sendo acarinhar, querer-se, comprazer-se, afagar-se amorosamente.
Ainda que a etimologia inglesa tem o galês ao lado com o verbo peth e os significados de "pegar com as mãos, apalpar, cuidar, deleitar, curar, obsequiar..."
Assim nas ilhas ainda que o pet, a estimação, tenha pares nas línguas célticas, a linha etimologica elucubrada é do francês para o inglês de o inglês para as falas célticas.
Alguém vê isso mesmo para nós?
Quer dizer que quando uma pessoa galega, asturiana ou leonesa diz o que lhe peta, diz o que pulsiona, o que bate dentro de si, o que quer, porque petar é querer...
Assim as etimologias das grandes línguas das nações opressoras vão-se alicerçando umas nas outras em alegre companha, subjugando etimologicamente, ou lançando à periferia as línguas e nações dominadas e a quem seja utente das tais criando-lhe um preconceito sobre si de inferioridade subliminal.
E o que é ainda pior, criando um preconceito de supremacia para quem seja utente das línguas hegemonizadas desde a manipulação da etimologia.
Como vão explicar as elites das culturas imperialistas que o estanho e as suas ligas: pewter(en), peauter(fro), peltre(es-pt-cat), peltro(it), veem de uma fala periférica, de uma cultura antiga já então dependente onde o conhecimento dos metais foi apreendido?
Pois para o fabrico do estanho há muito que petar.
Assim uma petada é uma porção (de terreno) e no gaélico antigo petta é uma herdade agrícola...
Animo a quem estuda as etimologias desde as periferias que comece a mudar o ângulo desde onde estas nos foram interpretadas.




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Idioma lakota
buyá (bú-ya) advérbio, ruidosamente.









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