Contas

As contas, começam coas restras, no ábaco.
E as castanhas trazem as contas.
Nos colares de zonchos que a nossa avoa cosia polos primeiros do mês de Santos, Novembro,
começamos a contar; com as contas dos colares, dos rosários.

Zanfoga é um lugar alto, onde o castinheiro no se dá bem.
Os de Zanfoga tinham os soutos por Moldes, do outro lado da Serra, do outro lado do Capeloso.
Dentro dum grande souto está metido Moldes, como muitos povinhos do Oriente da Galiza.
De Zanfoga colhiam os carros polo Castanhar (meses de Outubro e Novembro) e marchavam para alô, para recolhê-la, para secá-la.
Os próprios vizinhos de Moldes nom podiam tocar a castanha, tinham só direito às que puderem ter caído antes de chegarem os zanfogos ali, ao restrelo, à castanha caída quando o ouriço se abre, aos degaros, degoros ou degoiros; e às bolercas, aos croucos, às últimas castanhas, muitas delas más.
Depois com varais e arrebolando rebolos (paus) iam-se limpando os castinheiros do seu fruito.
Os de Moldes eram alcumados de papudos, por estarem mirando para o degaro, para a desejada castanha no ouriço pendurada; medrava-lhes o papo nesse anelo de papar, em Moldes havia muito bócio.
Degaro, degoiro, é nome para o anelo, para a ânsia, para a castanha.