© Copyright. Direitos autoriais.

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Orno



Orno e órneo, assemelham formas deformadas de hordeum.
Mas tem o seu "aquel'" , esta palavrinha pouco divulgada que define os hôrreos desde a urna.

O orneo, o brado do burro, está por perto?
Apenas no galego e leonês é que se diz ornear ou ornejar, polo zurrar do jumento ou da jumenta.

Emitir cantos, "ornos" quedou só para o burro ao entrarem novas palavras de maior rango latino sobre o "desprezado" pré-latino?

O ornis grego, ὄρνις, leva todo este grupo de significados: ave, ave de agoiro, agoiro mesmo (ditado polo voo ou canto das aves), galo, galo e galinha, ganso.
No antigo eslavo da Igreja, achamos parentes: orilu, no lituano erelis, no gaulês eryr "águia".

O freixo da foto nom é frequente na Galiza, o Fraxinus ornus, a diferença dos outros dous freixos europeus, o Fraxinus ornus é mui chamativo polas suas flores, freixo florido.
Ornar: ordinare?, ou colocar ornas, ramos, cantos, enfeites, ornatos?, o que fai o galo co seu canto e colorido de penas.

Zeus de neno foi alimentado por ninfas da seiva do ornus, chamado tam'ém freixo do maná, que destila nas feridas um suco; recolhido pode fermentar como o vinho.

E assi som os hôrreos: ornos, cheínhos de ledice alimentária, enfeitados, ornados em cores e com símbolos protetores.

Ainda temos piorno, para um arbusto varredor com muita história, ele orna os montes com o seu arrecendo e cor amarela.
Piorno é referido para as Genistas, para os Cytisus dependendo das zonas e dos falantes.
Piorno é nome tam'ém do hôrreo, priorno, pidorno.
Dizem que piorno pode ser parente de viburnum, outro arbusto que leva a partícula -orno dentro.
Viburno (Piorno) talvez o nome derivado da raiz latina vinc-, (vincar, vínculo) pois é flexível e foi usado para fazer cestos, e os hôrreos antergos assi eram, de varas trançadas.
Outra orige poderia vir do valor mágico, religioso, da planta do piorno, que é empregada para ad-ornare as casas polo Sam Joam, co poder de tornar o mal. Umha planta de altar, pois é pia e orna?
Fai um ornato puro.
O piorno deita um cheiro boíssimo que desde os altos tesos baixa coa brisa até o val.

O piorno tem assi umha grande plurivalência centrada nessa sua característica, é umha ornamentaçom, um enfeite limpo, sem fachenda, sem orgulho, sem vaidade, a pesar da sua cor amarela de tesouro, ele é do monte, ele, o cabaceiro humilde, canastro, o piorno guarda um tesouro.
E bem tempo é este, no que os piornos floridos e gestas dos altos, dam-lhe amarelo e recendo aos cumes da terrinha.

Um poema de Uxío Novoneyra:

Cavorcos vales e tesos
pincheiras fontes e ríos
de acuática fartura
camiños vereas corgas
de lama e lousa
uces carqueixas piorno
castiñeiros e rebolos
faias xardóns bidueiros
curuxas nas abeleiras
e un falcón crepuscular
colgado da lúa chea.


Codorno, pêro doce, maçã grande, da árvore codorneira.
Poderiamos suponher umha orige próxima a orno, com a prefixaçom cod-, caule?
O orno, o Fraxinus ornus, foi usado polas Meliae, as ninfas desta árvore, para alimetarem a Zeus. Μελίαι tem muito parentesco com mele, e com mela, maçá em italiano, mas também com o negro e escuro, (melanina).
Poderíamos pensar num hipotético cata-orno, debaixo do orno, ou a partir do orno.
Ou emparentado com coturnix, cotornice, coturniz ou paspalhás, avezinha do orno também, do leste, por serem migratórias.
Há um tipo de calçado, com salto, das tragédias gregas que tem nome de coturno, também as botas militares ou dos caçadores.
Outra ave que leva a partícula orno é o estorninho, umha das duas espécies que se vem por aqui, o Sturnus vulgaris, tem em parte umha migraçom de leste para oeste na invernada.
Bichorno, bochorno, está relacionado com vulturnus, vento do leste, onde voltamos a ver a relaçom entre urnus /ornos co nascimento do Sol(*).
No leste da Creta está a serra chamada Orno, a mais oriental das cadeias montanhosas da ilha.
Quando sai o Sol o ornito ornea entre piornos, e do nascente alvor bebe o Sol-som que transforma e enfeita a manhã, saindo em canto polo seu bico, honrando e ornando o passo do noturno para o diurno.

Estamos com orno ou urno. Urno denota instante como sufixo latino, diurno, noturno?

Saturno-Cronos, liberta-se da prisom na que o tinha o seu pai Ur(a)no-Coelus.
A mãe Gaia, dá-lhe umha fouce coa que o mata e capa.
Saturno, o cultivado o semeado, o cultivador o semeador, está encerrado primeiro no ventre de Gaia, da sua nai. Está na urna, a mesma Terra dá-lhe umha arma coa que abre caminho no seu cárcere canastro.
Das pingas de sangue da capadura de Urano que caem na Terra, nascem as Meliae.
As Meliae tempo depois recolhem esta seiva negra do orno/urno, sangue do avó Urano, para alimentar ao neto Zeus-Júpiter também libertado de ser engolido polo pai Saturno graças a que a arteira da sua mãe, Reia-Cibele lhe dá umha pedra envolta em panos ao Saturno engolidor de filhos.

Saturno, o saturado, o saciado, o que cria saturninos melancólicos para devorá-los, o semeador sátiro...
Σατᾶν, Satan, o opoente.
Sátrapa dos céus, lascivo.
Sátiro que todo ridiculizas e nada valoras.
Satélite do Sol que abusa do poder dado.

Sat-urnu, o que se opom a urno, o vespertino luxurioso, o do oeste, sat- tem umha significaçom de oposiçon de anti-.
O do meio na sucessom do poder do Céu, primeiro Urano, depois ele Saturno, e finalmente Zeus.

Urano e o que turna/torna, o planeta que como Vénus - a sua filha nascida dos testículos guindados ao mar polo capador Saturno - tem umha rotaçom contrária, diferente à do resto dos planetas do seu contorno do sistema solar.
  (*) A hipótese é que este orno, foi nome inicial do lume-sol-calor. O padronizado bochorno tem todas estas variantes: bachorno bechorno bichorno buchorno mochorno Estamos diante de uma partícula inicial que a jeito de prefixo tivo significado: bo-chorno. Para a parte de Bergantinhos e redor: sórnia, é adjetivo para falar de alguém muito caloroso. No asturiano esta calor é dita chornu. Está aparentado próximo ao gaélico antigo sorn, com o significado de fogão e forno e secadoiro, uma espécie de sequeiro com lume para manter o cereal e outros produtos livres da umidade. Confronte-se a proximidade entre sorn gaélico e o horno / orno / urna, nome próprio e dialetalizado do hôrreo ou espigueiro. Sorn está na gênese do céltico e proto-indo-europeu em cognato com o latim fornus. Na flexão da mutação da consoante inicial, no celta q e celta p, teriamos korno e porno. A relação do porno com a quentura é obscura, mas suficiente o grego πορνεία porneia, prostituição? E o corno?, o corno como corno, antes do que corno  ser nomeado pela dureza? Foi nomeado porque foi usado para guardar o lume? Um cono, conno? Deixando atrás isto: O de bochorno tem o seu aquele, pois a partícula inicial bo- e as suas variações, mais -chorno, remetem a um gaélico mui próximo, onde bo- é forma verbal do verbo ser, (daí a grande variação, bochorno, bichorno, mochorno... dependendo do tempo verbal?); e -chorno seria mutação de sorn, na ideia de expressar "é (um) forno". O que semelha haver é um nome muito antigo para o lume-sol-calor que teria o radical -orn, e na sequencia de mutações da consoante inicial derivou por um lado no porn- e por outro no corn-. Porn- gerá born-, to burn (to born é um regionalismo para queimar também) em inglês, com burneja no galego para a empola da mão, já com born-, temos borna, o mesmo que morna, borralha, borralheira para a cinza quente, com o passo simples de orn a orr, como em orno / orro. A ressaltar borne e borneo. Borne é a ponta de uma lança, ainda que dizem derivada do francês borne com o significado de extremo, borde; borneo é girar, o que dá a ideia de como se fazia o lume? A urze-bornal bem pode estar dizendo para o que se usava. Morna / morno está nesta sequência diretamente relacionada com o seu par borna / borno, morralhas / borralhas como cinzas, e mornalheira como a pilha, lume e cinzas da roça. Mornão é o tição-do-milho, ou carvão-do-milho. Morniar também significa dar voltas.Mornear é ornear, a relação entre o lume e o canto não a observo tão direta, ainda que partilhem a raiz -orn. Forn- é outra das raízes saídas desta série. Vorn- Horn-, onde voltamos ao horn inglês ao corno. No bretão kern "corno" poderia dar a chave entre o corno e o lume? Confrontem-se outras palavras para corno que perto estão do radical -orn e as suas mutações: O eslavo antigo da igreja: сръна ‎(srŭna, “corço”). O sânscrito शृङ्ग ‎(śṛṅga, “corno”). O pashto سور ‎(sur "vermelho"). Então quando se fala do sol, sun e sul, estamos sob a mesma raiz, *sorn, fogão? Colhendo agora a raiz q, ou celta q: Corno, no irlandês corn é girar, rodopiar, confronte-se com correr, aqui voltaria a estar o bretão kern para o corno. O que dá pé a que quern, kernes o vermelho tenha a ver com o lume, e a raiz de queimar das queirogas que se escreveu aqui. Sendo pois o querqus antes do que a árvore da dureza, a árvore do lume. Quenr- /crem-: cremar Gorn- Ghorn- Jorn- Chorn- Zorn- Dorn- , aqui falar da dorna, que é um recipiente em tronco cavado, e uma embarcaçao tradicional, o que leva a pensar na piroga, como é construída, queimando o interior de um tronco e assim esvaziando-o. Torn- Sorn: o já falado gaélico e palavra bergantinham. Quando na gíria é dito sorna para a cama, está sendo um jeito metafórico para dizer o acocho quente?, o abrigo?. Outra relação que aparece, tem a ver com ornar que na sua origem latina, antes do que enfeitar, significa: subministrar, abastar. Na sua mutação temos: fornecer e gornecer. Com o mesmo significado as três.













𒆢 (hurru)
caverna em Akádio

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