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Os lugares do Paço e das Quintás em Arcéu, interpretação


O espaço celto-galaico estruturava-se em unidades territoriais de aproximadamente 50Ha, já foren territórios de castros, unidades agrícolas ou unidades pastorais.
Estas unidades simples agrupavam-se de quatro em quatro.
Um castro podia ter jurisdição, domínio sobre mais territórios que as suas 50Ha, podia ter "domínio" sobre três territórios celulares, ou numa escala piramidal, castros maiores dominarem vários conjuntos de quatro unidades.

Zona de Arcéu do Paço e Guerras.
Aqui estão identificados os possíveis núcleos originais das células territoriais da zona do Paço.
Vila-Verde, o núcleo não estaria no atual Vila-Verde, estaria na casa de Regueiro, pode ser vista uma estrutura circular que seria o núcleo original arredor do que o território, tal qual uma célula, se estruturava.
Seguindo o movimento das agulhas do relógio o seguinte núcleo seria nos Guerras, que também mantém a estrutura circular, esta célula ocupa uma posição cimeira.
O seguinte território tem por núcleo o Castelo ao pé da igreja, já o próprio nome diz, e também o seu plano circular.
O quarto núcleo estaria ao leste das terras chamadas Pedreiras.

Explicação toponímica dos quatro núcleos celulares:
Em Vila-Verde "casa de Regueiro" onde estaria o núcleo inicial: Regueiro faz referência ao rego, nao só rego de auga, também rego sulco delimitador. Se se observa a foto a oeste da casa de Regueiro está uma sebe que baixa fazendo limite.
Inicialmente o núcleo da célula territorial estaria na casa de Regueiro, quando chega Roma, os núcleos abandonam-se, os castros vaziam-se e mesmo o núcleo com pouca defensa de células agrárias ou gandeiras são abandonados.
Os Guerras: O apelido Guerra é frequente na zona, pode ter sido tipo alcunha por alguma guerra, toponimicamente é da camada germânica, logo do tempo suevo ou posterior. Mas também poderia ser uma evolução de um substrato anterior à camada germânica derivado de *vverra, verres.
Em ideia céltica, romana ou mesmo germana, cada unidade agrária tinha que dar como mínimo um home e um cavalo para a guerra. As unidades agrárias eram geridas por um ari-, senhora ou senhor do arado que dispunha como mínimo de uma junta de bois ou vacas para arar, e gentes não proprietárias que viviam ao jornal ou de servos de estas pessoas ari, que tinham um arado e uma área que era com um aro.
Catelo: não tem muito que explicar, seguramente em castelo pudo estar a capital de estas quatro células territoriais, de feito está a igreja nele, e seguramente foi uma briga ou castro que em época medieval foi castelo, ou torre.
O Seguinte núcleo está mais difuso, ou menos identificado ainda que ao leste do Paço é possível ver uns terreos de forma circular e o microtopónimo Pedreira delata-o. Pedreira faz referência a que há pedra, podia ser uma canteira, mas não é vista cova ou burata de onde tiraram a pedra. Muitos lugares toponímicos Pedreira, mesmo Pereira indicam a existência de antigas construções em pedra que foram reaproveitadas indo ali buscar as pedras para fazer novas casas noutros lugares.

Aqui vemos os possíveis limites das quatro células territoriais.
Cada quatro células territoriais que conformam uma unidade, deixam no seu interior um território que costuma levar o nome de Quintá, Quintás ou semelhante...
É o quinto território que pertencia, ou pertence à igreja, a igreja do tempo pré-romano que era uma instituição economicamente e territorialmente semelhante ao que durante a idade meia e na atualidade é.
No mapa está marcado polo nome das Quintás e outro muito significativo que é a Ruleira. A confrontar que semelhante território na parróquia de Sendelhe leva o nome de Campo da Rula, (que é o Campo da Festa parelho à igreja de Santa Maria de Sendelhe).
Ruleira, Rula tem o lexema rul-, da mesma origem que o inglês ruler, isto é "governante". Pois a casta religiosa hoje governante oculta, antigamente e até há pouco foi governante evidente.
Ruleiro dá nome também ao cômaro, (a discutir que é primeiro o conceito de valado, declive, cômaro ou o conceito de limite propriedade).

Quinta parte em esquema:

Esquema que exemplifica o quinto território (as Quintás) centralmente às quatro células territoriais.

Nesta zona o uso territorial era fundamentalmente gandeiro no periodo celto-galaico e posterior.
A exploração gandeira era feita em grandes curros onde pernoitavam os animais ou sesteavam ao meio dia.
Esses grandes curros costumam ter forma afunilada de do seu bico sai um caminho, e podem ser vistos por exemplo no mapa marcados com um círculo:


Em esquema:




Terras que ainda se chamam o Curro, enriba do Outeiro, enfrente do que hoje é a casa do Roxo.


Carvalheira de Arcéu, pode ser visto o curro afunilado e como na sua parte posterior está a casa.


Curro por baixo do Campo de Futbol (Leira-Longa)
Análise do Paço:


No Paço podemos ver uma estrutura em forma afunilada que vai marcada no seguinte plano:
O curro existente no lugar chamado do Paço é anterior ao Paço como construção ou mesmo nome, supostamente um curro já do período celto-galaico, o nome das terras ao seu lado como Corral também assim o identificam, a demais da característica forma.
Estes curros tinham um caminho perimetral entre muros ou valados e da sua boca saia um caminho principal para a zona dos pastos, este caso topónimos como Monte-Cerrado poderiam indicar a zona de pastagem. Alguns deles dispunham de um rego ou fonte interior para beberem os animais.

Explicação da utilização agro-pastoral do território:
Grande parte do território estava dedicado para o gando, sendo caminhos e valos os limitantes. Os cultivos eram realizados em zonas fortemente vedadas pois os rebanhos eram de numerosos animais e dificilmente era possível cuidar de que os rebanhos não foram comer nas culturas.
Estas zonas de cultivo intensivo sao as cortinhas, normalmente sao de forma retangular com extremos redondeados, de uns 40 metros de largas por 100-200 metros de longas:
Por exemplo nesta zona de Arcéu próximo ao Paço:



Como é que o Paço acaba dentro do curro?
Podemos ver na unidade de Vila-Verde isto:


A unidade de Vila-Verde dispõe de um grande curro, Supostamente na romanização os núcleos são abandonados ou é obrigado o seu abandono, a aldeia principal traslada-se para a boca, entrada, do curro, porque é o lugar mais "económico energeticamente" para viver e cuidar o grande rebanho.
Isto é visto em muitos outros lugares, (neste lugar seguindo o enlaço mais exemplos).


Posteriormente ao período celto-galaico de grandes rebanhos, a propriedade é dividida em pequenos lugares que pagam foro a casas fortes, donas do território. O que é visto é que os grandes rebanhos desaparecem e nalguns lugares o território "comum" é partido e noutros fica em mãos de uma casa maior, que cobra rendas do território dividido para unidades familiares. Assim os curros perdem a sua função, ficam em monte, são divididos em parcelas, transformar-se em agras, isto é uma agra é um grupo de terras rodeadas de muro, onde diferentes parcelas de distintos agricultores são cultivadas.
Outros curros permanecem em mãos das casas fortes, e seguem como pasteiros. Assim em Arcéu, a casa da Carvalheira segue tendo o seu curro, mas não um rebanho de cem cabeças, e até há pouco cobrava, ou ainda cobra, rendas de diferentes lugares.
Outra evolução do curro, quando o território fica em mãos de uma casa forte que medra, é a sua utilização como recinto para o Paço. O paço como construção rural agrária mas com uma parte senhorial de pessoas que podem viver de rendas.
Em vídeo:


O Vídeo exemplifica como evolucionou um castro e o seu curro de gando, primeiro o abandono da croa, do núcleo, o assentamento nos caminhos principais, o assentamento ao pé do curro. E ao mudar o uso pastoral, gandeiro para mais agrícola, o "abandono relativo" do curro, por já não ser últil, e por vezes a sua ocupação pola casa forte dona do rebanho e do território, que fai do curro o terreo do paço coas suas dependências, jardins, hortas, todo murado.

Isto pode ser visto no Paço dos da Farmácia de Boimorto, ou no Paço de Mende em Barbeito (Vila-Santar), neste enlaço é possível ver mais fotografias de paços assentados no antigo curro do gando.

Posteriormente no lugar do Paço de Arcéu o antigo paço desapareceu, ficando só o nome, e a antiga estrutura do curro.
Todo isto agora é dificilmente identificado devido à concentração parcelária, mas ainda conservado na micro-toponímia e nos planos aéreos de 56. E seguramente em estruturas sobre as que estão construídas as casas atuais do lugar do Paço, por exemplo a oliveira indica a possibilidade de uma vila inicial.
Isto é vila no sentido antigo, não no moderno de vila como entidade urbana de moitas casas.
Uma vila antiga era uma casa forte rural no período post-romano, no início da idade média:
Para melhor explicar do tomo 2 de "Narón, un concello con historia de seu" de Pena Granha, corto colo e explico isto:

Quiçá antes do século III os príncipes dos Territoria, e detrás deles os seus cavaleiros (do território económico segmentado) trasladam a sua residência a uma luxuosa villa que funciona como paço rural, centro administrativo e recetor das rendas e serviços....
Príncipes aqui refere-se ao que na altura eram chamados de príncipes, os principais, os donos territoriais, não na ideia atual de príncipe e reinado de um vasto território, pessoas que eram "donas" de terras.
....A villa dentro do seu território económico demarcado tinha unidades de exploração agrícola unifamilares, que arrenda a câmbio de "conducta" uma renda não monetária.
O conducho (conducto) era uma contribucion de viandas, ó comestibles, que franqueaban los vasallos á sus señores, especialmente cuando estos pasaban por sus pueblos, viandas de que hablan nuestras antiguas leyes y consistian en pan, vino, paja, cebada, leña, hortaliza, vaca, carnero, oveja, cabra, cabrito, lechon, cordero, ánsar, gallina, capon etc. Diferenciábase del yantar en que éste consistía regularmente, no en comestibles en especie, sino en cierta cantidad variable de dinero con que el vasallo contribuía para los gastos de mesa de su señor, el cual, sin embargo, ni conducho, ni yantar podia exigir en las ciudades, villas y lugares reservados al Rey, como ni tempoco en lo de abadengo, ó señorío abacial.
A villa era algo mais que um edifício luxuoso, era uma instituição da organização territorial económica segmentada do território potítico....A parróquia atual surgiria tardiamente a partir de uma remodelação eclesiástica, pola fusão de várias villae como propriedade proindiviso...

A villa tem servos, vassalos, arrendatários.
E a villa tem jurisdição sobre os habitantes que não sendo arrendatários moram dentro dos limites territoriais dela, que também tenhem que pagar renda (menor).

Estas villae iniciais podem evolucionar a paços ou ficar como tais.
No caso do Paço de Arcéu, o topónimo indica que o paço "palatio" jurisdicional, casa de governo territorial, existiu como tal, mas não tivo a sua continuidade ou evolução ao que é chamado de paço como grande casa senhorial. O lugar "o paço" ficou entre a villa do começo da idade meia e o paço posterior.

O proto-paço, o edifício da villa da instituiçao de "governo" tinha uma forma simples, definida desde a atualidade, era sem janelas, apenas duas portas de poxigo uma frente da outra, a lembrar que nesta época estão sendo abandonadas:
Tirado de: http://caminosmilenarios.blogspot.com.es/p/paneles-interpretativos.html e de textos de André Pena Granha https://pt.calameo.com/read/00129295711e9457c05c6
Estas edificações caracterizavam-se por terem duas árvores simbólicas: uma oliveira e um azivro.
Oliveira que perdura ainda em muitas delas pois ainda sendo cortada, sempre volta a nascer do pé.
Oliveira que está no Paço de Arceu.


Para observar a estrutura territorial, um grande curro afunilado, e a posterior transformaçao com utilização agrária e de diversos usos, mesmo de lazer no Paço de Marinhám (Bergondo):
























































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