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Taibó, a casa do boi?, e outras casas e cousas

Neste longo escrito desenvolve-se a ideia do que pôde ter sido o lugar de Taibó em Carnoedo (Sada), descodificado como a casa-do-boi, ou a casa-do-bom.

O lexema tai- / tei- aparece em nomes de lugar (Teilhor, Teimende...) dá-se-lhe uma origem céltica, a confrontar com o antigo galês tig, bretão antigo tig, gaélico irlandês teach, gaélico escocês taigh, gaélico antigo tech, palavras que significam casa.
Estas palavras são remetidas a um proto-céltico *tegos.
Dá para pensar aqui sobre a palavra teito, que é tida por evolução latina de tectum; tectum que além do telhado no latim é uma das formas supinas do verbo tego, tendo a forma verbal tectum o significado de "para cobrir".
Desde uma visão sediada em Roma, no céltico houve um corrimento do significado da palavra que denomina o que cobre para a casa mesma.
Isto exemplifica-se com a palavra asturiana teitu que dá nome à cabana de montanha de cobertura vegetal, onde aparentemente o tectum latino acabou dando nome à casa inteira:
Foto tirada do twiter de @JFCamina (2 de outubro de 2017).
Ora, a cabana, el teitu, tem estas outras formas techu, teichu, tichu, que postas à par das formas célticas:
Tig, taigh, teach, tech por um lado e: techu, tichu, teichu, teitu poderiam abalar o paradigma romanista?
Tanto tectum como as palavras célticas para casa confluem em: *tego raiz esperada do proto-céltico e tego como verbo latino que significa "eu cubro, eu protejo, eu visto".
Também o grego anda aqui com o verbo στέγω (stégō) e a palavra τέγος (tégos) e o lituano com stíegiu "teitar".
O mesmo verbo latino tego tem muito a dizer dada a sua irregularidade onde se dão os lexemas raiz teg-, tex- (no perfeito, mais-que-perfeito e futuro perfeito) e tect-.
Pôr aqui a telha, que nas falas estures é: teya, teicha, techa, teixa, tea.
As palavras da telha / teya é aceitado derivarem do latim tegula.
Ora postas à par das palavras ástures do teito:
Techu, tichu, teichu, teitu versus teya, teicha, techa, teixa, tea
Não é mais que coincidência?
Assim techu derivaria de tectum e techa derivaria de tegula, e a sua proximidade, igualdade seria simples coincidência.

Ao analisarmos os nomes asturianos da telha:
Teicha, techa e teya dão também nome à árvore tileira, à tília, que nalguma área galega recebe o nome de tilha

Outra vez desde o paradigma latinista a origem é de diferente étimo que confluem em duas palavras com o mesmo som : por um lado a já falada tegula e por outro para a árvore do latim tilia.
Isto também acontece no francês onde a palavra telha, tuile tivo as formas tuille, tiule tieule no antigo francês aparenta com a àrvore tília: teille, tieulle, tille; onde tille é também o tasco do linho, significado que será compreendido mais adiante.
Usou-se a tileira para cobrir as casas?

https://wildernessguide.wordpress.com/category/crafts/
O que sim está provado é que foi usada para fabricação de teias, de tecidos:
Known in the trade as basswood, particularly in North America, its name originates from the inner fibrous bark of the tree, known as bast. A strong fibre is obtained from the tree by peeling off the bark and soaking it in water for a month, after which the inner fibres can be easily separated. Bast obtained from the inside of the bark of the Tilia tree has been used by the Ainu people of Japan to weave their traditional clothing, the attus. Recent excavations in Britain have shown that "lime tree fibre" was preferred for clothing there during the Bronze Age.
Garai, garaia, gareia, garea, "hôrreo" na Navarra, com telhado de madeira de bagua "faia".
http://www.rutasnavarra.com/Rutas/Centro-geogr%C3%A1fico-de-Aezkoa_Orbara-Centro-geogr%C3%A1fico-de-Aezkoa-Orbaizeta_1347.html

Outro nome para a telha é tea. Tea que também dá nome à casca do vido enroscada sobre si para alumiar de nome galego velo.
Assim segundo o paradigma latinista tea de telhado provém de tegula latina; e tea, de teia de alumiar, provém de taeda.

Casca de vidoeiro (foto tirada do site: http://woodburymag.com/birch-bark-scroll)
Lugar onde tea dá nome à casca de abedugo enroscada para alumiar.
Casa telhada, teitada de casca de vidoeiro (foto de: http://www.avoinmuseo.fi/kivikaudenkyla/engrusaennallistus.shtml)
Lugares onde à telha é chamada de tea

A forma teixa está considerada uma asturização ou leonização do castelhano teja "telha". Ocorre esta palavra na fala de Bábia.
Teixa aparenta a teixo, sendo a madeira do teixo uma das mais resistentes ao deterioro.
Sobre o teixo foi escrito aqui, concluindo que mais tem a ver, no galego, o radical teix- com dureza do que com a árvore em si, que a árvore recebe o nome de teixo por ser dura, uma palavra relevante é teixo-ramo nome que lhe é dado para a parte de Cassaio (Carvalheda de Valdeorras), confronta-se com porco-teixo, teixugo sinónimo de teimudo, rude....
Nesta imagem pretende-se exemplificar o variado do significado de teixa, desde a cor, até a dureza,

E depois de tanta coincidência?
Ilustração de Jim Lamarche para o conto The birchbark house, "a casa de casca de vidoeiro".
Antigas cabanas dos povos americanos do norte feitas de cortiça de vidoeiro.



Podemos interpretar a telha desde Roma graficamente assim:


Mas pode ser percebido que os telhados de tábuas no âmbito pirenaico, teula em catalão e teule em occitano estão muito próximos a taula "tábua".
Como se arma o puzzle?


Depois da explicação dada, pode ser visto que na zona ocidental há uma continuidade nas palavras-conceitos, continuidade que pode ser explicada desde os usos neolíticos e mesmo mesolíticos da cobertura vegetal, da primeira casa de casca de vidoeiro, de tileira / tilha ou do teixo; cobertura vegetal também em colmo, gestas ou urzes, ou de pequenas tabuinhas, e posteriormente com lousas ou barro cozido.
Também como a casca de vidoeiro foi usada para iluminar ou cobrir-se a gente com ela, e a casca de tília /tileira / tilha para fazer tecidos, tudo isto dando explicação à palavra tea....
http://www.arcticphoto.co.uk/gallery2/arctic/peoples/selkup/ry0814-16.htm
Essa continuidade falta no latim.
Para as palavras asturianas, galegas e espanholas deste grupo da techa-techu avonda, é suficiente, com um hipotético primeiro étimo palavra-conceito-matéria que nos primitivos usos de coberta-vegetal foi desenvolvendo e especializando-se em dar nome a objetos nascidos do mesmo conceito-palavra primário.
Pola contra, se tratamos de explicar este grupo de palavras da techa-techu desde o latim necessitamos seis étimos que não guardam relação nenhuma direta uns com outros, exceto tegula et tectum serem derivados de tego; assim é necessário ir dar a taxus, tela, taeda e tilia.

Abre-se uma possibilidade a que alguns topónimos galegos de radical teix- (Teixeira, Teixido, Teixim...) podam estar falando antes do que de lugares onde houvo teixos, ou relacionados com teixugos, ou de lugares nos que se qualifica de algum modo como de dureza (vide aqui) que estivesse determinando este radical teix- o mesmo que tei- "casa, lugar teitado".
(Assim Santo André de Teixido poderia ser percebido não como um lugar de t, mas sim como mais adiante será visto como um lugar de assembleia).

Teixobom: Teixo-bom, uma árvore, um teixo, um teixo-ramo que é bom.
Ou uma "casa-do-boi"? Um teich-bó?
Teixobom em São Salvador de Vilar de Sárria (Sárria), pode ser visto o curro afunilado.
Já noutro escrito foi analisado o urbanismo de Betanços, com o seu castro e os seus recintos para gando -*mnd-
A mostra aqui:


Este urbanismo pode ser ainda visto em diferentes vilas que são continuidade de brigas, como por exemplo Alhariz:


Isto é para introduzir que, em tempos recuados, a gadaria tivo muita relevância na estruturação do território, e assim ainda hoje é possível identificar na periferia dos castros os recintos para gando de forma afunilada rodeados de caminho.
O que faz supor que haveria um jeito de exploração pecuária que geria um rebanho grande, "da briga", do castro, sendo a agricultura uma atividade que ocupava pouco território, talvez só as cortinhas, vedações que ainda é possível ver polo país, e que costumam ter a mesma forma, um longo entre 150 metros e um largo de 12 ou 15, com os extremos arredondados. Sim haveria cultura de cereal no monte por sistema de roça, compatível com o gando no sistema do centeio e a sua paça invernal.

Sobre Taibó:
Nesta imagem de Taibó, põe-se em relação com o castro do mesmo nome  a norte, com o lugar de Lácere oeste, com o Campo das Mantas a nor-leste e a leste com os da Pereira e dos Pereiros (poderiam estar indicando um antigo castro espoliado para pedra, como tantos outros lugares de nome Pedreira, Pereira e derivados), nesta imagem podem ser vistas quatro células territoriais, com uma quinta menor no meio que é o lugar de Taibó.
O lugar de Taibó na freguesia de Carnoedo (Sada) poderia ser descodificado como Tai-bó, "a casa do boi"?
Há que salientar a sua posição no meio de quatro células territoriais.
Que como está explicado no texto sobre o lugar do Paço de Arceu e as Quintás pode ser percebido como um lugar de administração. Ou mesmo de assentamento de poder religioso?

Há que lembrar que na Irlanda um senhor do gando em relativa vassalagem a senhores mais poderosos recebia o nome de bóaire: aire, ário dos bois, amo ou senhor de gando, tinha as vacas em propriedade mas o território era de um senhor supeior flaith.
Um tipo de bóaire é o brugaid, briogú, era encarregado de dar pousada e alimento a quem passasse, de gerir uma hospedagem, onde dava alimento ao seu senhor.
O topónimo Taibó está na origem do apelido Taibo:
Distribuiçao do apelido Taibo na Galiza.
http://ilg.usc.es/cag/Controlador?busca=TAIBO
Este lugar de Taibó poderia ser o mesmo que Teiboi em Santalha de Argemil (Sárria)?


Teiboi de Argemil fazendo parte de um grande cousso.



Casa do boi, que ainda perdura em lugares transmontanos, onde o boi do povo, o semental, era (é?) bem cuidado numa corte que parece ou é uma capela.
Aqui um exemplo:
Casa do boi do povo, Padornelos (Montalegre).
https://padornelos.blogspot.com/2010/09/em-padornelos-sempre-ouve-o-boi-do-povo.html

Pormenor da igreja de São Pedro da Melha (Arçua) com boi que tivo cornos mas está demoucado, salientar que não é um Agnus Dei.
Tem relação a casa do boi com a antiga religiosidade?
Outros topónimos em Tei- que indicam algo:
Teibade / Teibalde: tei-abade, tei-baltus?, tei-*wlatis, tei-faltus, tei-flaith, "casa do soberano". Aqui semelha que se associa a palavra abade com baltus/ *wlatis e com soberano, na soberania religiosa? Abade vincula-se com vate.
Talvez *wlatis, não tenha a ver com a escala hierárquica do reinado?, e sim com a ideia de "ser dono ou dona de si, não ser dependente"?

Outros topónimos de lexema tei-:
Teimende: Tei-mende: A casa do do rebanho?
Teimende em Santa Marinha de Parada do Sil.
Evolução de alguns mende (recinto pecuário do neolítico-ferro)  que acabaram sendo urbanisticamente os paços posteriores:


Mais topónimos do tei- relacionados com o poder religioso, administrativo, judicial...
Teibelim, Teibilide, Teibel; Tei-*weless.
Está a falar da casa do fili ou ᚃᚓᚂᚔᚈᚐᚄ velitas , é a casa do mago, legislador, juiz, conselheiro do chefe e poeta.
Teibel, de Santa Maria de Reiriz (O Savinhao), situado entre quatro brigas ou castros.
Este étimo *weless, que tem a ver com a visão, tem também que ver com a wila / villa, como casa administrativa, do governante-legislador-religioso e de relação entre os poderes ou as camadas sociais?

Teilhor: Tei-lhord?
Teilalhe: Tei-lalio, casa do canto, da louvança, da palavra?, λαλέω?, está aqui o verbo laiar, lalhar, e o canto, o lai?
Teilalhe de São Lourenço de Pousada (Valeira).

Teicede, Teicide, Teicim (Teiguim?, Teitelhe?, Teicelhe?): Tei sídhe / síd, a casa da mámoa?, Abrindo a possibilidade de que a sé, sede primitiva tivesse a ver com uma mámoa?


Teicide de São Tiago de Guldriz (Friol).


Teicide de Santa Maria de Vilaragunte (Paradela). Murodaire topónimo esclarecedor.


Teiquesoi, Teiquisoi:  Tei ceisio (galês) procurar, perguntar, buscar; tentar, mirar, ter como objetivo. Parelho do gaélico cas "complicado retorto, curvado?"; antigo inglês cæg "clave", antigo latim quei "que, quem, qual", protoindo-europeu *kʷos (Sihler, Andrew L. (1995) New Comparative Grammar of Greek and Latin, Oxford, New York: Oxford University Press) , Pokorny: kwo-, kwe-, fem. kwā; kwei
kʷēs.




No gaélico irlandês para dizer "na de Brian / na (casa) de Brian" é tigh Bhriain.

Teicade, Teicoi, Teife, Teifulám, Teigueselhe, Teilonge, Teimám, Teimoi, Teinande, Teinei, Teininhe, Teinogueira, Teipade, Teiquesoi, Teiquisoi, Teitelhe, Teitidom, Teivente, Teivim

Pontos suspensivos .....































A utilização da casca de árvore como telha ou telhado pode estar na palavra sobreira?
Sobreira além de dar nome à corticeira, na Galiza dá nome à sobeira.
Com um lotinho de palavras: subeiro, sobeiro, subeira, subreiro que relacionam a árvore com cobertos ou tabiques.
Então se o sobreiro tem a ver com a palavra latina suberus, pode ser que tenha a ver com a sua utilidade de teto, de superus.





Santo André de Teixido:
Tei-xido? ou Teix-ido?
A casa do xido, do varil, do bom, do formoso, do desejável?
(xido nas gírias, e xido na fala popular, confronte-se com o português giro "bonito, bom, completo, e giro=volta completa de 360º, e o latim gyrus e o grego γῦρος "aro, círculo").
Teix-ido?
Cas-ido?
Teixido, lugar de teixos-ramos, lugar de teixos.

No blogue: Os nomes do país:
Teicide em "in Humano in villa que dicunt Teicidi" e Teixiz em "inter duos rivulos Homano et Teixeirua, sub monte Acuto, sub aula sancti Salvatoris et sancta Marie; villa predominata Teixiz", sendo, claramente, o mesmo topónimo.



O par xida, gira, a estudar como os lugares de nome gira e derivados estão associados à quinta parte.
A Gira em Doninhos, terreos ao pé da aldeia de Vilar (willa/vila).
A Gira em Sigrás na crica do castro de Sigrás e entre quatro castros (Tarrio, Alvedro,Sigrás e Cambre)

Legendas:
1 Croa de Galegos (Lalim)
2 A Croa de Camoega (Agolada)
3 Castro de Pailo de Arriba em Rodis (Lalim)
4 Castro de Goleta, São Cristovo de Camposancos (Lalim)
5 Girom de São Tiago de Cércio (Lalim), A destacar o topónimo de Quiám.












Sobre tai- / tei-
Miro a palavra desde a continuidade paleolítica.
Como sou suprefriki e considero o mapa que acompanha o texto como hipotecnicamente certo.
Para "confirmar" dentro da hipótese, (se é que isso é possível confirmar o que sempre será hipótese) se uma palavra é paleolítica ou neolítica, (fora das evidências técnicas) recorro a um dicionário de lakota.
Quando a palavra lakota é irmã da palavra protoindo-europeia, brinco e berro, porque dá muita informação dizendo que é dum estrato cultural que se remonta à última glaciação. quando a banquisa de geo que chagava à Crunha atual permitiu o passo das gentes do R1b, que levárom consigo "indústria lítica" para Norte-América, e supostamente falariam um verdadeiro proto-ástur-galaico-lusitano.
O porquê do lakota: é a língua dos siux, e os siux são o povo com mais R1b ancestral?
Sei que é uma licença esta criticável, pois genética e idioma nada tenhem a ver, mas das diferentes línguas das nações americanas, é em lakota que o urso é chamado mato, como no gaélico antigo, isto foi o que me levou a seguir indagando co lakota como ferramenta, e saber que por estudos feitos, a nação siux morava inicialmente na faixa atlântica norte-americana e foi deslocada ou deslocou-se, para o interior.
Então, estavamos falando de tei- / tai-, *tego, thach-, teitu, teichu...
Em lakota casa é dito thípi, palavra hoje internacional, o "tipi", a tenda índia.
Thípi também é a área, o território onde a tribo mora.
Bom pois thípi tem o verbo thičáǧ /tʰi.'tʃʰaʁ/, que significa fazer uma casa.
O conceito casa-lar (home em inglês) é dito thiyáta. e funciona de jeito advérbial "em casa".
Thičáǧ para mim dá muita luz à busca.
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A estepa

Tem a etimologia eslava dificuldade em achar a origem da palavra estepe (степь), que define um tipo de vegetação e paisagem.
Estepe é uma palavra internacionalizada que é crida a sua origem nas línguas eslavas.
Mas...

Distribuição da estepe euro-asiática.

Na Galiza estepa dá nome a esteva, das mais conhecidas, ao Cistus ladanifer, o seu nome segundo a etimologia espanhola deriva do "latim hispânico" stippa.


Pode ser percebido que tanto estepa como esteva partilhariam um étimo comum *estepha?
A ter em conta que Sarmiento recolhe o nome de ezepa no Bierzo, o que já levaria a ideia a um étimo *esthepha.

Já no castelhano estepa tem dous significados, o da planta do género Cistus, e o de lugar sem cultivar, chão e extenso. Para cada um dos significados o dicionário da Real Academia Española dá um étimo diferente:
- O latino hispano stipa para os Cistus (estevas).
- E o francês steppe para o terreno estepário, por sua vez do russo степ (stepʹ).
Mas a etimologia russa diz achar por primeira vez esta palavra no Shakespeare, no "Sonho de uma Noite de Verão" do 1.590: Come from the farthest Steppe of India?
No sânscrito a palavra mais próxima a isto, aparentada, poderia ser स्तिभि (stibhi) "moita, touceira, molho, tufo."
Por outra parte a dúvida está em: como uma palavra entrada recente, puido dar topónimos de entorno estepário na Península?, não só fitotopónimos da planta estepa.

A palavra latina que semelha mais próxima a esta planta estepa, ezepa, esteva, é stipula, diminutivo de stipes, stipes significa "poste, tronco, estaca".
Já no latim medieval stepa, "pau, pau de apoio, trave".

Desde uma etimologia derivativa stipula poderia ser o étimo da planta estepa no galego, pela caída do ele intervocálico, mas dificilmente no espanhol, o que levaria a considerar a palavra estepa um galeguismo em tal idioma, ou derivado de stipa "estopa".
O par grego da stipula ou stipes é considerado o verbo στέφω (stéphō) "Pôr arredor, cercar, rodear, coroar, pôr uma grinalda, celebrar com libações".
Aqui compre pôr a palavra galega estiva que está diretamente relacionada com esta raiz explicada desde o latim e grego, estiva está relacionada com o jeito agrícola das estivadas.
Mas também estiva e derivados aparecem como microtopónimo das chousas, não tendo relação com a cultura cerealística, mas como indicador de paliçada, de vedação de estacas.
Estiva é em galego uma sebe de arbustos, um valo de terrões.

O Estipado na briga de São Cibrão das Lãs, com o Cortelho ao lado.
Estipado, neste caso, a que se refere a sua raiz?
A estacas?
A um valado?
A uma estivada cerealística?
A uma restolheira?
A um lugar onde medram estepas, Cistus?


A estivada é um sistema de roça para cultura cerealística, onde o terreno de mato baixo é desbravado cavando-o e amoreando  os terrões; estes terrões com vegetação são queimados e as cinzas espalhadas para fertilização do terreno que será semeado de centeio polo comum. Estas terras depois de uma colheita ficam em descanso, em pousio, sem aproveitamento agrário, uns quantos anos, para voltarem a ser aproveitadas com o mesmo sistema.

A palavra estiva galega, semelha parelha à raiz protogermánica *swīþaną suposta forma que deu lugar ao noruegês antigo svíða com ideia de "queimar", no sueco svedja que é a "queima de um campo", ao inglês swidden nome da estivada do sistema de roça.
No gaélico irlandês stéigeach "terra estéril, erma"?
A estiva, e o seu conjunto, poderia estar próxima do grego στέφω (stéphō) "cercar, rodear", pois estiva é também uma sebe, uma vedação.

A vegetação de plantas chamadas estepas (Cistus ladanifer) aparece nos terreos "degradados" de floresta mediterrânea.

Assim no asturiano estepar é transformar um monte em terra de cultivo, preparar un terrenu en monte pa semalu.

Imos para o início da gadaria, da gadaria?, onde o sistema de roça por queima foi muito utilizado, desaparecendo a vegetação clímax, o grande bosque europeu, rompendo-se a continuidade florestal, e aparecendo as extensões de mato de Cistus, as plantas chamadas estevas, estepas, ezepas.

Esta roça do mato ficou no nome de uma parte do arado?, no arado tradicional a esteva é a peça com o nome de rabiça no desenho, aparentada com o grego ἐχέτλη (ekhétlē) /e.kʰé.tlɛː/, /eˈçe.tli/, com o mesmo significado, para a etimologia mais divulgada a esteva no grego antigo ἐχέτλη, teria a ver com o verbo ἔχω (ékhō) ter; já no latim stiva tem o mesmo significado, que é relacionada com o verbo sto, "estar". Através do galego esta palavra esteva / estiva pode ser percebida mais na sua antiguidade ao dar uma relação direta coas práticas agrícolas historicamente primárias, que ligadas aos verbos que aparecem no grego e no latim, complementariam-se, dizendo que é uma palavra que fala da sedentarização, da propriedade particular, e das primeiras parcelações ou vedações.

À par da estepa, da esteva, da estiva, está o estivo que é palavra que dá nome à restolheira, um terreo com vegetação nascida posteriormente a ter sido cultivado, ou o que fica logo de ceifado o cereal; estivo que também é chamado de restreva, resteva, reesteva.
Estivo além de ser o restolhal ou restolheira, dá nome ao conjunto de terras de cultura de distintos donos, que fazem uma unidade diferenciada, com valo; é o mesmo conceito que agra.
Estivo também é uma estivada, uma roça.
Atenda-se a que estivar além de fazer estivadas, cavar e queimar torrões na roça, também é arar.

Então voltamos ao início da agricultura, no neolítico e ao sistema de cultura de queima de terras circundantes a um assentamento.

Então pode ser percebida uma continuidade entre o estivo a esteva ou estepa e o grego στέφω (stéphō), passando polo latim stipula e stipes, e finalmente a estepe?

Este sistema de queima, de roça, de estivada, pode ter dado origem a palavras relacionadas com calor?, como a espanhola tíbio "tépido", por uma forma anterior como *stivio, e mesmo, ou estio, aestivus?
Assim no occitano estiva, é a branda, a pastagem nos Pirinéus durante o verão.
No asturiano estivu é o estio. Uma casualidade a proximidade entre o estivu asturiano e o estivo galego?
E a ezepa ou zepinha e o cepo?
Esteva, estaca?
A palavra ezepa e zepinha como variantes de esteva, faz-nos pensar em um étimo *esthepa, que poderia ter a ver com o latim cippus, grego σκήπτω (skḗptō), que fazem pensar em uma raiz proto-indo-europeia *skeh₂p- (“fuste, vara, bordão, cajado”).
Assim *esthepa teria relação direta com *skeh₂p-.

Aparentemente neste lexema da esteva e estepa semelham juntar-se os conceitos primários de estaca e lume, confronte-se com a palavra açoriana estefo "inteiriçado, rígido, teso."


Imagem de uma restreva ou estivo.
http://www.conocerlaagricultura.com/2014/01/barbecho.html
Vendo esta foto do estivo, percebe-se o estio?, o tempo da sega?



Estepe.
http://estepa4b.blogspot.com/2010/05/flora.html

Estevo é outro nome para a esteva, para planta, e também é nome genérico para qualquer escaravelho pequeno.
Estevo também é o Estevão, descodificado desde o grego Στέφανος tem a ver com o verbo στέφω (stéphō), já falado, e com στέφανος (stéphanos) "aquilo que circunda ou envolve; coroa, grinalda; honra, prêmio."





Par *step / *stap-:
No hitita o verbo istap(p)- significa "fechar, incluir, encerrar, colher, pegar, bloquear, sitiar, parar, barrar". Onde a partícula i- de i-stap(p) é verbal de movimento de criação, i-stapp na ideia de "fazer um tapume".

E tapus- "lado".

Onde tapar- é reinar, governar e tapariya "aturidade". O que nos leva ao neolítico reinado do rego, o território governado é o tapado, o vedado, o limitado polo rego, e o governante é quem tapa, que faz o rego.



Stumpa (gaélico) cepo, tocão, também stópog / stupog



Cepido de Santa Maria de Dexo (Oleiros):



Cepido fazendo parte de um antigo chousão pecuário do neolítico.
Levaria a pensar uma relação entre cepa, cepo e sebe, saepes. Onde *esthepa, *skeh₂p-, e *(es)thepe, (Confronte-se com tapada, sapa, neste caso o topónimo Sapinheira ...).
Um dos topónimos limitantes também a destacar é Lodeiro assim como o Barreiro.

























































Festa das Varas
Festa de Santo Estevão do 26 de Dezembro.
Em Rebordelo esse dia e o anterior saem os mascarados do Entrudo a fazer falcatruadas.
Sai também o Cortejo de Reis  com varas enfeitadas a modo de ceptros, gaiteiro e atirador (dá tiros na frente das casas), vão pedindo e recolhendo a manda, viandas para custear a celebração, e felicitando as festas.


















Sobre a relação do escaravelho mais notável da Galiza, a joaninha, com o reinado e a divindade foram escrito
s neste blogue vários textos: Das jãs, O ruler que anda de ruler, Trás-os-Montes?.
Segundo isto a raiz de estevo, esteva teria a ver com o reinado territorial neolítico, com o ceptro de pau,, com o estofo ou penacho de chefia.
No mundo germânico está raiz de chefia poderia estar na palavra staff inglesa, de um étimo *stabaz "bastão".

स्तिभि [ stibhi ] [ stibhi ] m. "moita, touceira , molho , tufo"
Outros significados são "obstáculo, obbstrução", e "mar".
Estevo/ Estévano/ Estêvão.
Estefânia / Estefania / Estevania
Galego-português medieval Estevayna