Lugo do aroujo

Algumas inscrições antigas na pedra levam o escrito Lugobo, o que foi interpretado como a existência de um povo lugove, ou um outro deus ou deuses aparentados com Lugo como Lugoves, e derivados...

Diversas aras votivas contém esta forma:

Lugubus / Arovieis / Primus /- - - - - -, ara aparecida na rua Ribadéu de Lugo.

Lucobo / Arousa / v s l m / Rutil[ia] / Atiana, ara aparecida na rua Montevidéu de Lugo.

Luc(ovis) · Gud/arovis / Vale[r(ius)] / Cle[m(ens)] / v(otum) l(ibens) s(olvit), também na rua Montevidéu de Lugo.

Lugovibus / sacrum / L(ucius) L(icinius) Urci/co colle/gio sutoru/m d(onum) d(at), Burgo de Osma, (Sória).

Lugoobo[s], Peñalba de Villastar, (Teruel).

Lugubo / Arquienob(o) / C(aius) Iulius / Hispanus / v(otum) s(olvit) l(ibens) m(erito), Sober.

Lucubu[s] / Arquieni[s] / Silonius / Silo / ex voto, Sinagoga, Outeiro de Rei.

Lugovibus sacrum L. L(icinius) Urcico collegio sutorum d(onum), Anvenches, Suíça

Rufina Lucubus v(otum) s(olvit) l(ibens) m(erito), Nemausus, Nimes, França





Esta forma lug-obo ou lugo-bo confunde-se com o dativo e ablativo plural latino -ibus, que na inscrição de Burgo de Osma aparece, Lugovibus sacrum, o que levaria a uma tradução literal de: aos lugoves sacro, onde não concordam no número, Lugov-ibus é plural, e sacrum singular.
Este dativo entendido como plural, obrigou a dar por certa a existência de uns deuses chamados Lugoves.

O que levou também a pensar na possibilidade da trindade de Lugo, Lugoves.

Entende-se que aqui em Lugovibus, aparece a sufixação latina tautologicamente, duplamente em dativo, querendo corrigir ou latinzar a forma céltica declinada ou com preposição sufixada?, ou é um dativo plural construido sobre Lugov?

Os sufixos dativos que acompanha a Lug- / Luc- neste grupo de aras são: -obus / -obo / -ovis / -ubo / -ubus, pode ser flexão de caso do céltico como investigadores têm dito, com raiz direta no suposto dativo singular indo-europeu tido por certo na etimologia *-bhos. (1)

Então estaríamos diante de aras votivas ao Lugo singular, ou aos Lugoves?

A declinação do idioma gaulês, tem este sufixo -bo, como do dativo plural em todos os casos:

CasoSingularPlural
afixo-āafixo-oafixo-iafixo-uafixo-rafixo-āafixo-oafixo-iafixo-uafixo-r
Nominativotōtāmaposvātisdorusbrātīrtōtasmapoi mapīvātesdorouesbrāteres
Vocativotōtamapevātidoru

mapūs
Acusativotōtan, tōten
 tōtim
maponvātin*dorunbrāteremtōtāsmapūsvātīsdoruāsbrāteras
Genitivotōtasmapīvātesdorousbrāterostōtanommaponvātiondoruonbrāteron
Dativotōtai tōtīmapūi mapūvātedoroubrāteritōtabomapobo*vātibodoruebobrāterebo
Instrumentaltōtiamapu

mapobi

brāterebi
Locativo
mape


Uma outra volta: a sufixação indo-europeia -*bhos, dizem originar a preposição latina ob, com formas intermédias raízes comuns -avis -obo e derivados, poderia tratar-se de uma forma preposicional. Do mesmo jeito que no euskara "bilboko" significa "de Bilbau", Lugobo, poderia ser "para Lugo". Onde preposição e sufixação declinativa confluem?

Parente preposicional, desta suposta partícula -bo / -obo, seria o ob latino, preposição que indica direção, em direção a, para ...

No gaélico a forma preposicional de indicação tem esta mesma raiz, assim no gaélico escocês é o / bho e no gaélico da ilha de Man voish.

Então estas aras com as formas Luco-bo / Luc-obo e variantes seriam interpretadas desde o ponto 0,0 céltico como: para Lugo, sem rasto nenhum de pluralidade no deus, (e no epígrafe Lugovibus sacrum haveria concordância).

Esta partícula prepositiva -bo, ou de declinação, poderia ser parelha à partícula grega ἀπό (apó), ou à galesa -ma, que indica lugar, estado ou ação; ou à sufixação átona -mo, superlativa ou relacional, também considerada no indo-europeu como nominal de verbo, semelhante à grega -μᾰ, ou palavras de sufixação -me / -mem / -mio.
Por exemplo palavras que podem ser interpretadas sob estas ideias seriam:
Légamo, Guíssamo / Guíçamo, bálsamo, cálamo, cálsamo, último (ult / uls + -mo), cânhamo / cânabo, álamo, hédramo, câncamo, údremo, ídremo / ídribo, tégimo, dítaramo, páramo, máximo, bálamo, védramo.

Segundo o apontamento do estudo do indo-europeu(1), da existência de um  dativo singular cético e itálico -bho, poderiam ser esperáveis soluções -bo, -mo, e mesmo -uo, confronte-se no latim -uus
Lômbruo: lôbrego, brácuo: branco, íscuo: lêvedo do pão.

Acompanhando a Lugo, nestas aras, com a forma -bo, vai a série AROV, que semelham levar também sufixação de forma paralela mas com vê?

Lugubus Arovieis

Lucobo Arousa

Luc(ovis) · Gud arovis

Se colocamos as velhas inscrições do Lugo ou Lugos, com a suposta sufixação céltica prepositiva ou dativa -bo, com o arov-, desconhecido, à par das outras supostamente velhas:

Lugubo Arquienob(o)

Lucoubu[s] Arquieni[s]

Podemos chegar a pensar numa relação entre o AROV e o ARQUIEN, entre o Lugo arqueiro e o Lugo ou Lugos do arrow.
Talvez um erro de leitura ,e todas as aras sejam com o mesmo radical ARQV-, ou AROU-.


Aroujo: pulaço, arume, argana de cereal, arge
Seja como for o arco latino e o arrow, a frecha germânica, procedem do mesmo radical indo-europeu, com o proto-germânico consensuado *arhwō como ponte.

Hipótese é que as tais inscrições nos estejam a louvar ao Lugo / Lugos da lança ou das lanças, da frecha, das frechas, do raio, dos raios, no velho céltico latinizado.

O arroutado.

Então a famosa lapide funerária do nobre nério morto no que é hoje Algarve, em Fonte Velha de Bensafrim, que foi interpretada pelo professor Unterman?
(http://www.wales.ac.uk/resources/documents/research/odonnell.pdf)


Na interpretação do estudioso:

"invoking the divine «Lugoues» of the Neri people, for a nobleman of the Kaltai/Galtai: he rests still within; invoking every hero, the grave of Taśiioonos has received him".

O interpretado como Lugoves está a falar do transcrito como  lokobo, de um plural ou de um singular?

Aqui é posto em dúvida que a tal interpretação de Lokobo como Lugoves na escrita do sudoeste, seja plural.


http://web.archive.org/web/20110514135252/http://www.webpersonal.net/jrr/ib13_sp.htm


Outro caso de dativo em -bo, neste caso em -bor, acontece numa ara votiva de Viseu, aparecida na rua da Misericórdia, (aqui um estudo sobre ela).

Nela pode ser lido o seguinte texto:


Deibabor

igo

Deibobor

Vissaieigo

bor

Albinus

Chaereae

f(ilius)

v(otum) s(oluit) l(ibens) m(erito)


Sob a ideia de ser -bo, neste caso -bor o dativo singular, ou também na ideia de ser um sufixo preposicional ou preposição "para", e desde a ideia de ser uma língua do tronco céltico, a ara poderia ser traduzida assim:

Deibabor: Para a Deiba, "Deusa"

igo: e, conjunção.

Confronte-se com o gaélico irlandês acus, antigo ocus,, pronunciado /ˈoɡus/, que vem do proto-céltico suposto *onkus, "próximo, perto, vizinho a".

No gaulês a conjunção é sufixada com a partícula -cue, que é derivada de um indo-europeu *kwe.

No inglês antigo a conjunção foi eac.

Deibobor: para o Deus

Vissaieigo: de Vissaia, de Vissaio, (Viseu).

Confronte-se com a inscrição da Fonte do Ídolo de Braga:

[CAEL] ICVS / FRONTO / ARCOBRIGENSIS / AMBIMOGIDUS / FECIT.

TONGOE / NABIAGO

CELICVS / FECIT / FRONT

É para ressaltar como a conjunção antiga igo está tão próxima ao sufixo -iego / -iago, confirmando a ideia transmitida acima, que no proto-céltico a conjunção copulativa *onkus "e", tem também a ideia de preposição, advérbio ou adjetivo, "próximo a, perto", ou mesmo genitivo, transmite uma ideia de união.

Confronte-se com o sufixo grego -ιακός (que pertence ao original ou vem dele, que tem algumas características do original ou se relaciona com ele).

bor: aqui voltamos a ter o sufixo dativo, mas neste caso livre, atuando como preposição, poderia ser traduzida como "por" ou "de".

Albinus
Chaereâe
f(ilius)
v(otum) s(oluit) l(ibens) m(erito)


É esta preposição sufixo bor é da família do for inglês do por- / pro latino, do bho gaélico escocês?


Vejamos mais inscrições pré-latinas:

1. Em Augas-Frias (Chaves):

Deibabo Nemucelaicabo.

Para a Deiba "deusa"

Nemucelaicabo poderia ser entendida como Nemu Celaica-bo.

Onde outra vez -bo seria para, por

celaica: da cela, onde outra vez temos o locativo e conjunção -ica / iga.

Nemu: teria a ver com nemeton. Onde neme-ton, -ton lugar.

-ton tem a ver com o proto-céltico dūnom, na sua mutação com t, confronte-se com o proto-germânico tuna.

Nemu está na mesma raiz que numen latino.

O que seria entendido finalmente: "Para a Deusa (para a) numina da cova."


2. Em Arroyomolinos de la Vera, Estremadura espanhola:

Arabo Corobelicobo Talusicobo


3. Cabeço das Fráguas???

OILAM. TREBOPALA.

INDI. PORCOM. LAE(uel B)BO.

OMAIAM. ICCONA. LOIM/INNA. OILAM. VSSEAM.

TREBARVNE. INDI. TAVROM./ IFADEM [...?]

REVE. TRE [...]








(1) Morphology
Unfortunately for the elegance of the preceding, other approaches give us other results.  If we look at certain grammatical constructions, for example, we find the following:
For the genitive singular of nouns, we have Greek, Armenian, and Indo-Iranian (Sanskrit) using -osyo, Slavic (OCS) and Baltic (Lithuanian) using -ó, Baltic and Germanic (Gothic) using -eso, and Celtic (OIR) and Italic (Latin) using -í.
For indirect and dative cases, we find a similar pattern:  Greek, Armenian and Indo-Iranian using -bhi, Slavic, Baltic, Germanic, and Tokharian use -m . Hittite uses -n. Celtic and Italic using -bhos (dative singular)
The Celtic-Italic link is fortified by such constructions as the comparison in -samo (vs -tero, -isto) and medium voice in -r (vs -oi, -moi).
The Greek-Armenian-Indo-Iranian link is fortified by the fact that all three have an athematic and a thematic aorist.
Hittite differs in many ways from the others, although showing more similarity to Celtic-Italic than to other groups.
(Following Cyril Babaev's "Indo-European Proto-Dialects." http://tied.narod.ru/)

http://webspace.ship.edu/cgboer/indoeuropean.html:














http://hesperia.ucm.es/presentacion_lusitano.php


Lluga (ast)

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