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Perra

Perro, com o significado de cão é uma palavra própria do espanhol, e idiomas vizinhos que a consideram nascida dele.
Talvez perro ou perra tenha uma gênese na que foi dar por epíteto no nome do cão. Sendo a origem inicial o transmitido pelo galego-português:
Perro: Pertinaz, teimoso..., e antes disso rígido, e antes disso, duro, "a terra está perra".
De feito o seu substantivo perra tem a ver com rocha como tratarei de aqui dizer. Topônimo nalguns lugares da Galiza, que foi mudado sob o espanholismo, como aconteceu com a freguesia de Santa Maria de Perra nas terras do arciprestado de Sobrado, que mudou em Santa Maria dos Ángeles.
A etimologia latinista faz derivar esta perra e perro como pedra no galego-português antigo do latim petra.
Ainda que talvez antes do que derivada uma da outra poderia ser cognata?
Variantes da pedra, com radical perr-, temos:
Peirão, peirau, que são tidas por influências ocitanas.
Pirralheira, camada de areia ou rochas compactas, duras, sob a terra vegetal.
Pirrasenta: terra encarnada dura com quartzo.
Perriçada
Perriçola
Emperrear, caminho emperreado.
Por aqui está a palavra do francês antigo perre, hoje pierre, "pedra".
As cabras esperream, o verbo esperrear neste caso é onomatopeico, "prrr" é a sua voz quando alviscam perigo.

Peirão e palavras afins levam a pensar em influências galas, nas palavras galegas de radical perr- referidas à pedra, ou à inversa, ou numa continuidade do céltico continental.



Perra?, montão de pedras na freguesia de Santa Maria de Perra, depois chamada Santa Maria dos Ángeles, pedrouço hoje desaparecido.

Esta firmeza escuta-se na expressão "dar perro" dar apoio físico pondo as mãos entrelaçadas para que outra pessoa possa afixar o seu pé e estribar-se nelas para subir a algum lugar.

Para ressaltar que emperrar, na ideia de obstinação, tem o par espanhol empeñar, que também tem o sentido de teimosia.
Aparecendo uma possibilidade de que penha e perra tenham a ver entre si.
No galego-português emperrar nasce da adjetivação perra, perro, e não do perro cão. Emperrar decodificado do espanhol é virar cão, mudar em cão, enquanto decodificado desde o galego, emperrar é virar rígido, obstinar-se.

A proposta é pois que: o perro, cão, é uma substantivação de um adjetivo perra, perro, que tem a ver com a dureza, rigidez, obstinação, que por sua vez nascem de uma palavra que foi perra com o significado de rocha.
Perra, (pedra ou rochedo), está na dúvida de ser, ou descendente da petra greco-latina, ou cognata delas, (confronte-se com o francês antigo perre), a ter em conta.
Pero, como nome de Pedro que foi muito frequente no tempo medieval.
Confronte-se a quantidade de toponimos tipo Pereira e semelhantes que seriam pedreiras?


Seguindo com a ideia da mutação no antigo galaico, a palavra prouso estaria aqui, pois um prouço é um miliário ou um amilhadoiro de pedra fragmentada, polo que o topónimo Prouso e mesmo Perouso, e Peroxa, Proxa, (e Froxa e Frox-?), podem estar claramente determinados neste grupo, quando por mais denominam lugares arqueológicos, de mámoas, ou enterramentos nos caminhos, ou acúmulos de pedras próximos a castros. Sem desbotar serem evoluções de Pedrouços...
Neste pensamento de mutação, e sob a ideia de dureza, temos a relação entre perro e ferro.

Então é possível questionar, dar-lhe a volta ao que tem sido considerado verdade: pera, pero, (frutos) nascidos de pira, pirum, e relacionados com petra e petrum, com *pirra/*perra proto-galaicos, proto-célticos?
Chegados a esta raiz de dureza, como pir-/per- nos célticos chamados P, teríamos que esperar no celta Q, raízes ker-/ kir- para o mesmo conceito, como assim é.
Cern- que aparece no galês cernydd, cerni, ceirn, ceirnion, plural de carn (carnau, carneddawr), "túmulo, montão de pedras, rocha". (Aqui estão os Carnoedos). O que abre a possibilidade que Kernow, a Cornualha, antes do que um lugar corno, seja um lugar tumular. Do mesmo jeito que na Fisterra galega a Dumbria.
Ker-cus, quercus que chegam até o latim.

Tudo isto enlaça com outro escrito onde foi tratado a suposta raiz *bruth-, (fragmento) que geraria *pruz-, e de *pruz- : peruz-, e peruz: petruz-... (Bruzalite?).

Pôr aqui anda a pirâmide, que tem no trasmontano a forma pirâmbula, com o mesmo significado, e que na sua forma simples e básica é uma perriçola.

Outras palavras do pétreo que estariam na dúvida de serem filhas do latim seriam pelouro, (*perroulo?) e pérola?

Então quando nos dizem que o ferro possivelmente tenha saido dos etruscos...
Estamos vendo que ferro  / perro está na dureza, no apertado, no fero.
Ferro nasce de enferrado, encerrado, do cerro, zerro, com o grego θήρ ‎(thḗr).

Atenda-se à palavra merr nas falas nórdicas com o significado de cadela e de égua.
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Na ideia de mutação p-b-v-f-m / k.
Carrasco, carrola, carranha, carracha.






Pen e Pena:
Está orfã ou forçada a etimologia de pena, penha e peña nas línguas da Península desde o latim pinna/penna "pena de ave" até o penedo: passando polos conceitos de pena de ave, asa de ave, ala de exército, ameia, rocha enorme.

A relação entre pena e cabeça, que aparentemente ocorre no mundo céltico, pode ser parelha ao uso de cabeço para dar nome ao penedo.
Mas é que no galês pen além de dar nome à cabeça, também significa "topo, cume, cume do telhado, ponto mais alto".
Se o carro das vacas conserva etimologias etnográficas, o pino como cabeçalha pode esclarecer algo.

Poderia-se perceber uma origem em pena que não passou polo latim e sim direto indo-europeu, confrontada com o sânscrito पीन (pīna) "musculoso, inchado, cheio, redondo, grosso, grande, gordo, carnudo e corpulento".
Sânscrito que ajudaria a relacionar a pena (penha, pen galesa) com a pina, pinha (pinabeta).

Desde a etimologia céltica, o gaélico ceann e o galês pen é pensado derivarem de
*kʷennom, confronte-se com Gerião.

Já no mundo greco-latino poena e ποινή (poinḗ) na ideia de penalidade, dor e mais penhor, pagamento por sair da lei...

Tudo isto pode confluir na pena trebo-pala, o pendo fundacional, a rocha que funda e liga o poder humano e o poder da Terra.
Mas também a pena do castigo.


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