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Mundo



Neste escrito é tratado de analisar os abundantes topónimos de base mund-, tipo Mundim e outros, que a etimologia dá por certos germânicos e são explicados muitos deles como derivados de possuidores, de antropónimos germânicos documentados em registos medievais.

A continuação vai uma série de fotografias aéreas dos lugares toponímicos da Galécia com este radical mund- inicial e derivados.
Começando por lugares de nome Mundim, que acham ser genitivos de um possuidor de nome germano latinizado Mundinus, Mundini:
Mundim de Bivilhe (Sárria). Pode ser visto como a estrada corta um curro de forma de garrafa, assim como corta também as terras da sua rota. Um caso semelhante mais abaixo com Mondelo da Regueira.
Mundim de Vilar-Mosteiro (O Páramo). Também com umas terras marcadas em forma afunilada.
Mundim de Perlio (Fene).
Mundim de Luintra (Nogueira de Ramuim).
Mundim de Garabás (Maside).
Mundim de Rio-Torto.
Mundim de Coluns (Maçaricos).

Mundim de Adá (Chantada).
Mundim de Lier (Sárria).
Mundim de São Vreijo (Monterroso).
Mundim de Vila-Uje (Chantada).

Mundim de Santa Valha de Búbal (Carvalhedo).

Mundim de Golão / Golám (Melide).
Mundim da Regueira (Oça dos Rios).





A Mundinha de Abres (A Veiga).



La Mundina, Cala Mundina, (Alcalà de Xivert, Valência).

Conhecendo as variações vocálicas, à par de Mundim seria esperável Mandim:


Mandim (Verim).
Mandim (Verim) na atualidade.
Mandim de Sonheiro (Sada).
Mandim de Varjas (Cela-Nova).

Mandin, em Begaon (Bretanha).
































Mende?

E de Mundim, Mandim, é de esperar um Mend-?



Imagens do Paço de Mende de Barbeito (Vilas-antar). Um paço metido dentro de uma *mnd-.


Casa de Mendes / Méndez na Froxa de São Lourenço de Carelhe (Sobrado dos Monges), topónimo Mend- que não está neste lugar, não dá nome ao que é um mend- aqui descrito, mas que pode dar uma ideia da ancestralidade da população, mesmo anterior à briga ou castro e dando uma ideia da continuidade neolítica.

Vilar-Mende de Trás-Monte (Friol).

Teimende em Arbo. Tei- é suposto ser casa, do proto-céltigo *tegos. Tei-mende "a casa de *mnd.
Lugar do Mende com ponte sobre o rio Mendo. Lugar onde se juntam cinco freguesias: Bravio, Mondoi, Porçomilhos, Coirós e Colantres. Com dous Mendes um a cada lado do rio.
A existência de Mandim à par que Mundim, abre a porta a que palavras como banda e manda estejam aqui aparentadas, atendendo às mutaçoes da consoante inicial:
Bande?
Bandim?
Bandim de Carcacia (Padrom). Outra *mand-?
Depois de ver todas estas imagens podemos reparar em que na maioria dos *Mnd há uma estrutura em forma de bágua, rodeada totalmente ou quase totalmente de caminho, ainda na atualidade, e nas menos alteradas ainda com grossos valos.
Estas estruturas aparecem quando são estudadas as células territoriais do neolítico-ferro, nos limites, nas "cricas" ou ruas, nos caminhos perimetrais da governa é frequente observarmos isto assim esquematizado:




Uns *mnd- chamativos:
Amonde de Mosteiro da Devesa (Palas de Rei). Talvez A Monde?
É observado como está disposta entre os limites da freguesia de Mosteiro da Devesa e da de Berbetouros.


Vai agora uma série de imagens de lugares chamados Mondelos e semelhantes:
Mondelo de Lestom (A Laracha) com o topónimo Mundins e as Cabras a carão.
Aparentemente antigos curos pecuários.

Mondelo de São Antolim (Sárria).

Mondelo da Regueira (Oça dos Rios), o curro *mond- costuma estar no vale, e tem os seus caminhos que saem de um seu extremo, neste caso: para a veiga do Mendo e para o monte. No alto o lugar da Vacariça e o antigo caminho cimeiro de comunicação longa.
Mondelo com uma superfície de aproximadamente 2Ha.
A Veiga do Mondelo em Louçarela (Pedra Fita).
Onde está o Mondelo ao que pertence esta veiga?
Mondelo de Buxão (Val do Dubra).













Mondelo de Palmeira (Ribeira), fazendo parte de um cousso evolucionado




Mondoi e Ansoi (Oça dos Rios)
Diferentes topónimos com a raiz -mnd-:
Mondriz (Castro de Rei). "Do das *mondas"?.
Mondelos de Santo Acisclo do Valadouro (Foz).
Mondariz em Curbiám (Palas de Rei), Mondariz entende-se como dos da *monda?

Trasmundi em São Jião de Ças de Rei Melide, na parte norte de um grande chousão com bico na igreja de São Tomé de Castro nas Cazalhas.


Castramonde de Pinheiro (Silheda). Uma *monde num castro, uma monde bem murada?
A confrontar com Mondariz, ("dos da *monde") que tem um perfil alongado.












Ramonde de Cuinha (Oça dos Rios).

Roçamonde de Pinheira (Sárria).
Roçamonde de Anos (Cabana de Bergantinhos).

Rosamonde de Lesom (Póvoa do Caraminhal)

Raçamonde (Cenlhe). Semelham duas *mondes.
Rasamonde de Cambeda (Vimianço).
Risamonde de Moraime (Mugia).
Ximonde de Vilar de Donas (Palas de Rei).
Ximonde de Veascós (Carvalhedo).


Ximonde de Visantonha (São Tiso).
Simonde, terras na Rigueira (Jove).











Regimonde em Crecente (A Pastoriça).
O nome de Regimonde faz referencia ao rego-caminho territorial?, caminho-rua-crica que nesta zona está marcado com os topónimos de Rego e Regueira.
A considerar que outros Ximonde poderiam ser apócopes de Regimonde?
Outros topónimos semelhantes neste outro escrito.
Regimonde (São Tisso), outro *mnd- numa antiga via principal, ou caminho real / rial
Regemonde, terras em de Ferreiros (Paradela), no caminho antigo de Santiago que passava ao pé da igreja da parróquia.
A comparar com o Regimil:
Regimil de Justás (Cospeito). Um mil num limite rego viário?


Sobre Vaamonde / Bamonde está com maior detalhe escrito neste outro artigo. Deixo aqui esta imagem:
Vaamonde de Couceiro (Paderne de Alhariz).


Aldemonde, para ver mais sobre este topónimo: neste link.
Ermonde de Nebra (Porto d'Oçom), e Hermunde de Pol dentro deste grupo de topónimos?


Armonda de Moimenta (Campo-Lameiro):

Estramundi de Padrom, outros estra- / estre- no link:


Arisamonde, o Monde de Arins, (Arins, Compostela):

Racamonde de São Simão da Costa (Vilalava), outros lugares Racamonde nestoutra página.











Outras *mnd-:

Vilar-Gueimonde de Corção / Corçom (Maçaricos). Outros Gueimondes não são evidentes de terem uma *monde.
Tamonde de São Vreijo (Palas de Rei).
Tamonde de Carteire (Palas de Rei).

Se temos mand- / mend- / mund- / mond- para dar nome aos grandes curros, seria de esperar as formas com bond- / bund- e fand- / fund- consequentes à mutação da consoante inicial.
Assim Bundinheiro em Coiro (Cangas) faz referência ao caminho do *bundinho?
O que abre as portas a que topónimos do tipo bud-, como é budinho sejam também curros?
Budinheiro de Coiro (Cangas)
Budám de Luanha (Briom).
Budinho de Matamá (Vigo).
Budinho de Moanha.
Bodám de São Simão da Costa (Vilalva).
Bodenlhe de Cospeito.
Budeiros de São Salvador do Couçadoiro (Ortigueira).


Até aqui os curros bo(n)d-, como mutações de mnd-.
Agora os fand- pares de mand-:

Fandinho de São Romão (Vale do Dubra).
Nesta imagem pode ser entendido que os grandes curros aparecem nos limites das células territoriais, próximos à "crica", rua ou caminho perimetral da célula.
Aqui nesta imagem os microtopónimos a Trincheira e Barralesa dao ideia dos limites.
Microtopónimos de raiz barr- costumam ser associados com barro, mas não sempre é assim alguns deles, sobretudo os relacionados com células pecuárias fazem referência a barra, impedimento, lugar de passo interdito, na atualidade pouco marcados pola diferente distribuição da propriedade, ainda que polo geral costuma haver um valo, um socalco ou um antigo caminho.
Na imagem ao norte o curro de nome Mom, para destacar.
Fandinho de Reboredo (Oça dos Rios).
Fandim de Celeiro de Marinhaos (Barreiros).





Vilamunde de Vilar-Maior.
Pode ser vista a *mnd e na boca de entrada a ela, a aldeia desse nome: Vilamunde para quem a etimolgia "clássica"  galega dita que é a vila de um possuidor de nome Mundinus.
No livro "Antroponimia Medieval Galega" de Boullón Agrelo, está compilado tal nome de pessoa, e nos documentos aparece como: Mondini, Mondino, Mondinus, Mundinus assim como uma uilla Mundini.
A etimologia germanista explica Mondinus como Mond- "mão, proteção" e -inus sufixo.
É tido por certo, neste caso de Mundinus e Mundim, e noutros da raiz -mund-, que o nome de pessoa origina o nome do lugar.
Mas como é que há tantos curros similares em lugares toponímicos de raiz -mund-?

Ao meu ver, é que nos mais dos casos aqui expostos a etimologia germanista erra, talvez exista algum lugar Mundim que tem esse nome por um senhor Mundinus.
O caso é  que vistas as numerosíssimas imagens (e mais que há) a hipótese nasce sozinha: o  nome do lugar Mundim pode ter originado o nome ou apelido da pessoa, ou de algumas pessoas; as suas habitantes, ou quem tivessem lavores na *munda, seriam chamados de mundinus e mundina.
Pois logo de vermos estas variantes de mond-/mand-/bund-/bund- ......, os sufixos que acompanham, -im, -inho, -elo como mais frequentes, compre parar neles.
Do mesmo jeito que marinho é "o do mar", não um mar pequeno, e biscainha é "a da Biscaia", mund-im é o da mund-.
Para o ver outro aspeto:

O topónimo Mandim, está a dizer que é o da manda.
Que é uma manda:
A fala dos pescadores da costa da morte ajuda:
Manda: "cardume de sardinhas que é visto à luz do dia".
A fala da montanha ajuda:
Manda gente: "muita gente".
Uma manada?, uma mada?
Por outra parte com Mondim está mondo, liso, pelado, rapado...

Uilla Mundini poderia ser, então: "a vila do mundim, a vila do grande curro", antes do que ser a vila de uma pessoa de nome Mundinus.
Esta ideia aqui transmitida é alicerçada pola quantidade de mund- com curro, não apenas na Galiza ou na antiga Galécia...(também na Occitánia?)
O labor de ir vendo os topónimos de base -mnd- leva-me a pensar que essa raiz significou curro, não um curro qualquer, um grande curro onde o gando era guardado diariamente ou quase diariamente, sendo mund-im, não um mund- pequenim, senão "do *mundo, da *munda, da *monda" (confrontem-se com os Jão do Mundo abaixo).

E que é uma *-mnd-?

Desde o sânscrito मुण्ड (munda) transmite a ideia de mondada mondado, pelado, careca, rapado, barbeado, podado, demoucado, nono (sem cornos), sem saliências, romo.
No protogermânico *mundō é considerado ter o significado de proteção, seguridade e mão.
Na linha latina mundus aparentam-no com visível, asseado, limpo. Lugar mundo, lugar onde entra o sol, que se divisa.
No céltico galês mond /bond é enlace, conexão. Também laço, fita de teia usada como tiara, ou o colete dos cregos.
Outras palavras galesas como mwnt, monte, montão, muitos, "um mundo de, um monte de" uma grande quantidade.
Também mynd, é o verbo ir, ir propositadamente.
Manda no galego é uma mão c
heia, uma monça, uma mada, manda é também um cardume de sardinhas, (manada?).

Os curros -mnd- que desenham uma paisagem fortemente gandeira, aparentemente estão formados no neolítico-ferro, são de uma camada temporalmente anterior à germânica, bom isto não obriga a que os seus nomes sejam anteriores à chegada à Gallecia de povos germânicos, mas sim ajuda a tratar de lhes buscar uma fonte, uma origem, uns parentes no proto-indo-europeu e nas línguas que fossilizaram com força esta camada linguística:

No hindi मुण्ड  (muṇḍa) abre a porta pois significa गायों का समूह या मंडल
"vacas em grupo ou círculo / vacas ou grupo de vacas".


O sânscrito मुण्ड (mund) ajudar a perceber como o novelo enguedelhado que envolve esta raiz -mnd-, deriva em diferentes significados aparentados, o mais conhecido neste idioma que está envolto aqui é a mandala.

Assim é para refletir que mund- como "rebanho de vacas", como "o círculo do rebanho de vacas" dá coerência aos significados latinos, germânicos, hindus, sânscritos, e do galego "manda de sardinhas" e da toponímia galaica do radical -mnd- .

No persa
ماندن (mândan), permanecer. confronte-se com o latim mansio, "lugar onde se permanece à noite" do verbo maneo "permanecer"; e também a sua toponímia pecuária associada na forma de ameijoeria, meijão e topónimos do grupo (a)meij-.

Desde a etimologia céltica:
Mandda no galês é a palavra que semelha próxima ao que estamos aqui tratando, significa lugar bom, formado pola palavras: man, men, myn que significa lugar, e da / dra bom.
Para o pensar arcaico o primeiro locus é redondo?
Isto explica a variação vocálica de Mandim / Mundim / Mondim / Mende?
No gaélico irlandês antigo o feche para gando tem estes nomes:
mainnear, mainnri, maindreacha, mainnriuch, mainder, maindir.
Na palavra mainn(i)reach, reach significa "com forma de, com aparência de" em forma de mainn.
Mainn significa sustento; mas se nos baseamos no visto com as etimologias anteriores na vez de mainn "sustento" a raiz poderia ser também máim ou máin "mão" (1).



O gaélico antigo conserva a ideia neolítica-ferro do valor económico do rebanho, da vaca, assim como foi visto máin/mainn significa "mantença, sustento" e "mão", e maín (com as variantes moín, muín, maen...): "presente, benefíco, ganho" (confronte-se com gando/gado), "possessão valiosa, tesouro", nas leis equivale a "gado vacum ou equídeo", "honor, pupularidade, dignidade", "ciência, arte, conhecimento".
Desde o gaélico são mais entendíveis as variações mondim, mundim, mandim, mendim...


Quanto ao antropónimo Mendo ou Menendo pode ser lido neste outro escrio: Menendo.
Desde o latim o sufixo -menta pode estar por aqui, sufixo que dá ideia de conjunto, de coletividade. É explicado desde o protoindo-europeu *-mn̥teh₂ variante de *-mn̥, uma partícula que cria substantivos de verbos, confronte-se com o sufixo átono no galego -ma/-mo, édramo, ou o grego -μα.

Final:

Em Ervinhou (Vale do Dubra) dous topónimos de curros chamativos: Jão do Mundo.
Que é um jão?
Mundo imos vendo o que foi...

Diomondi (O Savinhao).
Neste lugar há duas -mnd-. Identifica-se bem a entrada a ambas elas por ser no lugar da Portela.
Dio- faz ideia do número dous, e entra dentro das realizações do protoindo-europeu *dwóh.
Já no grego clássico δύο /dý.o/.
Para o proto-céltico é pensada uma raiz *dwau, assim:
No gaélico antigo o número dous é día.
No bretão: daou /ˈdɔw/ "dous" e div /ˈdiw/ "duas".
No córnico: dew /deiu/ "dous" e dyw /diʊ/ "duas".
Segundo isto Diomondi poderia ser "as duas *monde".
Diomondi tem outras interpretações desde a etimologia germanística.
Outra *monde chamativa: Caxamonde



Caxamonde de Figueiroã (Paderne de Alhariz).
A *mnd é muito circular em comparança com outras que foram saindo.
Cento e trinta metros de diâmetro aproximadamente.
Que é uma caxa ou cacha?
Se tiramos do sânscrito: o som kaxa tem diversas grafias e múltiplos significados entre eles escolhim estes:
कष esfregar; ensaiar
कास movimento
कशा corda, rédea, freio, correia; ato de açoutar; jostra, chicote para cavalos.
Já no galego: O mais próximo a esta raiz compartida co sânscrito é cacha, uma tira vegetal para fazer cestos, uma corra, que dá ideia do que foram feitas as primeiras rédeas e correias para cavalos.
Aqui, aparentado com Caxa-(monde), está o latim capsus "recinto para animais, curral", que está no galego atual cousso.
Betanços e o seu hipotético curro, exterior às muralhas, já urbanizado na altura do 1956.

Plano de Betanços onde pode ser visto que a urbanização do possível curro ainda não era completa no século XIX.
Tirado do Anuário Brigantino «O Camiño Norte de Peregrinacióna Santiago de Compostelano tramo Vilalba-Betanzos», das autores: Alfredo Erias Martínez, José Mª Veiga Ferreira, e Juan Sobrino Ceballos, legendado com Plano de Betanzos (ca. 1823) do Archivo Cartográfico y de Estudios Geográficos de Madrid (antigo Archivo Geográfico del Ejército). Xentileza de Alfredo Vigo Trasancos e Irene Calvo. Aparece o Camino de Villalba, así como o santuario de Santa María del Camino.

Mondonhedo
Lugo


Briga de São Cibrão das Lãs, com o seu curro, com o topónimo Cortelho.



Briga de Nantes entre as fregueisas de Lores (Meanho) e Nantes (São Genjo). O curro pecuário da briga tem no seu lado oeste a igreja e no seu lado nor-leste o lugar de Nantes de Rei, microtopónimo dele como o Boução, com o lugar da Cancela no seu leste, onde saem vários caminhos.

Eamhain Mhacha, nó Eṁaın Ṁacha, em Irlanda do Norte, pode ser visto o "castro" e na parte superior da imagem "o curro afunilado"


Valouta (Candim), na parte direita da foto a "vedação" das Veigas.































































































1. O Significado de máim ou máin foi tirado de aqui:









fandinho, fence(en), defender
dē- +‎ *fendō(la)
*fendo latino é uma forma hipotética que não está nos escritos, aparentemente significa fender, ainda que fender é derivado de findo(la).
Fender a terra pois o curro inicial além de valo tem foxo.

Mandim vhandim:
Fandinho poderia ter a ver com fundus (versus mundus)
Assim no latim fundus reforça isto
Fundo, o inferior e fundamento
Granja; superfície de terreno; estado
Bens materiais
Terra, chão, solo
Fundação
Um tipo de autoridade garante.

















Dos muitos topónimos em -mund- e antropónimos em -mundo:

No final da Roma, com a entrada sueva e "paroquialização", as brigas deixam de ser, algumas, muitas, sé / sede do poder, político ou religioso, o poder sai da croa do castro e assenta no curro pecuário, palatio, willa, vilar, vila.
Isto pode ser identificado a dia de hoje quando na cartografia damos com brigas, castros, que são limites de freguesia, e que na nova conformação territorial da parróquia, não conservárom a integridade territorial, território do castro identificável polo seu caminho, rua, perimetral, a "crica".
No território da briga costuma haver um grande curro pecuário para vacas ou bestas, esse grande curro pecuário das brigas, *mund-, a dia de hoje ainda é possível identificar (imagem do "Cortelho" de São Cibão das Lãs).

Nenhuma descrição de foto disponível.

Este curro receberia o nome de *mund- (em genitivo, "da *munda") e derivados como é explicado no escrito que acompanha isto.
É pensado, sob a visão da etimologia germanista, que o antropónimo dá nome ao topónimo, mas desde esta hipótese alicerçada polos muitos topónimos da raiz -mund- estudados: vira, e assim o antropónimo mais semelha um gentilício da pessoa que governa ou mora na nova sê / sede de poder que desceu da briga.
Ao reestruturar-se a sociedade galaica baixo o poder suevo, re-estruturar-se-ia o território, e re-estrutura-se-ia a cultura, no sentido original de cultura, a agricultura e gadaria.

Nas fundações das urbes romanas inciais é descrito que antes de andar com o arado marcando os limites, era construída uma estrutura oracular e de referência de coordenadas, nesse local era cavado um buraco na terra que levava o nome de mundus, que tinha um ritual, onde se faziam oferendas, trazia-se terra doutras partes, aradinhos votivos.... Desde essa estrutura com o mundus, traçava-se a urbe, desenhava-se desde a distância o lugar exato onde seria o assentamento humano, onde iria a porta ou as portas....
Depois vinha o ritual do arado que marca um rego o pomerium (postmurium) que delimita o que será dentro e o que estará fora da cidade....
Plutarco relata a vida de Rômulo e conta que a relha do arado era de bronze, isto pode dar ideia da época.
Esse é o inicial mundus latino descrito, que explica os significados secundários, "limpo, puro, ordenado, enfeitado" (confronte-se com imundo).
Uma palavra adjetival que derivaria de um substantivo concreto, pois supostamente o adjetivo nasce da abstração de uma qualidade de um substantivo.
O significado terciário de mundus percebido como mundo atual foi um conceito colhido por esta palavra posteriormente, aparentemente uma elaboração culta e não do povo.
Os gregos tinham kosmos κόσμος como o que hoje é o cosmos definido desde uma visão pitagórica como "o ordenado, o fermoso" (cosmética).
Fala-se de Vitrúvio como pessoa que deu este conceito de mundo "planeta, orbe, céu e terra" ao adjetivo mundus.
Talvez foi na busca de uma tradução acaída a este kosmos grego "fermoso, ordenado" que mundus (buraco de ordenção e adjetivo de ordenado), alargou o significado ao atual.
Para alguma etimologia o inicial mundus latino do ritual, teria a ver com mondado, um lugar limpo de vegetação, que ainda hoje é palavra viva no léxico agrário "mondo, mondado, mondar o sementeiro", conceito que está no sânscrito também com este lexema.
Se estamos no proto-indoeuropeu, no bronze, ou antes, no neolítico, pode ser percebido o conceito de -mund-, como lugar mondado, desmatado, feito pradaria, ordenado, pois começa a propriedade a marcar o território; o frequente talvez seria o bosque, e dele nasce uma paisagem nova, "o mondado", ordenado, pois aparece a vedação com o pastoralismo, daí a munda do sânscrito como rebanho de vacas.
Rebanho de vacas ou monte, talvez mais na raiz do conceito concreto do que posteriormente chegou ao tal mundo atual.

Tácito no livro De origine et situ Germanorum, descreve que os germanos moram com as vacas.
A distribuição territorial celto-atlântica, latina e grega diferençava dous espaços, a quinta agro-gandeira (Ulisses e a sua fazenda, o seu porqueiro, já no Bronze) e a briga, castro ou pólis. Estes dous espaços na cultura germânica supostamente não os havia, dai, que na dominação sueva, a vida seja feita e ordenada desde o curro do gando como era culturalmente o seu jeito.
E daí também que *munda na cultura germánica seja proteção.
Intentando interpretar este barulho, poderia ser percebido que nalguma altura do neolítico, ou bronze, o assentamento humano inicial pastoral, necessitasse uma mudança, uma elite que não precissava mugir a vaca todos os dias, podia morar num lugar "urbano" e não rural. Este novo assentamento seria desenhado desde a "granja" primária, onde estaria o centro político e religioso, um ponto zero, zero, envolto numa religiosidade, não gosto de pôr magia, que era o auguraculum, presente na cultura céltica e latina.
Evidentemente isto é uma hipótese para explicar desde o ponto de vista neolítico e pecuário a génese do -mund- no proto-indoeuropeu.

Então grafada na paisagem, nos caminhos da Galiza e outros lugares da Hispânia está uma continuidade. O primeiro espaço separado aparece no neolítico como "curro pecuário", também aparece a cortinha como lugar de cultura, pois o pastoreio foi de grandes espaços acoutados, as células territoriais iniciais, e é aí desde os curros primários que aparece a briga ou a póvoa fortificada como assentamento humano secundário ao incial recinto pecuário. Recinto pecuário que "nunca" foi abandonado nas suas funções administrativas ou de poder, pois nele reside o briugu, e posteriormente acaba como vila, paço, ou igreja.











मन्दुरा (mandurā) "corte dos cavalos; cama".
Do protoindo-europeu *mendreh₂ “cercado, estábulo.
Cognado do grego antigo μάνδρα (mándra), espaço valado, estábulo, latim mandra "estábulo ou cercado para animais; rebanho de vacas."


Mandola, mandolo: burra, égua, burro na gíria dos canteiros.
Fandina, fandino: burra e burro no baralhete.


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