Penso que a chave para entender a experiência psicodélica, quer você a ame ou a deteste, é que ela dissolve as fronteiras. Dissolve a programação cultural e a substitui por um tipo de programação muito mais básica que está no animal humano. Todas as culturas nos desviam desta fonte original de autenticação pessoal. E nesse sentido, Freud estava certo; toda cultura é neurótica
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Cultura
TERENCE MCKENNA:
Eu acho que durante muito tempo ao longo da história, as pessoas estavam totalmente conscientes, totalmente à vontade com a linguagem e o teatro e os rituais e a magia, mas estavam no berço, digamos assim, ou embutidos num diálogo quase contínuo com o resto da realidade, experienciada como uma consciência contínua a que chamavam o Grande Espírito, ou os Ancestrais, ou simplesmente Deus. A herança cultural e lingüística do Ocidente tem sido em larga escala uma construção de defesas contra este Outro e uma substituição Dele pelo ego de massa da humanidade, politicamente expresso.
E: Em seu livro Food of the Gods (Alimento dos Deuses), você lida com algumas das dimensões históricas do uso dos alucinógenos. Você visualiza a história da cultura como um constante declínio no uso de alucinógenos derivados de plantas e a substituição gradual destes por substitutos insatisfatórios como o álcool, o ópio, o fumo, a cocaína, etc. É possível que se as pessoas usassem alucinógenos de um modo mais ritualizado e controlado, tal como, digamos, duas vezes ao mês, que isso poderia reduzir significativamente o uso abusivo de algumas destas outras drogas?
TERENCE MCKENNA: Deus meu, duas vezes ao mês! Isso seria uma revolução, não seria? Eu acredito que as pessoas sem essa mãozinha da inteligência de Gaia sobre a qual estávamos falando estão simplesmente num mato sem cachorro. Elas têm o marxismo, e a moderna publicidade, e quaisquer que sejam os valores culturais nos quais nasceram para guiá-los, mas inevitavelmente, como destacou Freud no livro O Mal-estar na Civilização, estas coisas levam à neurose.
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