A entomba, uma enramalhada de ponlas, de freixo novo cortado polo pé, pecha a boquela do prado.
"Assi a vaca nom marcha".
Fala-me da entomba o velho gandeiro, coa fouce na mão.
Uma das palavras que poderiam estar a falar desta prática é lóvio: que tem os significados de emparrado, alpendre e sepultura."Assi a vaca nom marcha".
Fala-me da entomba o velho gandeiro, coa fouce na mão.
Na toponímia nesta sequência tomb-, acho-a:
Tumbiadoiros, Tumbios, Tombelos, Tombolinhos, Tombinhos, e Tombins.
Tominho?
Estes verbos da fala leonesa de Aliste ajudam a perceber:
Tumbiar: cobrir de terra.
Entumbiar: cobrir de terra; enterrar um defunto; plantar árvores; cantar aos berros.
Atumbiar: cobrir de terra; ocultar.
Já no gaélico antigo tám, "morte, inconsciência, desmaio; praga, pestilência"
Na evolução dada ; de t a d, seria possível a relação de tomb- com domb-
Dumbria (1).
Dombodám.
Dombrete.
Dombrolho.
Dombate:
.
Latim domus, sânscrito दम (dáma).
Bretão Taol maen: Dolmen, ..... no francês dôme, no latim doma.....
Velha raiz céltica na origem do outro nome da arca, o dolmen, a tabula de pedra, a laje, o taol-maen como raiz de todos, as casas, domata e domūs.
O domínio.
Dúmio?
A tumba-casa, a arca, a raiz familiar, o retorno à morada do trás-aquém.
Dombo-dám, o tautológico (3):
O tombo do fado do destino. No alto da parróquia, a capela do Viso, além de enxergar ao longe, o viso vê o interno.
Dán no irlandês é o poema, o fado, à par do juízo, doom, pois é o verdadeiro lugar do julgamento, onde don no irlandês é a infortuna, pois infortuna é apenas ser julgado, por bem ou mal ...
Dan no alemão é no tempo futuro.
Dan no galês é debaixo.
É pois, a tomba e a tumba o lugar deitado.
Temos no galego a velha caída de andarmos a tombos e estombalhados, e o tombo de mar, uma grande onda que vem, que nos tambulha.
A armação de panos negros para honra do defunto no seu enterro, já esquecida, também era uma tomba.
Seria pois honrada a pessoa morta com bandeiras e trapos, envolta em coiros, num cadaleito elevado ao jeito como as gentes das nações norte-americanas faziam?
Marcial Valladares no 1884: Tomba, escano: Feretro, ataud, ó andas de madera en forma de cama estrecha y larga, para conducir los cadáveres á la iglesia desde la casa mortuoria.
É o tumbo, ou tombo, um noiro, uma elevação do terreno, uma cemba, um valado de terra, uma mámoa.
É um tombeirinho uma mamoa.
Em Trás-os-Montes um tômboro é um cômaro, e o tombeirão é o camalhão a terra elevada entre dous sucos.
No gaélico tom "tufo de vegetação, arbusto, mouta, montículo", mas também entomba, vegetação usada para fechar uma entrada.
No grego θωμός (thōmós) "montão".
Um tombo também é um mendo de coiro num sapato ou soco, a ponta reforçada com dobre coiro no calçado, com tombear como remendar com coiro ...
Nesse coiro que tampa, temos o tambor, e o tambucho das embarcações, que agora é de madeira ou plástico, mas talvez tenha sido um tombo de coiro.
Pois eram os τύμβος gregos, o mesmo que os tumbos galegos?, coiros curtidos, e derivárom nos livros, nos que se tombava, se deitava o risco, se escrevia de coiro.
Então, outra vez no galego está o primigênio coiro como tombo, muito antes de que o coiro chegasse a ser livro?
Tempo antigo no que se deitavam ramalhos sobre o cadáver, ou se envolvia o finado ou a finada num coiro, para logo fazer uma arca de pedra ou de madeira ...
Velha Galaecia, na que haveria cabanas, cafurnas de coiro, que eram domus, tomus, casas como tipis, tumbos de costelas de entombas, cobertos de coiros tombeados.
A foto é tirada daqui: http://ehistoriadelarteuniversal.wordpress.com/2012/04/15/unidad-3-arte-de-la-prehistoria-y-de-las-primeras-civilizaciones/dombate/(1) No concelho de Dumbria há 100 mámoas protegidas.
Localização do Concelho de Dumbria, na Galiza. Na altura neolítica o seio marinho entre Fisterra, ao norte e Carnota, ao sul, estava emergido, é neste seio que poderia estar a cidade solagada de Duio, com um Duio posterior trasladado, atual freguesia do concelho fisterrão. Lugar também, o de Duio, associado com as lendas de traslado do cadáver do Apóstolo São Tiago. |
(2) A raiz domb- / tomb-, no inicial como acúmulo de ramalhada, está no nome das barragens em inglês, dam. Primeiras e primitivas barragens as dos castores feitas com troncos e ponlas. Primeiras e primitivas cabanas.
(3) Proto-Indo-Europeu *dʰeubʰ- ( fume, escuridade, obscuro):
- Grego βυθός (profundidade).
- Eslavo antigo eclesiástico дъно • [dŭno], (fundo)
- Árabe, دُنْيا • [dunyā], (mundo, reino, universo)
- Proto-Celtico *dubnos , (a profundidade; o mundo). Galês dwfn, (profundidade, o mundo). Antigo irlandês domun, (o mundo, o país, o lugar natal, o território sob um governo). Irlandês atual domhan, (o mundo, a Terra); e Gaélico escocês domhan, (o Universo). (Confronte-se com domínio, domar, domear).
- Dun nas ilhas britânicas foi nome medieval para as fortalezas defensivas. Nome usado também para se referirem aos castros. Originário do irlandês e gaélico escocês dún, cognato do Galês din, e dinas (cidade). Dunum, donon, (cidade). (Confronte-se o lugar de Donom / Donão, no Hio, Morraço, com importantes restos arqueológicos).
- Gaulês dunon, coto, outeiro.
- Russo ду́ма [dúma], (casa do conselho, legislação, pensamento).
-Armênio տուն (tun) "casa, vivenda, edificação, quarto, câmara, mulher, habitantes de uma casa, bens, fortuna, família, raça, nação, país, chão, piso, região".
- Italiano duomo, (igreja principal duma cidade ou lugar, catedral)
- Frances dôme, (cúpula).
- Latim dumesco, dumescere, (cobrir com arbustos).- Duna: elevação de areia....
Com tudo isto quero significar que o tal proto-indo-europeu, conflui nos conceitos de domus, tumba, don (profundidade), duna (assembleia), dan (justiça), dún (medorra, mamoa) ......
O armênio dá muita clave de como era a cultura da época dos tumbos, pois a polissemia da palavra transmite o conceito de tumbo como linagem feminina de família alargada.
A palavra madroa e em toponímia Madroa faz referência a uma mámoa, e está mui perto de madre, de feito madroa é nome para a matriarca e para a excessivamente nai, a materona..., também na linha do feminino matriarcado.
Se as vias iam de meta a meta, os caminhos de mámoa a mámoa e o δρόμος de μήτηρ a μήτηρ
μήτηρ, meta que bem sendo aparentada com μήτηρ, palavra que põe em relação a mater com a meter e com o metro.
Δημήτηρ.
Uma grande proximidade entre o radical dum- e dun- em todo isto leva a pensar que a primária raiz de todos estes conceitos de montão, de amoreado foi comum.
Haveria primitivamente um jeito de moimento ao morto com ramalhada, o mesmo que a primitiva habitação feita com ramos; palhoças simples que se melhorariam com coiros, como tipis índios.
Os moimentos posteriores passariam a ser cabanas de pedra, dólmens, lac, (daí os topónimos Lago, onde não há um lago e sim uma mámoa), o lugar por antonomásia da tribo neolítica, o cento governativo-médico-religioso-cultural-mercantil, nesses sítios principais administraria-se a justiça e fariam-se os conselhos.
Cada indivíduo pertenceria a um *dumbro, e o *dumbro marcaria um território, a terra.
Estes lugares principais poderiam chegar a ter uma certa estrutura urbana, com anterioridade à época do bronze, sendo pois o nome de *dumb o nome dado à vila ou aglomeração primaria, lugar de feira, de especialização num labor, ou mesmo de transmissão de conhecimento ou chefatura.
Estes e alguns mais topônimos dariam para estudar:
Donom / Donão, Donis, Donín, Doninhos, Donide, Dongo, Donelhe, Dónego(?)...
Donalbai e Dongradeu
Donalbão.
Duio.
Dúmio, Dume, Dúmia
Domeira, Domez, Domiz
Dombrete, Dombodám, Dompinhor
Domsiom / Domsião
Tomonte, Tomonde
Dumnonia, antigo nome da Cornualha e Devon, que talvez parelhamente com Dumbria, no extremo oeste, foi lugar de enterramentos, lugares ambos fisterrães.
Cham Dombea, (Veiga de Forcas).
Donfreám / Donfreão, (Lalim)
Outeiro Domês, (Verea).
Donlebum (As Figueiras, Castripol), o dom da levada, (λιβάδιον)
Touta no gaulês significa "as gentes, o povo de um determinado lugar, a terra de uma tribo".
No galego toutelo é um dos múltiplos nomes da mámoa, além de um montículo ou um toutiço de vegetação que sobressai, toutelo também é cabeça, como touta no português padrão.
A palavra touta / toutelo é muito antiga, e do mesmo modo que "dumb-", tivo muitas e diversas variações desde um primeiro nome como mámoa:
No persa توده (tōda) com os significados de “gentes; multidão, montão; pilha, colina, meda, túmulo” é possível ver a sua diversificação.
No hitita 𒌅𒍖𒍣𒅖 (tuzziš), “exército; acampamento”.
No albanês tëtanë "todos, toda a gente".
Na língua letã tauta "grupo de pessoas de uma nação, nação..."
No proto-germânico *þeudō "tribo, grupo de gentes".
No latim é pensado que poderia estar sob a palavra totus "todos".
Já no céltico como foi acima comentado: no gaulês touta e teuta, no grupo britônico, no bretão e galês tud com o significado de "clã, parentes, grupo de gentes, região, país". No gaélico antigo túath "tribo, gentes, território tribal, o grupo leigo do povo".
Um dolmem também é visto como uma capelinha, em exemplo:
Anta Capela de S. Dinis-Pavia-Mora
Capela Igreja de Santa Madalena, Alcobertas, Rio Maior.
Anta capela de São Brissos, Montemor-o-Novo |
Capela que é chapela
Chapitel, pendelho.
Chapa capa, ou pedra superior tumular.
Chapelada é o volume pequeno que transporta um carro de vacas, o tojo cortado, com a variante choupelada., ambas palavras remetem a um étimo chaup-, ou chalp- / caup- / calp-.
Choupela é a tumba, o leito e o cárcere.
Choupelo é uma cabana para guardar gado no monte.
Choupana: cabana.
Capa ou chapa é a moa do moinho, a que gira.
Capa é a pedra torna-ratos do hôrreo
Capa é a pedra que coroa um muro
Capa é a telha disposta de forma convexa no telhado.
caba: é a cova
couve, couva?, alcouve: é o lugar resgardado para sementar plantas da horta.
Assim como hortus, horta é o lugar fechado, e mesmo dá nome à berça por ser plantada no lugar vedado.
A couva, ou alcouve original também é o lugar vedado que deu nome à Brassica?
A etimologia proposta para couve é caulis.
Caulis aparentemente é o caule, assim entendido no latim como talo, haste de uma planta, também o talo de uma berça, e o pênis.
Mas caulis tem por parente caulae, palavra que é plural em latim, e que se for singular caula teria o genitivo caulis.
Quer dizer que caulis, (a col) é a da caula, sendo caulae: cerca, redil, buraco.
Estamos na mesma, se a berça, horta, (para muitas pessoas galegas berça é sinônima de horta) é o mesmo.
A couve, alcouve como lugar fechado dá nome também à caulis, como "do curro, da cortinha".
Alcova?
Por que a alcova e o alcouve estão tão perto?, porque um alcovo é o mesmo que um alcouve. Confronte-se com alcovetar: armazenar.
Voltando a ideia de enramalhada inicial, a entomba, que poderia ser chamada de choupelada (montão de tojos cortados; carga do carro de vacas que não sobrepassa os estadulhos; por extensão, montão) e do mesmo jeito que a entomba tem relaçao com a tumba, a choupelada tem relaçao com a choupela ou choupelo, choupela que é a cama, a sepultura e cárcere.
Choupana.
Choupim, choupelo, cogumelo, chouparro, choupano....
Chapo: eixada de corte reto.
Capelo: cogumelo.
Todas remtem a um termo antigo que tem a ver com casa simples, choup- chãp-, cab-
Se temos o radical tamb-, para o túmulo, tambo, seria de esperar na mutação, zamb-, chamb-, damb-
tamb/tamp=chamb/champ.
chãp=tãp=zãp (chapar,tapar, zapar)
chaup-, taup-, zaup-
choup-, toup-, zoup-, foup- foupinheira.
Será por isso que cha(m)puçar, zambulhar, tambulho, choupela, choupar, zoupar, choupa, chope...
Confluem na ideia de introduzir-se, na auga?
11
Anuario Brigantino 2004, nº 27
TÚMULOS PREHISTÓRICOS NO CONCELLO DE MONFERO
Túmulos prehistóricos no
Concello de Monfero
GRUPO DE ARQUEOLOXÍA DA TERRA DE TRASANCOS
......Por último, as referencias orais indícannos que había tres túmulos que foron destruídos no ano 1962
nos lugares de As Ucheiras (O Lombo), A Chousa/Choupana e a Lagoa. Todos eles estarían moi preto
entre si nas proximidades do antigo camiño real........
Donalbai decodifica-se como o dom do rego. Para saber da relação de topónimos alb- avião com regos vide: o ouriolo fala
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dunam
Lóvio, sepultura e emparrado.
Tamb- / tumb- / tam-
Tamo, tâmaro, Tamarela, Tamou....
Moura?
Este tema é algo longo, vai um esquema onde trato de fazer ver a relação entre os conceitos palavras:
Maria.
Moura.
Mámoa.
Morte.
Apanhando retalhos das culturas que poderiam ajudar a perceber uma construção cultural neolítica e como foram as derivas posteriores.
No âmbito gaélico:
Moura e Maria relacionam-se porque o nome gaélico escrito Maire, é pronunciado algo semelhante a /mow.ra/
Maire / Moire / Muire, nomes gaélicos de Maria tenhem relação com o mar , em gaélico muir.
A família em gaélico é dita muirín, muire-ín, algo assim como "mari-inho", ou "da Maire", "da Maria".
Então temos o nome atual gaélico de Maria /mow.ra/ como marinha ou do mar, e também a ideia de mar como Além (morte).
No âmbito sânscrito:
मर (mara) morte.
No âmbito galaico:
No âmbito sânscrito:
मर (mara) morte.
No âmbito galaico:
A raposa do morraço, também chamada do morgaço, é um ser mitológico associado com a morte e o lume.
Onde morgaço, é aumentativo de morgue, e onde a morga é a planta facilitadora do trânsito.
(No galês murgyn é o cadáver).
Morraço, morgaço, burgaço tenhem aparente relação etimológica. Onde burgaço é a pilha de terrões queimados.
Que geram a morralha, borralha, as cinzas.
Cinzas (borralhas) que no âmbito galaico dão nome ao resto do cadáver, ainda não sendo queimado, o que leva a pensar que: se perdurou o nome, é que no passado a prática crematória foi frequente.
Voltando à Maria e à moura: santa Marinha poderia ser interpretada como uma avatar desta entidade pois leva em si o mar, e leva em si atributos de moura: forno=mámoa, cremação, sete passos iniciáticos.
Assim moura, mouros é mámoa associam-se com o submundo da morte. Nas Astúrias uma moría é uma morea, mas também é uma mámoa.
No âmbito grego:
As Moiras são parcas, com atributos da Moura, fiadoras e com governo da vida e morte.
Esta esculca de relações leva-me à hipótese de que no passado haveria umas linhas matrilineares de mouras/marias fundadoras, cada linha com a sua mámoa, ou lugar de enterramento crematório, e uma entidade, hoje percebida como divina, que gestionaria o trânsito, a Moura que chegou à atual Santa Maria cristã.
Desculpade os erros, era apenas apresentar umas ideias esboçadas.
(foto tirada do Faro de Vigo)
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