O ilhote de Noro está no arquipélago de Sálvora, na boca da Ria de Arousa, no seu lado norte.
Noro tem uma lenda que conta que havia um home, Sagres,que tinha pretensões de governo sobre o que era a atual Galiza.
Este home era do povo dos saefes, os da serpe, e queriam conquista estas terras, para o que argalharam um plano de casamento.
A atual terra galega naquela altura era governada polos oestrymnios, os do oeste.
Casou o rei dos saefes, com Forcadinha filha dos rei dos oestrymnios, e tivérom um filho que foi Noro.
O saefe maltratava a Forcadinha, batia-lhe.
A argúcia do casamento interesseiro foi descoberta, e as meigas durvedas, enfeitiçarom ao saefe Sagres convertendo-o em pedra, numa ilha, o encantamento foi de tal poder que abrangeu a toda a fazenda do rei, inclusive à sua mulher Forcadinha e ao seu filho Noro.
Noro foi assim como ficou convertido no grande penedo de hoje.
E todos os baixios e penas, que na relativamente perigosa entrada norte da ria há, são a sua fazenda, os seus animais.
Grande penedo na ilha de Sagres. |
Noro, está no galego das astúrias como:
- Terra má que não se pode arar.
- Parede dum pequeno encoro.
- Pedra amontoada, pedrouço.
- Altura, parede.
- Montão de pedra retirada de uma leira.
- Ribanço, cômoro.
- Elevação pequena na terra com mato.
- Terra sem cultivar entre duas propriedades, valado, cemba, lomba.
Noiro:
- Elevação pequena na terra com mato, maleza.
- Terra sem cultivar entre duas propriedades, cemba, lomba.
- Muro de terra ou pedra.
Os noros sardos aclaram muito mais o que no antigo era esta palavra.
Nuràche, nuràchi, nuràci, nuràghe, nuragu, nuraxi, nuraxu, runache, são antigas torres de dous ou três andares da Sardenha.
Com origem em núrra, palavra sarda que significa montão de pedras?
Nur, no inglês é nó e avultamento na madeira, estamos na nódoa, na medula, no miolo, no lugar do entrelaço apertado.
Knaur, no inglês medieval foi uma pedra, um nó na madeira, uma excrescência num tronco.
As palavras galegas desta família são.
Nórraga, nórrego norgo, norcha, nórchega : nó da madeira, protuberância no tronco.
Mesmo o nortelho, o nocelho, palavras dialetais para falarmos do tornozelo, estão na família de "nur".
Nesta ideia de protuberância temos o nome da Bryonia, como nabo da norça, ou norça. A briônia tem uma "pataca", um tubérculo na terra que remete a esta raiz "nur".
Aqui iriamos a uma palavra anterior e comum à nódoa, ao nodo, ao nó e aos latins nodus e nodulus?
Nos célticos falares temos cnoc, no gaélico escocês e irlandês, para definir uma colina pequena, um montículo, um noiro, um lugar onde se realiza um concelho, (também uma ferida no calcanhar).
Do antigo irlandês cnocc, que é uma pequena montanha, uma excrescência, um inchaço.
Norai no porto da Crunha |
A raiz para mim desta palavra leva a vínculo, um vínculo marcado com pedras, o vínculo faz que as energias rodopiem e se entrelacem num nodo, num polo.
Também arredor de uma dificuldade.
É o fluir, que não estanca, que gira sobre si, para sair do plano, pois o nodo, o redemoinho marca um ascenso ou descenso.
Na ideia de que as energias livres polo planeta em fluxos, ondas e remoinhos dão a forma, e nos nós espiralizam....
Ideia que foi conhecida para a disposição das pedras-fitas, mámoas...
Todo isto me leva pensar que o que subjaz em toda esta série de palavras, que acompanham a pesquisa da raiz etimológica de Noro, é a ideia de nó, de nó energético, de nó telúrico.
E que a mesma palavra nó, não é filha derivada do latim nodus, ou sim, ou talvez irmã.....
A raiz "nur" está também na palavra norte.
Interessante.
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