© Copyright. Direitos autoriais.

© Copyright. Direitos autoriais

Dredi, an dro. (Estorninhos, a dança).

Neste denso escrito, busco a relação do nome das aves do estorninho, do merlo e tordos nas línguas célticas, no galego e demais idiomas, os conceitos básicos que deram lugar aos nomes.
Chegando a concluir que sturnus e turdus, tem uma origem comum, determinada pola característica formação de vórtices no ar polos estorninhos (Sturnus vulgaris), o que gera toda uma família de palavras que dão ideia de rodopio ou grupo.




An-dro é a volta, a dança em roda da Bretanha.
O bretão como outras línguas célticas tem lenição e fortição, a palavra dro também é dita tro.
Nos célticos falares dro/tro remete a rodas, rodopios e voltas, grupos, laços.
Assim no gaélico:
Droch: roda.
Drol: de forma de parafuso, anel, anilha.
Dronn: nádegas, cu, garupa, corcunda, convexidade.




Aqui vemos os estorninhos em volta.
Estorninhos que nos célticos falares são chamados:
Bretão: dred.
Gaélico escocês e gaélico irlandês: druid.
Galês: drudwend.

Então estamos na volta.
Storm sturni: tormenta de estorninhos.
Tanto na tormenta inglesa storm, no estrondo do trovão do tornado, como no estorninho, temos a volta, o torno, o rodopio.
Na estornela, no jogo da bilharda, o pau que tal nome leva, sai dando voltas polo ar.
No estordego, na luxação, no retorcimento da articulação, no estordegar, que é retorcer uma corda ou uma verga para fazer uma viorta, um vincalho, um atume vegetal.
Também pode andar perto o esturnuar, (o espirrar).

Talvez o bretão: tro / dro, (roda, dança) tenha que ver com o poético tropo, e com o trovar, pois no gaélico drólann é o intestino e também uma forma poética.
Há palavras galegas que soam a este radical bretão tro/dro, que conceitua o giro, a volta e a roda:

Tro, está na trola, na mentira, também dita drola.
Na droba ou loro (lôro) do jugo.
Está dro/tro na envolvente planta Drosera.Na troula.
Na droga?

Tro está na troca, pois é a volta, a devolução.
Na tropa, no conjunto.
Tanto o trono da tormenta como o trono do rei, tem esse tro céltico.
O tro está no tronco, e no tree, na árvore inglesa.
No trouço, no revolto.

No grego a raiz τροπ, (τροπή girar, virar) semelha aparentada com o bretão tro/dro.

Com tudo isto quero dizer que o nome do estorninho, tem a ver com o ruido e a forma que os seus bandos fazem vórtices.
Nos célticos falares o radical dro / tro,  varia em dre- dru-?
No bretão tre / dre é o refluxo, o trouço estomacal.
Dredi (os estorninhos em Bretão) seriam em tradução literal os tornados, os devolvidos.

Os estorninhos pintos voltam no Outono e fazem estes desenhos no ar. Ao meu ver,
 este feito, esta cena concreta, é quem determina todo o campo léxico do que estou a escrever.

É pois talvez provável a relação entre o radical storn- e tro-/dro-, ambos na ideia de tormenta de retorcimento.
Anda o deus Thor aí batendo?


A proximidade entre o melro (Turdus merula) e o estorninho está em que ambas as aves são negras, de um tamanho semelhante, ainda que rapidamente se distinguem pelo bico laranja do merlo.
Assim no romeno o nome do merlo e túrdidos é sturz, neste idioma é onde há uma ponte entre o strunus e o turdus.

Tanto os tordos como os estorninhos são aves avondosas no inverno, aves que retornam.
Também nas línguas germânicas e eslavas há proximidade etimológica entre o merlo e o estorninho, pois o tordo e o melro são chamados de thrust (/θɹʌʃ/) em inglês, drossel em danês e alemão, þröstur em islandês, дрозд (drozd) em russo....
Todos estes nomes dos merlos e tordos com uma hipotética raiz comum em drus-/ dros- estão mui perto dos estorninnhos célticos dred, druid e drudwen.


Para uma certa etimologia, os nomes célticos do estorninho, são derivados da raiz germânica e eslava dro-, quando aqui o que creio alicerçar é que: primariamente tro/dro/τροπ-,  (radicais e palavras presentes no bretão e no grego, assim como noutra línguas), são os que determinam o nome das aves sturnus célticas (dred, druid, drudwen), pola ideia de volta e revolta.

Sturnus e turdus tem que ter uma ideia comum e raiz de ambas as palavras, com uma componente de de volta, regresso, de tornar, pela sua estacionalidade migrante,
Para mim creio que o *sturn, o vórtice, é primário, que o fenômeno aéreo que os estorninhos fazem é fonte do conjunto lingüístico que deriva em todas as palavras vistas anteriormente.
*Sturn geraria o tor (giro) bretão, e daí an-dro (roda de baile), dre (vómito, revolto), dreid (estorninho).
*Sturn geraria as palavras nas diversas línguas que remetem a fenômenos de giro e das tormentas (storm), tronos, tornado, estornela, estrondo, turn em inglês, tornar....
*Sturn  geraria *sturd / *sturz que seguiria na ideia de volta, volver, com o nome dos tordos nas línguas latinas, nas línguas germânicas e eslavas, com o par estorcegar, estordegar.
Assim no latim aparece uam confluência entre o nome do estorninho sturnus e o verbo extorno "fazer tornar, devolver". Onde está que o estoeninho (o pinto) é uma ave que volta, que torna a vir, mas também que dá voltas, o que explica o jogo da estornela.



O sábio Merlim, o druida.
Busco a origem do par "druida Merlim", uma vez que druid mais ou menos ficou alicerçado no tor/dor, conceito de movimento em giro, onde também druid no gaélico é mover-se em relação a algo.

De onde provém a palavra merla?

Se aprofundamos no par "Druida Merlim", estamos quase numa repetição pois isso nos dize "o estroninho merlinho".
Estão pois as raízes de Merlim, e do melro, entre o turdus e o sturdus?

Nas línguas gaélicas o nome do merlo diverge do nome latino.
Só aparentemente no galês como mwyalchen, e no bretão como moualc'h, há uma proximidade fonética, mas:
O radical galês mwy(al-), tem a ver com grandeza, dominância, mina, riqueza, desfrute, bagas, polpa, miolo, brandura. Seria pois o mwyalchen, o ricaz, o polposo, o que desfruta, o das bagas, o dominante...
O nome bretão moualc'h, poderia ter uma tradução algo assim como bolinho, ou bolacha, relacionado com boul, ou com movimento, com os muros...
Merula em latim tem uma forma em asturiano que é miruellu, onde semelha uma relação com o mirar.
Então a melra seria a miradora, a que observa.
Também merula latina poderia ter a ver com o mel e o melífluo.
A merlinga é uma ave marinha, e o esmerilhão um falcão....
Seguindo polos falares célticos:
Há uma volta:
O irlandês e bretão tem variações fonéticas: fortição, lenição.

An mbélra é uma variação, nasalização, do antigo gaélico bélra, fala, idioma, discurso, (onde o dígrafo mb- é pronunciado m: melra).
Bélre tem as variantes bélre, bellrae, bélrae.
Com derivados como bélaire, recitar poesia, declamar.

Temos pois a melra como a faladora, e o druida Merlim como o estorninho da fala, ou doutra forma o vórtice da verba.
Como a fala gaélica, an mbélre, ficou polo português?
Bélra era pois falar, e ao chegar um idioma novo, o antergo verbo bélra mudou inferiorizado na berra, no berro?
Aqui pôde ter sido assim, mas na  ilha de Irlanda, bélra passou a Béarla, para nomear a fala maiúscula; o idioma do colonizador, o inglês.

Bélra, tem a ver com bél, a boca, que tem belfo à par, talvez beiço.
Belga ou embelga podem ter a ver com língua de terra.
Bélgica, Gallia Belgica, seria a boca da Gália, pois é onde desemboca o rio Reno, (Rhein)?
Beluso, em Bueu, teria a ver com boca?
Abelúrio, o duende, o trasno, o inquieto, falaria noutro tempo?

Aqui vão vários mapas com o topônimo Merl-/Melr- na Galiza:


Melrim que está no fundo da ria de Aldão , no Hio, (Cangas).


Em São João de Covas, (Viveiro) há o Merlim que está no fundo do vale que desemboca na praia de Abrela.

O Merlo, em São Cosme de Pinheiro (Cedeira).

As Merloeiras, Doninhos (Ferrol).
A Merloeira, ilha, em Covas, (Ferrol).

O que leva a supor que os topônimo merl-, melr- (Merlim, Merlão...), tem a ideia de boca, entrada, embocadura, ou lugar onde se fala, ou berra. Algo semelhante ao Roncudo, um lugar de bater...

Bem, temos a forma em lenição de bélre / bélra: mbelra > melra,  exemplarizada para dizer que faz parte do galego.
E a forma sem lenição?, a forma plena 
bélre?, e a forma em fortição *pelre?


Belorico / bilurico é nome para diferentes aves limícolas de bico e pernas longas.
Geralmente o nome é dado para os de tamanho inferior ao maçarico, mas o mesmo maçarico também recebe o nome de belorico.


Aqui vai um vídeo do belorico aliluxado, (
Tringa totanus), ou maçarico-de-perna-vermelha.



Então temos belorico, como belor + -ico, e belor-, como bel-or onde bel- derivaria do bél, (boca), do antigo gaélico, bico neste caso.
No gaélico bélaire, como ficou escrito acima, é recitar, polo que belorico poderia ser o recitador
O belorico é pois o faladorzinho.
Belorico, que é com o maçarico, ave psicopompa.

Ao lado dos beloricos temos os pilros e pilritos, limícolas menores, que do mesmo jeito, poderiam ter uma proximidade etimológica com an mbélra, a fala?
Raizes comuns para pilr-, bilr-, *belr-/ belor(-ico), bélra?
Temos bilroto para nomear a rosa do peito.
Aqui, pois, é onde se junta a boca céltica bél, com o bico e com o pauzinho, o birlo e o pilro?

Pilro, é a avezinha limícola, o pilrito; é a folha de pinheiro; e é o pilriteiro, o arbusto espinhoso Crataegus monogyma, talvez mais conhecido por estripo.

Nessa ideia de ser primariamente pirl- / pilr- boca, bico, temos o verbo pilrar que significa berrar e também chorar.
Na mesma ideia que anteriormente se disse que bélra pudo ter derivado em berra, a sua hipotética forma com fortição pélra pudo gerar pilrar.
Tomando o verbo pilrar como assento, base, os nomes das avezinhas pilro, pilrito, indicam às claras o que significam, choricas, chorão, berrão....

Os peixes que no galego levam o nome de pirlão/perlão, (a alfôndega, o escacho e diversos dessa família), pode ser que façam referência ao tamanho desmesurado da sua boca:
Peristedion cataphractum. Pirlo, peixe demo, cabra, malarmado.
Chelidonichthys lucernus. Alfôndega, escacho, berete, perete, pirlo, perlão, merlão.


Os peixes merluça, (pescada) e o merlão, perlão, pilro/pirlo ou berete, teriam a sua raiz etimológica na boca, bél, céltica?

Leva isto a pensar numa velha fala com lenição e fortição que teria as raízes perl- belr- e melr- para se referir ao mesmo conceito.
Assim a alfôndega com os nomes de merlão, perlão, pirlo, perete e berete, pode exemplificar as derivas de fortição e lenição de bél, an mbél, (a boca).




Topônimos como Mera, Meroxo, Meloxo poderiam ter a ver com an mbel?
A ver o post sobre o

Sem comentários:

Enviar um comentário