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Magusto

A família do magusto ou magosto:

Vão a continuação um conjunto de palavras tanto asturianas como galegas, relacionadas com a castanha e as landras, os grãos, a sidra, as bagas e bagos e o ato que pudo ser a primária obtenção de pastas alimentares em lagares primitivos, ou mesmo de farinhas, num tempo neolítico que chegou até nós em certa continuidade.
Todas elas para dar uma ideia de onde provirá a palavra magosto, magusto.


Maga: tripa do peixe, massa, massa de comida que cozeu muito, restos das uvas pisadas e prensadas, RESTOS DOS OURIÇOS MALHADOS DAS CASTANHAS
Magueta: espécie de lentelha / lentillha que cresce entre as messes, comestível
Magote: pão abezerrado, massa de pão mal cozida, massa de comida mui cozida
Maguar,com o significado de aplastar, esMAGAr (talvez variante de magoar, macular, magular)
Magueiro: estrumeira
Magajão / magajom: miga do pão
Magalho: restos das uvas prensadas, restos das maçãs da sidra, interior da futa
Magorro: tripalhada do polvo
Maguento: adjetiva o pão mal cozido, que é como maga
Magostralho: massa viscosa e suja
Magosteira: lugar onde ficam os resíduos das uvas prensadas do vinho. Lugar onde se celebram os magustos.
Mago: sâmago, parte interior branda dos ramos e troncos
Magolo: interior brando de madeiras ou cornos de vacas
Magulho: semente de uva que aparece no bagaço
Magro: bagaço.

Uma vez percorrida esta sequência, tiro:
Que maga e massa semelham estar aparentados, talvez tenham saído da mesma palavra, de um étimo velho comum.
(Se aceitamos que a gheada é um jeito de mutação, que já existia na antiguidade, a distância entre magha e massa é mui pequena).
Que: chamar-lhe maga aos restos dos ouriços pisados, dá um indício forte e firme, de que anda perto a palavra magosto.
Que a lenição-fortição-nasalação ainda é mui presente no par baga-maga, bago-mago, ou bagalho - magalho, (ainda com o mesmo significado, bagalho também é nome do bagaço).
No corunho, magalho / bagalho:
"Hai um magalho de penha": há um montao de pessoas.
"Quero a minha ja um bagalho": amo à minha namorada muito.
Dá a ideia, magalho, de muito, com a forma bagalho sinônima.
A confrontar com o galês magad, com o significado de multidão e muito número.
Outros dos significados do verbo magaf em galês, é reproduzir, incrementar, multiplicar, fermentar, ser causa, ser alimento, parir).
Confronte-se o trasmontanismo bagalhoça, que significa dinheiro, muito dinheiro. Com palavras nessa mudança mag- bag como bag-:
Debagar: tirar o grão da espiga, debulhar, tirar as castanhas do ouriço. (Sendo aqui a baga o grão e a castanha), com o sinónimo esbagar e esbagutar.
Debaga: tempo no que caem as castanhas maduras dos ouriços.
Baguto: castanha madura que cai ao chão desde o ouriço ainda na árvore. (Sendo aqui baguto, um "diminutivo" de baga).

Analisando o magusto desde o magüesto, desde o que em asturiano há:
Baguyu: castanha caída só, sem varear ou tirar do ouriço.
Baguyar e esbaguyar: cair a castanha do ouriço por madura.

O asturiano em certa forma algo mais arcaico que outras línguas vizinhas, dá também muito indício da antiga lenição, fortição e nasalação, com esta palavra última esbaguyar, que tem as variantes seguintes:
Esbugayar, de onde temos que o par: bugalho / bulhaco deveu ser frequente na fala antiga, como chatola / tachola ...
Que bugayu e baguyu tem a mesma origem, seja na baga, ou no bago, (*bugo).
Que talvez a velha palavra *bug- que deu nome a castanhas e outros frutos, chegada a camada cultural do latim, ficou para as nozes-de-galha, para os bugalhos.
A etimologia latinista para as palavras  bugalho / bugayu e bulhaco / buyacu dá o étimo de bulla, bullaculum.
Outras palavras mais do asturiano que andam darredor do magosto:
Esmugayar: aqui já temos o lexema mug-, talvez na relação com mag-, na nasalação, outra palavra que reforça a hipótese.
Continuamos:
Mugayu
: castanha que cai do ouriço sem ser vareada, com as variantes: bogayu, bugachu, bugayu. (Que já se comentou arriba como no galego o bugalho ficou apenas para a noz-de-galha).


Analisando a própria palavra magüesto das Astúrias:
Magüestu com as variantes amagüestu, magostu, amagostu, mogostu, amagüistu, amagustu e magustu

1- Ação de magostar
2- Ação de assar castanhas
3- Conjunto de castanhas assadas
4- Comida a base de castanhas, sidra ou vinho
5- Festa, reunião de pessoas para comer castanhas
6- Lume no que que são assadas as castanhas, rescaldo onde são assadas as castanhas
7- Comida mal feita
8- Confusão
9-Trapaça, tramoia, engano

Que talvez baga, bago, baguto com as suas lenições, fortições, nasalações, e maga tenham sido nomes antigos da castanha ou de outros frutos da sua família, mesmo um nome genérico para alimento que se esfarinhava que se esmagava.




Crianças visitando uma antiga pedra moinho dos povos originários de norteamérica, e....

Que há uma relação mui próxima entre baguto e magusto?
Baguto: castanha madura que cai do ouriço aberto pendurado ainda no ramo.
E a bágua e a mágoa?

Que maga como nome principal para o conceito alimento, grão, fruito, poderia ser de um substrato velho, que foi "pejorado" ou marginado para o secundário ou de má qualidade, e per-viveu até hoje como tal, (a lembrar os pares diglóssicos como: melocotão / pêssego, calamar / lura, e outros que na atualidade são ouvidos e usados).

Palavras próximas que aparecem para alimento com o radical mag-, está no bretão, magan, magañ, (nutrir, alimentar, aleitar), no galês magaf, (criar, esmigalhar, engendrar, aumentar, erguer, adotar, alimentar, nutrir, cuidar, aleitar), no córnico medieval maga. Anda perto o verbo manjar, que muito do estudo etimológico liga ao latim manducare ou mandicare, com o romeno mânca, alimentar que põe em relação o alimentar com o ser alimento de, o ser picado por insetos, o ser comido, e com o galego mancar, fazendo ver que não é de tempos longínquos a antropofagia?

Como neologismo no galego o verbo manjar, seria possível mas chamar de manjadoiro à vazia dos porcos não dá firmeza, semelha também "manj-" velha palavra no galego, nas línguas da Ibéria e atual França também: manjar, manger.

No grupo de palavras temos algumas referidas às tripas, ao estômago que tenhem relação como o proto-germânico magô, que é nome do estôMAGO.

Mas são estas palavras, a maga da sardinha por exemplo, proveniente do germânico estomago: mago; e pola contra: maga, com o significado de massa, proveniente duma outra raiz que aqui chegou por outro caminho?
Caminhos confluentes no galego, e falas da Ibéria ou caminhos divergentes de uma suposta origem comum que aqui ficou fossilizada?


Outra pergunta: os caminhos a esta esquina são todos "penetrantes", ou há caminhos que saem dela para o mundo?

Quero dizer que, se maga é nome para o estôMAGO e para a massa, (conteúdo estomacal), para o triturado alimento, para o bagaço, e demais: a raiz proto-indo-europeia semelha estar mui perto, sem ter que ir a Roma ou a Berlim, metaforicamente, para vir de volta aqui.

Sim com possibilidades de que o grego μᾶζα ‎(pronunciado: mâza, e significando: “pão”), também esteja aqui. Mas são possibilidades confluentes, como o germânico antedito, ou o galês por exemplo com a palavra genérica  mes para as landras, favucos, avelãs..., (córnico: mesin, mesen, gaélico irlandês: meas, bretão: mez).
A destacar o nome da castanha no galês mes Iau, (landra de Júpiter).
A messe, la mies, no espanhol, é o cereal propriamente, no latim messis é a colheita e o tempo da colheita. Para a etimologia latinista, messis, como colheita, dá o nome da messe, da mes, há um traslado de significado pequeno: mes- passa de nomear a colheita em geral para o cereal em particular.

Essa colheita (1) daria pois também o nome da landra nas falas célticas, já vista. Assim "frumenti tria genera sunt messionis", é traduzido como há três tipos de colheita do trigo, e dificilmente há três tipos de meses do trigo (?).


Se focamos a língua com o mesmo caminho que a gênese cultural paleolítica-neolítica, a primeira messe/mes seria a que nomeou as landras, então a mes céltiga, (landras, castanhas, favucos...), está mais perto da raiz, da etapa de recolheita. Uma vez que a agricultura começa a ser atividade principal, o nome de messe/mes, passaria para os cereais, e no latim especializar-se-ia para o ato da colheita, sega.
A lembrar o pão de landras, e o talvez anterior uso das landras e favucos, castanhas, como primeiro e principal alimento massa, *maga.

Mas a ideia que vem é a da continuidade, onde a triada lenitiva-fortitiva-e de nasalação: baga-faga-maga, fazem raiz por serem primeiras palavras, (tecnologicamente falando).

Raiz faga, que além de supostamente estar no nome da faia (Fagus sylvatica, faia que dá frutos chamados favucos, pequenas favas), está no grego φάγος ‎(phágos) que tem a ver com comer, como supostamente baga e maga.

Até aqui o intento de explicar o radical mag- da palavra magusto, a lembrar que o tal mag- poderia está à par da considerada raiz proto-indo-europeia *meh₂ǵ-, que dá a ideia de cozinhar e amassar.

O sufixo -usto - / -osto, é infrequente no galego, está próximo a um particípio irregular latino -ustus.

A hipótese é que do mesmo jeito que comida nasce de comer, como particípio de tal verbo com-ida, com-esta... Magusto nasceria do verbo *magar / *mãger; com o atual descendente mais ativo: esmagar, palavra de forçada gênese desde o provençal esmaiar, ou latim, palavra que com muita probabilidade não chegou obrigatoriamente de nenhures, pois aqui estivo desde que nas penas, nas suas caçoletas, covinhas, era bulhado ou esbulhado, estrulhado, esmagado o principal alimento da altura do paleolítico-neolítico, a landra, o bulhó ou castanha.
O que nos leva a antigos lagares, ou moinhos de mão, de bater.

Este sufixo -ustu, do latim, é relacionado com -utum, que nos verbos da segunda (-er), deu os particípios medievais tipo batudo, ou o atual conteúdo.

Também poderia ser derivado do adjetivo latino usta, ustus, ustum, (assado).
*Mago-ustum: bago assado.
A ter em conta a massa como ideia que subjaz no nome de alguns animais, no caso do vitelo e bezerro, e no de zacote, (bacorinho) talvez de maçacote (massacote), com a forma azacotar / açacotar, com probabilidade de ser derivada de (ma)çacotar e massacotar, alimentar, e especificamente alimentar os porcos.

Esta concreção da massa, também está no asturiano amazacotar, com o significado de solidificar-se aquilo que deveria ser líquido ou esponjoso, encher algo pisando e premendo, calcar.
Aqui esta a relação direta do maço ou maça com a massa?


Statue en haut-relief de Sucellus, provenant de la "Maison de Sucellus" 2ème siècle; site et musée de saint-Romain-en-Gal. L'inscription à la base porte : ATTICUS SARCIS D R ( Atticus Sarcis D(onum) R(eddit): Atticus fils de Sarcus a fait ce don en retour.) Le dieu tient un pot (olla) et un maillet, et un chien est couché à ses pieds.


Pinceladas:

Nas falas asturianas o nome da landra, da lande: llande, serve também momear os frutos da faia, para os favucos.
É no aragonês, que a relação entre a fava e a faia ainda se mantém, pois o nome da faia é fabo.
Confronte-se com o nome em eusquera da parte navarra bagua, que relaciona a faia com o bago.
Favuco dá essa ideia, sendo por tanto a palavra faia, um asturianismo no galego (?).
Aqui abre-se a possibilidade de que o Faveiro, espanholizado como Fabero, no Berço, tenha a sua origem (antes do que num lugar no que se plantam favas), num faial, num bosque de faias.
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Outra das relações que levam a pensar na hipotética baga / baca, maga / maca, faga / faca, ser nome raiz, dá-a o verbo ingês to bake, (secar, como se secam as castanhas no caniço sobre o lume da lareira), proveniente do proto-germânico bakaną..

BAGUTO, castanha-da-debaga, castanha que cai do ouriço aberto.

Vou meter por aqui o Outeiro dos P'rouços Magos em Santa Comba de Carnota, para alicerçar toda esta sarta de conceitos e ideias, talvez um primeiro lagar, moinho de machuque de frutos...


http://patrimoniogalego.net/index.php/7275/2011/10/petroglifo-do-outeiro-de-prousos-magos/






No galês mesora, mesori cultivar a terra. (Messão, Messoiro. as Mezoiras. Lugar do briogú ou brugaid?).
Mesa= messe ou mensula?
Mesa como lugar da comida, como tabuleio (bandeja) ou tábua  (de queijos) ou tapa.
Mestea uva nas gírias.

As Mezoiras.

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