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Baleio



Baleio é nome para as vassouras das eiras, palavra trasmontana e galega, também no mirandês.
Baleio é pois uma escova, talvez de uma camada cultural antiga, ao ficar o seu nome especificamente para o varrer da eira, para vir depois a vassoira (que dizem a ver também com o latim verrere "varrer") e a escova (do latim scopa).

Baleio está na família céltica, com o francês balai, bretão balan (gesta, escova), o gaélico escocês bealaidh, que remetem a um hipotético céltico: gaulês: *balatno e britônico *banatlo, com o galês banadl, o córnico banathel.Este radical céltico bal- dá nome às giestas, gestas ou gestras, também chamadas de escovas.

Até aqui é seguida a raiz. Há quem lhe dê uma origem no tal "latim tardio" (que como noutras gêneses etimológicas apenas é um jeito latinizado da palavra "indígena"?)
No espanhol baleo é um abano para avivar o lume, além de uma gesta e o capacho de limpar o calçado à entrada das moradas.

Balear no noroeste da Ibéria, no galego-português, mirandês-asturiano significa varrer a eira e limpar o cereal de palhas, aventá-lo mesmo.

No asturiano é de interesse estudar esta palavra: baléu é a vassoira da eira para o cereal, feita sim de gesta, ou de vidoeiro, pode ser usada para varrer, ou para estender a bosta na eira, dando-lhe uma superfície homogênea que facilita a limpeza do grão.
Limpeza do grão que é chamada abalear, em galego e e asturiano, (com a forma parelha abanear?) abalear além de usar o baleio para limpar varrer o grão separando-o da moinha e palha, também é aventá-lo, aventar o grão.
Assim baléu asturiano é a ação de separa o grão da palha com o crivo, que tem o nome de vanu ou vañu1.
Mas baléu asturiano também dá nome ao montão de feno empilhado no prado, com a forma bálagu, nomes de medas e palheiros.

Então temos no asturiano um revolto: pois a mesma raiz dá nome à escova de varrer a palha trilhada, ao ato de limpar o grão, e à meda.
Tirando das hipóteses do protoindo-europeu, a raiz de palha está no latim palea, que não é de surpreender que seja parelha a balea.

A hipótese, que baleia (escova feita de raminhas finas de árvore para limpar o grão na eira), baleio é palavra antiga da mesma origem que palea, referida ao primeiro cultivo de cereais, para dar nome à moinha ou coanha, e daí passou a dar nome à coanhadeira, à vassoira ou a qualquer utensílio que serve para limpar o grão da palha, e às plantas vegetais usadas para limpar o grão da moinha.
Baleia, também dá nome à chicória, no asturiano achicoria de balea e no espanhol abalea, balea, baleo.
Todo isto leva-me a pensar a que no nível zero balea - palea estão na mesma raiz.
No inglês antigo bǣl "pira funerária", que tem o gaélico escocês beoll, beall como aparentados para dar nome ao lume, à incandescência, às brasas.
Beltane, Bealltainn no gaélico escocês poderia desenvolver-se em
Beall + tàn, tempo da incandescência.


Outra vassoira da malha é a coanha, com formas como coanhadeira...
A coanha varre o coanho, canho ou cuanho, a moinha, a palha miúda, as arestas do cereal... A forma paralela ao cuanho no galês é gwannus, que significa o mesmo.
Gwannus está formado por gwan + -us.
Gwan tem os significados de leve, feble, fraco, sem força, doente, coitado, trivial, de ínfima qualidade...


1. Vanu asturiano que tem a ver com abanear no galego?, vañu que tem a ver com o banho no galego, sendo nome quase zero de recipiente vazio, vão?


Se a baleia do mar leva o tema em b-, no grego leva-o em f- φάλαινα.
Caberia esperar palavras com tema fal-, fel- que remetessem a este primário tratamento da malha do cereal: falopa?



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