Mocho, mochacho
Quem cuidam do rebanho são muchachas e muchachos?
Mas poderia ter sido um *buchacho.
Muchacho no galego é nome dado a um aprendiz de marinheiro, e também uma peça de carne bovina da anca.
Quem cuidava das vacas na irlanda foi um buachaill.
Palavra do proto-céltico *boukolyos, que não sei se tem a ver com bucólico.
De um proto-indoeuropeu: *gʷṓws (“vaca / boi”) e *kʷel- "casa, paliçada".
Assim no bretão buguel é o pastor, que derivou em significar também "neno".
Em galês a palavra bugail, Derivam-na de bu "vaca" e cail "rebanho".
Em córnico: bugel.
Aqui talvez está a etimologia da palavra briugu.
Bucha / bucho no galego é nome vivo para o bezerro, com a forma pucho. A variação esperada na mutação também seria *mucho.
Bucha tem a variante bocha com o mesmo significado de vitela, burra, e os mais conhecidos de bossa, boja, "empola". Esta palavra bocha galega (e portanto as suas formas parelhas bossa, boja) é pensada derivada do italiano boccia "petanca, bola, garrafa bojuda", confronte-se com bócio.
Para perceber melhor o enguelhamento no lombardo bocia significa "rapaz, recruta, e pinche ou aprendiz", já no veneciano bocia é "criança, rapaz". Estes idiomas da península itálica explicam a relação assim: entre a bola e o recruta, por estar o aprendiz de militar careco, crouco, mouquelo, rapado.
Estes significados de bola, e indivíduo novo, aprendiz, recruta, e vitela, semelha que no antigo fôrom unidos.
Assim o mouquelo designa a quem está rapado, em certa forma quem está mouco, sem chifres.
Este lexema *mouk-/*mok-, "mouco" está nas palavras moguela "vaca sem um chifre", no mogão "touro com os chifres despontados", ou no castelhano mogón com significados semelhantes aos anteriores.
A relação entre o o mouquelo/mouco "careca /sem chifres" e o moucelo "rês nova, e pequena proeminência em forma de mamilo", dá uma ideia de que a raiz *mouk-/*mok- antes deo que dar nome a um não-chifre, poderia ter dado nome a animais novos que estão moucos, ou que começam a ter cornos, pequenas proeminências.
Ou no devir do tempo ter sido primeiramente *mouk-/*mok- "chifre" e chegada uma nova palavra "moderna" corno, relegar, deslocar *mouk- para o inferior
Isto levaria a pensar que a palavra italiana mucca "vaca de leite", teria sido inicialmente um apelativo tipo "vitela, vitelinha, bucha, pucha" ou teria sido "cornuda".
Explicável isto desde o proto-indo-europeu *gwos-kos /*bows-kos/*mows-kos.
Ao meu ver e quebrando os paradigmas acho que a primária forma a *gwos, teria sido *mow pois é a onomatopeia do bovídeo.
O inicial *mows-kos, sendo "*-kos" o adjetival, apenas significaria "vaqueiro, das vacas, relacionado com as vacas".
Já depois *mows-kos, e as variações *bows-kos/ *pows-kos divergiriam em significados mas conservariam um elo ou raiz com a vaca.
Intentando pôr um pouco de ordem:
1.Proto-céltico: *bouskā, com o galês buch e bwuch, córnico medieval bugh, bretão bouc'h.
Aqui haveria que pôr o latim buccula "vitela"
Também o asturiano buchíu "costro".
Bocha / bucha / bacha, nomes para as vitelas em galego, poderiam ter nascido da forma *bows-ka, cognadas das formas célticas.
Bacha poderia ser o elo que explicaria a origem de vaca.
2.Itálico e outros: *mouskka, italiano mucca, zazaki (indo-europeu da Turquia) monga, manga (atenda-se ao latim mulcere, ao galego monger, mungir...)
3.Relação nostrática: *pouskka, lituano: pēkus, língua laz (caucasiana) ფუჯი (puǯi), puci, ფუჯი (puǯi), língua suana (cartevélica) ფუ̈რ (pür), latim: pecu, sânscrito: पशु (paśu) "vaca, qualquer animal doméstico". Galego pocha/pucha.
Do mesmo modo com sufixação -tos *mows-tos *bows-tos/ *pows-tos.
O que faz pensar que buch- primária antes do ter a ver com uma espécie determinada tivo a ver com animal do busto, no genitivo *busti.
Bucha / bucho poderia ter nascido da forma *bows-kos, onde o grupo -sk- foi dar em -ch-, cognado das formas célticas.
Mucha é referenciado como raiz de muchacha, que tem sido atribuído a estar mocha, rapada de cabelo.
Assim o basco/gaelgo mutilo "criado" teria a ver com mutilar. Mutilo que se estende desde os Pirineus até a Galiza, passando polo asturiano mutilu.
Mas essa palavra gaélica buachaill pode indicar que do mesmo jeito que a criança pastora tem a ver com vacas, o muchacho, tenha sido um *mows-k(os)-ākos (uma dupla adjetivação sobre o lexema onomatopeico *mows).
*mouskako seria a raiz de muchacho.
Sobre o bucho que na Galiza é o bezerro, mas Astúrias buche é o burro, ou o poldro. Também na zona çamorana buche é nome do asno.
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Assim, também no galego, buche é voz para chamar polo burro; bache é nome do cabrito (a confrontar com beche); e bacha é reportado como nome para a bucha ou vitela.
O italiano mucca "vaca" e o latim buccula "vitela", estão nesta gênese.
Sobre a variante bacha "vitela":
A gardadora ou o gardador do rebanho, recebeu o nome de baccalaria, baccalarius?, e foi dar no bacharel?
A palvra gaélica bachlag "bengala de pastor, báculo" pode andar por aqui.
Bachlag é também uma vergasta, um rebento de árvore
O gardador de rebanhos porta o báculo.
Baccalarius, poderia ser proto-indo-europeu *bakk "vara" e alarius "das assas, dos bordes do frente, a falar de um exército, mas talvez de algo mais".
Ou de uma variação de *bacularius, os portadores de báculo.
Nas Astúrias as formas bucha / bulla fazem referência à bosta.
Aqui dá-se o elo entre as palavras de bosta e bula. Abrindo a possibilidade de que bula, verba usada na parte oriental da Galiza para nomear a bosta, apenas seja uma despalatalização do asturiano bulla. Bulla que está indicando a presença da mal chamada chê vaqueira: *buḷḷa. O que poderia desbotar que bula, buleira, debular tivessem relação primária com bulla latina.
O muchacho
Estão aqui a mucama e o mucamo?
Está aqui o asturiano macacu, anho ou cabrito de um ano?
Macaco?
En algunas comarcas de las provincias de Orense y Lugo viene desde muy antiguo la costumbre de nombrar el MACACO que ha de avisar, uno por uno, a todos los cabezas de familia, para acordar las medidas de buen gobierno que se consideren más útiles. El cargo de MACACO se designa a principios de año; es anual, y si durante el año siguiente son más de uno los casados, se sortean entre sí para que la suerte decida al que ha de ejercerlo.
Segundo isto o povo godo teria uma etimologia tal que goth go-th, *go-to "da vaca, do boi".
Assim no galego gudalha e godalha dão nome à cabra nova.
Godalha também dá nome à porca.
Mas godalho dá dicas fortes: dá nome ao macho cabrum é também foi nome medieval de um oficial de justiça.
Então caberia a possibilidade de ser godalh- uma palavra subfixada em base a *gothus (o da vaca, do vacado, vacadeiro, *rebanhil) *gothaculus: *gothacus + -lus: pertencente ou relativo ao da vaca, pertencente ou relativo à vacada, ao rebanho: "do rebanho".
Assim é entendido que o *gothaculus e a *gothacula, seria um qualificativo adjetivo tipo rebanhoso, rebanheiro.
Onde temos um pastor que no devir da continuidade acaba como aguazil. (Sobre o pastor como administrador de justiça: vide Fafião).
Na ideia da criança pastoril é percebida então a expressão fazer godalha comsignificado de matar aulas, ao deixar de ir à escola para ir cuidar o gando.
Mais desenvolta a análise de Gude neste enlaço: "Gundim".
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