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Fafião

Fafelar é falar por falar, falar sem senso.
Fafão é um fanfarrão quem atua vaidosamente....
Fafarrancho é uma pandeiretada (confronte-se com zafarrancho).
No galego e asturiano: fafota "vaidade".
Esta palavra semelha pejorada polas seguintes camadas culturais?

De um hipótético falar inicial com lexema faf-?

No cúmbrico, faff é o crego, que no inglês passou a significar uma perda de tempo, um embarulho, embrolho ou embrulho.
No alto alemão alemão médio pfaffe "clérigo", com formas como pfaffo, a etimologia alemão relaciona-o com papa latino no grego πάππας (páppas).


Don-fafe (Pyrrhula pyrrhula) que dizem vir o seu nome do alemão Dompfaff.
No alemão Dom-pfaff "basílica-clérigo"?
Impossível "o crego da basílica"?
Mas sem recorrer ao alemão, Dom-fafe é "dom-clérigo".
No galego nomes de esta ave relacionados com a religião: camacho, cardeal, frade, gamacho. Gamacho é a figura do demo na procissão do Corpus.
No asturiano: curín
No aragonês: capellanet, cardenal.


Assim topónimos de lexema *fafe estariam a falar do crego antigo onde exercia a sua atividade?
Segundo isto Fafião / Fafiám Fafiz... seriam os lugares do *fafe.






São Tiago de Fafião (-ám)  (freguesia e aldeia em Rodeiro) com forma de cousso nas abas do Faro, o topónimo Trásulfe, trás-ulfe confirmaria que se trata de um cousso.


São João de Fafião (Sárria) com dupla formação em cousso














Fafiás de São João de Toiriz (Vila de Cruzes), também com a forma de cousso.




Mesmo Vilafofe de Albá (Palas de Rei) poderia ter sido uma Vila fafe?
Vilafofe também com estrutura de cousso.


Faf-, fav- treria a ver então com a mesma raiz que vai dar no latim fabulare.
faf-: como lexema de crego
fab-: como lexema da fabula latina.
fav- como lexema de comida, fava.
pap-: como lexema de boca (papa / papo: comer e falar).


Favucos. Em asturiano: fabucos, faúcos ou fayucos; em aragonês: fabos.
A faia é uma árvore com presença desde o 18.000 aC na Península, com maior extensão no 8.000 aC


O étimo indo-europeu  para a o nome latino da faia fagus é pensado ser *bhāgós. O que poria em relacionamento a baga com a fava, com o fabo aragonês. Que nos leva a uma etapa de primórdios da língua onde o ato de comer e a comida daria nome a plantas principais, ou as plantas principais dadoras de comida dariam nome ao comer e à comida.
Poderia ser feita uma relação entre a antiguidade da palavra fabo favuco como *bhāgós proto-indo-europeu do 6.000 aC e a distribuição da faia como árvore alimentar que deu nome, sempre e quando não tivesse havido um deslocamento de significado de qualquer outro nome de fruto para o *bhāgós, favuco da faia?
Dificilmente pois *bhāgós aparentaria com *pʰāgós, e por exemplo no grego esta raiz da nome às landras e aos carvalhos φᾱγός (phāgós).


Assim sob os nomes de pessoa Fáfila / Fávila poderia estar um lexema raiz com a ideia de boca, alimento?

Confronte-se Fáfila / Favila com os nomes de origem latina Fábio e Fabião.

Pelagium filium quondam Faffilani ducis ex semine regio.

Fábio e Fabião são tidos por nascidos da gens Fabia da Roma, que é pensado serem descendentes de uma família camponesa cultivadora de favas, que gerou uma linhagem patrícia, não plebeia.
Mas:
Isto a seguir está tirado da Wikipédia, cortado e colado:
O nome dos Fábios estava associado com um dos dois colégios dos Luperci, os sacerdotes que administravam os ritos sagrados do antigo festival religioso da Lupercália. O outro colégio levava o nome dos Quintílios, sugerindo que, nos primeiros anos, estas duas gentes seriam responsáveis por rituais como um "sacrum gentilicum" ("dever sagrado da gente"), como era o caso dos Pinários e dos Potitos, responsáveis pelos rituais de Hércules. Estes ritos sagrados foram gradualmente sendo transferidos para o Estado ou abertos ao povo romano; uma lenda bem conhecida atribui a destruição dos Potitos ao abandono de seu dever sagrado. Em tempos posteriores, o privilégio da Lupercália deixou de ser restrito aos Fábios e aos Quintílios...

...Uma outra lenda muito antiga afirma que os fundadores de Roma, os seguidores dos irmãos Rômulo e Remo eram chamados de Quintílios e Fábios respectivamente. Acreditava-se que os irmãos ofereciam sacrifícios na caverna Lupercal, na base do monte Palatino, rituais estes que deram origem à Lupercália. Esta história está certamente ligada à tradição de que os dois colégios dos Luperci tinham os nomes dessas duas antigas gentes...

...Na data prevista da Lupercália, os lupercos daquele ano encontravam-se na gruta Lupercal para sacrificarem dois bodes e um cão e serem ungidos na testa com o sangue, limpado da lâmina do sacrifício com uma lã embebida em leite. Vestiam-se então do couro dos animais, simbolizando Fauno Luperco, do qual arrancavam tiras, chamadas februa, com as quais saíam ao redor da colina a chicotear o povo...

Na lenda os Fabii primários semelham ter uma função sacerdotal, (poderiamos dizer chamánica?); à par dos Quintílios. Quintílios que pode ser percebida a sua relação com a quinta parte, na estrutura territorial, a quinta camada social, a que mora na quinta ou ponta.

Assim estas atividades dos *faf- procuram o favor (faveo (*fawēō)), dão comida ao povo (favo) e falam discursos (fafelam).

Sarcerdócio ou comando que está associado com o poder da boca, da oralidade.

Favila representado despedindo-se da sua mulher Froiluba num relevo do s. XII (Mosteiro de São Pedro de Villanueva, Cangas de Onís).


Na esculca etimológica parto de um pressuposto que é que um dos berços do protoindo-europeu está aqui, num sentido alargado do aqui, a Península, como lugar onde viveu gente durante a última glaciação, e portanto lugar muto arcaico.
Então:
O lexema pap- tem a ver com a boca com o papo, que por sua vez dá na oralidade, dar-lhe ao papo, estar de papo, bate-papo.

Então o lexema pap- (na ideia inicial de comer e falar) pudo dar nome a pessoas que tinham o poder da nutrição e da palavra: a papa, os papas primários seriam percebidos como os da comida e os da palavra.
Nas línguas indo-europeias há umas regras de variação consonântica o /p/ costuma mudar em /f/.
Assim no címbrico, como foi falado, faff é nome do crego.
O cousso de caça parece que pode ser a origem, paleolítico, mesolítico, e já no neolítico como funil para captura do gado semi-domesticado. Assim nos becos do cousso apareceria um primário sedentarismo. É nestes becos dos coussos de caça que está o lugar da comida, e hoje em dia em muitos deles a sede da freguesia, na continuidade.
Já mais tarde no Bronze e Ferro:
Polos estudos da religiosidade primitiva céltica, havia uma figura chamada briugu, que era a "pastora" ou o "pastor" do rebanho das vacas da briga ou da unidade superior geográfica à briga, formada comumente por três ou quatro células territoriais.
O rebanho das vacas tinha um cercado próximo ao castro, com uma casa, a casa da / do briugu.
Esta pessoa pastora era a encarregada de dar de comer às gentes da governa do castro, do clã, do grupo familiar extenso que habitavam não só o castro mas também o território que o castro dominava, dirianos que era como um "concelheiro de economia".
(Entende-se que na altura do Bronze e Ferro a economia não era monetária, não sabemos como seria, mas seguramente era baseada num código complexo de reciprocidades, que perdurou no sistema de ajudas nas malhas, entre famílias distantes e aparentemente sem relações familiares, em cousas como no antroido de Cobres, onde também famílias sem aparente relação se emprestam joias para enfeite durante os dias de antroido, e quedam obrigadas a reciprocamente fazer o mesmo outros anos....)

O rebanho normalmente era de cinquenta cabeças, em teoria cada semana era feito um banquete, (matava-se um animal por semana) onde se dava de comer a todo o mundo (uma proto-eucaristia, daí o conflito no catolicismo inicial entre anho de deus e vitelo de deus, porque os povos da Meseta não entendiam que deus pudesse estar num boi, eram povos com o mesmo sistema mas que não tinham vacas, tinham ovelhas).
A pessoa briugu governava o grande estábulo, um cercado onde pernoitava o rebanho, (que ainda pode ser identificado na proximidades de grandes castros como por exemplo o de São Cibrão das Lãs). A sua casa estava num cruzamento de caminhos, e servia de hospedagem.

São Cibrão das Lãs, marcado com frechas o seu limite territorial, e o curro pecuário com o nome ainda de Cortelho.

Então temos um pastor ou pastora, que fazia um trabalho de gestão do território.
Esta figura com o tempo foi derivando e especializando-se, havendo uma hierarquia piramidal de briugus, dirianos que era um proto-funcionariado. Briugus que sabiam de leis, briugus banqueiros ....
assim, São Patrício na Irlanda dize a sua primeira missa num estábulo de briugu.
Pode ser percebida a continuidade?

Esta figura de "concelheiro fornecedor" levou o nome na época medieval e posteriormente de obrigado, era a pessoa encarregada de abastecer a vila ou cidade, também deu, dá, nome ao carniceiro, talheiro ou açougueiro. Esta pessoa, o obrigado, o "concelheiro fornecedor", também era encarregado de substituir o carrasco, o verdugo, quando não existia, na aplicação da pena imposta, não só a morte, castigos físicos...
Para salientar sobre o obrigado, a sua proximidade fonética com briugu e o seu relativo poder, em certa maneira delegado, mas independente, na decisão de como e do quê fornecer uma vila ou cidade, do volume de carne que a comunidade podia consumir.
Também como a deriva das palavras açougueiro ou açougue indicam u m passado, hoje especificamente ligadas ao talho, à carne, mas inicialmente açougue era o mercado, o mercado físico, a feira da vila ou cidade.

Um nome do matachim do gando, que ajuda a percebermos a génese é o de gandalheiro, onde o lexema gando leva modificadores, assim gadalheiro virou em vadio ou pessoa relés, rateiro, com formas como gandalhão (-ám), gandalho.
Reparando em gandalho, vemos que por uma parte tem relação com gandada "camada baixa da sociedade" e sinónimo de bandalho.
De onde gando e bando, poderia vir de uma raiz tal que wand-.
Que nos leva a um gandalheiro "amo" geridor do conjunto de pastores, o gandalheiro que ordena sobre os gandalhos que coidam em bando em grupo o grande rebanho.
Assim já é percebido polo quê a banda é sinal de mando, sendo a primeira banda a fita do bornal do pastor.

Lituano bandà "rebanho de vacas".
Sânscrito मुण्ड (mund) "rebanho de vacas".
Sânscrito बन्ध (bandha) "feixe de cousas unidas; encerrar"
Sânscrito बन्दी (bandí) "captivo, prisioneiro"

Então aqui, neste conjunto de palavras do gandalheiro e do bandalho, ficaria o aspeto pejorado da antiga função do briugu, mas com os elementos claros da sua estrutura administrativa do gando.
Da raiz *wand- teriamos: banda, no espanhol panda e pandilla, manda (cardume de sardinhas, volume, conjunto, feixe), gand-
Da raiz *wanada: manada, ganado.
Mais sobre mand- neste outro estrito: Mundo.
O mandar e o mando dizem sair da raiz de mão, mas isto abre outra hipótese ao mandato como saído do *wand-
Assim pandeiro, poderia ser percebido como onomatopeico, mas também como instrumento do chefe pastor, a linha etimológica de pandeiro vai dar à divindade Πάν (Pán), que é parelha à hindu पूषन् (pūṣan) o gardador do gando e quem encontra o gando perdido.
Isto interpretaria-se desde o passo do paleolítico, onde o xamã guia para levar a pessoa diante do divino, mudou no sacerdócio que traze o divino para as pessoas, sacerdócio que é a voz da divindade, e mesmo sacerdócio que chega a ser a divindade.


Pandeirar em asturiano: tocar o pandeiro; saltar e mover-se de um lugar para outro; importunar.
Pândiga: reunião de pessoas para comer;  grupo de pessoas que vão de festa.


O pastor ou pastora do rebanho, "pastoreia as almas".
O cristianismo na Europa entrou tardiamente na Escandinávia. Ali o chefe viquingue tinha um pavilhão, na sua quinta gadeira, não onde vivia, na sua explotação pecuária, Ulisses é da época do Bronze, e tem uma granja fora da pólis, o chefe viquingue nesse pavilhão ,decorado coas divindades nórdicas, dava de comer uma vez à semana aos seus súbditos, e a convidados.

Onde está isto na Galiza:
“Conta a lenda que hai centos de anos na nosa leira da Ermida había unha capela, a capela de Santa Locaia, e que cando este edificio estaba en ruínas ou a piques de ser abandonado, o cura da parroquia de aquela época decidiu, despois de estar escondida nunha corte da contorna durante un tempo, levar a talla da santa para a igrexa de Loureda. Pero a santiña alí non debía ser moi feliz xa que, acotío, subía para aquí, para Santa Locaia, e viña a lamentarse á Fonte da Sombra. As súas bágoas caían no manancial e impedían que a auga fervera.”
Do bloque "Crónicas de Arteixo".


 Então topónimos do tipo Vilafafe / Vilapape seriam as vilas da papa ou do papa?
Pap- aqui seria o proto-crego ou proto-crega, o briugu, o padre, o pai?
Ou seriam vilas/ vilares "terreos vedados" onde se papa, onde há comida?

Pape de São João de Silvarrei (Outeiro de Rei), na boca de uma estrutura em forma de cousso.











São Bartolomeu de Vilapape (Bóveda) situação da sede da parróquia e estrutura em forma de cousso
Pode ser observado que o cousso sofreu modificações no tempo.

A estrutura de Vilapape com toponímia condizente com a estrutura de caça ou captura.
Para indicar que alguns coussos de caça no seu entorno é percebido como poder do feminino com toponímia tipo Reina, Orraca, Freira, Dona.... Neste cousso a toponímia leva ao masculino com o topónimo Paderne, *Paterni, "do pai/padre" na ideia de gestão por parte de uma masculinidade talvez religiosa já em épocas de animais em semi-domesticação talvez no neolítico.




Vilapape de São Pedro de Vilar Marior, com toponímia congruente e identificativa de cousso.
No beco leste com o chamativo Ramona. No oeste Sangarelas, talvez de sango "bieiteiro"?

Desde uma ideia de berço: Vila-pape conserva ainda a ideia arcaica de vilar como vedação onde se papa, onde se come. Posteriormente vila ou lugar onde seria a eucaristia semanal que dá a elite gratuitamente à plebe, e também é a vila da Papa ou do Papa, do briugu, do primitivo pastor do rebanho da briga, e na continuidade, desde uma visão neolítica, é o local pecuário dos fundadores da tribo, treba, ou grupo familiar extenso.


Villafáfila, Samora



O Fabeiro (Bierzo) com a estrutura de cousso desenhada polos seus rueiros.

Freguesia do Chão do Faveiro (Monforte) colhendo um vale e estruturada para a caça passiva.










São Salvador de Casdenodres (na Veiga) tem a configuração comum dos chousões neolíticos, com a igreja que na continuidade ficou associada a ele e com uma pedra toponímica marcada que costuma estar associada a esta anterga chousa, neste caso Penedo.
 Casdenodres poderia ser suposta uma origem em Casa de Nodres; tendo *nodres raiz em nudrir/nutrir.
No latim medieval nodrigamentum e nodrimintal "provisão, comida, coisas necessárias para a comida".
Nutrir, que para a maior parte da etimologia viria de uma raiz proto-indo-europeia *(s)neh₂-  "fluir" por uma ideia de leite fluente. Outra ideia seria que derivasse da raiz comum a noz, nuxla, nuten, cnúsga, como primário alimento. Assim nutrix, seria um adjetivo feminino formado sobre nutr- "a da noz?", onde a nux, alimento e o conhecimento, as nutrições do corpo e mente, saem da mesma raiz proto-indo-europeu *nu (conhecer).



















*fāðlā geraria a fabula latina.
A ideia é que fabula latina geraria a fabla (asturiana).
Ainda que é muito mais fácil perceber que a protoforma *fāðlā tenha gerado fabla e fala diretamente sem ter que ir dar a Roma?
Favela no provençal antigo é o discurso, o palavreado.

O nome da freguesia de Santa Eulália de Fafe, no Minho, segundo isto seria tautológico.
Εὐλαλία, Eulalia "a que bem fala".
O grupo de nomes próprios do conjunto de Fafila antes do que árabes (falaf-) ou germânicos (x) semelham galaicos.

Lakota wawátA "eu como".










Bandoja:
No CODOLGA consultável:
"Asperunti. sca. Maria in Portimilio. ecclesia de Bandoia", onde também aparece em muitos mais Bandogia, já desde o ano 830.

Havendo Bando tão pero, Bandoia, Bandogia, atual Bandoja, é de supor que seja um derivado de Bando, um local que na altura foi secundário a Bando.
Mas que é um Bando?
Aí dá para escolher:
A hipótese que lanço é esta, que vai mirar o território não desde o foco, mas desde o seu conjunto.
Desculpem, que escreva com verbos que indicam certeza, mas estou a apresentar uma hipótese:
.
Temos Bandoja ao pé do Monte do Castro.
Já autores esclarecêrom que as brigas ou castros tenhem um território íntimo, vedado, marcado por um caminho perimetral ou por acidentes geográficos que o encerram. Assim o Castro do Monte do Castro tinha na sua volta um caminho, antes da concentração parcelária, irregular sim , mas que o envolve, caminho que passa por Bandoja, e vai dar a Vila Chã, por leste e oeste do Castro, caminho que cumpre ser de média légua aproximada, 2,5Km, e que no mapa do voo do 56 é aparentemente visualizável.
Outros estudos, fazem ver que esse caminho perimetral tinha um passo desde o que se subia para a croa.
Este ponto de passo era já moradia na época do Ferro, e segundo alguns estudos, anterior a aparição monumental dos castros. Quer dizer que esse lugar de passo entre a briga e o mundo, é primário ao castro. Nesses lugares costuma estar a igreja parroquial, (pode ser consultado um trabalho no blogue Arqueotoponimia).
O triângulo formado por Bandoja, Bando e Val de Deus, onde está a igreja, poderia formar um grande curro murado para gando, a toponímia pode indicar isto, (seria longo de mais ir desglosando cada microtopónimo mas ofereço-me a fazê-lo se achas necessário); e dada a advocação a São Martinho, com possibilidade de ser um lugar pecuário de bestas e cavalos.



A hipótese é que *wand- tem a ver com rebanho, grupo, Band- daria nome a uma entidade que transmitisse a ideia de grupo, ou lugar do grupo, neste caso aqui exposto daria nome ao lugar pecuário, como lugar do bando, do mando e do gando.
Um lugar do suposto rebanho de cinquenta, cem cabeças, que por documentos do mundo gaélico sabemos que existia e que os mosteiros galegos medievais com a sua gerência dos bustos conserváram e confirmam essas cinquenta reses.
Band- dará nomes ao mesmo que dá nome o lexema gand-, por exemplo de gândara, que é o lugar do gando. A estudar Bandeira e similares.

O que se está propondo é um método "novo" da análise toponímica. Que é comparativa, topográfica, e sediada nas realidades orográficas e agro-pastorais que a olhos de pastor ando e observo, que ao meu ver dão nome a maior parte do território que ando na Gallaecia.

Bandoja de Oça dos Rios, com o seu Bando, pode ser comparada com Bando de Compostela. E é a mesma "estória" em quase toda a Gallaecia, e não só; uma estrutura tal que: um castro, e um local pecuário.
O local pecuário ainda não é visto polas gentes que estudam toponímia, nem pola arqueologia, que acham que os "castrejos" deviam viver do ar, ainda devem livrar-se do preconceito castrejante antes de verem nada; mas já se irá vendo.
O local pecuário, que não é visto ainda, dá-lhe ordem, a toda a microtoponímia, (Pomarinho, Lamas, Chousa Velha no caso de Santa Eulália de Bando) e a partir daí é mais fácil a sua interpretação. 
Bom, a vida de pastor deu-me este jeito de observar, e polo de agora quadra-me.

Então em Bando (Santa Eulália) :
Temos um castro com o seu perímetro vedado íntimo. Temos o castro que se sobe desde o Bando, (no caso de São Martinho de Bandoja, sobe-se desde Bandoja) e temos o curro pecuário com base em Bando de Abaixo e bico em Bando de Arriba.
A igreja parroquial costuma estar associada a este grande curro pecuário, pode estar no bico, na base ou no meio.
Igreja que representa uma continuidade dos enterramentos das granjas neolíticas, associados a cremações de animais e humanos, que é comum às culturas ancestrais desenvoltas com bovídeos de quase todo o planeta.


São Pedro de Bande (Lâncara).
Em São Pedro de Bande, podem ser observados os elementos anteditos, o castro que ficou desfeito no jacemento do Bandão (-om), o topónimo Mosteiro (a lembrar que em Bandoja houvo um mosteiro), o grande curro pecuário e a igreja no bico dele.





Bandojos / Bandoijos, para a parte de Louçarela e Fonfria (O Zebreiro).
Um cousso com microtoponímia associada que indica:
A sua vedação: Muragos.
O seu uso: Bustelo.
A sua relevância hierárquica ancestral: Casa da "Reina".
A sua função religiosa: Capela de Santa Bárbara.


O Bando de São Pedro de Oça (Oça dos Rios)

Neste caso o Bando, fai parte de um cousso, do seu lateral oeste posteriormente partido em um sistema de vedações pecuárias, com os nomes de Cortinhas, mas que não estão qualificando as típicas cortinhas agrárias (formas rectangulares de 12-20 metros de largo por 120-200m de longo e extremos arredondados), estas Cortinhas estão nomeando chousas associadas a chousa maior do Bando. Relevante é a diferenciação entre Cortinha de Dentro e Cortinha de Arriba
A destacar o nome de Albória, aparentado com alboio e tratado neste blogue.
Também Seara, que vai na ideia de
senara "do seio", dando nome ao interior do curro pecuário, antes do que ao posterior terreo de cultura de cereal.
Ameijeira, também falado neste blogue, como lugar onde se ameijoa o gando.
Assim o complexo de chousas que partem a grande tapada neolítica, evolução de um cousso de caça, pode ser percebido como um aproveitamento melhor do pasto.




Sistema de curros pecuários na freguesia de São Jião de Artes (Ribeira). De direita a esquerda:
1. O Castro.
2. Recinto pecuário do lugar de Gude, sendo genitivo hipotético *gudi. Curro afunilado ao pé do castro, com a microtoponímia a sul de Barreiro "barrado" e Devesa "divisa, divisão",
3. Recinto pecuário do lugar de Goda, com o microtopónimo do Carril a sul, dando nome ao caminho limitante, e condutor de gando.
4. Recinto de Gudim, na ideia dada nas línguas de substrato céltico, onde a partícula -in é instrumental, locativa.
5. A Chousa (grafada por ultracorreção thetacista como Chouza) "clausa".
Gude pode ser interpretado como genitivo de *go-tus, *goti, "do vacado".
Segundo isto o povo godo teria uma etimologia tal que goth go-th, *go-to "da vaca, do boi".
Assim no galego gudalha e godalha dão nome à cabra nova.
Godalha também dá nome à porca.
Mas godalho dá dicas fortes: dá nome ao macho cabrum é também foi nome medieval de um oficial de justiça.
Então caberia a possibilidade de ser godalh- uma palavra subfixada em base a *gothus (o da vaca, do vacado, vacadeiro, *rebanhil) *gothaculus: *gothacus + -lus: pertencente ou relativo ao da vaca, pertencente ou relativo à vacada, ao rebanho: "do rebanho".
Assim é entendido que o *gothaculus e a *gothacula, seria um qualificativo adjetivo tipo rebanhoso, rebanheiro.
Onde temos um pastor que no devir da continuidade acaba como aguazil, como obrigado.
Na ideia da criança pastoril é percebida então a expressão fazer godalha com significado de matar aulas, ao deixar de ir à escola para ir cuidar o gando (sobre o pastoralismo dos nenos, vide Mocho Muchacho).
Mais desenvolta a análise de Gude neste enlaço: "Gundim".




Durbed-
Pape de Silvarrei.






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