Pode ser lido sobre isto aqui: http://remoido.blogspot.com.es/2016/06/estao-loucos-ou-tolos-estes-romanos.html?zx=5737f705f9dcb154
Estas unidades territoriais abrangem rangos variados de superfície, já que os limites estão adaptados à orografia, variam das oitenta arredor das 50Ha de média.
Lendo no bloque de Fror na Area o seu escrito sobre o topônimo Busto, acho a referência de que cada busto tinha cinquenta reses vacunas.
Corto e colo:
Um conceito a expôr aqui: a densidade pecuária, que é a quantidade de animais que um território pode alimentar, suportar, sem que nele ocorra degradação, sem que sejam necessários aportes exteriores para a mantença dos animais, a carga de gando que um terreno pode manter.
Cada busto pode manter umas cinquenta vacas, como recolhe Cossue no seu blogue.
Na Galiza, com as condições climáticas atuais, e os terrenos atuais, a densidade pecuária ecológica1 é de uma vaca por hectare. Claro que isto flutua e varia muito, dependendo do tipo de solo, da orientação com respeito ao sol, das pendentes, da altitude....
Densidade de gando que está em muitos casos ultrapassada na atualidade, o que faz que os insumos forrageiros tenham que ser externos ao terreo do que dispõe a exploração moderna.
Estamos tratando de ecologia, e de como no passado foi lei obrigada.
Então, quer dizer que as unidades pastorais de curros, que ainda é possível ver grafadas nos mapas do voo americano dos anos cinquenta, respondem a esta estruturação celular da Gallaecia pré-romana e mesmo medieval.
O motivo da desaparição do sistema de exploração do gando em bustos, (granjas, granhas), como é descrito nos textos medievais, é-me desconhecido.
Uma revisão dos lugares atuais que conservam o nome de Busto, não indica que sejam terrenos marginais, de montanha, terras de pouca produtividade forrageira que na atualidade ainda é possível ver na Galiza com gando em sistema extensivo a pascer, com pouco atendimento.
Os escritos medievais estão a falar de granjas de cinquenta cabeças, onde as vacas eram mugidas e onde eram feitos queijos... Sistema de exploração que não tivo continuidade na época prévia à entrada do "capitalismo" na agricultura, que desapareceu.
Série de fotos interpretativas de Gustei no concelho de Coles, Gustei que poderia ser Bustei da mesma raiz que Busto:
topónimo que como é dito no blog referenciado, tem a possibilidade de estar formado por: *go, (do protoindo-europeu *gʷṓws2, no sânscrito गो (go) ); "vaca", e *stei "casa", (do protoinfo-europeu *(s)teg-).
Ou também da mesma raiz que o inglês stop. A confrontar com o pró-germânico stuppōną, entre outros significados: encerrar, fechar.
Outra possibilidade que tivera a ver com a mesma raiz do verto estar, de um proto-indo-europeu *stísteh₂ti.
Bu-stom (Botorrita), "onde está o boi", confronte-se com a primeira pessoa do verbo estar estom/ estou, no latim sto. Este verbo latino sto "estar" relaciona-se com o verbo sisto, com os que comparte formas verbais do infinitivo no seu perfeito stetisse no seu futuro staturus esse...., a palavra estábulo tem relação com estes verbos st(a)-bulum. O que faz ver o elo entre o topónimo Busto e o topónimo Sisto.
Outra possibilidade seria Bus-ton, "cidade" das vacas, sendo o radical -ton, o mesmo que -dum / dunom.
Interpretação:
1- Lugar de pastagens, corresponde à unidade perimetral de meia légua aproximadamente.
2- Busto, lugar onde o gado seria acurrado, guardado, mugido
3- Local habitacional com a estrutura de castro.
Busto de Visantonha (Mesia):
Busto de Juvial (Melide):
Busto Maior de São Pedro da Porta de Sobrado, conhecido na zona como Gusto Maor /'hus.tʊ mɐ.'ɔɾ/:
A superfície aproximada da unidade é de algo mais de 0,5Km2, das 50Ha. |
Bustelo, na freguesia de Dosso (Narão):
Neste caso Bustelo, é muito semelhante a Gustei na sua conformação, dominando um lugar algo elevado e de forma muito redonda, Bustelo é diminutivo pois a superfície é de quase trinta Hectares e não das cinquenta.
Busto-frio, (São João de Lôuçara), cinquenta Hectares de prados. |
O Bostegal de Acô e o Bostegal, no Pico da Castinheira, em São Jião de Lamas (São Sadurninho):
A destacar no lado norte dous recintos que estão lavrados na terra, e no lado sul os dous "henges", um talvez habitacional humano do que sai/chega um caminho principal.
Bustabade Em Santa Maria de Seixas, nas Somoças, também aproximadamente 50Ha de pasteiros:
(A analisar que Bustabade e Buchabade são irmãos)
As Mosteiras, Cabana (São Tiago), Palas de Rei?
A etimologia da que fala Cossue é clara e evidente, das razies proto-célticas mesmo protoindo-europeias, *gʷōws + *tegos.
Como é que o topónimo Busto conflui com a palavra bustum latina?
Bustum em latim faz referência a uma tumba tumular, a uma mámoa, mas neste caso "itálica". A um lugar onde são feitas piras funerárias.
A palavra busto é por isso que dá nome ao peito da mulher, quer dizer que o peito da mulher é busto por semelhar-se a um bustum.
Mas o outro busto, o escultórico, também nasce do bustum tumular. Pois era sobre os túmulos que as figuras de bustos estavam, mesmo estátuas no caso Galaico.
http://blogs.lavozdegalicia.es/cristobalramirez/2015/09/22/regreso-emocionado-al-dolmen-de-dombate/ |
No latim combustum, refere-se a queimar.
A gênese saiu de *gʷōws + *tegos ?
Como foi dar no busto latino?
Aqui entra a pratica de queimar os pastos, e que a queima do pasto deu lugar à queima ritual do cadáver?
Ou eram os bustos os lugares escolhidos para o enterramento?
No caso tratado anteriormente de Busto-maior de Sobrado, os seus limites sul, estão nos altos do Bocelo, no "rego" suco limitador que vai polas mámoas da Pena da Moura, parcialmente deterioradas pola apertura da estrada, polas mámoas da Muruxosa / Murujosa, e polo dólmen de Forno de Mouros.
No Bustelo de Dosso a igreja parroquial está dentro do suposto "bustelo".
No celtibérico bronze de Botorrita (Zaragoça) aparece a palavra trasliterada: boustom, (boustomue).
1.Ecológica aqui tem a ver com o conceito de ecologia. A legislação permite densidades pecuárias de até duas vacas por hectare no caso de granjas sob a denominação de "ecológicas" ou biológicas.
2. *gʷōws, Esta suposta raiz protoindo-europeia que "semelha" estar na gênese das palavras que definem a vaca e o boi nos idiomas derivados de esta raiz comum, pode prescindir da marca com asterisco e ficar gʷōw, que é palavra ainda viva na Galiza para falar com as vacas, grafada ghuou ou guó.
Poderia haver uma relação entre o *gwowsto e a hoste. Sendo hoste um genitivo de hosto / gwosto / busto.
http://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/8/3/034015
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