Tudo isto que vou transmitir não o vim em livros, fum-no tirando de comparar centos de castros, e miles de grandes chousas neolíticas de toda a Galiza, a pé e por mapas, o que me levou a dar com padrões comuns, algumas das conclusões às que fum chegando foram-me confirmadas por ensinanças de investigadores relevantes como Pena Granha:
Neste caso a "crica":
O Castro está envolto por um caminho perimetral em quase toda a sua volta, um caminho ou um desnível um cômaro que continuaria a linha do caminho, pode ser observado também em São Cibrão das Lãs ou no da Viladonga, ou já a muralha de Lugo, ou em moitos e diversos castros pola Galiza adiante: Os castros tenhem esse caminho perimetral por vezes com toponímia tipo Rua, que os envolve, de uma longitude de meia légua aproximadamente, entre dous quilómetros e dous quilómetros e meio.
Sobretudo os castros que respondem a uma configuração que os fai parecer feitos de uma peça, e talvez feitos sob desenho arquitetônico:
Centronha tem esse caminho, mas o castro semelha ter uma antiguidade e continuidade que outros grandes castros não mostram, por essa ideia de serem feitos, ou refeitos seguindo um desenho arquitectónico prévio, e se quadra apagando a paisagem anterior, cousa que em Centronha, ao meu ver, não ocorre, que mais semelha um castro que foi medrando.
Sobretudo os castros que respondem a uma configuração que os fai parecer feitos de uma peça, e talvez feitos sob desenho arquitetônico:
Castro de Viladonga (Castro de Rei), pode ser vista a crica perimetral da governa, e como nos lugares solsticiais estão os caminhos que a ela chegam ou que dela saem, nos seus quatro rádios / raios / rajos. A destacar aqui também os topónimos viários do rego caminho circundante limitante: Rua e Lagoelas / Laguelas que podem ser lidos no mapa. |
São Cibrão das Lãs, marcado com frechas o seu limite territorial |
Centronha tem esse caminho, mas o castro semelha ter uma antiguidade e continuidade que outros grandes castros não mostram, por essa ideia de serem feitos, ou refeitos seguindo um desenho arquitectónico prévio, e se quadra apagando a paisagem anterior, cousa que em Centronha, ao meu ver, não ocorre, que mais semelha um castro que foi medrando.
Outra ideia que fum triando das tantas observações:
Quase sempre é o mesmo esquema, que está este blogue cheio do estudo dessa estrutura, neste último ano mais intensamente.
Trata-se de uma forma elíptica com um extremo em forma de funil do que partem ou chegam caminhos que vão para um monte.
Esta antiga chousa afunilada polo comum hoje tem de um lado a igreja da parróquia, uma capela, ou nalguns casos uma mámoa, e do outro lado num lugar cimeiro, (frequente o topónimo da Torre), um local onde está a Casa Grande da zona, por vezes o Paço. Aparecem então dous espaços de estrutura aldeã: um religioso e outro da elite camponesa.
O lado da elite camponesa pode ficar assim até a atualidade, ou no passado ter virado em Castro.
Diríamos que no neolítico haveria um lugar tumular "religioso" dum lado do grande chousão ou dentro, e do outro lado um local onde estaria a "chefatura física", que também costuma ser um lugar elevado ou um lugar estratégico desde o que pode ser visto, guardado, todo o chousão.
Estas grandes vedações estão interconectadas umas com outras, em alguns casos fazendo uma rede de chousas.
Na continuidade dos tempos, este grande chousão, necessário para o gando inicial que era mais bravo do que hoje, é partido por um caminho que liga diretamente o lugar religioso com o lugar de poder físico, talvez numa altura na que o gando já é mais doméstico, e pode ser pastoreado de outro jeito, (pense-se no que ainda hoje é feito nas rapas das bestas; pois com o gando neolítico bovino ou bestas seria similar ou ainda mais complexo, a "domesticação" não transformaria o uro em boi puxador de um carro em pouco tempo, o processo de domesticação talvez foi lento, e pudo ter começado, na vedação de vales na época final paleolítica para terem um rebanho caçável o ano todo. É supostamente no final do Neolítico que o chousão seria desnecessário, ainda que como é explicado noutros escritos seguiria existindo por quedarem os usos pecuários da exploração de um grande rebanho e não de pequenos grupos, ou um sistema de vezeira dos bovídeos, ou outro sistema de propriedade que requeria a existência de grande rebanho, grande rebanho que correria os caminhos já multimilenares gravados no terreo, Também estas chousas vão sendo vistas como são reduzidas, ou partidas no devir dos tempos.
Este esquema da distribuição dos assentamentos habitacionais tem variantes: uma delas é quando o lugar da chefatura física do chousão não está num lugar estratégico, assim é criado um casto à parte, no outeiro mais próximo, e aí é que que quase sempre o Castro está ligado com o lugar religioso por um caminho, que na continuidade, tal lugar religioso em moitos casos, acabaria sendo o lugar da igreja parroquial, e noutros casos não há igreja.
Às vezes quando não há igreja esse lugar leva um topónimo de base Aro, tipo Arosa, mesmo Areosa, quando não há areia nenguma, mas a vista de ave é um aro.
Aro que também ocorre nos lugares onde ficou a igreja, que é um terreno circular ou elíptico onde colhe pouco mais que a igreja e o cemitério.
Para entender: estou escrevendo desde o "paradigma" da continuidade, que ao meu ver deixa de ser paradigma pois a continuidade é dada polos caminhos que seguem sendo os mesmos que os do neolítico, e alguns ainda prévios ao neolítico sendo as corgas traçadas polo passo multimilenar de uros ou bestas de uns lugares de pastagem para outros. Paradigma que deixa de ser um alicerce mental, para ser palpável no terreo marcado.
Então no caso de Centronha o "urbanismo neolítico", aledeanismo melhor dito, ainda poderia ser visto:
Trata-se de uma forma elíptica com um extremo em forma de funil do que partem ou chegam caminhos que vão para um monte.
Esta antiga chousa afunilada polo comum hoje tem de um lado a igreja da parróquia, uma capela, ou nalguns casos uma mámoa, e do outro lado num lugar cimeiro, (frequente o topónimo da Torre), um local onde está a Casa Grande da zona, por vezes o Paço. Aparecem então dous espaços de estrutura aldeã: um religioso e outro da elite camponesa.
O lado da elite camponesa pode ficar assim até a atualidade, ou no passado ter virado em Castro.
Diríamos que no neolítico haveria um lugar tumular "religioso" dum lado do grande chousão ou dentro, e do outro lado um local onde estaria a "chefatura física", que também costuma ser um lugar elevado ou um lugar estratégico desde o que pode ser visto, guardado, todo o chousão.
Estas grandes vedações estão interconectadas umas com outras, em alguns casos fazendo uma rede de chousas.
Na continuidade dos tempos, este grande chousão, necessário para o gando inicial que era mais bravo do que hoje, é partido por um caminho que liga diretamente o lugar religioso com o lugar de poder físico, talvez numa altura na que o gando já é mais doméstico, e pode ser pastoreado de outro jeito, (pense-se no que ainda hoje é feito nas rapas das bestas; pois com o gando neolítico bovino ou bestas seria similar ou ainda mais complexo, a "domesticação" não transformaria o uro em boi puxador de um carro em pouco tempo, o processo de domesticação talvez foi lento, e pudo ter começado, na vedação de vales na época final paleolítica para terem um rebanho caçável o ano todo. É supostamente no final do Neolítico que o chousão seria desnecessário, ainda que como é explicado noutros escritos seguiria existindo por quedarem os usos pecuários da exploração de um grande rebanho e não de pequenos grupos, ou um sistema de vezeira dos bovídeos, ou outro sistema de propriedade que requeria a existência de grande rebanho, grande rebanho que correria os caminhos já multimilenares gravados no terreo, Também estas chousas vão sendo vistas como são reduzidas, ou partidas no devir dos tempos.
Este esquema da distribuição dos assentamentos habitacionais tem variantes: uma delas é quando o lugar da chefatura física do chousão não está num lugar estratégico, assim é criado um casto à parte, no outeiro mais próximo, e aí é que que quase sempre o Castro está ligado com o lugar religioso por um caminho, que na continuidade, tal lugar religioso em moitos casos, acabaria sendo o lugar da igreja parroquial, e noutros casos não há igreja.
Às vezes quando não há igreja esse lugar leva um topónimo de base Aro, tipo Arosa, mesmo Areosa, quando não há areia nenguma, mas a vista de ave é um aro.
Aro que também ocorre nos lugares onde ficou a igreja, que é um terreno circular ou elíptico onde colhe pouco mais que a igreja e o cemitério.
Para entender: estou escrevendo desde o "paradigma" da continuidade, que ao meu ver deixa de ser paradigma pois a continuidade é dada polos caminhos que seguem sendo os mesmos que os do neolítico, e alguns ainda prévios ao neolítico sendo as corgas traçadas polo passo multimilenar de uros ou bestas de uns lugares de pastagem para outros. Paradigma que deixa de ser um alicerce mental, para ser palpável no terreo marcado.
Então no caso de Centronha o "urbanismo neolítico", aledeanismo melhor dito, ainda poderia ser visto:
Uma grande chousa e dous lugares habitacionais: o atual castro e o atual São Boulo, castro que na altura neolítica seriam quatro cabanas e uma paliçada, o mesmo que São Boulo.
Estas grandes chousas já perderam a utilidade talvez no Bronze final e com seguridade no Ferro, mas não a sua estrutura, simplesmente foram partidas, pois já há propriedade privada (lembrem-se documentos romanos de censo da população da Gallaecia em "cabeças de família" homes com bois de seu).
Então dá para eu entender duas cousas:
Que o pré-castro do Bronze e a briga posterior do Ferro, mesmo o oppiddum nalguns casos de continuidade, é secundária a uma "mais-valia" acumulada que permite a existência de uma segunda e terceira classe social, que mora num "miniespaço urbano". Desculpem a licença de chamar "miniespaço urbano" a um castro qualificado desde os olhos do hoje.
Mas não seria mini-espaço este de Centronha no Ferro polos mapas que vão abaixo.
E a segunda ideia é que havendo castro, seguiria havendo os assentamentos populacionais primários do chousão neolítico. Porque o castro nunca é agrário, e a gente dele tem que receber insumos do território. as necessidades de alimento sobretudo seria o que manteria uma paisagem agrária semelhante à que houvo até o século passado, exceto os sistemas de agras e pouco mais.
No Convento Lucense, moravam 166.000 homes livres, conta-o Plinio, o que daria uma população polo baixo (x6) de mais de meio milhão de pessoas, que mesmo poderia ser de 750.000 pessoas, pois no censo não contam gentes sem bois, que teria de haver, nem elite de poder que não paga censo.
Esta população não pode fisicamente viver toda dentro de castros, e tal número de gente requer já um uso agro-pastoral da terra bastante completo para ser alimentada, quer dizer o mito da caça como recurso para a gente do castro...., a caça seria já lúdica, pontual, nesse tempo do Ferro. Sim por outra parte os recursos do mar seriam fonte principal, veja-se o concheiro de Ombre.
Uma outra hipótese sobre o "aldeanismo" neolítico da zona:
As cortinhas: No neolítico com gando semi-selvagem, ter culturas seria complicado pois o gando no pastoreio, fora do grande chousão, comportaria-se de uma maneira nada mansa. Para cultivar era feita uma forte vedação murada, que nas mais das vezes tem a estrutura seguinte: um espaço retangular moito mais longo do que largo, os que tenho medido entre 150-200 metros de comprimento por 60-80 de largo.
Estes espaços costumam estar à par do chousão ou nas proximidades, como aproveitando os valos, a vedação do chousão, que teria que ser moi forte e bem feita serve para vedar a zona de cultivo.
Estas cortinhas chegárom até hoje como lugares de cultivo, mas algumas cortinhas seriam ocupadas habitacionalmente, ponho aqui o exemplo de Sexelhe da Regueira de Oça dos Rios (no nomenclador oficializado como Seselle):
Nos planos aéreos do 1956 pode ser intuída a grande chousa a sul, as duas cortinhas na base da chousa com a sua típica e frequente forma de retângulo alongado de extremos arredondados, uma delas com casas dentro e outra sem habitações, sem vivendas mas com o nome da Cortinha. Na parte sudoeste da Cortinha toponímica esta o núcleo de Sexelhe, separado da outra parte da aldeia que está dentro de uma cortinha no leste. Já no norte o possível futuro castro, apenas uma roda vedatória de valado velho pequeno, não monumental, que não chegou a croa, com uma cortinha ao seu pé. No bico sul da chousa um campo tumular, um campo de mámoas.
Esta paisagem ficou mais fossilizada no neolítico, porque o castro murado não chegou a formar-se, talvez essa roda fosse o lugar de uma certa elite neolítica ou mesmo do Bronze, mas sem uma necessidade de muro grande.
Pode ser observado um paralelismo entre o Castro de Centronha e Sexelhe da Regueira (Oça-Cessuras)?
Seria moi aventurado suponher que: em Centronha a cortinha do neolítico-bronze chegou como topónimo até a atualidade, despois de ser "comida" integrada, na parte urbana da primária roda que medrou a briga?
Ou: um bairro criado extramuros do primeiro castro, depois defendido por uma ampliação da muralha e uma vez desaparecida a briga, e dada a sua configuração de bairro entre-muros, acabou recebendo por similitude o nome de Cortinha?
Comparança da vila antiga de Pontedeume com a Briga de Centronha:
Superposição a escala da briga e da vila. |
Comparação a escala com o perímetro da briga, oppidum, de São Cibrão das Lãs |
Então por uma parte podermos imaginar a grandeza da briga de Centronha, porque poderíamos meter dentro dela a vila de Pontedeume.
Ao compará-la com São Cibrão das Lãs, poderíamos pensar que Centronha pudo ser um castro que não deu medrado mais até oppidum completo de uma peça?, também na possibilidade de ter medrado em Castrelo no seu leste? Há mais exemplos na Galiza onde esta suposição é dada por certa: quando um castro orograficamente não pode medrar mais, é construído outro parelho a ele nas proximidades imediatas.
Também pudo ser uma briga com população extramuros, a orografia permite-o. E como é sabido, castros reordenam-se antes de entrar Roma, nas guerras com Roma refortificam-se, e Ardóbriga não tivo tempo...
Outro apontamento:
A maior parte dos castros na Galiza conservam a sua integridade territorial; o castro com o seu território íntimo, governa, rodeado do caminho perimetral costuma estar incluído e não roto dentro de uma freguesia.
Em alguns castros, o seu território não foi respeitado, sendo este de Centronha partido entre Centronha e Perbes, fundamentalmente, mas também toca Boebre um pouco do caminho perimetral, e a antiga freguesia de Breamo polo leste também entra nesse suposto território circundante íntimo junto com São João de Vila Nova.
O território dos Castros em Andrade também não conservou a sua integridade territorial, Nogueirosa ou Ombre sim.
Dado o "paradigma" da continuidade por válido ao ser físico, a unidade territorial íntima do castro, a que envolve o caminho perimetral faria parte de uma unidade anterior maior que foi criada polo pastoralismo neolítico multi-milenar. Esta unidade pastoral foi transformada em territorialidades de brigas ou castros, e manteria-se na administração sob Roma e na caída da Roma, porque já vinha de atrás, as grandes chousas "comuns", foram divididas em parcelas, em propriedades particulares dos habitantes dos núcleos perimetrais das chousas, que manteriam alimentariamente as gentes dos castros, por um sistema de reciprocidade, de vassalagem ou um sistema de intercâmbio económico que desconhecemos. Havia no Ferro gentes camponesas morando nos núcleos iniciais neolíticos prévios ao castro e talvez outros de nova criação, gentes que vinham de linhagens que enterravam os seus mortos na mesma mámoa ou campo de mámoas, e que seguiam assentados no mesmo território andando os mesmos caminhos.... Essa unidade territorial continuou com a ideia de willa ou vila medieval que as mais das vezes assentou no mesmo perímetro da antiga chousa neolítica, por vezes parelha à igreja, ou ocupando o local de poder físico, mas doutras vezes a vila medieval aparece independente destes dous lugares. Essa unidade territorial celular da briga e da chousa neolítica continuou com a criação das freguesias, ou parróquias, que costumam integrar várias células territoriais antigas menores mais ou menos integramente.
Então se o território de um castro fica partido entre duas freguesias é porque o tal castro não logrou essa continuidade territorial durante Roma ou na caída da Roma? As elites dos castros pactuam com Roma conservam-se as tésseras hospitalares, mas talvez algumas brigas foram conquistadas polas armas, assim aparecem armas dos legionários romanos nalgum castro escavado no estrato onde se descobre um grande incêndio.
Ao meu ver isto indicaria que o castro de Centronha desapareceu, perdeu o seu poder, e desapareceu a sua continuidade territorial. Não já como noutros lugares que é vista que a população apenas se trasladou para o perímetro do castro criando um novo assentamento, mas como Lãs e outros ficou sem continuidade.
Dúvidas:
Em São Boulo houvo um local religioso, uma capela?
Que é essa área triangular na para o leste do castro?
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