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Cadoalha, uma hipótese para a sua origem etimológica

Cadoalha (São Pedro) é a freguesia pela que ocorre a passagem entre Bezerreã e os vales que correm para Neira de Jusã, Baralha.


Cadha  /ka.a/ em gaélico escocês significa:
barranco
passagem estreita e íngreme entre montanhas
lugar de passagem
enseada, cala
(arcaico) porta interna da palhoça tradicional, que comunica os dous espaços nas que está dividida
entrada, pórtico

Cadha semelha uma palavra órfã, associa-se com o irlandês caoi, gaélico antigo cáe, com as variantes  caí, cue, cua, coí, cuí, cua, cúadh, cæiti, cæthi, e com os significados de caminho, passagem; jeito, maneira.

Poderia ser associada com o latim callis "trilha íngreme, pedregosa".

Esta palavra escocesa cadha explicaria alguns dos significados de cala no galego-português, como são o de enseada, o de cala de navegação, e o de rego de rega.
Ajudaria a perceber o porquê da palavra galega cadal "trincheira, fojo".

Mesmo cadha gaélica ajudaria a perceber o porquê do antigo nome Cale na desembocadura do Douro.
A raiz gaélica explica a dupla asturiana la cai "rua, calhe" e el cai "o cais".
Evidentemente explica o cais. Estes lugares portuários são melhor percebidos desde esta raiz, que desde a etimologia clássica que usa o francês para explicar o seu quai como tendo a ver com o galês cae "sebe, valo, campo cercado".
Seguindo polo asturiano cadu "terreo pouco chão e pedregoso de pastagem, também chamado cadurrial; recanto formado por várias rochas juntas; rocha ou pedra enterrada que sobressai do chão". Então poderia ser aqui posta a família galega do cadulho.

No aragonês cado "esconderijo, guarida, toca, madrigueira, ninho, covil, refúgio, recanto, sítio escondido ou retirado", poderia também estar nesta linha etimológica.
Para o mais divulgado, desde o latim, o cado aragonês derivaria de cavus > *cao > cado, por ultracorreção, mas o cadu asturiano poderia estar a invalidar essa ideia, junto com:
Cadurneira "buraco numa árvore" e cadurniço "carriço" (pola sua forma de construir o ninho) achariam a sua explicação no aragonês cado "ninho, covil, toca, recanto, esconderijo".

Cadurniço (The Wren's Nest - Harrison William Weir - 1881).Troglodytes troglodytes.
O seu nome mais divulgado carriço, carriça, poderia estar nesse proto-céltico *karrak- mais abaixo apresentado?
.

A destacar que cadha gaélica tem a variante catha. O que ajudaria a ver a relação entre calar e catar, entre a cala e a cata, por exemplo a palavra asturiana calicata poderia ser interpretada como tautológica.

Palavras galegas com o significado de barranco como são: carroço, carrioço, carrinco, carricova, carriboço, poderiam ser associadas a esta raiz aqui proposta, com o galês carrog "ravina, torrente". Confronte-se o par carriboço e caliboço, que ligaria o radical proto-céltico de carrog *karraka "barranco, ravina" com o de cale "rego, canal".
Também canicova / canicouva teriam a ver com carricova: o que daria indicação de uma "instabilidade" do lexema *karr(aka) "barranco, ravina" como *kan- / *kal- / kad-. confronte-se com o italiano calanco, o siciliano calancu e o francês calanque.
Esta variação*kal-/*kan- indicaria a possibilidade de um cale, atual cal, anterior à colonização romana (confronte-se com callis latino), afrente um posterior canalis do latim.
Voltando ao galês carrog, com o gaélico escocês cadha e com o galego carroço estariam mesma raiz, no primário barranco-ravina *kal- / *kar-?
O que levaria a associar callis latino,  galês e galego carrog-carroço e o aragonês, asturiano, galego, gaélico cado-cadu-cadal-cadha num suposto proto-céltico e protoindo-europeu.
Confronte-se com cafua paraje hondo; campo rodeado de altas sierras [A.Otero, 1963].
Cafua tem a duplicidade de lugar profundo e cabana simples de terrões. 
Está a cafua num paralelo de significados como a barraca  como o barranco?
Cafua abre a porta aos desprezativos cafualha, cazabalha, cazobalha, cazualha, cazoalha, gafualha (tão próximos a Cadoalha) que inicialmente seriam os moradores da cafua cabana/barranco, talvez grota/gruta inicial troglodita. Confronte-se com cafurna "cova", que volta ligar com cadurneira "buraco numa árvore" e com o morador do buraco o cadurniço "carriço" [A. Otero 1968, Según el sujeto, le llaman así por la forma de su nido].

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