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A torgha do caum


Pedras da rotundidade!
A pedra que fala.
Ó grande caum, grandes coios!

O croio tem nome, na parte eu-naviega (no galego do norte entre os rios Eu e Návia), de gounho, gonho, e já, na grafia asturiana para o português, como goñu; no Minho godo, com a forma gogo em Trás os Montes.

Godo, gogo e gonho, pode ser que tenham uma origem comum?
Leva a pensar que ambas as formas derivariam de uma antiga, pois ambas as palavras falam do mesmo, duma pedra redonda, duma pedra rolada pequena.
Assim o lakota iğúğa /i.
'ʁu.ʁa/ tem os significados de pedra, pedra-sabão, pedra de enxofre, arenito, pedra feita de areia, pedra de afiar. O que leva gogo a uma origem paleolítica.
A côdia, côdio, côdea?
A etimologia oficializada nos dicionários faz derivar côdea dum hipotético latim *cutina, de cutis, pele..
A pronúncia de côdea /côdeo no antigo falar, poderia ser ao jeito brasileiro, num dê velar, ou num dê apical, tipo /codja/, codha?
O fonema consonântico inicial de cõdha, seria uma realização como ghrodja / hrodha, um erre, de jeito gutural, como o erre na pronúncia padronizada maioritária brasileira e portuguesa?

Este fenômeno fonético poderia estar relacionado com o chamado "fortition" e "lenition" que nalguns idiomas ocorre, especialmente nos idiomas célticos.
Fortição e lenição que aplicadas àquelas palavras de etimologia obscura, pode aclarar a sua origem.

fortição poderia explicar a gheada, (e a kheada galega), onde o remarque e transformação dum fonema noutro próximo, mais vibrante, gutural ou cortante, remarca e impele algo de informação suplementar ao falado.
Este fenômeno fônico de fortição, creio que poderia ser exemplificado em galego-falantes de zonas limítrofes de gheada e não gheada, onde a escolha de pronunciar o som /g/ como /h/, vem marcada pola ênfase que à palavra no discurso se lhe queira dar.
"o ghato papou o toucinho, xica ghato!!", confrontado com "gatinho lindo, vem", (quase num /katiɲo/)....

Fenômeno semelhante ocorre nas falas asturianas, onde se reporta uma marcação do som /k/, pronunciado com mais força em situações de enfatização, também do som /d/ que muda a /d̺/ (dê apical).
Mas sendo assim, a gheada um fenômeno de fortição, por quê razão ficou afixada para todos os fonemas /g/ das falas occidentais?

Dalgum jeito é, foi, como que os habitantes mais ocidentais tivessem a necessidade de enfatizar o tempo todo.
De estar todo o dia remarcando o falar(1).
Também dizer que há casas, famílias, da zona de gheada que na fala habitual interna a gheada é esquecida, e apenas se usa da porta para fora.
Isto está mudando, pois a gheada sofre um processo acelerado de desaparição, junto com a perda de falantes do idioma. Cousas da "normativização", de um padrão que pune esta fonética, com cargas pré-conceituosas ...


O som como pai gerador, ou a força da fala gheada? 
Ou sobre a força da vibração, e de como ela, força yang, interatua criando com o pensar traduzido em palavra:

Lembrar que no galego velho, existe a expressão, "ter bom torgo", que é ter boa voz, ou voz de ordem.
Sendo pois o torgo, a torção, a torga.
Num tempo, o torgado ou a torgada, o torcado e a torcada, apenas era quem levava um colar trançado ao pescoço, um colar de varas vegetais, tempo da humanidade ligada ao corpo e não à mente.Aqui na torga, na torca, na torça, há um movimento.
Nesta continuidade, os torques posteriores estilizárom, e conservárom a torção, no desenho do trisquel que geralmente acompanha ao torques nas suas borlas.
Está pois o trisquel no torgo, forma parte da torga.
Detalhe do torque de Santa Tegra

Como a torga assim é o torques.Supostamente os primitivos, primeiros torques seriam feitos com varas de urze trançadas em vida, para logo dar-lhes forma de colar.Esta imbricação em hélice ficou na estrutura essencial dos torques posteriores.







O deus Thor, é o torcado, o da voz da força, o do trono; e é de supor que tem bom torgo, boa voz.

O chakra laríngeo é a sua casa.
É o que brama.
Sendo Bhrama o Deus da vibração, a onda que atua sobre a matéria.
É o Servo, o cervo em cio perpétuo, servidor da feminidade.



Corço, ladrando,  Cada palavra é um torgo que sai pola boca e trata de mudar a realidade, uma energia que flui roma, redonda, cada palavra é uma dor, um conflito interno, um retorto que trata de desenguedelhar-se saindo em borbulha. É χõ!, a voz que formando, quebra e limita: Xô! O Som! OM. É pois lei, que a palavra trate de entrar, de chegar ao ouvinte, desde o falante. A penetração pode ser direita, mas, diante das dificuldades dos mundos fechados de cada pessoa, essa perfuração da barreira tem de ser feita em volta, em berbequim furador. O grande furador do mato é o torc, nome irlandês do porco-bravo. O do piçalho em rosca inversa...
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(1) Como que todo o tempo tivéssemos que nos "estar caghando em diós". Com perdão. Mas é nessa ideia como que a gheada como fixação de uma fortição, fosse algo irritativo constante, algo que não foi resolto, que levou a gheghear por todo. Isso de ter que enfatizar cada vez que se fala para ser ouvido, para reforçar o falado.... Uma fachendosia, que nasce duma humilhação não curada? O ghalegho com gheada no profundo e no superficial esta funghando ou funkando? Nessa ideia nascente de ser a antigha fala deste canto nasalizada, e a nasalização do latim aqui falado simplesmente uma adaptação à fonética, sai-me que quando um galego ou galega se enfada, funga ou refunga. Na mesma palavra é possível intuir a sua evolução, pois fungar pronuncia-se fungando numa transcrição que poderia ser esta: fuŋ.'ãr, e esta para mim original forma de fungar deu funghar e fungar, com a desnasalização, ainda que fumhãr, ainda fumhã bem gente quando incomodada anda.
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Asturiano torgau, torgada, torgao: 1 Participiu de torgar. 2 De cuernos abiertos mirando p’arriba y les piques pa fuera [una vaca]. 3 Abiertu mirando p’arriba y cola pica p’afuera [un cuernu]. 4 Dada a churnar [una vaca]. 5 Encoyíu, torcíu. 6 [Poco] amañosa pa facer les coses [una persona]. 7 Biliesgu, virolu. Noutro post fala-se da relação entre várzia / várzea e urze. Do mesmo jeito que a torga faz o torques a várzia, vreça faz o barzón e a barzona, que são colares flexíveis de madeira para os xatos e vacas, mesmo o loro do jugo, o tamoeiro é um barzón, daí que a barda também seja isso um adadalho vegetal de proteção... Aquel ome por que eles diziã,  vẽo ali cõ eles et era moy mãçebo, et andaua vestido de  moy nobres panos et paresçia home de grã paragẽ, et  tragia ẽno pescoço hũ[a] pertega de caruallo entorta,  et chegãdo ante o altar começou a chamar et dizer asi... (Miragres de Santiago) Do croio, da croia da grunha, crunha, carunha, carambunha e demais coisas redondas e duras, além co com e do caum. Se nos olhamos desde os célticos falares: crunha, a carambunha, tem muito parecido com a palvra bretã kraoñ "noz". Kraoñ tem os cognados de cnau em galês, córnico know, gaélico antigo cnú, gaélico irlandês cnó, gaélico escocês cnò. As pronúncias gélicas do grupo -cn- são desde -kn- -kl- e -kr-.   Gaélico Escocês

Substantivo

cnò
  1. noz
  2. avelã
  3. berbigão

Etimologia

Pelo proto-céltico *knūs. Cognado do gaélico irlandês cnó(ga). Confronte-se com o galego croia e croque.

Pronúncia

  • AFI: /krɔ̃ː/
O proto-céltico *knūs ou *kno- explica aparentemente a proximidade entre a croia, o osso da froita e a noz. Explica um lotinho de palavras relacionadas com a crunha, carunha, corunha, grunha? A pensar num céltico-P e céltico-Q teriamos à par de *knus krus / *pnus prus. Com uma forma anterior tipo *znu *zro? Confronte-se com zrocha, zocha. É tido por evidente que noz provém do latim nux. Mas a noz na Galiza e as nogueiras tenhem este campo léxico do *knūs: Carolo, cosco, cuca, coco, carrola, carrula, carrolo, carolo, cadolo, cadrolo , corolo, coucho, concho, croucho, caroucho, carocho, croco, crouco, carola, caroca, carouca, caroça, croca, calocra, caroça, cárrio. Entenda-se que este grupo -kn- ou -pn- é variável com -kr- -pr- ou -kl- -pl- *pnus é *prus, *pera- Assim como *knus / *krus e *kerus "dureza". Eis a relção entre o prunus e o grunho, corunho, celta-p, celta-q? De prunus a *perunos é um passo. Entre a pera (pedra e froita) e a *kera? Croque é nome do berbericho, no gaélico escocêsd cnò /krɔ̃ː/. Um dos sinónimos é noucho para o inchaço por pancada, com as palavras relacionadas noucha e norcha... A antiguidade deste fonema, a sua existência paleolítica indica-a a palavra e partícula lakota čho čho- " centro, cerne, coração, núcleo"; confronte-se com cor, coração, e com o irlandês crói. No tocariano A kärwañ*, no tocariano-B kärweñe* "pedra".

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