Loios foi uma aldeia de Minho, agora uma rua, um bairro.
Sobre o seu significado passado, no presente quase perdido, e sobre como fôrom aqueles tempos que nomeárom este lugar, falo aqui:
Sobre o seu significado passado, no presente quase perdido, e sobre como fôrom aqueles tempos que nomeárom este lugar, falo aqui:
Entre a praia de Suminho e a praia grande de Minho, (para algumas pessoas, praia de Banhobre), está o Castro, num promontório. Ao lado leste dele, como se pode ver no mapa está outra zona elevada na que se podem observar os cômaros que em vários níveis fazem como socalcos, é o Monte Pinheiro.
Ao pé desta elevação, meseta, está o Covo, no lado Sul, e no lado noroeste Loios.
O topônimo de Covo, é facilmente explicado, pois é um lugar encovado, ou talvez no que havia um covo, um foxo de defensa do duplo castro...
Duplo castro que mais adiante se vê, ou indo ao lugar mesmo, podemos observar.
E Loios?
Loio é um buraco, uma pequena cova, está no dicionário.
Loio é um insulto para um ignorante, como canfurneiro....
No occitano loo é um local, com as variantes logo e louogo, também lojo no occitano dá nome a um casebre, uma choça.
Para mim temos o cenário conformado, uma parte da estrutura urbanística composta por edifícios do poder e religiosos, (o cemitério atual segue aí), no chamado Castro propriamente, e uma citânia de gentes do mar e do comum, assentada no Monte Pinheiro....
Loios seria a peri-urbe, as casas mais velhas de todas as casas, o primeiro núcleo de gentes paleolíticas que apanhariam comida pola costa, Loios seria um rueiro, aldeiazinha com habitações semelhantes às casas islandesas sob a terra. Este primitivo núcleo, logo da celtização urbana, ficou como um bairro de favelas do grande castro Minium.
Observe-se no mapa de cima, que a atual vila de Minho quase entraria, caberia, nestes dous espaços: na península da ponta Satareixas, ou do Couce de Minho, e no Monte Pinheiro.
Monte Pinheiro que se pretende urbanizar |
Mas Minho?
Minium é um mineral do que se extrai sobretudo Chumbo e Mercúrio, antigamente era o nome do cinábrio, agora ficou unicamente para a pedra de sulfato de chumbo, mineral ruivo ...
Onde está, onde estava o Minium em Minho?
Onde estavam as canteiras deste macro-castro, mineiro, portuário?
Pois em Minho mesmo, o que se passa é que essas minas fôrom na própria linha do mar, no próprio cantil.
Desde a Ponte do Porco até Camoucelo, em Boebre, há filões barrosos que continham este mineral e que fôrom esgotados.
O filão barroso continua do outro lado da ria de Ares, desde a ponta da Penela em Cabanas, onde houvo também um castro, que se crê comido polo mar, e que talvez foi comido pola minaria, daí, desde a Penela de Cabanas até as Miranda. A linha de costa que a canteira comeu pudo ser alargada das ilhas até o cantil atual.
A riqueza mineral ainda é possível observá-la nos cantis de Boebre, freguesia ao norte de Minho, sobretudo entre a zona da prainha nudista conhecida como a Ínsua, fronte a Carboeira. Desde a Pena do Coto a Camoucelo cria-se uma enseadinha de difícil navegação, polo baixos, cons e muito coio, penas e rochas esgrévias. Enseada dos Colados, na que não por casualidade está a Pena Roiva:
Vista da enseada dos Colados, com Pena Roiva, ao fundo a península de Camoucelo, ou monte Ventoso. (Boebre). http://www.panoramio.com/photo/71738169 |
(clique no mapa para ampliar) A destacar a grova, de nome as Cales, que indica a mineração na zona |
A lenda que corre por Boebre, é que a Camoucelo chegárom uns homens em barco, que eram os "finixos", com vestimentas de ouro que nos deixárom abraiados. Ali passárom um tempo, e gardárom um tesouro numha mina, depois marchárom...
Boca da Ria de Ponte d'Eume, no lado de Centronha está a enseada da Mina, e uma parte do cantil ao lado da Ponta da Macuca leva o nome das Minas. http://www.acorunha.gal/ |
Loios?
O parente que encontro para a esculca etimológica de loio, vou dar com ele no finês, loio é uma forma verbal de loikoa, que significa deitar-se, no inglês to loll, com parente no holandês lollen cochilar, murmurar, oscilar ...
Lodge(2), no inglês pode andar mais perto?, pois tem umas raízes num proto-germânico *laubja-, cabana de ramos....
No basco lohi, é barro. Assim a primitiva mina, a barreira, de onde se tirava a argila para a cerâmica, a buraca, mesmo habitação foi um loio?, e os seus trabalhadores loios?
Foto de Sebastião Salgado, mina e mineiros no Pará. |
E Minho?, do latim minium, é dos primeiros pensamentos pois a referência é o sistema cultural aparentemente "vencedor".
Sabendo pois que em Minho houvo minaria, a relação entre o material sacado da mina minium e Minho, ocorre?
Mas como é que o mineral minium, se chama assi?, de onde colheu o seu nome o latim?
Pois do céltico, do que que aqui se falava.
Mina é palavra céltica, gregos e romanos não utilizárom esse vocábulo, que entrou nas línguas romances polo latim medieval.
Uma suposta proto-céltiga verba: *meini-, nai da mena, e da mina, está no fundo.
No galês mwyn, no gaélico míanach, significam ouro; míanach também é objecto de desejo (1).
Mían, no antigo gaélico: desejo, com o sufixo -ach, cria o desejado ou a desejada, o que é meu ou é minha.
(Com a palavra mían, abre-se uma hipótese à etimologia do rio Miodelo, entre Bergondo e Betanços).
E é que a mina é ubérrima, pois "ser uma mina", é ter muita riqueza.
(Então, já podemos supor que em Minho, pudo haver o mineral mínio, com chumbo e mercúrio, e que também houvo ouro?).
No basco é esclarecedor que o mineral tenha por nome mea, mas os seus estudiosos etimologistas recorrem ao latim para explicar a origem, quando a origem talvez esteja em nós mesmos?
Saiba-se que as minas galegas, além de serem para tirar proveito, ou obterem mineral, são para conseguir auga.
Uma mina pode ser qualquer um buraco comprido na terra.
Há avondosa micro-toponímia com o radical minhot-, a Minhota, a Minhoteira, o Minhoto, numa olhada rápida estes lugares são antigas minas. Não todos, haverá alguns que se refiram à ave que leva tal nome.
Mesmo as mámoas, levam o nome de minas.
E as minas que observamos no pé de muitos castros, não são mais que fontes, pequenas escavações, covas onde apoça e nasce a auga.
Então, os minhotos e as minhotas, junto com as minhocas, são elas e eles mineiras e mineiros?
E as gróvias e os gróvios?, estarão aparentados com as grovas?
Reminhoto / Riminhoto entre as freguesias de Santa Maria de Cela (Bueu) e Santa Maria de Ardão (-ám) (Marim). Como em alguns rios menores poe ser intuído o seu leito poderia ter sido aprofundado por ação antrópica, para marcar com maior força o limite, neste caso um limite entre freguesias que também poderia ser o limite da governa de uma possível briga no Coto de Resilhe. também a destacar o topónimo que aparece em limites: Lago na ideia de rego, mais alargadamente desenvolto no escrito Laeũa.
Já não falo do pai Minho, do rio, as evidências são muitas?
Esbardalhe: Um povo que não apreciava em extremo o valor do ouro, é invadido, como na atualidade na Amazônia ocorre, ou noutros lugares primigênios, por outra cultura tecnologicamente superior, mas eticamente desequilibrada polo excesso de cobiça. Estas gentes vindas de longe fam minas, buracos, no que eram loios, nas barreiras indígenas para a cerâmica.
Trabalham nos cantis que o mar abriu já as vetas, é tão doado como apanhar areia.
Invade, escraviza, couta, recolhe e marcha embora, deixando destruição e tudo esquilmado?
Cria-se o desejo no povo indígena, o que antes era comum, comunal, começa a ser privado, "a mina é minha", o ouro é mío (gaélico desejo), mĩa e mĩo aparecem por primeira vez.
Nas falas antigas os possessivos não existem.
(O processo privatizador está chegando ao máximo histórico nesta época que escrevo?).
Para levarem as pedras longe, há "barcas de pedra", (no mesmo sentido que um camião de leite, não tem as rodas de queijos), barcas de transporte de mineral, esse povo era um primeiro invasor, os fenícios?, logo depois de esgotado o ouro, começa-se com outros minerais nas mesmas canteiras, mas estes já são explorados polos indígenas, no seu desenvolvimento pleno de cultura de seu, na celticidade, povo que deixou os loios e fai minas.
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(1) No galego trasmontano, miota e mioto são nomes para o guloso e a gulosa, para quem deseja o que vê comer aos outros.
Mioto, minhoto, minhato é nome que se lhes dá a algumas aves rapazes, nessa ideia de rapinar, tirar proveito para si, os Milvus e os Buteo levam este nome, desde uma posição pré-conceituosa, antropocêntrica e egoica, desde um pensamento que define essas pequenas aigas como ladroas ou cobiçosas.
Mioto também é o farrapo.
Se roubam, ou desejam o alheio, é pois que alguém se sente proprietário do caçado, e aqui estamos no miolo, medúlio, do assunto: o conceito de propriedade privada, e a minguante ideia de propriedade compartida.
E mais ainda, o conceito da Natureza como bem particular humano, e agora alargado: submetida Natura a bem particular empresarial, graças ao implante do corpus ideológico do capitalismo, no que o benefício econômico está por encima das divindades.
Outra faceta da mesma evolução conceitual espelha-se na dificuldade de compartir, desde o possuído individualmente criarmos novos espaços de propriedade comum.
Amalgamarmos-nos.
A grande maré que é o individualismo, arrasta desde o penedo mais grande à areia miúda.
A palavra elo e clave de esta série semelha esminhatar, desfazer em pedaços, picar e também rapinar, furtar.
2) (Lodge inglês, loge francês, laubja frâncico), loja tem o significado de cova, e de pavimento térreo duma casa.
No galego trasmontano e no da Galiza, uma loje é um quartuco, mesmo uma corte para os porcos, uma caseta para guardar utensílios da pesca, um cuchitril debaixo de uma escaleira ...
Fai pensar que a raiz de todas estas palavras é a mesma, loio, e loje ou loja
Então *mĩa dá o possessivo latino mea, meum. E *mia dá nome ao ouro e ao desejo no céltico.
Nessa ideia de que os primeiros povos falantes, na sua cultura o privado era escasso. Línguas há que para indicar que "tal cousa é minha", falam de "a cousa que está ao meu lado".
Tudo isto leva-me a pensar que a teoria da caída do ene intervocálico poderia ser revisada, entendendo que o galaico falar já não tinha enes intervocálicos e sim consoantes nasais, como no francês avondosas. E a pronúncia dum ene intervocálico para um galaico suporia-lhe um esforço, acabando numa articulação nasal.
Mas o mea latino não tem nasalação por nenhures, mea ; mĩa ; minha.
De onde é que sai a nasalação?
Caberia a hipótese de que já existia uma mĩa no pré-latino galaico e mesmo céltico da península Ibérica, irmã da mea latina?
Estas formas nasaladas do ĩ, ainda é possível dar com elas nas falas orientais do galego, mĩa é minha, onde minhoca, não é mioca e sim mĩoca, sacando marcadamente o ar do i polo nariz (confronte-se como o gaélico míol crían "verme, larva, traça").
Sobre loio, e a toponímia, existe a paróquia de Loios no caminho de Santiago, nas proximidades de Porto-Marim.
E abre-se a hipótese de ser o monte Aloia da mesma origem: com uma ideia de A Loia, a cidade neolítica primitiva, com essa muralha perimetral de três quilómetros e pico. E uma cova em rocha granítica de 1.200 metros....
Leiloio é paróquia ao lado de Bunho, ao pé do monte Neme.
Há quem veja em Leiloio uma forma de leilão.
Mas também, nessa ideia de barro, ou casoupa de barro, poderia ser visto como Lei-Loio. (Lei?)
Ou é o seu nome devido à orografia ou um antigo lugar de mineração?
(1) No galego trasmontano, miota e mioto são nomes para o guloso e a gulosa, para quem deseja o que vê comer aos outros.
Mioto, minhoto, minhato é nome que se lhes dá a algumas aves rapazes, nessa ideia de rapinar, tirar proveito para si, os Milvus e os Buteo levam este nome, desde uma posição pré-conceituosa, antropocêntrica e egoica, desde um pensamento que define essas pequenas aigas como ladroas ou cobiçosas.
Mioto também é o farrapo.
Se roubam, ou desejam o alheio, é pois que alguém se sente proprietário do caçado, e aqui estamos no miolo, medúlio, do assunto: o conceito de propriedade privada, e a minguante ideia de propriedade compartida.
E mais ainda, o conceito da Natureza como bem particular humano, e agora alargado: submetida Natura a bem particular empresarial, graças ao implante do corpus ideológico do capitalismo, no que o benefício econômico está por encima das divindades.
Outra faceta da mesma evolução conceitual espelha-se na dificuldade de compartir, desde o possuído individualmente criarmos novos espaços de propriedade comum.
Amalgamarmos-nos.
A grande maré que é o individualismo, arrasta desde o penedo mais grande à areia miúda.
A palavra elo e clave de esta série semelha esminhatar, desfazer em pedaços, picar e também rapinar, furtar.
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No galego trasmontano e no da Galiza, uma loje é um quartuco, mesmo uma corte para os porcos, uma caseta para guardar utensílios da pesca, um cuchitril debaixo de uma escaleira ...
Fai pensar que a raiz de todas estas palavras é a mesma, loio, e loje ou loja
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É pois uma ideia que uma suposta palavra *mĩa estaria num proto-céltico, ou mesmo proto-indo-europeu, essa palavra começaria sendo nome de um mineral ou duma pedra trabalhada, ferramenta ou talismã, (mea em basco, mineral), qualquer pedra de poder, no caso pedra preciosa, sendo pois a pedra como um dos primeiros úteis moi privado.Então *mĩa dá o possessivo latino mea, meum. E *mia dá nome ao ouro e ao desejo no céltico.
Nessa ideia de que os primeiros povos falantes, na sua cultura o privado era escasso. Línguas há que para indicar que "tal cousa é minha", falam de "a cousa que está ao meu lado".
Tudo isto leva-me a pensar que a teoria da caída do ene intervocálico poderia ser revisada, entendendo que o galaico falar já não tinha enes intervocálicos e sim consoantes nasais, como no francês avondosas. E a pronúncia dum ene intervocálico para um galaico suporia-lhe um esforço, acabando numa articulação nasal.
Mas o mea latino não tem nasalação por nenhures, mea ; mĩa ; minha.
De onde é que sai a nasalação?
Caberia a hipótese de que já existia uma mĩa no pré-latino galaico e mesmo céltico da península Ibérica, irmã da mea latina?
Estas formas nasaladas do ĩ, ainda é possível dar com elas nas falas orientais do galego, mĩa é minha, onde minhoca, não é mioca e sim mĩoca, sacando marcadamente o ar do i polo nariz (confronte-se como o gaélico míol crían "verme, larva, traça").
Sobre loio, e a toponímia, existe a paróquia de Loios no caminho de Santiago, nas proximidades de Porto-Marim.
Loios, a fundura pode ser vista, mas também como a barragem no Minho oculta a sua originária profundidade. |
E abre-se a hipótese de ser o monte Aloia da mesma origem: com uma ideia de A Loia, a cidade neolítica primitiva, com essa muralha perimetral de três quilómetros e pico. E uma cova em rocha granítica de 1.200 metros....
Leiloio é paróquia ao lado de Bunho, ao pé do monte Neme.
Há quem veja em Leiloio uma forma de leilão.
Mas também, nessa ideia de barro, ou casoupa de barro, poderia ser visto como Lei-Loio. (Lei?)
Ou é o seu nome devido à orografia ou um antigo lugar de mineração?
Em Santa Maria de Leiloio podemos ver esta fenda do rego dos Riás |
A montanha em Loiva foi literalmente comida na sua cara oeste.
Estas palavras loiva, loio, poderiam ter uma raiz latina cognata em diluvio ou pluvio, numa ideia de lavar, *luvio, sendo lavadoiros de minerais?
Confronte-se que Lóbios está em Lueiro.
Loira de Lavacengos (Moeche) |
Loira de Baralhovre (Fene) |
Miñu de Tineu, nas Astúrias. É de observar a grande fenda que baixa pola aba desde o suposto castro, henge, circular arriba. |
Na cidade do Porto o largo dos Lóios, de que está a falar?
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