O arcaísmo acenhar e o asturiano aceñar, dão ideia de onde é que nasce a palavra.
Acenhar é fazer senha, *assenhar. Comunicar-se por movimentos gestuais da cara.
Comunicação que ainda se conserva no jogo da baralha.
Aí estão as palavras senha, cenho, celha e celho.
O entrecelho é o espaço entre as sobrancelhas, o lugar de anja.
A etimologia deriva celho do latim cilium, mas celho no galego, talvez por influência castelhana, ou por outras razões, é nome para a sobrancelha; celho que também é celha não só as pestanas também as sobrancelhas.
Daí que "carregar a celha" nada tenha a ver com as pestanas, nem coas pálpebras; e sim com as sobrancelhas que se encontram franzidas. "Carregar a celha" é o mesmo que franzir a testa, enrugar o espaço entre as sobrancelhas.
Dá para pensar que a relação etimológica entre a celha e celho galegos (como sinônimos de sobrancelha), o cenho, (semblante) e o cenho, (espaço entre as sobrancelhas) e a senha está mais atrás do latim.
Num tempo que houve uma comunicação não verbal que tinha que ter um registo largo.
Talvez um tempo de caça, onde o aceno, e não a voz, foi mui utilizado.
E assim a relação é estabelecida entre selo (sello em espanhol), senha, e signo, desse jeito prévio ao latim.
A onde vou?
Do mesmo jeito que noutro lugar deste blogue se falou de telha:
Senha, signo, celha, celho, cílio, cenho, sello, selo: semelham compartir um étimo comum: *se!!a / ze!!o, anterior ao latim.
Latim que já levou em si a divergência.
Atenda-se que senhora e senhor, além do catalão e occitano senhera ou senyera, estão a falar do mesmo.
Pois foi num começo a senhora e o senhor quem podiam ponher os marcos, o signos.
E a bandeira não é mais que um signo, um elemento de comunicação físico, e não vibracional..
Sobre a hipotética forma inicial *se!!a / *ze!!o.
O passo de *ze!!o a *te!!o é explicável; assim no antigo francês tache e teche é marca. Confronte-se com tachar.
Esta rota do *ze!!o, *te!!o alargou-se nas falas germânicas, onde o alemão tem a palavra: Zeichen.
Confronte-se também os escritos de Sarmiento, onde fala como os nenos e nenas da Ponte-Vedra ao signo de Salomão, chamavam-no de silo de Salomão...
Pois é que até há pouco a "infra-cultura", e "intra-cultura" das crianças conservava muito do antigo.
De como o preconceito....
A palavra galega citra, significa marca ou sinal por um golpe; o primeiro que se pensa, é em cita, (citação, marcação, chamado), na relação de que citra é filha de cita.
Mas citra é mui doado de entender que seja filha antes de *se!!a do que de cita, e que cita sim seja descendente de citra.
Atenda-se a que senra no significado que tem de zona roçada de mato e sinal também nasce da marca se!!a.
Ao recuarmos no tempo das palavras, estas convergem.
Assim temos que a inicial marca na terra, um buraco, um silo, zulo, divergiu para *ze!!o, e daí diversificou-se pola Europa.
Cédula, por exemplo nasce do latim scheda, por sua vez do grego σχέδη (skhédē), outra vez a raiz *se!!a?....
Poderíamos pensar que rilar, rilhar nasce desta hipotética forma *se!!a, a través de uma lenição que foi dar a he!!a e daí a rhelha, (atenda-se à ideia de que a rheada portuguesa é um elemento de substrato); relha e rilhar; como marca: primeira marca do arado e dos dentes no queijo...
Na família eslava das línguas, a marca vai na raiz: знак, (znak), que nos lembra o esnacar...
O primeiro canto?
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aceñar
Guiñar el ojo [Ca]: Llevo media hora aceñando y non me faces casu [Ca]
Espiar, mirar disimuladamente [Mn]
Cuidar [Sb]
Amenazar [PSil]: Acenóume cona fouz [PSil]
Tener buena puntería, conjeturar [Mn].
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