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Rio Ulha

O rio Ulha está escrito no antigo Ulia e Voulia ou Uolia.
Como era pronunciado é desconhecido....
A hipótese é que não havendo em latim uma letra para representar o som do /ʎ/ , ou som próximo a ele, utilizaram o dígrafo li.

O que me leva outra vez a que a fala anterior à chegada do latim tinha que ter um sistema fonológico diversificado na tal chamada che vaqueira, na rheada, gheada, na variação consonântica inicial ou mutação céltica...

Na fala gremial dos cesteiros de Mondariz, Fermim Bouza Brey recolhe a palavra ulha para a auga.
Na fala dos arginas, no baralhete, na fala dos telheiros, a palara ura e derivadas é frequente. Falas gremiais das Astúrias também dizem ura.

Leva a pensar numa origem basca...
Ou no protoindo-europeu *uhr, com o latim: urina, o grego: ούρα, basco: ur, albanês ujë, sânscrito वार् (vār).
Confronte-se com o topónimo Uriz, freguesia de Begonte, ao pé do rio Ladra com antiga ponte que cruza o rio a montante da sua confluência com o Minho. Na ideia de -iz ser genitivo, uriz: "da ura".

Nesta listagem as palavras da mesma raiz que significam auga no "Dicionario de dicionarios de xirias:":
anrieta
aureta
boreta
bureta
buxa
buxám
buxandia
creta
oreta
oureta
ulha
ura
uria
urta
voreta

Aqui poderiam ser tiradas estas considerações:

Que a vogal incial poderia ser ser nasalizada, anrieta: ãr- /  õr-.
Que a consoante temática -r- poderia ter sido ʎ ou j ou x ou uma forma próxima a elas ou com as variadas formas nas que o erre é pronunciado /ʁ/ /ɹ/, mesmo /x/ /χ/ ou /h/.

Aqui é para salientar augha, como derivada do latim aqua, mas a sua proximidade a *aura, pronunciada ao jeito do /poh-to/ é muita: aurha.
Segundo este fio: aqua latina poderia derivar de aura,
*õra.

As terminações -eta, são diminutivas, do mesmo jeito que a palavra galega fica no espanhol da Galiza inferiorizada ou diminuída com o -inho, este processo pôde ter acontecido, confronte-se com o holandês e o seu uso do diminutivo.


Oculus / augha?
Palavras como ulhó ilhó, ulheiro, olheiro, ilheiro ... poderiam ser saídas desta raiz...
Ulheiro é a nascente em terreno chão,também qualifica ao terreno excessivamente úmido, ulherio tem as variante ilheiro e olheiro, os sinónimos: olhar, olheira, olheiro.

Olhal / Ulhal: terreno olheiro, lugar onde nasce augha e não serve para as culturas.
Faz pensar em olho, por ser a nascente um oculus.
Pondo em relação olho com auga?
No proto-germânico:
*augô  dá nome ao"olho de ver".
Mas no galego olho é de ver e de auga:

Olho: Llámase así en la braña o laguna, la parte de ésta más honda y peligrosa, donde una persona o animal puede hundirse y desaparecer.
Talvez o rio Oja seja parente do Ulha. Se falamos do carro de bois, o olho na roda é o lugar onde encaixa o eixo, o chamativo é que do mesmo jeito que o lugar branhento é chamado de olheiro / ilheiro, o olho da roda também é chamado de ilhó / ulhó, de um suposto oculolus.

Aqua / *
ãrha / *aurha / *õra?
Ougar, "regar, ter augha na boca, desejar sem satisfação", pode ser latim, derivado de acuare, *aucare.
Formas semelhantes som ouga / ouca que dá nome a uma alga de rio ou ao ranúnculo aquático.
Ougana que é uma ratazana de rio
Ougadeiro: vertedoiro das cozinhas
Ougueiro: lugar úmido num prado onde nasce a augha, também olho d'água.

Sobre ang-, ângulo?
O buraco num muro ou parede que perimte o passo da augha ou dum líquido a través dele é o angoeiro, augueiro, agueiro, olheiro....
Anguia: do latim anguilla. Segundo esta raiz de
*ãrha proposta, teria sido algo assim como "auguinha".
O rio Anlh
ões seria o rio Augões, ou Angulones, com o ângulo aí como raíz ou com a *ãrha.
Angoares?


Mutações:
Pode ter havido mutação da consoante inicial do tipo m-v-∅.
m
ãr-, vãr-, ãr- / mõr- / võr- / õr-: confronte-se com mar, com o protocéltico *mori.
Aqui estaria a palavra molhar?, poderia. Nada então teria a ver o molhar dos líquidos com a moleza, do latim mollīre.
Aqui estaria a palavra mulher?

Ougana que é uma bossa, uma bocha ou uma boxa, uma empola na pele.
E com boxa voltamos dar com um dos nomes da augha nas gírias: buxa.
Bossa dizem aparentada com o francês bosse, e bosse do bretão bos "inchaço, nó numa árvore, tilheiro (montão de terrões para queimar no sistema da roça), figuradamente: bombo, no sentido de sona fama, festa".

Talvez mais próxima à raiz a palavra galega boxa / bocha/ bossa e a buxa da gíria, do que a palavra bretã?

Entre as mutações m-v-∅, caberia esperar palavras com f-: foch- / fonch-


Como o -r- passou a -lh- ou à inversa ura/ulha?
No gascão o duplo ele latino gera erre, agnella: anhèra.Garua: chuva fina em basco, português do Brasil, galego, espanhol.
Ouracão / oura-cão: rato-de-água, também chamada ougana, aguano, Arvicola sapidus.Para enguedelhar mais a auga e o Ulha, rio em galês é escrito afon, com uma etimologia que o remete ao antigo córnico auon, (augão) antigo bretão auo(u)n, atual bretão aven ou avon, britônico abona, antigo gaélico a(u)b, irlandês medieval abann.
Que foi antes o ovo ou a galinha?
Nos falares célticos acontece a mutação da consoante inicial, o fonema inicial da palavra varia em função da sua posição gramatical ou das palavras que o antecedem, no caso do gaélico escocês abhainn "rio", varia a n-abhainn, t-abhainn, ou h-abhainn, no caso do galês afon, varia a hafon.
Quer dizer, desde uma posição 0,0 sediada nas falas célticas, observando estes hidrônimos: Ávia, Návia e Ghávia / Gávia, os três são a mesma palavra: rio. Mesmo o rio Deva estaria neste grupo.
Sabendo que gávia / gaiva é referenciada etimologicamente ao latim cavea, o que também pode ser visto como cognato.
Atenda-se a que गभ (gabha) no sânscrito é fenda, abertura, corte, e vulva.
O rio Vez de Valdevez esclarece e faz ponte nestas antigas raízes de augas e regos. Assim: Uezam, Uicem, valle de Vice, vallis Vice, foram nomes medievais do rio e vale, fazendo elo entre aura / aulha / ávia e o gaélico uisce / uisge "auga".
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Uriz:
Duas freguesias e uma aldeia levam o nome de Uriz no antigo Convento Lucense.
Santa Maria de Uriz (Castro-Verde), Santo Estevo de Uriz (Begonte), Uriz de São Pedro de Muradelhe (Chantada).
Algum Uriz ou semelhante noutros lugares da Gallaecia?

São lugares à beira de rios ou regatos, com uma etimologia que os associa com a palavra ur, ainda viva no basco com o significado de auga, podendo ser interpretados como "da auga".
O buscador de toponímia da Xunta (http://toponimia.xunta.es/gl/Buscador) dá como microtopónimos dous lugares Uriz (grafados Uris por serem em zonas livres de thetacismo):
Uris / Uriz em São Jião de Torea (Muros), umas antigas terras agrícolas que caem com muito declínio para um ribeiro ou regueiro.
E Uris / Uriz em Arabejo (Vale do Dubra).
Tudo bem, e semelha quadrar associar Ur-iz como "da auga", mas o Uriz de Arabejo não tem auga por perto, o rio Dubra fica distante como para dar nome a esse leiro.
Nos falares célticos, no gaélico ur significa limite, com as formas parelhas galesas e bretãs or.
Or no galês com os significados de limite, fronteira borde, ribaço, cômaro, alcantil.
Então a ideia de "berço" sai com força.
Uriz de Arabejo é "o do cômaro", o leiro onde um declive agrário "antropofeito" marca o terreno....

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uillam Honorici deu Vilouriz
in ripa Tordena, uilla Honorici Uriz do rio Tordea.























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