Rainha de Cabrui (Mesia):
Aqui a Rainha de Cabrui é uma raia, um limite entre duas unidades agrárias da continuidade neolítica.
Quando o lugar tem o nome de raia, rainha leva a pensar que é marcado um longo treito, trecho, por um rego com poucos acidentes topográficos que ajudem a fixar um claro limite, num terreno pouco acidentado.
A explicação toponímica do entorno da aldeia de Rainha de Cabrui.
Rainha está fazendo linde entre duas unidades agrárias com os topônimos significativos de Tieira Grande e As Foucelhas, ambas as unidades cumprem a superfície aproximada das 50Ha.
Tieira é o nome duma parte do arado, que segura a relha com o temão.
Tieira número 4. Tirada de aqui, http://www1.museo.depo.es/popup/arado_e.html, ainda que semelha ser dum livro do Xaquín Lorenzo. |
Tieira tem o étimo latino telum, uma lança.
Tem também telum e tieira uma origem neolítica com ideia de limite ou limitadora, borde, que foi tratado no tema da tileira, onde a raiz fils-, tils- foi analisada, também onde o arremesso de uma lança determinava até onde chegava o domínio.
Parelha à Tieira Grande está a Tieira Pequena, estas duas células agrárias neolíticas estão a dizer que estavam no limite, pois geograficamente limitam entre os concelhos atuais de Mesia e Cessuras e algo de Cúrtis. É aqui perto que nasce o rio Mero que vai dar à ria do Burgo, e o rio Mendo que vai para Betanços, claramente zona ártabra, e nasce aqui também o rio Samo afluente do Tambre que se junta a ele no concelho do Pino sendo pois zona supertamárica.
Fora do mapa que acompanha este texto, a norte dele, a dous quilómetros em direçao norte existe outra Tieira, a Tieira da Baiuca, também pertencente a freguesia de Cabrui, na ladeira norte do Coto de Picoi.
Esta marcação de limite destas unidades agrárias também é vista nos nomes das Casas do Marco e mesmo da Fraga do Rei.
Se a raia é marcada pola rainha, o rego é marcado polo rei?
Também a rainha tem o rairo e a raira, que é o rego de auga para rega.
Na tradição de: a ária, o ário arar perimetralmente o aro e área de terreno que governa. Assim topônimos com o nome de Rei costumam estar em lugares de linde também.
Outro dos possíveis nomes limitantes é o dos Azivreiros, que pode ser devido a que tenham medrado ali azivros, mas como é explicado nos escritos destes dous enlaços: 1, e 2 , muitos dos lugares toponímicos que nos fazem pensar em acivros, azevinhos, ou em zebros (cavalos selvagens), Zebreiro, Cibreiro, o Azivo...., coincidem com marcos, polo comum montanhosos que xebram, acibam, cibam, chivam, separam, estremam territórios.
A salientar, sem ter a ver com o fio de limitações aqui tratado de desenvolver, o nome das Foucelhas.
Eido do guerrilheiro anti-franquista Benigno Andrade Garcia.
Num princípio faz pensar numa fouce pequenas, na ferramenta agrícola. Mas se olharmos com maior pormenor topográfico o lugar do assentamento da aldeia:
É possível observar que tem uma faux a um lado e outra a outro.
Faux no latim é um vale profundo, um caborco, um barranco.
Mais rainhas toponímicas:
A Rainha em Riba d'Isso de Rendal (Arçua), são umas terras de lavoura, prados que lindam com o antigo caminho real, hoje caminho de Santiago, no mesmo lugar turisticamente famoso polo seu albergue de peregrinos. No mapa pode ser observado esse lugar de limite entre duas células menores que seriam a do próprio Riba d'Isso e a de Guldriz / Guldris:
A Corredoira da Rainha da freguesia de Moldes (Melide), com o Prado da Rainha e um terreo de nome a Rainha no mesmo lugar, corredoira que corre entre três castros pola sua periferia:
Outra Rainha, o Cerrado da Rainha, entre a freguesia da Rigueira e a do Monte no concelho de Jove:
A Fonte da Rainha na aba do vale do Mandeu, entre as freguesias de Brabio (Betanços) e Armeá (Coirós), a salientar que aba arriba da Fonte da Rainha está o Rei:
A Rainha em Mabegondo:
A Rainha de Sísamo (Carvalho)
No antigo caminho entre o Castro de Sísamo e Carvalho, passando polas mámoas dos Vilares:
Campo-rainha entre Lier (Sárria) e Frolhais (Samos):
Alguns topónimos estão espanholizados como pode ser Porta-reina, Porta-rainha entre a freguesias de Vilarinho (Cambados) e a de Riba d'Úmia:
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