Este escrito complementa a "Læũa, Murujosa e Mântaras; regos viários?", onde é esboçada uma análise sobre os sulcos limitantes que puderam ter servido de vias de comunicação no alargado período do neolítico à idade do ferro.
Vão três Seselhes: Seselhe da Regueira (Oça dos Rios), Seselhe de Bretonha (A Pastoriça) e Seselhe de Camouco (Ares).
Há outro Sezelhe (Montalegre) que é nem apenas esboçado por não dispor de mapas detalhados.
Sexelhe na freguesia da Regueira (Oça dos Rios) é uma aldeia cimeira com possibilidade de ter relação com um suposto antigo limite, demarcado hoje polo percorrido da estrada de Monte Salgueiro a Cúrtis, com a sua derivação na Queimada.
Limite que foi parcialmente analisado no escrito antedito (Læũa, Murujosa e Mântaras; regos viários?).
Sexelhe tem diferentes modos de ser escrito: Sezelhe, Secelhe, Seixelhe, Seselhe, (talvez Sesselhe?).
Poderia ter tido uma antiga forma Cesselhe?
A informação dada por uma pessoa habitante do lugar, é que a gente que vive ali diz Seselhe, na contorna algumas pessoas dim, dizem Sexelhe, e o dato relevante: que as pessoas que morárom ali e voltam da emigração falando em castelhano, dão-lhe o nome de Sejelle /se.'he.ʎe/, daí que seja pensado que o jeito tradicional, livre de interferências, tenha sido Sexelhe /Se.'ʃe.lhe/ que condiz com a forma transmontana Sezelhe.
As imagens do voo dos anos cinquenta são reveladoras de um lugar de comunicação com o suposto limite territorial antigo.
Seselhe comunica encosta abaixo co vale do rio Mendo, para onde correm as suas augas, e onde está sediada a igreja matriz da parróquia de Santa Maria.
E também comunicado no antigo coa "meseta" de Cúrtis-MonteSalgueiro-Teixeiro polo lugar de Brueiro e pola Ventosa.
O topónimo Brueiro talvez é um pouco opaco, mas só lembrar o que é uma brueira: "abertura num muro para que saiam/entrem as águas", (atenda-se ao referido no escrito "Bro").
No escrito ao que este se referencia, era dada a ideia de que polo lugar cimeiro e de câmbio de vertente, polo que corre a estrada de Cúrtis a Monte Salgueiro, poderia ter havido um muro, valo, ou rego que fazia serviço de caminho e de limite entre os territórios marinháns e os da montanha, este rego apenas tinha uns lugares por onde o passo transversal era permitido, como uma "alfândega" entre territórios; passos que ficaram gravados na toponímia, um deles Brueiro, (abertura num muro), assim como também Porto Moeiro e Porto Cainços, que são mictro-topónimos que estão a pé da estrada de Cúrtis a Monte-Salgueiro.
Sexelhe está na freguesia da Regueira, atenda-se ao significado de rego, Regueira que limita com Rodeiro no lugar de Sexelhe.
Rodeiro remete a caminho, (leia-se em "O ruler que anda de ruler").
Sexelhe poderia ter sido uma célula territorial, cumpre as cinquenta hectares.
Mais gandeira do que labrega polas suas condições de situação, e mesmo pola micro-toponímia indicá-lo, por exemplo a de Chousa de Abaixo está dentro dos limites da tal célula territorial habitada, quando polo comum as chousas aparecem nas células territoriais de monte ou perifericamente nas células habitadas.
Outra possibilidade é que chousa, como noutros lugares, dê o nome a uma agra (terras de cultivo cercadas por muros), e não seja um lugar para encerramento do gando, mas polo comum as iniciais chousas gandeiras quando seguem levando o nome de chousas e são agrárias é porque foram reconvertidas ou transformadas em agras....
As aparentes três "cortinhas" elípticas longitudinais, uma delas com o nome evidente das Cortinhas, fazem pensar na defensa das culturas, dos cultivos de horta, dos animais que pascem, não só vacas e ovelhas, também dos porcos que andavam ceivos, a sua forma de extremos curvos fam, fazem, pensar numa época anterior à romana.
As agras é pensado serem um fenómeno tardo medieval espalhado pola Galiza, e consistem em lugares quadrangulares defendidos por muros e sebes, dentro dos que há parcelas de propriedade individual.
Assi é vista a Agra de Sexelhe como um quadrilátero inserido sobre lindes anteriores.
Micro-toponímia como: o prado da Escada, Camposa, Bulhos, as Lamelas, a Branha (e na dúvida de se a Chousa de abaixo foi uma antiga chousa gandeira aproveitada para chousa agrária), fam,, fazem pensar que o seu foi de sempre mais aproveitamento pastoral.
Dá para pensar num uso comunal de pastagens e particular privativo das cortinhas?
Três cortinhas?, três clãs?
Aparece uma cortinha bem identificada pois conservou o nome "as Cortinhas", e duas possíveis mais por terem a mesma forma, mesmo superfícies semelhantes; uma delas com casas no seu interior: Sesselhe de Arriba?
O que pode indicar um aumento do número de gentes talvez na época do câmbio e aparição das agras?
O sistema supostamente primário de prados e pastagens com chousas, e terras de lavoura cercadas em cortinhas, semelha ser parelho ao dos países célticos das ilhas chamado crochtóireacht; onde as terras melhores são defendidas com muros e nelas é produzida uma agricultura intensiva de horta, e o resto do terreno é dedicado para o gando, havendo dous tipos de terras pastorais: o monte onde o gando pasce em conjunto, e os prados, que no período inicial cultural seriam geridos de modo comunal, ou por sortes como as terras de monte para o centeio. O gando seria encerrado nas noites ou nas sestas nas chousas, uma Chousa de Abaixo faz supor que tenha havido uma Chousa de Arriba? Intui pola forma circular de uma terra com suposto valo arbóreo ou de sebe a norte da célula territorial.
Seselhe é uma aldeia de Bretonha (a Pastoriça) que também faz limite, neste caso sul com outras freguesias:
Neste Sesselhe e contorna limitante de Bretonha aparecem os seguintes micro-topónimos a destacar:
A Calçada, como nome da antiga via e principal(?) que unia Bretonha, passando por Seselhe e Minhotelo, com Meira.
O Azevreiro como lugar elevado que serve de marco de separação (mais neste escrito).
A Lagoa: tema que é controverso pois topónimos de lago e lagoa, em lugares tumulares, e não de lago aquático, é considerado por alguns autores como sinónimo de mámoa; de mámoa com cone superior de escavação para roubo, mámoa violada, mas nestes escritos é decifrada como rego, valo limitante: 1, 2, 3.
Funcionou Seselhe como alfandega ou controlo de passagem par a capital britônica?
Seselhe de Ares, faz limite com o concelho de Mugardos, a zona está modificada polos limites das freguesias de Caamouco e Ares que não respeitaram os limites das células territoriais antigas.
Seja como for também geograficamente faz limite sendo o lugar de passo para Ares, pois as Junqueiras com o seu rio e terrenos alagados, fecham o passo fazendo uma faixa norte sul.
Seselhe interpõe-se na "rua" que une a grande Roda do Castro de Camouco com o Castro de Ares.
Uma linha etimológica deriva Sezelhe / Seselhe do nome de um possuidor germânico Sisellus. Isto é Seselhe teria sido *Siselli "de Sisellus (o lugar de Siselho)".
Segundo um artigo wikipedista: O radical sis-, ses- há a possibilidade de que esteja aparentado com o alto-alemão antigo (anos 500 a 1050) sisu "canção funerária, ritual".
Desta riaz creem-se derivados os nomes de: Sescutus, Sesericus, Sesina, Sesmiro, Sesmundo, Sesoi, Sesuito, Sisa, Sisebutus, Sisegundia, Sisellus, Sisildus, Sisileova, Sisilli, Sisilu, Sisinus, Sisiverta, Sisiverto, Sisivigia, Sisnandus, Sisualdo, Sisuita, Sisuldus, Sisulfus, Zisila.
Outra teoria apresentada faz derivar Sezelhe / Seselhe de Cecília, escrito como Zezelhe no livro: Tentativa etymologico-toponymica; ou, Investigação da etymologia; ou, Proveniencia dos nomes das nossas povoações.
Seguindo um fio de etimologia latina Sezelhe /Sexelhe, (e remarcanda essa pronúncia transmontana com /z/ e a variante galega com /ʃ/, que poderia ser uma indicação para buscar mais diretamente um étimo(?)), abre-se a hipótese duma raiz tipo *siticuli, de situs, sitius ou sedeo, "situado ou assentado, do situadinho?"
Confronte-se com "sexa", palavra dicionariada por Juan Sobreira Salgado (1792-1797) "assento na jamba de uma janela", onde aparece o fonema /ʃ/ de uma supostas formas *sedea / *sitia.
Outras palavras latinas a ver com o sentar ou assentamento com possibilidades de terem evolucionado às sibilantes /z/ ou /ʃ/:
Sessilis é um adjetivo derivado de sedeo, significa em latim "apropriado para assentar, que pode servir de base, séssil, que medra de forma chaparra".
Sessus: lugar de assentamento.
Sessiuncula: pequeno grupo, reunião, companhia, grupo para divertimento.
Situs é particípio do verbo sino que entre outros significados tem o de permitir, permitir ir, permitir a passagem...
Outras possibilidades seria partindo de septus, septuculus, septuculi, "da sebe pequena" ou "do pequeno cercado", "do pequeno impedimento".
Secius: mais baixo.
A partir do grande compilador e estudioso Du Cange:
Sessa: lugar idóneo para construir uma casa, também sedes, sedile, sediolum, sessio, sessus, sedius, sedilus.
Sessilis: de pequena estatura.
Sessina: possessão que o dono libera de pagamento de renda.
Sezleyn: quarto que ocupa o vassalo militar num castelo.
Outra via baseia-se no provençal.
Senzilho dá nome a paxaros da família Paridae, a ferreiros. Segundo alguns autores derivaria do latim cinereum (Etymologien, Kurt Baldinger), com parentes como cendrille, sindille.
Do latim singulais, no provençal existem as palavras senzilhé, senzilho, sengihié.
Sezelho é uma variante do nome Ceselho "Cecílio", como foi dito anteriormente.
Desde o gaélico: sét significa caminho via, passagem, senda. De um proto-céltico *sentus, por sua vez do proto-indo-europeu *sent "ir, dirigir-se a".
A hipótese, os Sexelhes / Sesselhes / Sezelhes da antiga Galaecia semelham "situados" em caminhos ou vias que nalguma altura foram principais, nos seus limites, ou fazendo de passo prévio ao cruzamento de um limite.
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