No antigo francês gardin, descodificado sob os proto-indo-europeu ou desde o proto-céltico como gard-in: "do gard- / no gard-".
Gard- entronca com guardar; no bretão garzh /ɡars/ é a sebe de vedação, com mutação c'harzd /hars/.
No albanês gardh "cerca, recinto, área fechada".
Confronte-se como gardin no francês antigo mudou no francês moderno a jardin /ʒaʁ.dɛ̃/.
Confrontem-se as formas no francês antigo: jart, gard, gart, wart que dão nome ao jardim, avalie-se a mutação da consoante inicial das falas célticas.
No galego da Samora, em Lubiám / Luvião:
A xarda [sárda]. Es uno de los topónimos menores lubianeses que ya recogió KRÜGER; cfr. GK pg. 157, quien lo relaciona con el cast. jalde, port. jalde, jardo, REW 3646, GALBÍNUS.
En este lugar de Lubián es donde sestea la vacada. Sin negar en modo alguno esta plausible etimología, téngase empero en cuenta el port. jarda y járdia 'charneca de rosmano, alecrim, camarinha, joina', para precisar el sentido del toponímico.
Aqui entra a palavra galega xardão, nome do azevinho, talvez no seu aspeto de arbusto de vedação.
E tantos arbustos e árvores que recebem o nome da vedação.
Aqui entra a raiz da palavra guardar.
Sobre o sufixo -im:
O sufixo -im, desde a escola tradicional toponímica, referencia-se no latim -inus, com passo prévio ou não polo seu genitivo -ini, sobretudo em topónimos.
Isto serve para explicar desde Roma o sufixo -im no galego, no francês, occitano e no catalão (-í).
E no asturiano.
Como o mundo está estruturado hierarquicamente, esta atual hierarquia passa para a etimologia?
No gaélico -ín é diminutivo e no galês -in é uma partícula que indica "uma relação de posição, possessão ou origem".
Bom, é onde está a origem dessa divergência?, ou acostumados ao paradigma dependentista: Onde convergem essas duas formas de perceção do subfixo -im?
No asturiano, francês, occitano, catalão?
No asturiano biscainho é vizcaín.
Quer dizer que no asturiano, além de indicar o diminutivo, também ainda indica a "relação de posição, possessão ou origem"?
A não ser que estejamos no paradigma dependentista, onde vizcaín seria uma ultra-correção de vizcaíno, ou uma influência francesa, explicações que ajudam a salvar a situação de refém na que mora a língua asturiana, e assim não quebrar o lugar inferior no que está, submetida desde o nacionalismo espanhol.
Ora no francês é tido por verdade que o sufixo -in, tão frequente nesse idioma, procede sem dúvida do latim -inus e não de um substrato pré-latino, digamos céltico. Confronte-se com os sufixos -ín gaélico e -in galês, diminutivo o primeiro e adjetival, quase genitivo o segundo, que são coerentes com o significado dado polo sufixo -in no occitano, catalão (-í), francês ou asturiano.
A confrontar que similar som no árabe também tem função adjetival ـِيّ (-iyy).
A preposição proto-indo-europeia in "em" tivo uma função sufixal?
Pode ser entendido por exemplo que Berlim é in berl-, "no pântano", ou latim como "no Lácio", camim "da cama / camba / gamba"?
O -im no seu significado diminutivo?
No gaélico antigo o diminutivo foi marcado com -én -án, para derivar posteriormente em -an no gaélico escocês, e -án e -ín no gaélico irlandês.
Este sufixo -ín no irlandês, além de marcar como diminutivo, marca como feminino: Pól (Paulo): Póilín (Paula).
O sufixo derivativo instrumental acaba sendo diminutivo?
No caso do latim, -inus também indica relação de posição, posse, origem; e também acaba sendo usado como diminutivo?, ou o seu uso diminutivo é um resultado da hibridação com línguas de substrato céltico, onde a partícula -in: instrumental, locativa, relacional já funcionava como diminutiva?
Lugares toponímicos do jardim na Galiza:
Trás-o-Jardim em Linhares (O Zevreiro), Jardim dá nome a uma terra com sebe? |
O Jardim em Vilarinho do Hio (Cangas). |
Jardim de Outeiro (Castro de Rei), lugar vedado por regos. |
O Jardim em Rodeiro (Oça dos Rios). |
Jardim do Rei em Penosinhos (Ramirás). |
Jardim da freguesia de Silva (Pol), um espaço retangular também vedado. |
O Jardim em Dodrim de Santa Maria de Conforto (a Ponte Nova). |
Interpretação do lugar de Jardim em Abeancos (Melide):
O Castro de São Cosme em Abeancos (Melide), responde à célula territorial, com as suas aproximadas cinquenta hectares de território agrário. Território que aparece toponimicamente marcado nos seus limites por exemplo: o Real faz referência ao caminho real / rial, caminho "sempre" perimetral às governas; Fisteos / Fisteus faz referência ao limite como ficou esboçado no escrito "Filseira, os limites" , de um suposto étimo latino *filict(a)eus "os habitantes do *filectum", ou do proto-indo-europeu *filze-yós. A norte está o paço de Trás-Pedra, e ao seu lado o lugar de Jardim. |
O lugar de Jardim está ao pé da propriedade do Paço de Trás-Pedra. O Paço de Trás-Pedra situa-se a zona da crica ou rua da briga de São Cosme de Abeancos. O seu nome Trás-Pedra poderia indicar que está trás um marco, fito do território próprio da briga, ou que está baixo um pequeno outeiro que o limita polo lado norte. Trás-Pedra como algum outro paço analisado situa-se ocupando um antigo curro ou -mnd- como o Paço de Mende de Barbeito (VilaSantar) ou o Paço de Vaamonde no lugar do Cucheiro de Sedes (Narão). No couce do suposto curro está o Jardim, que bem podia ter sido um jardim na ideia atual de lugar destinado a plantas ornamentais, exóticas ou de diversa utilidade que costumavam ter os paços intra muros; ou que poderia ter sido de uma camada posterior ao inicial -mnd-, um acrescento ao primitivo -mnd-, na ideia de guard-im, "no guardado / no vedado de sebe". No vídeo podemos ver a hipótese da possível evolução do curro do gando -mnd- do período celto-galaico que acaba fazendo parte do paço. Na romanização a população é expulsada ou abandona a briga, também nas células ou núcleos agrários o assentamento central por vezes é observado a sua desocupação, sediando a população na rua perimetral ou crica, e nos caminhos principais de brigas ou núcleos agrícolas. Com o tempo os curros -mnd- modificam-se, a casa forte, talvez amília ou clã dono do rebanho, passa de estar no espaço próximo ao curro -mnd- a ocupá-lo interiormente o que leva a alargar, agrandar o seu tamanho. Mais tarde ao mudar o sistema de exploração, partir a terra, arrendá-la e viver dos pagos destes arrendamentos, o -mnd- perde a sua utilidade e passa de ser um "gardim" de guardar animais, a um jardim de plantas. Entendo que isto não aconteceu apenas na Galiza, que foi comum à Gália, mas as sucessivas reformas agrárias desde a Revolução francesa modificaram a paisagem de tal jeito que não pode ser observada a continuidade na França, que sim é possível ser vista na Galiza. Para observar que carvalheiras de grandes carvalhas são ótimos lugares para guardar as vacas.
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