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O queixa.

 


O nome do queixa tem-se explicado polo seu som, o seu reclamo que semelha um queixume.

Este blogue tem-se debruçado sobre as estruturas de caça que ainda se desenham na paisagem e com a toponímia condizente.
Nos vértices das estruturas de grandes coussos costuma aparecer toponímia de base casa, que faz pensar em moradias, mas que ficaria na triplicidade de casa habitação, caça lugar de caçar, e capsa, lugar onde acontece o ato de caçar o capio latino, o lugar da armada ou armadilha.
Na toponímia galaica os tantos requeixos e similares são comumente explicados como derivados de capsa "caixa" por uma forma não atestada *capseus hipoteticamente "em forma de caixa".
Há outra palavra latina não tão divulgada nesta busca etimológica que é capsus "curral, gaiola".
Tanto capsa como capsus são derivadas de forma regressiva do verbo capio "cachar, caçar, pegar, agarrar".
O mais raro é a possível relação com a língua aramaica ou  קַפְצָא (qap̄əṣā), sirica clássica ܩܰܦܣܳܐ (qap̄əsā) / ܩܰܦܨܳܐ (qap̄əṣā) "cesto, gaiola, curral".
A raiz protoindo-europeia estaria em *kap- "agarrar", para Pokorny com relação com as línguas altaicas, com uma proto-forma *kăp`è "pressionar, apertar, espremer".
Isto poria-nos no estrato nostrático, no mesolítico.
Nesta raiz está o galês caff com os significados de "agarre, captura com a mão, ato de pegar em".
Aqui talvez haveria que pôr a palavra asturiana cafarnaya "conxuntu variáu de animales cazados".

Depois do apresentado poderia ser posto em relação o caçar, cachar celto-itálico caff capio com o nome do queixa nesse comum indo-europeu de dar uma alcunha, um alcume ao animal de nome tabuado, neste caso hipoteticamente "o caçador", o queixa.

Isto do queixa como "a caçadora" explicaria as palavras para a mandíbula na Península, queixada, quijada, nada tendo a ver com o conceito de caixa, capsa latino, mas sim com o conceito de capio latino "caçar, cachar", neste caso colher com a boca.

O dente queixal é controverso, porque mais comumente é o nome para os molares, mas também é o nome da presa, do dente canino no porco.

Confronte-se por exemplo com os nomes do lince, do queixa, nas línguas nórdicas:
Islandês: gaupa
Feroês: geypa
Norueguês: gaupegaupa
Sueco: göpa, göpe
Lembram ao golpe, volpe (raposo) mas lembram mais a palavra goupa "garra, gadoupa".
Relevante é que zoupada, caída, golpe, também é a pancada de garra e o seu ferimento; o que ligaria a goupa com a zoupa/foupa "caruma de pinheiro", confronte-se com as formas asturianas zarpazu / farpazu, com a farpa e zarpa "garra".

Então poderia ser relacionado o par celto-itálico caff capio com o latim quassāre "golpear", no mundo da caça?
Teriam a ver na raiz o golpe / volpe com os nórdicos gaupa? Talvez derivados de *wĺ̥kʷos?
Assim para o lobo haveria uma linha mais antiga: *wĺ̥kʷos.
Com dous descendentes:
Uma linha Q: *wĺ̥-kos (confronte-se com urco ou o proto-eslavo*vьlkъ (vulku), sânscrito वृक (vṛ́ka) e वृष (vṛṣa)
E uma linha P *wĺ̥-pos (confronte-se com volpe/golpe e lupus). É nesta linha P que *wĺ̥pos >*walpos >*waupos > gaupa?



Vão aqui ser apresentados vários lugares de caça, com etimologia de capsus *caixo /caixa, na ideia de capio "caçar, cachar, capturar, colher":

São Jurjo de Queixeiro (Monfero):


São Jurjo de Queixeiro tem estrutura de cousso.
Pode ser observada a simetria dos becos na sua funcionalidade religiosa e de caça, a norte a sede da paróquia e a sul o campo tumular com a mámoa de Munhis e a do Campo do Mulo.
Queixeiro é uma espécie de nassa que abraça o passo de oeste para leste que atravessa a Serra do mesmo nome, de Queixeiro.
Queixeiro teria sido então um *capsarium, um cural, capsus, onde aconteceria a captura, capio.



Este é um hipotético cousso em Val de Farinha (São João de Louçarela, Pedra Fita), onde o seu beco oeste recebe o nome de Queixeiro de Baixo, Queixeiro de Riba nomeia a parte superior do cousso. A  leste está assentada a casa de Reina.
Entre os microtopónimos a salientar: o comum Pedreira na ponta do bico, ou também na ponta Cortinha como corte na evolução de caça com morte a captura com vida, também os topónimos vedatórios Muragos, Barbeitim (barbeito é entre outras cousas um cômaro) Paredes e Lindeirão, todos em um pequeno espaço. Já o evidente Bustelo.
Indicar que o nome de Queixeiro que aparece recolhido também como Teixeiro, gralha?




Os Queixeiros de São Pedro de Líncora (Chantada).





Santa Maria de Queixas (Cerceda), com vários coussos:




Queixade de São Lourenço do Mao (Oíncio)




Queixona de São Miguel de Bivilhe (sárria), uma evidente caixona?                                         










Caixeira /Queixeira de São Paio de Cundins (Cabana de Bergantinhos)
Cundins pode ser percebido como do grupo kunt-/kund- já analisado:
1. Poderia ser do grupo do latim contus e grego κοντός (kontós) "poste, estaca, chuço, aguilhada".
Sânscrito कुन्त (kunta) "lança".
2. Poderia ser do grupo do sânscrito कुण्ड (kunda) :
-Vasilha em forma de tigela, grande cunco, escudela; jerra.
- Buraco na terra, buraco na terra para fazer lume, buraco na terra para um ritual de consagração do lume; buraco para conter água, piscina, açude.
3. Poderia ser da raiz de esconder, latim condo condere "juntar; construir, estabelecer, fundar; esconder; concluir".
4. Poderia ser da raiz de gunda / munda como: rebanho, vedação. No hindi मुण्ड (muṇḍa) "vacas em grupo ou círculo / vacas ou grupo de vacas" / sânscrito मुण्ड (mund).
5. Desde Pokorny como "esquina, cone".



Cadaval da Queixa em São Vicenzo dos Vialres (Guitiriz).


Queixeiras em São Jião de Lendo (na Laracha), dando nome ao beco sul de caça, captura de uma estrutura que começaria sendo um cousso de caça na cabeceira do rego da Perucha, para posteriormente ser alargado, ampliado e transformado em granja neolítica.

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