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Moldes

 Há diversas etimologias propostas para moldes.
Aqui vai ser mostrada a ideia que fica no ásture-leonês moldeira / moldera:

Moldera / moldeira, la
Reguera, riegu o canal fecho en la tierra pa conducir el agua del riegu.
Gran canal que surte de agua los molinos (en Astorga).
Cantidá de agua que enllena los canales de riegu.


Aqui apresento Moldes do concelho de Varjas (na faixa do Berzo lindando com a Galiza administrativa):




Neste mapa estão marcados os canais, alguns naturais, mas outros possivelmente antópicos.


O caso de Moldes entre São Martinho de Oleiros, São Pedro de Palmeira (Ribeira) e Santa Maria a Antiga do Caraminhal e Santa Cruz de Lesão (-om) (Póvoa do Caraminhal): 

Moldes na freguesia de Viduído (Ames):



Rego de Moldes em São Simão de Ons de Cacheiras (Teu):


Moldes de Santa Comba de Cordeiro (Valga):


Agro de Moldes em São vicente de Augas Santas (Rois):


Moldes de São Julião de Luanha (Brião (-om)):


São Mamede de Moldes (Boborãs):


Moldes de Abaixo em São Martinho de Moldes (Melide):


Paço de Moldes em São Vicente de Manhufe (Gondomar):


Moldes na freguesia de São Martinho de Prado (Lalim) neste caso algo transformado pela via do trem e a construção de granjas na sua parte cimeira, mas na mesma imagem que os Moldes anteriores:



São João de Moldes /sɐŋ ʃu.'aŋ/ (Castropol).

Então os topónimos Moldes galaicos poderiam ter a ver com a mineração, depois de todas estas imagens, uma mina não subterrânea, mas um corte no terreo seguindo o veio mineral?
Palavras próximas a la moldeira / moldera "canal" seriam:
O polaco mulda "depressão na superfície da terra".
O alemão Mulde "buraco, depressão", com cognados germânicos como o antigo inglês molde "sujeira, poeira (solo solto); solo (superfície da Terra); (figurativamente) sepultura, leito de morte; o mundo, o planeta (a Terra); argila (substância mineral)".
Na língua ingriana multa "terreno de terra solta", com formas cognadas nas línguas fínicas *multa "terra, terreno, chão".
No leonês a palavra muelda "avalanche de neve, deslizamento de terra" poderia estar neste grupo partilhando a mesma raiz. (Pode ser consultada no blogue Valdeyera  com uma análise toponímica topográfica de La Muelda: ladera erosionada).
No basco moltso "montão desordenado".
Isto nos poderia levar a interpretar o latim multus, arcaico moltus "muito", talvez na mesma origem que montão, como "um monte de" para dizermos muito.
Confronte-se com as formas gaélicas moilmul "montão, pilha". Com o inglês da Escócia mull "promontório"
Ou com o galês mwl "massa, protuberância".
Que abririam a uma possível interpretação do latim mōlēs "mole, cúmulo, massa, acervo" e multus, como sediado na ideia de montão e não em moer, e o protoindo-eurpeu *mel- "forte, grande", tido por lexema, gerador de multus, poderia ser percebido cesde outro ponto.

Assim a palavra inicial que geraria o atual topónimo Moldes, poderia ter nascido, juntando os significados diversos aqui apresentados, da ação de cavar na terra, um rego "la moldeira", daí a palavra teria divergido: para o monte de terra cavada que foi retirada da trincheira, terra solta "argila", e também para o buraco que serviria para conter algo, silo, e para o vaso de argila, e daí para o molde ou forma.

Neste caso: a Casa do Móldez e o Eido do Móldez em São Pedro de Burgueira (Oia). A salientar que o lugar recebe o nome de Bonaval, mas que bem poderia ser Bo(m) Nabal, boa depressão, na ideia peninsular do topónimo Naba.
Quanto a Móldez, e não Moldes, entenderia-se pola pressão zetacista?
Ou todos os Moldes teriam sido anteriormente Móldez "do *moldo / da *molda"?



Moldes da freguesia de Pinho (São Pedro do Sul).

Então estaríamos diante de regos de mineração batizados desde as línguas germânicas do período suevo?, ou estaríamos diante de regos de mineração nomeados desde o estrato protoindo-europeu?
A análise arqueológica destes regos, destas grandes gaivas, supostamente de mineração, permitiria conhecer se na chegada sueva eram já ancestrais, ou se fôrom abertos nesse tempo, mas também a presença de palavras similares na mesma raiz limita considerar a sua origem como relativamente recente.

Assim no asturiano boldre "lama, lodo" (que explica os verbos galegos boldrar "pisar lama, cruzar descalço caminhos enlamados ou ribeiros" e boldrear "sujar de lama") ajudaria a perceber a divergência da palavra, com variação da consoante inicial, de uma mineração *mold- para *bold-, para a sujeira, com a mencionada relação com as formas germânicas, no gótico Mulda / 𐌼𐌿𐌻𐌳𐌰 / ᛗᚢᛚᛞᚨ "poeira, sujeira".
No asturiano da raiz de boldre "lama", há uma palavra que têm relação com a minaria:
Boldregada: volume de agua procedente de los minaos (mina abandonada). Aqui à par haveria que pôr o catalão das Baleares boldro: glopada o raig líquid que surt o cau amb força.
Já no galego terá sido mais produtiva a variante com a: baldr- para a sujeira: baldrear, baldreu, baldrugueiro, baldrida ....
No occitano do norte baldra "lama, lodo; lixo", com as variantes bóudro, bouldro.
Relevante nesta esculca é a palavra baltrão (-om) "leito do rio".
Assim baldre / balde seria a esperada divergência de mold- buraco mina, a buraco silo, lama, contentor e vaso, ainda que o vaso poderia nascer de barro por ser este o seu material.
Confronte-se que vasa é o fundo de fango, lodo, limo, de um lugar aquático, mar, rio, lago.
Na ideia de sujeira, poderia ser incluída nesta família as palavras zoldra, zoltra e goldra, que dão nome à lama? Confronte-se com goldre/coldre.

Ribeira do Minho, na freguesia de São João de Amorim (Tominho) de nome Moldres, estaria não a falar de um rego de mineração, mas talvez na linha do inglês medieval molde "argila", e do asturiano boldre "lodo", e de moldeira /moldera "canal", como uma ribeira de lama, de lodo, fango?
Ajudaria isto a perceber a raiz toponímica do rio Moldava da Chéquia e o Moldávia da Moldávia, talvez outros hidrónimos, como rios que correm por chairas deixando lodos, lugares lamacentos, no seu discorrer sinuoso e lento?

Hipoteticamente haveria uma raiz *mold-/bold- com a variação *gold-/*kold- (zoldra, goldra) que nos abririam a hipótese de uma linha p e uma linha q para definir a lama. Dada a grande variabilidade da consoante inicial, levaria a pensar numa raiz de uma camada linguística ancestral.
Confronte-se com toldo "entoldado", e com estolda "canle, canal, do maço da ferraria".
Assim o neerlandês polder "pólder" poderia sediar nesta palavra de lama, lodo hipoteticamente: *kwolth-.












Hitita mudai- "cavar, cavar um buraco, remexer na terra"

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