Carricoche é um nome não dicionariado na Galiza para os bugalhos, ou nozes-de-galha dos carvalhos.
Sim, está recolhida a palavra carricocha que dá nome ao fungo da madeira, fungo-pavio, (Fomes fomentarius, ou Phellinus igniarius), com as variantes caripocha e carripocha.
A relação entre o bugalho, e um carricoche, como carro ou coche, semelha evidente, mas a proximidade da carricocha abre uma outra porta para buscar a sua origem.
Este fungopavio seco, a carricocha, foi usado como isca do lume, daí o seu nome.
E tivo, tem, um uso mágico religioso integrado na religião católica, numa cerimónia de "lume-novo".
No Sábado-Santo as crianças levam à misa o fungo seco, apanhado por Janeiro, e uma jerrinha.
Antes de iniciar a misa prende-se um lume no adro, e deixa-se um balde com auga fora.
Ao acabar o culto, o crego bendiz a auga, da que os pequenos e pequenas colhem uma pouca nas suas jerras, e prendem, no lume do adro, a carricocha que levam para casa.
Na casa, com o lume da carricocha encende-se um lume novo, morto antes o lume velho.
Car- e cocha
Cocha pode ter relação com o latim coccum, confronte-se com coccinea nome para a cor escarlata, por aqui anda pois a cozedura?, sendo coccum no latim o nome de bagas, substâncias de pigmento avermelhado, (os bugalhos, as bagas, as cochinilhas
No grego há κόκκος, (kókkos), com um amplo significado igual que no latim, dá nome às cochinilhas e plantas e bagas tintórias, também aos testículos e ao Quercus coccifera, o carrasco.
Então aqui á está o rebúmbio feito.
Car-rasco
Carri-cocha
Carri-pocha
Carri-coche
Carra-boujo, carra-bouja, carra-boulho, carra-boulha, cara-bujo (carraboujo é outro nome na Galiza para o bogalho, além de boja).
Carr-oucho
Carra-boco
Carri-boca
O prefixo car-, foi falado de poder significar como no céltico, árvore, car também é transpotar.
car pois, junta o porte / poste, com o transporte?
Outra cousa que chama é que cocha, (cozida) esteja à par de pocha, onde o pochar está ao lado do cozer, no lugar que está a escarlata, na cozinha.
O que fai pensar que o radical coch-, (cocc- talvez no grego e latino sem fonema /t∫/) deu nome ao lume?
No galês coch é o nome da cor vermelha.
No galego, este vermelho quente pode estar no nome da vulva, como cocha, mesmo nomear polo seu carácter quente à porca, cocha.
O jogo da cocha, ou da porca, é um antigo hóquei, onde se intenta meter uma bola num buraco, (oco-hóquei), buraco que é a cocha.
Talvez o primitivo lar é isto: uma cocha, limitada por quatro lajes, como é visto nos lares dos castros estudados.
Dai o acocho, o cocho e o acochar como o ninho quente de agarimo.
Quando dizemos carricoche, carripocha, caripocha, carripocha, estamos a falar de os portadores do escarlata?, ou das madeiras, árvores do lume?, ou dos querençosos no caro, cuidado do encarnado?
Carne? Ou os portadores do coco? Ou o coco da árvore (crann)?
No galês o bugalho é chamado darafal, (maçã do carvalho), também no inglês, oak-aple, no bretão aval-derv, no alemão Gallapfel, no galego há: maçã de carvalho, maçaruca, maçacuca, maçã de cuco, maçau, (mação).
Os nomes asturianos:
cascariela
cúcara
cucaracha
flaire
fogu
manzana del cuquiellu
manzana.
A relação entre o bogalho e o cuco.
Um nome galego-latino-grego é coca, ou coco, (coccus, κόκκος), com esta raiz coc-, há o cócaro, (dos cocos), e a maçacuca, interpretada como maçã do coco, ou maçã do cuco.
Quando se fala do carricoche ou da carricocha, também poderimos estar a falar da carri-coca, da coca do carn, da coca da árvore.
No Panamá, na região La Mesa, uma carricocha é uma cabaça esvaziada para fazer música.
Os bugalhos grandes de carvalho são esvaziados com habilidade, furgando com um arame, limpando a sua polpa interior, polo buraco que saiu a mosca fai-se isto. Esse buraco deixa-se de um diâmetro de 4 ou 5 milímetros, e por ele assobia-se a eito de frauta de pã, o som imita à ave-laiona.
Sem comentários:
Enviar um comentário