Goiva: (regionalismo) leito profundo e estreito de uma corrente.
Góvia: sanja, rego cavado a sacho para plantio de couves. Confronte-se com gávia / gaiva.
No mapa podemos ver que Goive é uma góvia, uma sanja.
Goive seria "da sanja", um genitivo tipo goivis ou govii.
Supostamente de um latim tardio gubia.
Mas também com o sânscrito गभ (gabha) "fenda, vulva".
Goive de Vilar (Pontedeume). |
Duas imagens de Goivetas / Goibetas de Santa Maria do Burgo (Muras), onde são visíveis as gaivas, talvez de mineração antiga, uma delas com o nome de Furada. |
Já outro topónimo mais conhecido é Júvia, grafado na norma ortográfica espanhola para o galego como Xubia.
No gráfico podemos intuir polo que o nome de Júvia é tal, atenda-se ao alcantil cortado a pico.
Alcantil que também aparece nas Júvias da Crunha:
Se quadra por isso Juvial, freguesia de Melide tem esse nome ao estar na encosta do Bocelo?
Pode ser que goiva / góvia e xúvia tenham a mesma raiz, numa palavra céltica tal que:
Do hipotético gaulês *gulbia, no gaélico escocês gilb (gúvia, formão instrumento para trabalhar a madeira), no galês gylyf (fouce), de um Proto-Celtico *gulbi (picaranha), no antigo irlandês gulba (bico, boca, queixo, faixa estreita de terra), no galês gylf (bico de ave, nariz pontiagudo, focinho de cão ou de peixe, instrumento pontiagudo, cuitelo), no antigo bretão golb (bico de ave).
Então a hipotética forma inicial raiz céltica *golva teria no galego as seguintes formas: goiva, góvia, golga, gola, goula, grova, engrova...todas elas relacionadas com cortes no terreno, passos estreitos, mesmo lugares mineiros.
Assim uma palavra não dicionariada é engóvias "enrugas da pele".
Há que ter em conta as formas asturianas de grova como brueba / bureba.
O que levaria a um hipotético étimo *wolva / *worba / wroba, "vulva como buraco".
Desde a etimologia latinista scrobis seria a origem da palavra grova.
Na ideia das mutações da consoante inicial a *golva, na gheada presente dá a ghoiva, que teria formas em lenição total como hoiv-.
Está aqui o ouvido? como buraquinho?
E Oviedo como o sanjado?
Numa maior fortição nasce a júvia.
Talvez aqui estejam também as origem das loivas, loios e loivos, com um passo intermédio de *golva a glova, ou grova.
O que faz a grova mais antiga do que as outras palavras.
Sendo assim, teríamos que o étimo inicial das aberturas ou cortes seria glob-, grov-, que reúne o golpe e o grove ou grova como também lugares de minaria, canteiras.
Seria pois desse glov- inicial que nasceram os lóvios / loivos, com as formas das Astúrias llueva, youva ...
Atenda-se à proximidade entre grova e cova.
Confronte-se com a etimologia do inglês grave, (tumba).
A aldeia de o Grove, Ogrove em Andrade está assentada numa antiga canteira ou num antigo cemitério?
Pois sim, agora deformada polo polígono de Vidreiro, pero ainda percebido desde a antiga estrada Betanços-Ferrol, depois de passar as gasolineiras de Vidreiro e antes do Cruzeiro, na curva, o cacho de estrada velha indica a antiga fenda mineira.
Ogrove (Andrade) |
Estre golv-, tem perto o goio, como buraco, mesmo o gojo como cesto. Atenda-se à palavra leonesa de de Sajambre yueba, cunca.
Este buraco está nas palavras gueyu, olho, foxo, foio ... Na mesma génese nascidas de um goio que por sua vez é uma variação de *goiua / goiva / grova, que tem por cognato o latim fovea que semelha uma lenição de /hoive/ goive. Confronte-se com foio.
O Divino Iovis? Tem a ver com buracos? O dia jovis, o joves ou quinta feira?, é pois o dia do buraco?
E se Ogrove, as grovas tivessem que ver com o cobre...
Está cuprum pelo meio.
topei aqui por acaso e fiquei atordoado, meio azamboado, com o quilate de erudição com que foram entretecidas as meadas do conhecimento etimológico (e não só!) aqui apresentadas. grande malha!
ResponderEliminarfaz falta aqui uma espécie de índice dos temas, para melhor se percorrerem os meandros deste aprazível labirinto, qual fio condutor para perplexos e curiosos deste vasto temário.
cs