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Alacarar





É por isso porque o camalhão tem feito o caminho.

O ferir de silvas e tojos, o ferir de espinhas que rasgam é chamado de alacarar, que não vem mui definido nos dicionários.
O lexema desta palavra semelha ser -lac-.
Com o cognato asturiano llácara.

Lexema lac-, de cortadura, que aparece em lacerar, do étimo latino lacer, adjetivo que fala de lacerado, de cortado em peças; lacarear gretar..
Remete este grupo a um protoindo-europeu *lek

Outras palavras força no galego com o lexema lac- que dão ideia de corte: laquiços, e eslaquiçar, (pedaços, e despedaçar).
Laquear, o mesmo que lanhar, gretar, rasgar, abrir com um corte, usa-se frequentemente para falar de abrir a sardinha ou outros peixes polo ventre na linha média e vaziar as suas tripas.
Laqueiras são as orelheiras do arado.
Eslacoar, eslacaçar, eslacumar / eslacomar.
Ablaquear e ablaquecer: cavar derredor do pé de uma árvore para expor as suas raízes ou reter as águas.

Esta raiz lak- lek- para a talhadura tem de ser antiga, pois no finês cortar é leikata.
Laco no galego é o puxão que se dá na tança, no sedal, quando pica o peixe para que o anzol crave.
Por aqui anda o inglês leak.
O galês llec, buraco, rachadura, fenda.
O asturiano llazonada: cortadura com navalha ou similar.

Então aqui entra a relação entre o entalhe e a lei, sendo o laco, a *lacada na terra, a marca da lei.

E entende-se melhor o que foram os lagoeiros, lagüeiros, legüeiros iniciais.
Os que tratavam do laco, ou da lagoa.
Laco que seria o sulco limitador, como até hai pouco eram limitados os montes por uma cova perimetral?, laco que era o caminho por terra de ninguém do aqui para o além...?
Laco, lacuna, e os topónimos semelhantes tem um étimo anterior ao da lacuna romana, lacus, (entendida lagoa como grande poça de água), um étimo céltico ou chame-se-lhe x, que antes do que ver com água, poça ou poço de água, tem a ver com "talhada" na terra, com rego, por isso a sardinhas são laqueadas.
Gaélico lag "buraco, cavidade; caverna; depressão entre dous montes de terra".
Quer dizer que as mámoas violadas poderia segundo a ideia "romana" serem chamadas de lacunas, ou lacos polo tal cone de violação, ou por serem lacos, covas, tumbas.
Mas que ao lado das mámoas costuma haver um rego que é uma LEGOA, (Eligio Rivas Quintas (1978): Frampas, contribución al diccionario gallego, CEME, Salamanca).
LEGOA é nome dado nalgumas zonas da Galiza, ao rego do arado.
Legoa que significa o tudo feito polo arado, o camalhão ou lomba e a cova.
Quer dizer que a paisagem ancestral tumular está composta de dous elementos base a mámoa e um rego (que tem de nome legoa).
Quer dizer a lacuna latina é cognata da *lekua "céltica", mas divergente no significado.
Confronte-se com o galês llech:
lousa, piçarra
lousado, teto de piçarra
laje, lápide
rocha
marco
marco de légua
légua
núcleo, centro
inchaço, orelhões ou caxumba
raquitismo
oculto, assejante, mirão, astuto, covarde
esconderijo

A etimologia para llech:
Antigo córnico lehan "lousa de teto", Bretão lec’h, Irlandês medieval lecc, Irlandês atual leac, do céltico: *likkā, *plikkā, *plikkā, ou *plā-k-.
Aqui está a laja ou laje.

É por isso que acompanhei o escrito de um vídeo, onde é evidente a mámoa, e é evidente o "rego", a paisagem completa: a mámoa e a legoa, ou rego, que aparece por exemplo em Dombate, e em mais mámoas que vim polo país adiante, regos, legoas que passam desapercebidas pois é considerada "corredoira" erodida nalguns casos, ou ignorada.
Se as aivecas do arado são chamadas laqueiras não é por casualidade.
Também não é casualidade que no antigo as mámoas marcassem itinerários e limites, caminhos polas raias de territórios, territórios que eram marcados com marco de mámoa, "simbolicamente" e não, sendo também arados polo rei da croa, no seu perímetro, fazendo "lacos" coas laqueiras do arado que criavam uma legoa, um rego profundo pola milenar cultura que estivo assentada sobre o mesmo território repetindo as práticas continuamente, quase até a atualidade, onde ainda os avôs do mesmo jeito delimitaram propriedades rústicas, cavadas de marco a marco, fazendo uma valeta chamada "cova".
Apenas é apontar a possibilidade da origem céltica, e de que os topônimos Lagoa, Lagua, e variantes, antes de ter a ver com o cone de violação, tenham a ver com a LEGOA do sulco do arado, com o rego que costuma desenhar a paisagem tumular.
Se se quer tirar do fio da gênese da palavra pode-se buscar no romanço lacerar, ou furgar nos laquiços.


Elixio Rivas Quintas no seu dicionário etimológico (Dicionario Etimolóxico da lingua galega, Ed.Tórculo comunicación gráfica. Santiago, 2015) recolhe a palavra léboa e põe-na com a variante légoa, (mudança de tonicidade) com o significado de "sulco e relha do arado".
Aparenta-a com leiba, leiva, léiboa, cortaléiboa.
Leiva no português dialetal é a parte alta do suco, a manta de terra.
Léiboa / Léivoa: terrão que levanta o arado.
Cortaléiboa: é uma relha superior no temão do arado para cortar as léiboas, os terrões que a relha levanta e não desfaz
Leiva:
aduela, tábua encurvada que forma o corpo da pipa, tonel ou recipiente de madeira
cada uma das tábuas que formam o piso de madeira, ou o teto dos quartos
sulco feito pelo arado
torrão, terrão que levanta o arado, cada um dos torrões grandes que arrancam e desfazem conjuntamente três cavadores da roça que lavouram acompassados
terreno disposto para o cultivo, gleba
cômoro, talude entre propriedades agrárias a distinto nível
valado de terra, pedras e vegetação que separa um terreno agrícola de outro
relha de arado
cada uma das pequenas relhas do sachador de milho

Então aqui nasce uma nova hipótese para levar, pois as levadas são regos que levam água.
E uma leva é um conjunto de moços que são levados para a guerra ou para as fianna?
Leia-se "Dez cosas que debes saber sobre o Carnaval, Antroido, Entrudo, Peliqueiros, Pantallas, Ursos, Lobishomes" de A. Pena
LEVA: Dícese de la reunión de ociosos y vagos, que solía hacerse por la justicia para destinarlos al servicio de mar o tierra.
A gente da leva é a gente da rua, a tropa da tralha.
Por isso a leva é também uma palanca, um pau, um eixo de transmissão.
No sistema demográfico antigo, o masculino que não era possuidor de terra começava a sua vida percorrendo as leivas, leivoas; cavando no monte, servindo, mas fora disso também andava nas levas, na guerra ou na pilhagem..., percorrendo caminhos.

Tem a ver esta leiva com loiva?
É lévoa / léboa uma redução de leiboa, ou ambas as formas remetem a possíbeis lembula, lelbula, level?
É léivoa parente de lei?
Daria para entender que a lei primariamente antes da norma escrita foi o marco e rego grafado na terra de limite.

Sobre o legão e o legoeiro já se escreveu aqui:
Há no galego palavras próximas que falam disto e que nos ajudam a ir ao profundo, onde o legoeiro, lagoeiro, legüeiro, cuidava do caminho, da su marcação com legoárias, e com o seu instrumento o lagão, legão ou ligão tapava as lacunas, ou buracos, ou marcava a LÆ-HŨ-A cavando.


O lexema raiz lac- de lacos et mamolas tem a ver com lacra?
Lechinos roçaduras no coiro do animal pola sela de montar.

Outra rama de lac-, lag-, laco, legoa, tem a ver com lex latino, que está aparentado com ligar na palavra lego "eu reúno", reunir, de um protoindo-europeu *leg- *lek-.
Se colhemos a rama germânica law, tem um étimo semelhante, no inglês antigo foi lagu, da raiz protogermânica *lagą que vem falar do "estabelecido, do fixo", confronte-se com to lay.
Nesta primária gênese da palavra neolítica e na longa perduração milenar dos costumes, houve uns núcleos fixos delimitados por tempos e tempos de adaptação, o fixo era o ari, ou ári@, que tinha uma área e uma aira, que tinha arado e arava, que marcava com ara, do herdo, um aro de terras, e o outro grupo era a leva, o excedente populacional.

Tanto o lugar como a praça, o locus e a platea,, tenhem relação? Celta p e celta q
Outro nome de feridas é chaga, que tem a ver com plaga no latim.
Tanto plaga como lac- terão a mesma origem?
A placa original que foi então uma laca?
E placar?
E onde está na série de celta p e celta q o celta q aqui?
Poderia estar em crica?
Se a raiz é lak- / lek- lark- / lerk-, com as formas pla(r)k- / ple(r)k- (praça, placa...) e kla(r)k- / kle(r)k-, *kle(r)ka é a fenda, a crica, a vagina. Ou a crica tem a ver com a circa?
Que foi antes o ovo ou a galinha?
O grego κρίκος, dá a razão, o circus, o círculo saem do κρίκος; κρίκος que nasce do *kle(r)k-.
Assim no gaélico irlandês: "crích"

Mais ideias: a família germânica do jogo, play, tem a ver com esta raiz lak- lek-, pois era com jogos que a lei, o laco se marcava?
Cortado e colado do wiktionary:
lake:

1.(obsolete) An offering, sacrifice, gift.
2.(dialectal) Play; sport; game; fun; glee.

From Middle English lake, lak, lac (also loke, laik, layke), from Old English lāc ‎(“play, sport, strife, battle, sacrifice, offering, gift, present, booty, message”), from Proto-Germanic *laiką ‎(“play, fight”), *laikaz ‎(“game, dance, hymn, sport”), from Proto-Indo-European *loig-, *leig- ‎(“to bounce, shake, tremble”). Cognate with Old High German leih ‎(“song, melody, music”) and Albanian luaj ‎(“I move, play”). More at lay.


Confronte-se que la(r)k-, dá o largo, a praça, e o largo espanhol.

Nesta série xlæ(r)k- da fenda ou fratura, (onde o xis de xlark- é a consoante mutante p, b, v, f, h, m) dá nome á unidade marco territorial da época do bronze.
Pode-se ver algo mais em bro.

Outra cousa do radical lak, é vista no inglês onde lake, talvez originariamente antes do que lago foi o que ainda é:
Lake:
A small stream of running water; a channel for water; a drain.

Outra ponla deste radical *la(r)k- é nak-, sob a lei das mutações do céltico antigo, com naco ou anaco e esnacar, esnaquiçar, na ideia de partir, parelho com as variantes *sla(r)k- eslacaçar, eslacoar, eslacomar / eslacumar ....

Lugar, casa, do Lago da Froxa de Carelhe, talvez um laco marcador de limite.

Do mesmo jeito que entre lazer e prazer (placere) semelha haver relação.


São Lázaro. O lacerado que tem lacras.
Dous Lázaros conformam o "imaginário religioso cristão" que por aqui foi implementado.
Um deles é um leproso que pede polas portas...
O outro Lázaro é um amigo de Jesus, que é resucitado...
Sobre a etimologia de lázaro tem-se por certo que provém do grego
Λάζαρος, por sua vez derivado do hebreu אלעזר (El-eazar) "deus ajuda".

Se decodificamos o nome grego Λάζαρο, trata-se de um genitivo plural, do radical *λάζα, viria ser algo assim como "o das *lazas". O que questiona muito que a etimologia venha do hebreu.
Dá-se-lhe a volta ao conto, a palavra original *λάζα é anterior e raiz do nome bíblico.
Lacer no latim, com raiz protoindo-europeia *lek- (“rasgar, desgarrar”); no albanês lakur (“nu, espido”), no russo лочма (ločma, “fragmento, retalho, farrapo”), e no grego antigo λᾰκίζω (lakízō, “quebrar em peças”, confronte-se com os laquiços do arado, as aivecas).
Um radical protoindo-europeu lak-, laz-, lax- com ideia de corte, chaga, volta a aparecer.
Laxar: lesar, aleijar...



llazar
llazar [Md. Pzu]. llaciar [Ay]. llaciar [Llg. JH].

Lazar, atar, enlazar [Md].
Lazar, echar el lazo [Md].
Hacer un llaciu pa poner la carga a la montura [Llg].
Lacear, liar [JH].
Atar con los llacios [Ay]
Vivir ocultu [Ay]
Gustar munchu de un llugar apartáu.



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