http://www.surarial.com/el-castro-de-santa-trega/ |
Que foram interpretadas como lugares onde era disposto um poste central.
Mas assim na foto?
A interpretação poderia ser que dum lado sejam entalhas para afixar o burro, daí a pedra central, o trasfogueiro, para separar o lume da base de madeira do guindaste.
E os buracos do outro lado?
Estas pedras com buraco perduraram nas lareiras galaicas até "hoje".
Em palavras do autor das fotografias seguintes e da descrição explicativa que segue, José Manuel Bouzo Limia, a quem lhe agradeço ceder as fotos e o seu saber:
...a bica na miña aldea era un pan de millo, deliciosísimo, cocida na lareira, púñaselle encima un testo dun pote de ferro, ou un testo cerámico confeccionado ad-hoc, e encima do testo moitas brasas...confeccionándose así un forniño...
Ista lareira era tan extraordinaria que tiña isa pedra engadida...sácase e métese...Unha lasca do mesmo grosor que a profundidade do burato cavado:
...unha terceira pedra, no decir dun vello da miña aldea, era a pedra de facer a bica de centeo....dous buratos...
Aí tes o testo da bica, encima do burato...entendedes a función?...como nas tajerines marroquinas...debaixo un oco na pedra, a modo de cunca, que se quenta moitísimo co lume posto que é lareira...cando está suficientemente quente colócase a masa de millo, encima tápase co testo (nós utilizabamos un do dos potes dos porcos), e encima brasas, preferentemente brasas de carozos de millo....un mini-forno.
No Barroso, segundo conta Bouzo, informado polo Padre Fontes, a pedra é chamada "pedra do bolo".
No castro de Cuanha, na foto que é vista mais abaixo, aparecem estas pedras de granito, descontextualizadas, pois as primeiras escavações desituárom-nas e agora não é sabido, por quem guiam a visita, a sua função:
http://www.castrosdeasturias.es/castros/46/15/el-castro-de-coaa |
Seriam pedras dos bolos?, seriam almofarizes?
Pedras do bolo que podem ser observadas reutilizadas, como no mosteiro de Melão (Melom), fazendo parte do piso, (cortesia de Lola Kaindl):
Sobre a estrutura do lar nas casas dos castros da idade de ferro, tem-se elucubrado muito.
A habitação foi pensado que teria um poste central, sobre o que descargaria parte do peso da coberta, e ao lado de tal poste estaria a cozinha, lareira.
Mas esta estrutura assim pensada é fortemente inestável dado que dispor um poste de madeira, a jeito de coluna, ao lado do lume é muito perigoso como para ter sido desenho comum.
A palhoça disporia de um sobrado superior com traves que iriam de parede a parede, com uma trave central e talvez um chão do faio feito de faias (tábua fina de pouco peso), isto é na ideia de ser feito de varas trançadas (a etimologia de faiado ajuda a perceber a sua primária conformação). este sobrado ocuparia o espaço cônico sob o colmado.
O soalho estaria armado sobre uma trabe principal diagonal, e talvez traves menores que poderiam não ter uma estrura radial mais paralelas á trave principal.
A palavra asturiana gamayeru junto com os cognado galego gamalheira e a sua família léxica ajudam a percebermos melhor esta estutura.
Gamayeru dá nome á trave da que pendura a gramalheira da lareira, dá nome á mesma gramalheira, e dá nome ao lugar onde é guardada a gamalhada, a ramalhada para o lume.
Sobre a lareira da casa castreja também haveria uma gramalheira, que seria uma trave principal da que penduraiam uma corrente ou cadeia.
Gamayeru está formada sobre as palavras gamaya e gamayu, com os seus cognados galegos ramalha e ramalho.
A destacar que ramalheira é nome também da gramalheira.(1)
Isto leva a pensar num primário forte pau em forma de cambo segurado na trave principal diagonal do piso sobre a zona da lareira mas distanciado o suficiente como para que o lume não chegue com calor suficiente a ele.
Quer dizer, o burro ou guindaste sim seria um pau de cima para abaixo, afirmado no chão e segurado na trave, com um cambo no extremo, separado o suficiente do lume como para que não prenda nele.
(1)Ramalheira é pensado ser uma aférese de gramalheira (
Gramalheira em galego tem as formas de garmalheira, gamalheira ramalheira cambeira, carmalheira, cramalheira, camalheira, cambalheira.
Onde pose ser percebida uma mutação da consoante inicial da palavra r / gr / g / c,
Estavamos com a gramalheira e gamalheria, com o gamayeru, la gamaya e el gamayu...Estas palavra da raiz gamalha quebram a etimologia comum da palavra ramo.
Ramalho e gamalho semelham pois e são a mesma palavra e supostamente não confluentes e dum étimo comum: ramo/*gamo.
Gamalheira, gramalheira, garmalheira, ramalheira, fazem pensar numa palavra anterior com gheada que se ressolveu posteriormente em fonemas /g/ e /r/ ou conservando o /h/ /hr/.
Gramalheira que também é uma cremallheira, cramalheira, um cambo.
Para percebermos que o gamo, o animal selvagem de cornos, pode levar o seu nome pola equivalência entre ramo=gamo (confronte-se o ram inglês o carneiro).
Esta palavra gramalheira em espanhol é calamillera, no asturiano, além do gamayeru é calamiyeres.
Vale pôr aqui diretamente as definições das palavras asturianas calamiyeru e calamiyera para percebermos do que estamos a falar e da sua continuidade.
calamiyeru, el
Significado
- Tronco que sirve para evitar, en las cabañas del puerto, que el mullido de la cama se caiga hacia el fuego [Ay.] . Madera que se coloca en la cabaña para separar el llar de la cama [Ca.] y de la entrada [Os.] . Madero longitudinal que constituye el borde de la camera [Sb (= encruciyón).] . Tronco de madera que se coloca al través en un camino o pedrera pendiente para sujetar los tramos de empedrado [Ca.]
- Eje vertical sobre el que gira el gancho del que penden les calamiyeres [Ll.]
- Persona desastrada y de triste figura [Ca.] : ¿Pa ónde irá a estes hores esi calamiyeru de muyer? [Ca.] .
Variantes
calamieru [Ca.] calamiero [Ay.] +calamiyiru [y Sb. Ay.] +clamiíru [Ll.] calamiñeru [Ca.] calamiñero [Os.] camiñero [Os.]calamiyeres, les
Significado
- Cadena que pende sobre el fuego para colgar al fuego [LV. Lln. Cl. Pa. Cb. Cg. Vv. Llg. Sb. Sr. Ac. Sd. Mi. Ay. Ri. Qu. Cd. Gr. Ri. Pz. Tz. Pebidal. Villavaler. Bordinga (Cv. Oc). GP. JH. DA. R.] . Llares [Ll. Soto. Cn (Oc).] . Cadena donde se cuelga el pote [Cp (= pregancies). Mn. Pr. Sl.] . Cadena terminada en gancho que pende de la trébede o del tórzanu, que se usa para poner utensilios de cocina sobre la lumbre del llar [Ca.] : Colgué’l calderu de les calamiyeres [Ca.]
- Cremallera [Lln.] .
Variantes
calamieres [y Vv. Mi. Ri. GP. JH. R.] calamiyeras [Sd. Qu.] calamicheras [Pz (Oc).] calamieras [Cd. Gr (Cv). Pz. Tz (Oc).] clamiyeres [Rs.] clamiyeras [Lln. Cl.] clamieras [Ll.] glamayeras [Soto (Oc).] /////calambiyeres [Mo. Mi (Oc).] calambieras [Cd. Gr (Oc).] cambricheras [Bordinga (Oc).] cambrieras [Pebidal. Villavaler (Oc). Gr. Sl. Mn.] ////calamiyera [y Llg.] clamiyera [LV. Lln (S).] garamera [Cn (Oc.] cambliera [Pr.] cambriera [Cp.] cambriyera [Cp.] Posible ultracorrección de yeísta, cambrilleras [Mn.] clamillera [Lln. AGO.] cremayera [Lln.] crimiyera [Lln.] greyera [Lln.] Posible cruce, cambiellas [Mn.]Percebendo-se a relação entre a cama / gamba (perna=rama) e a cama leito por ser uma estrutura cultural das cabanas neolíticas primárias para evitar que o lume pegue no jazigo.
E perceba-se também o caminho como feito por traves atravessadas
"calamiyeru: Tronco de madera que se coloca al través en un camino o pedrera pendiente para sujetar los tramos de empedrado".
Estamos a falar pois neste fio das calamiyeres e do calamiyeru, da *calama / do cálamo (palha) que é o tálamo e mas também a cama.
Tálamo que é tam- o tamo espanhol "moinha cereal, restos do linho, cotão" e tamiço à par?
O galego das Astúrias, do Eu-Návia, ainda conserva a ideia de rama na palavra tálamo: cangalho das uvas, racimo de uvas sem uvas, cacho sem uvas, bangalho...
O rio Tambre, os hidrónimos de tam-, teriam a ver com isto?
Mas tam-, qualificaria ao rio primário do que, de ramoso, entre bosques, de rio leito cama, ou do que?
Confronte-se com tamarix.
Abala isto outra cousa?
A tal caída do ele intervocálico posterior à romanização?, calam- (calamiyera) tem fomas cam, que poderiam ser explicada por passos intermédios tipo calam- caram- car'm- cam-...
Mas deixamos aqui a dúvida que também aparece nas palavras do grupo do canal, canle cal, neste caso na desparição do ene intervocálico.
Então temos um lexema desenvolto hipotéticamente *kalam- que tem as formas:
palam- do celta p celta q (palanqueira, palenque, palão)
calam- (cálamo, calambrão, calamão: chavelhão)
caram- (carambelo, caramelo)
calab- (cálaba cádava, aqui realaciona-se o lexema de pau kalamb- com kad- com passo de ele a dê)
carab-/carav- (carabulho, carabina)
chalam-
charam- (charamela, charamega)
galam- (galamandro)
garam- (garamalha, garamata, garamuza...)
garamb- (garambolo feixe pequeno),
garamp- (garampalho)
garav-/garab- (garabeto, garabulho)
marav- (maravalho)
talam- (talanqueira, talameiro, talameira)
taram- (taramela, tarambolho, taramoco)
tarab- (taravela)
carm- (cazmalha)
carb- (carvão, carva, carba/cabra, carvalho, cráebach)
garm- (garmalheira)
cram- (cramalheira)
crab- (cravata, cravo clavus, craba/cabra, crábia/cábria)
gram- (grama / gramba, gramalheira, gramateiras),
garm- (garmu, garmalheira, garmalheiro,gazmalho)
ram- (na ideia primária de ramo).
xam- (xamouco, xamasco, xamua, xamúa, xamasca
cham- (chamasca, chamarasca
gam- (gamo, gamão
cam- (camúa, camuza, camuesu é o nome da maceira brava nas astúrias, cam
garamb- (garambolo feixe pequeno),
garamp- (garampalho)
caramb- (carambelo, carambulhar, trabalhar co sacho nos lugares da leira onde não entra arado, carambina)
taramb-
crab- (cravo, craba)
trab- (trave)
clab (clave)
talabeira (ramo-de-mar, gorgónia).
clam- (clamiyera, clamión (chavelhão), clamoeira)
glam- (glamayeras)
clamb-
galam-
calab-
camb- (camba....)
chamb (chambulho, chambaril)
gamb- (gamba, gambito)
tamb- (tambor, tamba do remo)
cam- (cama
gam- (gameita, gamôntea, gamo)
tam- (tamanco, tamargueira, tamoega, tâmaro grande quantidade de terra, tâmara ribaço, na ideia de tâmaro dos *tamos dos ramos, tamoeiro, tamo: tálamo, tamujo, mato espinhoso, tamoncela cabeçalha segunda para o tiro de um carro)
samb- (sambucus
cab- (cavaco, cabanal: mata, cabana, cabaz madeiras ramalhos que fazem o piso do palheiro para que no colha humidade)
tab- (tábua, taberna)
gav- gávia
cav- cavar
da primária cala subfixada + vo / cala + mo / cala + mbho :
Confronte-se com o subfixo lucubo, preposicção celta *bo, dativo plutral -ibus, sugnificado prepositivo equivalente a "para".
Com o subfixo galês de lugar, função ou estado, -ma, confronte-se com o grego -μα
Assim *kalambho é o lugar que faz de cala, de caverna, "para a cala" "para-cala" do mesmo jeito que "para-militar".
Daí cálamo; as planta está denominada na sua função primária paleolítica, fazer um cala artificial.
Tala "fala no germânico", pala, call
Talus, palus, malus, valus
Bom cango e cambo semelham próximos, ainda que talvez de diferente origem.
A duplicidade de camba "torta" e camba "perna" (gamba(*), gâmbia..., e cognados célticos) é explicada por ser camba a perna primária, e as cambas do primitivo carro sem rodas, da zorra, rastra, corça ou trenó: secundárias.
Para talvez, posteriormente a pernada de pau recurvada apenas na ponta para deslizamento da zorra, a camba simples, dar forma à roda, roda que é formada por duas cambas e um mil.
(Percebe-se a continuidade no invento da roda?)
Daí que a camba/gamba perna acabasse significando torta.
.
Quanto a cango, tem o cognado galês cangem "ponla"; cango com o significado de pau grosso e forte, aparentemente nada teria a ver com camba.
Cango tem as variantes cângrio e cangro, canço, e a suspeitosa forma banzo, banze, e derivados, família que aparentam ser uma duplicidade celta-p celta-q confrontados com cangen galês e beangán gaélico, todas palavras para falar das ponlas ou galhos de árvores.
Que a canga jugo seja arqueada, é devido ao ajuste no pescoço, não porque a primeira canga/cango for arqueada, confronte-se com outros significados de cango, também com canzil, que sendo outra parte do jugo é em arco ou direito.
(quanto a canco/cango é um fenómeno fonético).
(*) A etimologia dependentista, faz derivar as cambas/gambas "pernas" do italiano, mas o italiano dá como origem um empréstimo céltico no latim tardio...Ir dar a Roma para chegar a Santiago?
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