© Copyright. Direitos autoriais.

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Geneta

A árvore etimológica, as relações podem ser percebidas desde distintos pontos zero, zero.
Andando na etimologia, é observado que uma palavra que um idioma A diz vir de tal língua B, vás a essa língua B e dizem-che que vem da língua A.
A etimologia por vezes costuma refletir paradigmas de pensamento profundos, que interpretam baixo uma premissa sem base as origens, dispersões, dominações do passado.
A etimologia da RAE (Real Academia Española) por exemplo mira antes para o francês do que para o occitano, e raramente para as línguas do seu lado oeste.



La cineta asturiana "ye una palabra mal falada?" "deriva do espanhol jineta?", um vulgarismo de xineta?
Genette (francês) dizem que deriva do espanhol jineta.
Jineta (espanhol) dizem que deriva do occitano geneta, e por sua vez o geneta occitano dizem que deriva de jana (xana) pois janeta é outro dos nomes occitanos para a geneta.
Outros dizem que a geneta (occitano) deriva de genete (gaulês) que significa "filha nova".
Geneta no português:
Por exemplo no Brasil aceitam a explicação que geneta deriva do latim científico Genetta.
Já em Portugal isso não passa. Teorizam em aparentar gineta com ginete, porque ginete em português dá nome a um cavalo pequeno e veloz, a um cavaleiro a cavalo, a um jóquei mais infrequentemente. Esse cavalo veloz é tomado por raiz pois na França genet, não tem ideia de jóquei, genet é "um tipo de cavalo espanhol".
A geneta anima em português aparentam-na com o genete (cavalo), do árabe hispânico zenati / zanati, nome por sua vez de uma tribo berber os zenetas.
Gineta no Barroso (Trás-os-Montes) dá nome a uma burra pequena.
Agora, no galego:
Em de São Jurjo de Piquim, uma geneta (grafado xeneta ou jeneta) é uma carreira, uma corrida, um deslocamento a velocidade rápida.
No medieval jineta era uma lança curta.
Outro nome da geneta/gineta animal, em galego, é corredoira.

Bom, depois de tanta bagunça, chegamos a alguma conclusão? entendo que é difícil.
(Pode ser talvez melhor percebido escrevendo num papel e relacionando com frechas o enguedelho).
Ora para mim, que podo estar errado, está claro que duas palavras estão dando a chave o elo, a conexão a tudo isto.
Se nos liberamos dos preconceitos dependentistas, da carga de percebermo-nos como habitantes da periferia e provincianxs, poderíamos observar que a palavra cineta, tem muito a dizer em todo isto, que a palavra gineta/ginete/genete no galego conserva a polissemia posterior das falas europeias, e que cineta liga co grego κῑνέω (kīnéō).
Se seguimos sendo dependentistas, podemos pensar que foi do grego que a palavra chegou a esta esquina da Europa. Mas se estamos livres de preconceito inferiorizador, podemos pensar que a palavra é muito antiga dum substrato comum, e antes do que derivada é cognata.

Uma nova interpretação da etimologia está aparecendo. Porque até agora os estudos etimológicos eram muito fechados, dentro de cada nação estado, mas agora com Internet as contradições aparecem e são muitas.
Este barulho, pode ser observado desde o novo paradigma da continuidade, da continuidade paleolítica.
Claro, quem estuda agora as etimologias linguísticas, colhe todo este acervo e analisa, uma pessoa italiana que pega num dicionário asturiano, não vai ter as dificuldades que temos nós em ver a relação direta entre la cineta e o grego κῑνέω.
Se vamos à psique paleolítica-neolítica, o nascimento da palavra ocorre no mundo concreto, isto é: a palavra que vai significar movimento rápido não nasce da abstração de ver mover-se as cousas, animais e pessoas, nasce da assimilação do conceito abstrato a um conceito concreto, quer dizer que o animal cineta é primário ao conceito κῑνέω (kīnéō).







Se seguimos traçando elos, cineta, é um diminutivo de *cina.
Esta hipotética palvra *cina aparenta a cineta com o nome do cão nas línguas célticas ou com o grego κύων (kúōn) /ký.ɔːn/.
Assim no bretão medieval: qui e ci
No atual bretão: ci
No córnico antigo: ci
Córnico atual: ki e kei
No galês medieval: ci e ki
Galês atual: ci.

A forma em -i- é própria do céltico do ramo britônico, no gaélico é -u-, :
Assim cúán é cão pequeno, cadelinho no gaélico antigo.
(Aqui haveria que pôr o ladino cian?).

Nas linguas europeias esta cineta teria por parente o francês civette, o italiano zibetto, línguas que derom nome a este animal em idiomas de zonas onde a cinegta não exite, por exemplo no russo циве́тта (civétta), ou mesmo no português civeta.
A civeta é derivada do árabe زَبَاد‎ (zabād) com o persa زباد‎ (zabâd) nome deste animal.

Pode ser percebido o nome pois da cineta, geneta com relação ao seu movimento rápido e ágil.

Outro dos seus nomes é o de gato-da-algária, gato-da-algália, gata-algária, algaira, algária, algália, argária, lagária, gato-lagário.
O nome de algária a etimologia relaciona-o com o árabe andaluzi الغَالِيَة‎ (alḡál(i)ya), do árabe clássico غَالِيَّة‎ (ḡāliyya) "almiscre".

Outras palavras de base algar- podem dizer algo mais?

Algar: "cova, gruta, furna".
Algarve: barranco feito polas torrentes.
Algária: cardume grande e apertado de sardinha, o mesmo que algareote.
Algarião (-om), algarioa: que anda de um lugar para outro, alveloa (atenda-se ao nome da lavandeira, a ave pastora, como alvéola).
Algara (arcaico) incursão militar de pilhagem.
Ir de algarve: caminhar descalço
Algarufar: agitar, remexer a lenha no forno para que arda melhor
Algaravia: gritaria, confusão, bagunça de ruídos e vozes
Algarear: vozear
Algaravio: ave marinha que anda e voa em bandos que produzem ruído.




Algaravão: alcaravão
Algariar: "andar o gando de um lugar para outro sem pascer" o mesmo que alvelear.
Algarufar-se: alvoroçar, alvorotar-se, encrespar-se

Palavras de iritação ou movimento de lexema alp- e lexema alv- aparentam com alg-. Assim:
Algarião o "bule-bule" tem por par a alveloa, alvéola.
O algarriar "vaga o gando"com alvelear no mesmo siginificado.
Alvarinha como qualificativo da vaca irritável, rã-alvarinha (por ser irritante), alvuriçado, alvoriçado, com pares como alporiçado, alporeado "encrespado" ou algurufar, algarufar. alfurufar, alfuricar, alferesia.

Fazem pensar num radical algær- / alvær- / alfær- / alpær- que leva em si a ideia de agitação, irritação.

O idioma árabe dá a ideia: الغَرْب‎ (al-ḡarb) dá nome ao território do Algarve com o sifnificado de ocidente, mas também com os significados de veemência, violência, tempestuosidade.

Então a algária, a geneta, a cineta, está definida também pola sua qualidade de movimento.

Percebendo-se que o primário talvez fosse o movimento antes do que o almiscre, e bem ao contrário, o almiscre 
الغَالِيَة‎ (alḡál(i)ya) ter apanhado nome do animal.








 Os topónimos galaicos da Algária / Algália poderiam ser percebidos como lugares de movimento, ainda que uma mirada mais pormenorizada abre outas hipóteses.






New insights into the introduction of the common genet, Genetta genetta (L.) in Europe

Miguel Delibes, Alejandro Centeno-Cuadros, Virginie Muxart, Germán Delibes, Julián Ramos-Fernández, Arturo Morales.

Archaeological and Anthropological Sciences


Paleontological, archaeological, and biogeographical evidences strongly suggest the common genet (Genetta genetta; Mammalia, Carnivora) was translocated by humans into Europe. A widespread hypothesis considers the Muslims, which conquered Iberia at the eighth century AD, as the putative agents of translocation. This hypothesis was reinforced because the first record of the species in Europe until now was reported on an Almohad (i.e., early thirteenth century AD) deposit in Mértola (Portugal). Besides, the European genets share a mitochondrial clade with those of coastal Algeria. We have radiocarbon dated some bones of two intrusive genets retrieved at prehistoric levels of Abrigo 6 del Humo complex (Málaga, south Spain). One of them was dated at a 14C age of 1310 ± 30 BP (calibrated date 656–773 AD, 95.4% probability), five centuries earlier than the specimen from Mértola. Sequenced mitochondrial DNA from this A6H individual resulted in a 264-bp fragment of cytochrome b and 248 bp of the control region, concatenated in a single 512-bp sequence. The Abrigo 6 haplotype differed from those of the most common haplogroup (including the specimen from Mértola) previously described in European genets, being much closer to a divergent haplogroup restricted to Andalusia. We discuss the new insights from this genet in its phylogeographical, archaeozoological, and historical frames to conclude that the more widely dispersed haplogroup of genets in Europe could be related to Muslim activities, while the “Andalusian” haplogroup would correspond to an earlier introduction event, probably by the Phoenicians or their Carthaginian heirs.

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