© Copyright. Direitos autoriais.

© Copyright. Direitos autoriais

A Branha (rascunho)





Branda e branha são palavras que a etimologia mais divulgada costuma atribuir a "veranea".
Mas se fosse ao invês?
Que branha e branda fossem primárias ou coetâneas a verão?
Branda, branha, granda, ganda, granha e ranha, inclusive gândara como proparoxítona com sufixação -ara, tão freguentes no galego, interpretáveis como genitivos plurais.



As linhas no Pokorny:

brand: germânico queimar
e
bhrendh-
English meaning: to swell, sprout
Deutsche Übersetzung: “aufschwellen; schwanger, Fruchtkern ansetzend”
Note: Only for Celt. to cover Toch. and Balt-Slav.
Material: O.Ir. probably in brenn- ( *bhrendh-uü- ) ‘spring up, bubble, effervesce”, e.g.
bebarnatar 3 pl. preterit, with to-ess- : do-n-eprinn “ gushes forth “, M.Ir. to-oss- : toiprinnit “
interior flow, flow into “, Kaus. M.Ir. bruinnid “ allows to gush forth, streams out “ etc;
compare also Thurneysen Grammar 461;
Maybe Alb. brenda, përbrenda “inside, inward, (*inward inflow)”, brendësi “inside, entrails “ :
O.Pruss. pobrendints “ weighted “
Lith. brę́stu , bréndau , brę́sti ‘swell, ripen”, participle bréndęs “ripening”, brįstu , brìndau ,
brį́sti “gush, well up (e.g. from peas)”, brandà “ ripeness, rich harvest “, brandùs “ grainy “;
Ltv. briêstu , briêžu , briêst “gush, well up, to swell, ripen”, bruôžs “thick, strong”; O.Pruss.
pobrendints “ weighted “, sen brendekermnen “pregnant”, i.e. “ with body fruit “;
Slav. *brędъ in O.Cz. ja-břadek , O.Pol. ja-brząd “twig, branch of grapevine “ (besides one
verschied. Slav. *brědъ in kašub. břod “ fruit-tree “); relationship to bher- ( bhren- )
“overhang, protrude “ is absolutely agreeable;
Toch. A pratsak , B pratsük- “brost”.
References: WP. II 205, Trautmann 35 f., Van Windekens Lexique 99.
Page(s): 167-168
e
Root / lemma: bh(e)reu- : bh(e)rū̆-
English meaning: to boil, to be wild
German meaning: `sich heftig bewegen, wallen, especially vom Aufbrausen beim Gören, Brauen, Kochen etc'
Note: extension from bher-2.
Material: A. ablaut bheru- (bheru-), bhrū̆-:
Old Indian bhurváṇi-ḥ `restless, wild', bhurván- `uncontrollable movement of water'.
Arm. bark `sharp, sour, cruel, savage' (barkanam `I get angry'), which is very much ambiguous, it is constructed here from Dumézil BSL. 40, 52 as *bhr̥ḫu̯-, likewise berkrim `I am glad' as *bherḫu̯-; very doubtful!
Gr. φαρυμός τολμηρός, θρασύς Hes. (*bher-u-) and φορυτός `mixture, rubbish, chaff, crap, muck', φορύ̄νω, φορύσσω `knead, jumble, mingle, sully, besmirch', probably also φρυ-άσσομαι `gestures, behaves impatiently (esp. from wild horses); be rollicking, wanton' common gr.-illyr. -ks- > -ss- phonetic mutation.
Thrak. βρῦτος (see below).
Alb. brum m., brumë f. `sourdough', mbruj, mbrönj `knead'.
Lat. ferveō, -ēre, fervō, -ĕre `to be boiling hot, to boil, seethe, glow. Transf., to be in quick movement, to seethe; to be excited by passion, rage' (about fermentum s. bher-2); dēfrū̆tum `leaven, yeast; a kind of beer. Transf. anger, passion' (: thrak. βρῦτος, βρῦτον, βροῦτος `a kind of barley beer'; from thrak. *brūti̯ā (gr. βρύτια), derives illyr. brīsa `skins of pressed grapes', proto extension alb. bërsí ds., from which serb. bersa, bîrsa, bîrza `mould on the wine'; lat. brīsa from dem Venet. or Messap.).
Note:
Not only alb. is the direct descendant of illyr. but Albans in Alba Longa brought their beer formula from Illyricum (Albanoi illyr. TN) to Italy. Slavic languages borrowed their cognates from illyr.
Mir. berbaim `cook, simmer, seethe', cymr. berwi, bret. birvi `simmer, seethe, boil', bero, berv `cooked, boiled', gall. GN Borvo (from spa, mineral spring), compare with other suffix Bormō above S. 133; perhaps also frz. bourbe `slime, mud' from gall. *borvā `mineral water'; air. bruth `blaze, glow, fury', mir. bruith `cook', enbruithe `broth, meat broth' (to en- `water', see under pen-2), acymr. brut `courage, spirit, vivacity; also pride, arrogance', ncymr. brwd `hot' (cymmrwd `mortar' from *kom-bru-to-, compare mir. combruith `simmer, seethe, boil'), brydio `seethe, froth', acorn. bredion `dealer, broker' (Umlaut), abret. brot `jealousy', nbret. broud `hot, fermenting'.
About germ. bru-forms see under B.
B. ablaut bhrē̆u- and (partially again) bhrū̆-:
At first in words for `wellspring' = `bubbling over' (r/n-stem, perhaps bhrēu̯r̥, bhrēu̯n-, bhrun-); arm. aɫbiur, aɫbeur (Gen. aɫber) `wellspring' (from *bhrēw(a)r =) gr. φρέαρ, -ᾱτος `stream, brook' (*φρῆFαρ-, -ατος, hom. φρήατα, consigns φρείατα); mir. tipra f. `wellspring' (maybe from air. *tiprar < *to-ek̂s-bhrēu̯r̥), Gen. tiprat (*to-ek̂s-bhrēu̯n̥tos); air. -tiprai `streams against... `(*to-ek̂s-bhrēu̯-ītö); from stem bhrun- the case obliqui from as en-stem proto germ.*brunō, *brun(e)n-, got. brunna, ahd. brunno, ags. brunna, burna `well, water hole, spring' (aisl. brunn), with metathesis nhd. (ndd.) Born.
Maybe alb. buronj `spring, originate', burim `origin, source, spring, bubbling water (as if boiling)' : russ. brujá `current'; also alb. (*bruth) burth `Cyclamen europaeum (burning of donkey's mouth)' where -th is a diminutive alb. ending.










Desde a ideia alargada de berço:
Duas raízes uma que pode indicar queimar, na linha germânica brand é lume.
E outra - que significa inchar, brotar.
A branda / branha poderia ser incial. Na ideia de ser um conceitos primário que diversificou.
A branda, ou branha incial poderia ser o pasteiro que se queima e que abrocha.
A prática neolítica, e atual, da queima de monte para obter pasto germolado.
É essa branda/branha incial que poderia dar o nome ao verão que era o nome da "prima vera", primeiro calor (latino), ou primeiro abrocho, assim como ao brand germânico "queima" e ao nomes célticos-eslavos derivados da raiz estudada por Pokorny como bhrendh-.
É para saber que no mundo agro-gandeiro na Galiza há duas primaveras referidas ao crecimento da erva, a primavera da sua época e a primavera do outono, tambémm chamada outonada,com o verbo outonar...
As duas épocas onde a erva medra bem pola temperatura e a umidade recebem o nome de primavera, Perceba-se que no latim vera é a primavera. Poderia ser deduzido que se há uma primeira vera, haverá uma segunda?
Há, sim. A primavera do outono é a segunda vera.
O nome vera latino poderia ter relação com o conceito da raiz celto-eslava bhrendh.

Onde estaria um lexema de queima na branha?
Branha / *vranha *ura-nia, verbo latino uro (queimar).



Uma palavra para as branhas do monte, as urzeiras no gaélico irlandês é fraoch, com fráech, froích, fróech no gaélico antigo.... com o mesmo significado.
Dão o nome à branha de urzes também dão nome aos terrenos nos que medra esta vegetação, e às mesmas urzes nomeam (plantas dos géneros Erica, Calluna, Cassiope, Daboecia), também ao arando.
Fraoch
além disto tem o significado de fereza, fúria.

Para considerar que branha no galego é além de outros significados:
  1. monte alto, serra, terreno agreste com mato
  2. valumem de vegetais, cortados em terrenos úmidos
  3. urze, planta do gênero Erica
Fráech é a planta associada à letra ogámica u, chamada úr / úir.
A esta letra úr é-lhe dado o significado de argila, terra ou chão desde a etimologia gaélica, mas desconheço as fontes, no seu significado atual não tem nada a ver.
Voltando á urze e branha fráech, pudo ter uma forma anterior *vraech, de onde vra + -ech.
Na ideia adjetival, na hipótese de ser  *ura/*vra "queimar, arder", *vraech seria "a que arde", confronte-se com o inglês heather nome das urzes e heater (aquecedor), esta ideia está mais desenvolta no escrito "ao socairo das queiroas".
A confrontar com os topónimos galegos Bra (Minho e Friol) e Brai (São Vicenzo de Cúrtis, VilaSantar).
Confronte-se com o gaulês uroica nome da uz.

Este radical de lume, calor, temo-lo na abundante toponímia referida a castros -bre?, remetida a um hipotético celto-galaico -bre a semelhaça com o gaulês -brix ou o latino -briga.
a hipótese mais aceite é a de significar monte, ou cume.
Mas:
Sendo -bre uma forma fixada de talvez  *-brĩ / *-bring.
-ín é diminutivo mas no galês -in é uma partícula que indica "uma relação de posição, possessão ou origem". (Confronte-se com marinho /marim, campesinho /campesim...)
Assim Baralhobre, seria interpretado como *baralhobrĩ, da baralhobra,
do lar do baralho.
(Croa, casa) do lar do baralho: Cas Baralho.
Confronte-se com burgo, burgar, onde a raiz de lume também está.
Briga: *urica, "lar".
Ur: a primeira urbe.

Voltando ao gaélico fráech "branha".
Se temos em conta o celta-p celta-q, fráech hipotético *vraech *braākos teria que ter uma forma parelha *kwraākos nos proto-celtas-q?
Tem: quiroga.
A raiz de fraoch é pensada em *wroikos ou *u̯roiko com o galês grug, e o bretão medieval groegan, no asturiano huergu e güergu (Cuscuta epithymum), ou gorbizo é palavra ástur-leonesa, do espanhol e galego, com o significado de urze.
A ideia que subjaz no fundo destas palavras remexidas é a prática da queima do mato para obter novos pastos.
Onde lume-queima-mato-pasto levam os mesmos lexemas.
Prática da queima que tem a ver com monte de mato, com urzeiras, pois é o seu agromar verde novo o que é melhor pascido polo gando.

Assim por exemplo a palavra úr gaélica pode levar-nos a essa ideia:
Uz.
Qualifica de fresco, novo o pasto, verde, redolhado.
Brilhante.
Belo.
Nobre.

Branha poderia ter então como par granha?
A etimologia de granha como granja medieval dizem ser galicismo, derivado do francês medieval grange / granche. ou de uma hipotética forma latina grania, de granum.
Grania está no galego-português medieval.
Pois grange, granha foram antigas granjas, e celeiros.
Mas:
Granha é também uma grande extensão de monte de mato.
Se branha tem branda. Granha tem granda.
Granda: monte chão de mato, terreo onde medram urzes.
No asturiano granda além de dar nome ao monte de mato e monte de pouca produção, nomeia a urze de flor branca e de flor violeta.

Deixar aqui ganda, como sinónimo de granda.
A relação entre granda, ganda e gândara, como lugar do gando ou das gandas.
Fazendo uma relação direta entre gando e ganda, entre o pascido e quem pasce.
Coincidência?


As Grandas de Salime, aparentemente têm uma relação vale-montanha semelhante às branhas sobretudo asturianas (algumas toponímicas galegas) e às brandas galaicas.

Assim branha, branda, granha e ranha dão nome ao mesmo conceito, "pastagem de monte de inferior qualidade que o prado de veiga", na suspeita de serem nascidas do mesmo étimo.

O atual Brandomil (Vimianço) tivo o seu nome latino de Grandimirus. Onde a variação brand- e grand- dariam para pensar num hipotético *wrand- como foi apresentado anteriormente.
Quanto a -mil e -mirus a relação é clara, desenvolta deste jeito:
No latim mille, antigo latino meille, albanês milje, afim ao germânico myrios "inumerável", no latim tradio myriadis (genitivo de myrias), polo grego clássico μυριάδος (muriádos), genitivo de μυριάς (muriás), “número 10,000”, de μυρίος (muríos), “numeroso, inumerável, infinito”.
O sufixo -mil toponímico na Galécia é interpretado neste outro escrito mais alargadamente.
Γλανδομιρον (Glandomiros) como nome ptolemaico poderia ser uma adaptação ao grego de *wranda-millos?
Esta palavra à grega, relaciona etimologicamente brando / blandus com a branha / branda?
Também a branda com a landa a lande francesa?, ambos nomes dados a urzais.
Estamos no neolítico onde uma primeira terra vedade é destinada para pastagem de uros, uma terra que periodicamente é queimada para favorecer a pastagem mole, que não medre vegetação lenhosa, esta terra assim aproveitada é uma terra de urzeiras, de codessos, de carpaças.

Hipóteses:
Uma primeira palavra dá nome a este sistema, quiçá *paland, esta palavra diverge com o tempo e o espalhamento do sistema pastoral inicial, para especializa-se em dar nome a diferentes partes do sistema, desde o curro inicial paland- com palatio e as formas célticas lann no gaélico e llan no galês, [a destacar como se tem falado noutros escritos sobre o quinto espaço, que estes iniciais lugares pecuários llan e lann acabaram como igrejas (dentro do mil de Brandomil está a igreja)].
Estas primárias paliçada acaba gerando o palácio e o paço.
Acaba dando nome ao lugar de pastoreio a wara / wala / pala, (vara/ vala/pau) ou *warandia / palandia.
Dão nome a valas e valados.
E daí às branhas brenhas e mesmo ao verão na ideia de prima-vera. pois há uma segunda-vera a outonada.
Vara mesmo acaba dando nome ao rebanho de porcos no espanhol: Conjunto de 40 a 50 cerdos de montanera, bajo el cuidado de un solo vareador de la bellota.
No mundo germânico vara dá nome á fazenda, aos bens, à propriedade, na ideia de que os primeiros bens, como na Galiza, a primária fazenda são os animais.
Vara inclusive significa poder no letão.



Brandomil (Ças / Zas). Pode ser observada a briga e a norte dela remarcado o possível *mil.
Desde o céltico podem ser explicados com o hipotético gaulês *warrennā “area vedada” derivada por sua vez de *warra "poste". Confronte-se com barra e os avondosos topónimos pecuários do tipo Barreira, Barro...
No francês antigo warenne, guarenne e garenne "terrenos vedados onde são criados coelhos."

nº1 Brandariz e nª2 Brandamês, nas freguesias de Anhobre  (Vila de Cruzes).
Assim Brandariz descodificaria-se como *brândara + -iz "da *brândara". E *brândara como branda +-ara "das brandas". Sendo pois Brandariz: o (lugar) da (gente) das brandas.
Brandamês descodificaria-se como: brandame / brândamo / brandama + -ês: "do *brândamo". E *brândamo como branda + -mo. Sufixo -mo /-ma átono que indica lugar estado ou ação. Assim *brandama seria o lugar da branda, o lugar onde está a branda, ou o lugar onde atua a branda. Brandamês seria então: do (lugar) onde está a branda.



Diversas hipóteses foram lançadas para dar com o étimo conceitual desta gênese.
Talvez a que aparente tem mais pontos de ligação com a vida pastoral de montes de mato, poderia ser a que liga estes nomes de pastagens com as urzes e com o queimar.








A evolução -nd- a -nh-?
Branda ; branha
Canda ; *canha / cañada
Cando; canho

Gando ; ganho
Banda ; banha

Granda ; granha
Manda ; *manha / manhuço
Pindo ; pinho
(Nidus ninho)
*branya? como étimo? brenha?

Ou o étimo era com duplo ene?
branna branha e branda?

Celta-p, celta-q:
Branda / granda
Fraoch gaélico / galês grug e gaélico caroán (nomes das urzes).

Caorán: partícula, lixo. Branha, monte de mato.
Caorán tem a ver com quiroa?
Caora: ovelha; caorán: ovelhão?
Caor: fruto de arando, baga; caorán: bagueiro?


O corvo bran:
A etimologia da palavra corvo nas línguas indo-europeias e a sua relação com a etimologia de branha como "queima":
Todas estas palavras dão nome ao corvo nas diferentes línguas:
Nas línguas balto-eslavas a sua relação com queimar é direta, com palavras de cozinhar, ferver com raiz *vьrěti
From Proto-Balto-Slavic *wirˀ-, from Proto-Indo-European *wr̥- (“to burn”) (Černyx) or *wr̥H- (Derksen)
Baltic cognates include Lithuanian vìrti (“to boil”) (3sg. vérda), Lithuanian vir̂t (3sg. vęr̂d)
Indo-European cognates include Hittite [script needed] (urāni, “burns”)
Hittite: 𒉿𒊏 (wa-ar, “to burn”)

Balto-eslavas: *wárˀnāˀ, From Proto-Indo-European *wornéh₂, from *wer- (“to burn, be black”).
Latvian: vãrna
Lithuanian: várna
Old Prussian: warne
Slavic: *vòrna
East Slavic:
Belarusian: варо́на (varóna)
Russian: воро́на (voróna)
Ukrainian: воро́на (voróna)
South Slavic:
Bulgarian: вра́на (vrána)
Macedonian: врана (vrana)
Serbo-Croatian:
Cyrillic: вра̏на
Latin: vrȁna

Slovene: vrána (tonal orthography)
West Slavic:
Czech: vrána
Polabian: vorno
Polish: wrona
Slovak: vrana
Sorbian:
Upper Sorbian: wróna

Trocarian B: wrauña

Protocéltico *branos
Brythonic: *bran
Breton: bran
Cornish: bran
Welsh: brân
Primitive Irish: ᚁᚏᚐᚅᚐ (brana)
Old Irish: bran
Irish: bran

Isto reforçaria a ideia da branha *wrania, *wr-, primária como queima.


Protogermânico:
*brannijaną
*brinnaną


Brandeso
Brântuas
Brântega





Sem comentários:

Enviar um comentário