Vessura, a partição do território


Aqui vão uma série de fotos de lugares de grandes chousas, supostamente num início em uma peça, na ideia de wue o primeiro pastoralismo foi de animais semi-bravos, que necessitavam grandes espaços vedados. Estas grandes chousas foram posteriormente partidas com o passo dos milénios e o amansamento dos animais.
A partição ficou em topónimos do grupo Vesura que seguem a continuação explicados:




A Vesura entre Santa Marinha de Silhobre e Santa Maria de Neda.









Vessura entre São Romão de Doninhos e Santa Maria de Brião (-om). A Vesura corta transversalmente uma hipotética chousa. É para salientar que o relevo que aparece ao leste do Coto do Gato, não está catalogado como castro, ainda que a sua morfologia é a própria. Também o topónimo de Espinho no seu bico no leste como limitante. O regueirinho que nasce no seu interior com o nome de Ilhó e posteriormente Rego da Ponte.







A Vessura  (em cor) cortando uma chousa em Frexulfe (o Valadouro). A Vesura é um caminho que sobe desde o lugar de Baer, passando por uma aldeia desaparecida intermédia no lugar de Chousas.

A Vessura, em São Tiago da Capela, no meio de uma grande chousa complexa, caminho que a corta ao meio.





A Vessura em Santa Maria de Naraio (São Sadurninho),  A Vesura são os terrenos superiores a norte desde onde parte o caminho para Casa Nova. Outros topónimos a destacar são as Cancelas no bico leste,  a Corredia, o Prioiro, ao leste de Casa Nova, talvez com relação eclesiástica, e o Conchouso no cabo oeste.




A Vesura em Santo Isidoro do Monte (Jove), no seu bico leste, as Cancelas, topónimos limitantes como as Barreias, ou a Lagoa.








A Visura de São Fiz de Monfero, separando as grandes chousas.
Na parte Sul o Convento, o Mosteiro de Monfero, na parte norte: Taboada.
A salientar Cancela de Ramão, que semelha apanhar o nome de uma pessoa chamada Ramão. Mas Ramão tem a ver com recinto pecuário, veja-se o escriro "Ramil".



Cessuras de Santa Maria de Dordanho (Cessuras) vieiro entre dous grandes curros, e ao pé do Castro de Cessuras. Castro mui similar na conformação ao de Donramiro:
Santa Maria de Donramiro.
Estes aros ligam-se diretamenta com as croas, para chegar à briga é preciso "passar polo aro". Aro no supostamente assenta o ário, o chefe, o nobre, o governante. Toponimicamente frequentemente com o nome de Areas, Arosa, Areosa, Herosa, Arvosa e similares que alguns são referenciados na areia.



Cesar, talvez Cessar cortando profundamente o recinto pecuário, polos muitos milênios de passo do gando.
O topónimo Airege, é pensado derivar de ecclesia (Εκκλησία), a ouvidos galegos mais semelha uma aira, uma eira....


Assim os topónimos Sesar, Cesar, Cezar, Cesar, os mais deles tenhem uma profunda corredoira que parte o terreo, também esse corte coincide com limites de freguesia. O pensamento leva a que a chousa neolítica, foi partida em époicas posteriores, mas também pré-históricas, pois estes topónimos do grupo de Sessar respeitam as governas dos castros, as territorialidades das brigas.





Esta é uma típica paisagem do periodo Ferro, primeira Idade Média. Um núcleo pastoral, o Pedral, ao pé do curro pecuário. com um terreno de laboura: Cortinha, a briga ou castro, e o reassentemaneto medieval na vila, (*willa) do poder sediado no castro: Viladóniga.
Mas se imos mais para trás no tempo, o primeiro locus (neolítico) seria o Pedral, o que condiz com a toponímia e arqueologia.
Ora os chousos pecuários podiam ser muito maiores.
 Aqui estamos a ver a parte norte do Pedral.
A parte Sul:
Esta imagem é complexa. Entre o couce do curro, no norte, no Pedral e o seu bico no Picom, há um quilómetro e médio.
E paralelo a um curro apresenta-se outro, em esquema:
O topónimo Torneiros ajuda a perceber como era a sua utilização: grandes chousas estreitas permitiam recolher o gando encaminhando-o sempre numa mesma direção com poucas pessoas
Estas grandes e alongadas vedações com o tempo acabaram partidas.
Assim o topónimo Casa Nova polo comum indica um lugar onde o chouso alongado foi partido:
Assim pode ser visto no caso arriba apresentado da Vessura de Santa Marinha de Naraio.
Ou neste casso do chouso entre o Castro de Torneiros (a Melha) e o Castro do Pedral (Boimorto) onde das Casas Novas sai um caminho que tronça o terreo do chousão.

Campo Longo da freguesia de Vilar (Pontedeume), no lugar da Casa Nova, que é uma casa só, o curro fica partido, o caminho comunica as Pedridas coa Igreja, esse caminho é (era) chamado o Calexão (-ão), feito a chapacunha. As Pedridas que semelha que não chegou a conformar Castro que ficou como assentamento na continuidade, podem ser intuídos dous pequenos curros ao seu pé.


A Casa Nova de Santa Maria de Boimente (Sober), partindo a chousa



Casa Nova na freguesia de São Tomé de Castro (Melide). Uma grande chousa com Trasmundi num dos seus extremos, e o bico nas "Cazalhas", talvez thetacismo de Casalhas, onde está a igreja parroquial. Casa Nova que como as demais corta ao meio a grande chousa.

O corte das grandes chousas aconteceria "recentemente" quanto os animais semi-domesticados começassem a ser mais mansos, e a grande chousa perdesse a utilidade. Mas também poderia haver um caminho que cruza-se a chousa funcional com cancelas que assegurassem ser estanca.
Este corte territorial também está no lexema franc- que foi analisado no escrito "Francos":

Adamonde das Cruzes (Sobrado dos Monges), podemos observar o Castro no seu lado norte e no sul o bico cortado pela estrada.
Seguindo a ideia antes exposta Ada-monde, ada- haveria que descodificá-lo desde o proto-indo-europeu, neste caso seguindo a Pokorny *ad-2 "adequado, ordenado".
Adamonde é um curro afunilado que tem no meio por onde corre o caminho que o parte o nome de Francis.





La Grande Visure, Loiret (Centre-Val de Loire)

As palavras "cisura", "fissura" e os topónimos Visura / Vesura e Cesuras / Cesar e variantes semelham estar aparentados.
As propostas etimológicas galegas para Vesura, visura, relacionam-no com vessar "arar fundo", ou com abissedo....
Vessar é crido derivar do verbo latino versor. Ainda que versor pouco semelha ter a ver com arar.

Vessada em São Genjo de Pardinhão (-ám), cortando a grande chousa.

A proposta etimológica para o feito de arar "vessar" e para os topónimos da partição, Vesura e Visura vai ligar com o hitita:
wesuriya "conter, guardar, pôr num lugar seguro; partir, mover-se numa direção, separar-se; sufocar-se, alassar".
(Mais sobre a raiz *wis- *wes- em "A nespra e o bispo").

Analisando a palavra conceito desde a árvore genealógica do indo-euopeu:

Que a palavra-conceito "visura" seja compartilhada polo hitita dá-lhe uma probabilidade de poder ter uma antiguidade do 7000 aC, ou anterior.




Não saberia como grafar corretamente este topónimo sob ortografia internacional: Vessura ou Vesura, talvez com duplo esse por ser parente de vessar, ainda que o francês, que faz diferença entre -s- e -ss-, escreve Visure.






Vessura dando nome a uma parte de uma forma em cousso de caça, em São Vicenço dos Vilares (Guitiriz).







Sem comentários:

Enviar um comentário