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A nespra e o bispo.


Nespra, nêspera ou nêspora são nomes da vespa na Galiza.
Outros são: avespa, avrespa, vespra, véspora, avéspora, avespra, ferrete, tártago, abábaro, abisouro.

Vesperão ou vesporão é o ferrete ou aguilhão da vespa.
Dá para ver a proximidade entre vesperão / vesporão e esporão.
Esporão: é uma grande espora, a saliência córnea na pata do galo ...

Esperão: é nome da pedra de afiar, a aguçadeira, para a etimologia da Real Academia espanhola o seu cognado asperón derivaria de áspero, e não de aguçar ou agudo.
Esperão também dá nome a esporões dos peixes. Esperão para algumas pessoas é um pau-de-ferro a jeito de espeque que se espeta no chão, ou para diversos usos.

A etimologia liga espora à linha germânica: spur em inglês, gótico 𐍃𐍀𐌰𐌿𐍂𐌰 (spaura), de um proto-germánico: *spurô; por sua vez de um proto-indo-europeu: *sperH-.
Confronte-se com o cornualhês spern "espinho"
Também aqui estaria a base protoindo-europeia *sper-
Com três significados: lança, ave, girar.
Assim os topónimos do grupo esper- além do lugar de caça à espera seriam o lugar da lança e lugares sinónimos do topónimo Revolta.
Como já noutros casos é mostrado a variabilidade, divergência, de significados de uma raiz protoindo-europeia, pode ser observada a sua origem toponímica em volta do cousso de caça, como a divergência é congruente com o lugar toponímico como mais abaixo será apresentado.
Vespa, dizem derivar da raiz protoindo-europeia *webʰ.
Isto distância a véspora da espora. Mas como é apresentado aqui ambos os conceitos-palavras viriam da mesma raiz.

Mais palavras:
Abispado(pt) / avispado(es): agudo, astuto, esperto. Para a etimologia portuguesa abispado deriva de bispo, para a etimologia espanhola avispado deriva de avispa.
Bispar é ver ao longe, divisar, avistar, enxergar.
Abispar: ver uma ave à sua presa, o que pode provocar que se assunte ou que fique atônita.
Bisbar e abisbar: aseitar, assejar, espreitar, vigiar.
Vispar é queimar, abrasar-se com aquilo que está muito quente.
Víspio ou vispo é o animal que se assusta.
Vispeiro: assustadiço, tímido.
Bispo: estômago do porco.
Vispo: escarapote, peixe com aguilhão, da espécie Scorpaena porcus, "escorpião ou rascácio".
Bispo é a parte final, triangular, do dorso das aves onde nascem as penas da cauda:



Bispeiro: pele de carneiro atada a um pau a jeito de cabo longo que é usada para dar breu nas embarcações.
Bispa: remate aguçado do palheiro
Bisparra: pessoa que exagera os gestos, que gesticula muito.
Visparra: personagem do entrudo tradicional de alguns lugares da Samora.



Bispel: oblicuamente
Besperelha: abispada, o mesmo que pesperelha ou besbelha.

Entre estes significados que semelham derivar de bispo ou de vespa, há alguns que assentam sobre o agudo, sobre o aguilhão: Abispado, bispar, víspio, vispo, vispeiro, bispo peixe, bispo triangulo dorso-caudal das aves, Bispa, bispel....
O parentesco possível entre vesporão e esporão, faz também que entre espinha e vespa haja relação:
Assim haveria um étimo *wesp- comum, alicerçado polo asturiano: güespinar (Ribes uva-crispa), na dúvida de se derivaria de *wesp- ou de uva-espina?
Güespinar
Também guispiu no asturiano com o significado de aguilhão, pico.
No francês antigo guespe, atual guêpe "antiga espinha, vespa".
No galego um guespo é quando é cortada uma ponla duma árvore ou um arbusto, a base, o pé, que fica dela aguçada, por ser o corte esguelhado, também chamado guípio.

Nêspera, nespra, nêspora, poderiam ser palavras criadas sobre espora?
O nespereiro silvestre é um arbusto espinhoso, iclusive é enxertado em abrunheiros (Prunus spinosa), ou sobre estripos (Crataegus monogyna), espinhosos também.
Então pode ser percebida a razão de nêspora dar nome ao inseto que pica, ao do aguilhão e ao arbusto espinhoso, não como uma palavra vulgar.
*wesp-: *ẽsp-: nesp- ou *wesp-: esp- : nesp-.
Assim quando na gíria dos alvanéis a ameixeira é chamada de vispeiro, está-se a referenciar nas espinhas que costuma ter, sobretudo as ameixeiras menos selecionadas, ou já comumente as ameixeiras-bravas ou abrunheiras.

Então, para as falas da Península e Gália é possível uma raiz *wesp- (espinha, vespa, nêspora) que deu nome a cousas com ponta.

Na gíria dos canteiros espingo significa senhor.
Então os atributos de um suposto secundário *wespo, secundário a *wespa "espinha, pico", seriam o de ser agudo, ser vigia, ser senhor, levar espeque, espada, dar o visto, julgar, presidir uma vista.

Também dá para perceber a relação direta entre bispar "enxergar" e bisbar "espreitar".

A palavra avistar posta ao lado de bispar:
Vista é derivada do latim visa particípio de video.
Um visto é uma autorização de entrada num país estrangeiro.

O que se está a dizer é que há uma relação "direta" entre a vespa, néspora, espora e a espinha.
Estão há um lexema esp- / vesp- / visp- / nesp-/ nisp- que dá nome ao agudo:
A espada, a espadana estariam aqui:





Estrutura de cousso de caça na freguesia de Santa Maria de Noicel a(Carvalho). O vértice leste com o nome de Vespilheira / Vispilheira.


Santalha de Esperante (Lugo) com estrutura de cousso de caça, caça à espera, no esporão ....

São Miguel Esporiz é nome da freguesia à que pertence a localidade capital do concelho Monterrosso.
Mais concretamente São Miguel de Esporiz  é uma aldeia de casas concentradas  em volta da igreja sede da paróquia:



Pode ser observado que Esporiz tem forma de espora?
Na estrutura maior como saliência, sem aparente função, e na estrutura menor (pontos) como beco, bica de juntança dos animais.
Isto levaria a interpretar Esporiz como genitivo: "da espora".
Outra possibilidade que tivesse a ver com espúrio ou espora.
Documentos antigos falam in territorio Assue hereditate de Spoderigo. Para a etimologia germanista é este Spoderigo nas terras de Assue (Agolada) o que daria nome a Espo(de)riz. Esta hipotética forma toponímica *Espoderiz não está atestada.

Esporão (-om) em São Miguel de Quindimil (Palas de Rei). Com toponímia identificativa já analisada neste blogue: Sino, Conzado, Vila Ramil, Guimarãs.






 Os curros pecuários da continuidade Neolítico-Ferro e até agora costumam ter nomes toponímicos habitacionais do tipo Pereira, ou Pedreira, associados com pedra / pera:


Chousão (hipotético) neolítico nas freguesias de São Paio de Brejo e São Cibrão de Bribes (Cambre).
Este chousão no seu lado oeste pode ser confrontado com os recintos pecuários para as renas:
Sistema de cercados para maneio das renas semi-domesticadas.

No seu lado oeste tem o nome da Pedreira, podendo ter uma relação direta com pedra, ou pera, por ser um lugar onde há pedra, mas a muita frequência do topónimo relacionado com o chousão (hipotético) neolítico, vai mais alô da casualidade.
O seu lado oeste de forma arredondeada tem a mesma utilidade que a mesma estrutrua nos recintos das renas, em certa maneira transformar o movimento de estampida em movimento circular, que os animais selvagens desenvolvem como esterotipia, necessária para superar o estado de stresse, como pode ser visto no vídeo no alassar de algumas renas submetidas ao maneio e confinamento.


No seu lado leste no lugar de Peiraio, a toponímia remete outra vez a pedra, mas neste caso a uma forma antiga pera / peira, que nos poderia levar a uma *espeira / espera, ou a uma nespera?
Esta parte leste do chousão lembra os coussos de caça do deserto do planalto de Ustyurt:
Curro para caça de herbívoros no planalto de Ustyurt do Uzbequistão e Cazaquistão, tirado do trabalho: Amirov S.S., Betts Alison, Yagodin Vadim N. Mapping ancient hunting installations on the Ustyurt Plateau, Uzbekistanand Kazakhstan: New results from Remote Sensing Imagery. In: Paléorient, 2015, vol. 41, n°1. pp. 199-219;doi : 10.3406/paleo.2015.5662
http://www.persee.fr/doc/paleo_0153-9345_2015_num_41_1_5662


Vistas no Google maps de coussos do planalto de Ustyurt: 1 2 3 4 5 6 7



Poderiamos estar a ver uma estrutura paleolítica toponimicamente *(wes)p- que reúne em si: a forma em ponta, a espera, a caça à espera o esperão, esporão....
Uma estrutura de caça paleolítica que tivo uma continuidade, ou aproveitamento num chousão neolítico?


Bispo: é no latin episcopus derivado do grego ἐπίσκοπος (epískopos)  o “supervisor”, de ἐπί (epí), “super-” e σκοπός (skopós), “vigilante, guarda”.
Mas o verbo bispar derivaria de bispo?
No sânscrito: विष्पश् (viṣpaś) significa "espião".
E voltamos ao lexema esp- de espinha em espião, de uma hipotética raiz *wesp "agudeza".

Então as palavras como bispar, "observar com atenção", antes do que sediar no bispo católico, sediam na agudeça do *wesp?

Então é possível ir percebendo que episcopus não geraria a palavra bispo?
Que a palavra bispo para a figura do catolicismo, podia já existir para dar nome a alguém "esperto, inteligente, agudo"?
Seguindo a linha sânscrita: विश्पति (viśpati) é o chefe da tribo ou de um assentamento, o amo de uma casa, o soberano.
Esta raiz de  विश्पति (viśpati) com este significado está em diferentes línguas:
Lituano viēšpats senhor amo de uma propriedade.
Persa:: ویسبذ ‎ (wîsbað), “uma classe de governante no Irão antigo”.
Córnico: guesheuin "primado, bispo ou arcebispo" é pensado que é corrupção, talvez variação de quesevin; para o que lhe é dada uma etimologia no céltico *kin'saminos, com o antigo galês cisemic, atual cysefin. Mas aqui é aberta outra hipótese da sua origem que esteja na mesma linha que *wes.

Assim bispo, como o abispado indagador estaria formado por um protoindo-europeu *wis / *wes *weyd- "ver agudamente, conhecer, discernir", mais uma partícula de substantivação do verbo, ou de agente:

*wis-bo, desde o céltico seria algo assim como "para ver", ou em forma de particípio (verbo+ser): "visto". Confronte-se com o catalão bisbe "bispo".
*wis-bo também viria a dizer "guardar, mirar polas vacas".

A etimologia mais divulgada de विश्पति (viśpati) fala de *wes-pótis, sendo *pótis "mestre, proprietário, possuidor, senhor, governante, soberano", "o soberano que espia", ou "o governador que olha com atenção".

O "wes-pótis", fala do primeiro reinado que tinha uma parte de itinerante, de rei em percurso frequente polo seu território.

Se confrontamos e ligamos a linha galaica-céltica *wis-bo "mirar as vacas" com a linha protoindo-europeia *wis-potis:
O subfixo *-tis em proto-indoeuropeu é uma ação abstrata do verbo. Assim *wes-bo-tis seria algo semelhante à "vigilância das vacas".
Escrevia-se ao começo sobre a agudeça em palavras como no asturiano guispiu ou as galegas guespo e guípio, estas espinhas ou paus aguçados, têm os verbos guiparastguipiarast,  guipar ou guispar, mirar com atenção, assejar, espreitar; guipão (-om) aquele que costuma espiar, mirar sem ser visto.

Aqui fala o hitita com a palavra westara "pegureiro, pastor".
Que traz a dúvida: se westara, tem a ver com besteiro, quem cuida das bestas, ou tem a ver com *wes-tor o "vigia, o vigiador".
O lexema -tara do hitita é o mesmo que -tor; wesi significa prado.
Houvo então um deslocamento do conceito "mirar" para o que era "mirado"?
Ou à inversa, o lugar mirado, o wesi "o prado", deu o verbo que sobre esse substantivo era feito?
Este westara, relaciona a besta com a hoste, sendo a primária hoste o grupo de pastoreio de animais semi-domesticados.
Guestrar em São Sebastião do Carvalhal (Palas de Rei)
Guestrar em São Mamede do Carvalhal (Palas de Rei)

Assim , no asturiano güeste:
Hoste.
Grupo de crianças que roubam froita ou fazem travessuras.
Pessoa aproveitada que fica a comer na casa, sem ser convidada diretamente.
Récua de cavalos.
Rês magra.
Procissão de ânimas em pena.
Assim no sânscrito वेष्ट (veṣṭa) "recinto".

O hitita segue explicando com a palavra: wesuriya "partir ir para, mover-se numa direção; sufocar-se, conter, guardar, pôr num lugar seguro".
Assim a enxega é o discernimento, partir para compreender, para ver e fazer diferença.
Wesuriya tem a ver com visura, com o exame de algo com a vista, e com os topónimos Visura / Vesura, tratados alargadamente no escrito "Vessura, a partição do território".
Assim espinha, espinheiro, nascidos de *wesp-, geram o espiar?, porque quem cuida do rebanho, cuida do espinheiro neolítico vedatório, espinheiro *wespo que geraria o verbo bispar.
O topónimo espinheiro e de esta família aparece associado com os bicos do curros pecuários neoliticos, também apocopado como pinheiro e derivados:

São Miguel de Pinheira (Sárria) no "espinho" do chousão pecuário neolítico.

Hipotético grande chousão neolítico na freguesia de Carelhe. Marcado com um * o lugar onde está a casa de Espinho. Casa de Espinho que é pensado levar esse nome por morarem nela pessoas do apelido Espinho, mas que está no lugar toponímico  (es)pinh- frequentíssimo noutras chousas. Que diz isto?, ou que o topónimo Espinho foi perdido, ou que Espinho antes do que topónimo dava nome a uma estrutura deste tipo de vedação, e também poderia indicar a ancestralidade da casa, do assentamento e da gente que mora nessa casa (vide Genética da humanidade na Galiza e preconceito), um pouco mais adiante da casa de Espinho neste lugar está a casa de Mendes, sendo Mendes / Méndez "do mendo" (Vide Mundo).



La Espina na freguesia de Santa Eulalia de La Mata (Grau, nas Astúrias). Grande chousão com toponímia pecuária relevante como Muñeca "bosta", Las Coradas, Las Ferreras





Algo similar a guardar (atenda-se ao guardare italiano "olhar, mirar") que nasceria sobre o *wardo "barda, sebe", (*kʷardo, quadro, cardo, ).

O hitita segue a dar claves pois explica que a besta é a que é vista, a que é fitada, assejada, guardada, controlada, que a sua deriva em qualificar o rude ou selvagem foi secundária.
Bisonte é aparentado com um proto germânico *wisundz, mas bisonte pode ligar também com o hitita wes "olhar atentamente" + -nte, *wesante adjetival sobre o verbo, "que é mirado, que é buscado, que é vigiado".

O hitita ajuda a perceber o Vestio Alonieco como o pastor, ou o senhor das bestas, pois assim é no mundo céltico, o hospedeiro é também o chefe pastoral, o briugu:

https://iberiamagica.blogspot.com/2014/02/el-relieve-del-dios-vestio-alonieco.html

A figura da religiosidade romana vestal, está aqui como sacerdotisa antiga do pastoreio?

Mas o westara, o das bestas também é o da *weste, o da hoste.
E o *wespede, o da hospedagem.
(No tocariano B ost "casa").
Assim chegamos a um personagem do neolítico: o pastor, chefiador do território, da tribo, da hoste e hospitalário com pessoas estrangeiras.
Figura que na cultura gaélica leva de nome briugu, como gestor territorial e do rebanho das vacas, como representante do poder, proto-advogado, cargo que tinha por obriga ter uma casa aberta num cruzamento de caminhos e dar de comer a quem passasse, briugu gaélico que tem o seu cognado bretão bugul ou galês bugail, com o significado de "pastor".

Já no galego, a palavra bugaria significa parelha de bois, "ter bugaria" ter bois para trabalhar.
Bogueira: rede usada nos rios a modo de saco.
Bogueiro: ervaçal em terreo fundo e úmido.
Boga: bosta.
Bogo: buraco (váquo?).


A Igreja de Santo André de Lourição (-ám) com um curro redondo, na outra esquina da imagem, formação geográfica que tem a aparência de uma briga.
Esta configuração será explicada mais abaixo, pois aparece frequentemente nos castros.

Se o *westio é o chefe do lar primário, da célula populacional neolítica, da tribo, e acaba divinizado em épocas posteriores do Ferro: quem é a *westia? No mundo grego-latino talvez ficou na divindade Vesta e Héstia?


Aqui seguem diferentes lugares de nome Bispo:



Lugar do Bispo em Duio (Fisterra). Bispo aqui a que está a fazer referência?
É o lugar mais elevado na contorna do curro, poderia ser lugar para bispar, para espreitar, para guardar o gando.
Poderia ter a ver com espinha, confronte-se que em São Salvador de Duio, na sua boca, exite a Casa Grande do Espinho, e espinho é topónimo frequentemente achado nas vedações dos curros.
Bispo apresenta um curro redondo ao pé de Ermedesuxo de Abaixo, Ermedesuxo que semelha uma briga. Seria Bispo o a sé do arciprestado de Duio?  E na continuidade seria o lugar de poder na época do Ferro?
Este curro redondo ao pé de uma briga pode ser visto no Castro de Cessuras (Dordanho, Oça-Cessuras) e em Dombrete (Lalim). Na ideia que seja o toponimicamente ar-, Areas, Areosa,  que frequentemente aparecem na contorna dos Castros.

Campos do Bispo em São João de Amorim (Tominho), com os elementos do curro afunilado, o aro, o trás do aro que é uma chousa que não tem bico, e o possível assentemanto do castro posteriormente castelo medieval e forte defensivo recente.
O Bispo dea freguesia de Santa Maria de Alba, fazendo limite com São Pedro de Campanhó (Ponte Vedra).
Aqui Bispo é outro lugar sobre-elevado com um sistema de curros pequenos.


É possível observarmos evoluções dos curros, pois aparece uma grande chousa que poderia ter sido a inicial neolítica ao aproveitar e envolver um valigote:


Assim no tempo, a inicial vedação que abrangeria todo o vale foi posteriormente repartida em chousos menores.



Fonte do Bispo e Rego do Bispo (Santa Maria de Trabada), trazem a dúvida se o primeiro bispo foi nome para um vale profundo "angular", antes do que um lugar para bispar.


Os tocos do Bispo em Santa Maria de Parada do Sil, os Tocos é um caborco que dá fim à Tapada de Teimende, um longo chouso.


A Pena do Bispo em São Fins de Riba Sieira. A pena está num bispo?, na ideia de vale profundo?, ou a pena é um lugar desde onde se bispa, se mira?


A Videira da Bispa em São Pedro de Domaio (Moanha)


O Pico dos Três Bispos, na Serra dos Ancares. tem três vertentes a diferença de outros picos da mesma serra que tenhem duas.



Arcebispo na freguesia de Santa Maria de Manho ou Santa Maria de Xobre (na Pobra do Caraminhal)




Vispos em São Marinho de Covas (Ferrol).

A Pena da Bispa, entre São Nicolau do Castro e São Lourenço de Trives, a olhar para o vale da freguesia de São Lourenço.
Vale com as características pecuárias ajudaoras para manter nele animais num primário pastoralismo.
São Lourenço de Trives que apresenta o sistema de chousas frequente:

O vale a norte de São Lourenço de trives: São Mamede de Trives, apresenta a mesma configuração de chousas:
No caso de São Mamede de Trives, as Cortes dá passo a um lugar elevado com perfil de Castro mas não catalogado como tal. Assim , o aro, é também a corte na ambivalência de corte de animais e corte do rei.

O caso de Bispo em São Jilhão de Lóbios (Sober): podemos observar como o lugar de Bispo é um relevo que domina um pequeno vale polo que corre um regueiro:



A hipótese lançada é que no pré-neolítico as pessoas não eram parvas e assim vales como este seriam facilmente choídos, para manter neles cativo um rebanho de animais facilmente caçáveis.
O espaço é de aproximadamente 60 Ha, o que pode permitir, regenerando-se a vegetação, manter sessenta animais.



Então, haveria um vale guardado no seu norte por Bispo / Vispo na ideia de "bispar", vigiar.
No seu lado sul: o Outeiro, que já quer dizer que é alto e serve para outear; com um topónimo ao lado esclarecedor que é Pumares, na ideia de pomerium, (pomerium que é mais explicado no escrito Roma).
E do outro lado: Pácio, que na altura pré-neolítica já podia existir como paliçada. Avelairo que pode ser mais alargadamente entendido no escrito Avelã com o significado de vedação, e também com ideia também de velar "vigiar, cuidar".
Já mais ao norte: Pereira Torta, antes do que uma árvore de peras que medra torta, poderia ser um assentamento habitacional do tipo pedreira, pereira, que tanto se repetem toponimicamente, e que arqueologicamente estão em relação com etapas anteriores ao Ferro, etimologicamente derivadas da palavra que chegou viva ao medievo galaico: pera "pedra".
Confronte-se com o hitita: NAperu(na)-, NApiru(na)- "pedra".

In an important article of 1974 (1975:327) Karl Hoffmann demonstrated the existence of a common Indo-European lexical item *per-ur, *per-uon-/-un un}~ in Vedic parur, parvan- 'joint', Greek , 'end(s of the earth)', Hittite peru(r),perun- 'rock' , 8 and Vedic parvata- m. 'mountain', A vestanpauruuataf. 'mountain range' (*per-un-to-). In accord with the root meaning 'come, go' of *per- (English fare), Hoffmann astutely conjectured the basic meaning of Indo-European *per~ur, *per-un- to be 'that through or down to which one conies', namely 'bedrock', and of Indo-Iranian *par-un-ta (*par-ua-ta-) as 'having bedrock, rocky'

Isto desligaria o medieval pera, o manhego peira,as palavras galegas de lexema per- e par- que indicam pedra (perpianho, perrugueira, paranho ...) e as peras, perras e paras toponímicas galaicas, de serem derivadas da petra latina, e sim cognatas, assim como:
Francês pierre,
Franco-provençal: pierra
Occitano pèira,
Friuliano: piere
Istriota: pera
Liguriano: pria
Lombardo: preja,
Piamontês: preja, pera, pria, pira
Veneciano: piera
Que desenhariam um continuum indo-europeu desde o Atlântico até a Índia, onde a pera física, teria ido modificando o seu significado com a suas funcionalidades ou metonímias, por exemplo no grego πείρᾰτᾰ (peírata) "fim, limite" apareceria como uma palavra arcaica no domínio de πέτρα (pétra) , ou como uma importação ou especialização da pedra protoindo-europeia  *pérwr̥,  que chantada faz de marco limitante.
Assim a pedra latina petra e a grega πέτρα (pétra)  teriam uma raiz nesta linha e não ficariam órfãs como estão na etimologia clássica.
No trácio: *peru "rocha"
No sânscrito परु (paru) "montanha" e पर्वत (párvata) "montanha, pedra"
No avéstico 𐬞𐬀𐬎𐬭𐬎𐬎𐬀𐬙𐬁 • (pauruuatā) "montanha".
No tocariano A pāreṃ "rocha, pedra".










Na imagem podemos observar como o vale foi parcelado, o que permitiria o maneio do rebanho, o melhor aproveitamento dos pastos. A salientar na parte de Outeiro o topónimo Beiturina, talvez mais etimologicamente grafado como Veiturina, (vitulina o lugar dos viltelos?), o que suporia que os vitelos não iam coas nais ao monte, e ficavam guardados num curro.
Também dá para pensar como o Castro está ligado umbilicalmente ao lugar do Bispo, hipótese lançada polas observações do já comentado repetido topónimo do grupo aro, area, como aro de entrada à briga.
Assim o Castro nasce como lugar secundário para uma camada social que não trabalha na agricultura ou pastoralmente, e que recebe insumos do seu território; elite em certo modo: "controlada" por quem mora no Aro, no Bispo neste caso.
Esta explicação serve para a estrutura vista em Lourição, lugar no que apareceu o Vestio Alonieco, onde para chegar à briga há que "passar polo aro".

Aro que é o lugar do ário, que derivou no nobre, na idade do Bronze-Ferro.

Castro do Monte ou Da Ourela de São Jurjo de Augas Santas (Palas de Rei), ligado diretamente com uma estrutura em forma de aro. 
Aqui o Castro do Batão em Mezonzo (VilaSantar), a paisagem da continuidade hoje está desaparecida pola concentração parcelária, ainda que os nomes antigos permanecem, ligeiramente deslocalizados.
Também com o seu aro como Areosa.
Esta posição do topónimo de base aro aparece no entorno das brigas e sob o mesmo esquema mais das vezes do que poderia dar a aleatoriedade.
Areosa e a sua relação direta com o castro em São Pedro de Vilar Maior.


Arém em Cabo-Vilanho (na Laracha)
Nas buscas de topónimos, micorotopónimos às mais das vezes, tipo Areas, Areosa, aparecem na "crica" de um castro sem ter a ver com "areia" mas com aro, com forma de aro.

Desse lugar de raiz aro pode haver um caminho direto à croa.
O dese
nho da paisagem das brigas que encontro: a croa, o caminho circunvalante de meia légua aproximada, e desde esse caminho, ou desde um caminho direto com a croa, um lugar hoje religioso.
Lugar de conexão que a vista de paxaro é um aro dentro do cal pode estar a igreja e cemitério.
Na hipótese da génese dos castros, o castro aparece ligado, inclusive como secundário a este lugar aro.



Neste caso Arém abria a possibilidade de estar relacionado com o harém árabe?
Atenda-se que a palavra é tida por original do árabe, mas também está no persa e urdu (línguas indo-europeias).
No persa حرم (haram) tem o significado de santuário, templo.
No urdu حرم  (ħaram)  é adjetivo com o significado de proibido, interdito, sagrado, como substantivo também com os significados iguais ao persa de santuário, templo e mais o do próprio harém "local das concubinas proibido a estranhos", ou quartos nas casas de cultura muçulmana destinados para as mulheres.

Arám / Arão de São Gião de Serantes (Oleiros) e a sua relação com o Castro de Xoez
Arám , Arão de São Vicente de Arantom / Arantão, ligada diretametne co Castro Laberco.
Arante, São Pedro e a Aira da Croa (castro).

Santa Cristina de Areas e a sua relação direta co Castro de Orelas (Antas de Ulha).

Aro e Castro de Céltigos, em Céltigos (Ortigueira)
Ariz na Póvoa de São Jião (Lâncara) e o castro no seu norte
Arijom / Arijão ao pé do castro do mesmo nome em São Mamede de Seávia (Coristanco).
Arilho e o castro de Xaz em Dorneda (Oleiros).
Arujinha e Castro das Pardinhas em São Paio de Buscás (Ordes)
O Aro e o Castro de Céltigos em Céltigos (Ortigueira).
Arante e a sua relação com a Croa (Ribadeu).


Aramanti de Narzana (Sariegu, Astúrias) com El Castru na sua beira
Então seria possível que a raiz do harém árabe não fosse semita, mas sim indo-europeia, com outros argumentos apoiantes que irão a continuação, e que o movimento da palavra fosse de um inicial templo para um posterior gineceo:
Isto poderia explicar o porquê a igreja no galego é chamada aireja / eireja?, lugar da ara?
A igreja, aireja, eirige, é o local que guarda a ara uma das pedras principais territoriais, que está no espaço aro, do ário do arado.
A ara nas igrejas é uma pedra principal que às mais das vezes está oculta, porque está como laje sem sobressair do chão no altar, enterrada.
A palavra aro das línguas peninsulares é órfã, com etimologia desconhecida.
Mas: aro é dos nomes primários da roda, desligado de outros nomes indo-europeus dela, e apenas ligado com o sânscrito, onde a palavra अर (ara)  dá nome ao rádio da roda entre outras cousas.
Assim temos que a primária roda que viajou entre a Península e a Índia ficou rota deixando aro por aqui para a sua parte exterior, e ara na Índia para a sua parte interior radial.
Por exemplo no asturiano ariu "sebe, valado que rodeia uma propriedade".
Assim अर (ara) "rádio de roda", tem também o significado de "rádio de um altar que tem forma de roda".
Isto leva-nos a Stonehenge e a outros lugares da faixa atlântica onde damos com uma estrutura religiosa que a palavra sânscrita अर (ara) descreve:  um lugar central e perimetralmente a ele uns postes em  rádio que podem ser de madeira ou de pedra.
Foto de Patrimonio dos Ancares em La Voz de Galicia:
https://www.lavozdegalicia.es/noticia/lugo/lugo/2019/09/17/descubren-nuevos-petroglifos-parroquia-span-langgladaispan/00031568747482601582857.htm

Segundo as relações entre as palavras aqui expostas Arém de Cerdedo , o castro de Arém, seria um castro religioso, castros religiosos com uma disposição frequente envoltos por um rio, como o castro de Castanhoso na comarca da Fonsagrada, ou na contoinuidade como o Mosteiro de Caaveiro.
Em Arém e topónimos de base aro, estaríamos a ver a ligação e continuidade entre o lugar sacro inicial do paleolítico-neolítico.

Igreja da Santa Cruz da Retorta (Guntim) dentro do seu "aro" e com caminho direto com o castro. Esquema de distribuição dos espaços da continuidade Mesolítico - Ferro e nalguns casos até a atualidade.
Assim na estrutura de Jerusalém podemos dar com esta ligação da ara e o haram / harém:


























Em Jerusalém: a chousa pecuária envolve o val, cárcova, de Tyropoiōn, Tiropeon "dos queijeiros". Chousa que tem a um lado o lugar religioso, o templo, primária taberna do chefe pastor, chamada por Roma tabernáculo, (topónimo de base taberna já neste blogue estudado e condizente), lugar da arca e lugar da ara ou pedra sacrificial com o nome de  الحرم الشريف, transliterado al-Ḥaram al-Šarīf  "o nobre santuário"; e ao outro lado o local de poder militar, a Torre de Herodes, do mesmo jeito que tantos chousões neste blogue descritos, onde eum lado está situada a igreja e do outro a casa forte, paço ou mesmo o topónimo Torre.
A pedra sacrificial onde a lenda bíblica narra que o Issac ia ser imolado polo seu pai Abraão está no templo. A pedra é considerada desde onde Deus criou o mundo.
Isto tem relevância para, usando da escola junguiana de Clarissa Pinkola Estés, decifrar as pedras que, nas lendas galaicas, as Mouras levam na cabeça, como pedras fundacionais.
Em certa forma haverá tantas pedras fundacionais como "mundos". Sendo também mundo o decifrado neste blogue, como o lugar axial desde onde a célula territórial mesolítica neolítica é ordenada:.
Nas fundações das urbes romanas iniciais é descrito que antes de andar com o arado marcando os limites, era desde um ponto exterior que se desenhava a urbe. Esse ponto referencial desde onde se marcavam os eixos e era escolhido o assentamento, tinha uma construção oracular uma estrutura simples que referenciava as coordenadas, um auguraculum. Nesse ponto havia um buraco cavado na terra ou na pedra que levava o nome de mundus, nele realizava-se um ritual, onde se faziam oferendas, trazia-se terra doutras partes, aradinhos votivos...
Esta pedra fundacional ou pedra dos sacrifícios pode ter iniciado a sua relação íntima com um povo (desde o paradigma da continuidade) desde o paleolítico, onde penedos eram usados como lugares de moagem.


Esta é uma pedra utilizada polos povos originários da Norte América para machucar e preparar alimentos, para bulhar e debulhar.
Que podemos dar com a sua "sacralização" na Irlanda, pedras chamadas bullán, anglicizadas como bullaun.


Estas pedras fundacionais, sacrificiais podem aparecer na toponímia galaica associadas aos curros pecuários, aos curros afunilados, com uma base de seixo.
Pedras fundacionais e de sacrifício que a história, desde a ideia que a história nasce com a escrita, nos confirma; como é Cabeço das Fráguas:

OILAM. TREBOPALA.  INDI. PORCOM. LAE(uel B)BO.  OMAIAM. ICCONA. LOIM/INNA. OILAM. VSSEAM.  TREBARVNE. INDI. TAVROM./ IFADEM [...?]  REVE. TRE [...]

Onde é dito que sacrificam um porco, uma égua, uma ovelha e um touro/boi.

Isto daria uma base argumental à relação entre o boi animal e o boi penedo, pois há um penedo demarcatório, como um penedo principal de uma treva / treba.
Dai a hipótese de que poderia haver um elo entre o boi animal e o boi penedo, feito pola ancestralidade de um rito demarcatório, onde o terreo é delimitado por molhões, que circunvalam e marcam a unidade territorial, pedras polas que era passeado quem ia ser sacrificado e pedra sobre a qual era o sacrifício, marcos que são molhados com o sangue do sacrifício, e marcos sobre os que é depositada a cabeça ou distintas partes do sacrificado.
Deste jeito palavras como barrão, varrão, marrão / marão, molhão, carneiro...., estariam no mesmo conjunto de mistura entre animais (sacrificiais) e pedras que marcam território.
Por exemplo nas Astúrias orientais, é frequente que penas ou penedos significativos tenham o nome de la Osa, (o que faz lembrar a praia e a pena da Ursa próxima ao cabo Roca). Sendo como foi o urso animal sacrificial nas entronizações.

Assim na Roma pecuária que neste blogue foi analisada:



Há no seu lado oeste, marcado de amarelo no mapa, o Forum Boarium, o lugar da feira das vacas onde está a pedra sacrificial Ara Máxima.
Do outro lado, na primitiva Roma pecuária, estaria um local de poder "militar", talvez no Mons Caleius (Castra Prioria) ou no Mons Oppius.

Voltando aos Bispos:

Bispo de São Miguel de Vilela (Taboada) e a sua relação direta com a Croa do Castro.





Santa Maria de Sobrado do Bispo (Barbadás)., pode ser facilmente distinguível o curro afunilado, e na esquina inferior esquerda um assentamento em aro, circular.




Sistema de chousos no lugar dos Bispos em São Tiago de Cuxela (Ribadeu). (na imagem há mais curros afunilados que os marcados).
Casal do Bispo em São Martinho de Domés (Verea). Podem ser vistos distintos curros pecuários, chousas paralelas como as explicadas no escrito sobre a Vessura, observe-se a relação mais ou menos direta entre o Castro de Outeiro e Casal do Bispo.





São Bieito do Bispo (Monterroso) com um sistema de chousas complexo, similar ao explicado em Baltar.
Aqui Bispo também está situado num lugar sobre-elevado e também dá nome a um gram recinto pecuário, propriedade da Igreja, atenda-se a que o monte é chamado Monte da Aireja.





Bispão, Vispão de Santa Rosa de Viterbo da Granha (Ferrol) fazendo parte de uma estrutura semelhante a um cousso de caça, o Bispão é um local aguçado onde na estrutura de caça passiva acabam caindo num foxo. ñocal desde onde se vispa. A sua datação por relação com o mar faria-o paleolítico.














A Avispeira de Santo António da Barqueira (Cerdido).



Bispado (segundo a página Toponímia de Galícia) em Santa Cristina de Celeiro de Marinhãos (Barreiros).





O Bispado de Bretonha (Pastoriça), onde também está a Casa do Bispo, e onde é tido por certo que estivo a sé do bispado do bretões expulsos da Grã Bretanha pela invasão anglo-saxónica do século V.
Sendo assim o Bispado toponímico é uma chousa neolítica, com o que o bispado dos refugiados britanos teria ocupado um bispado, se calhar vacante pelas vicissitudes históricas durante a dominação romana?
Observa-se a distribuição típica das grandes chousas analisada neste blogue em diferentes escritos (no escrito "Roma" por exemplo): O local religioso, Casa do Bispo e Bispado com uma área circular. O local de vigilância, proto-militar Fitoiro, de fitar, mas também a pedra fitada fundacional, comumente identificada toponimicamente na volta da chousa afunilada, com nomes como Seixo, Pena ...., neste caso podendo ser um fito pétreo. Assim o fitar vigiante e o fito, pedra fitada coincidem desde o neolítico.
A destacar o topónimo Mesão no bico da chousa, mais alargadamente explicado em "ameijoar na ameijeira".







Pé de Bispo em Santalha de Rio Avesso (Cospeito), semelha um cousso modificado. A reparar nos topónimos: Ramalheira (tratado em "Ramil"), a Picota no bico de saída, outros nomes semelhantes nesta estrutura costuma ser o Pico ou o Picão (-om). A Redonda ou Parocha, parocha é ambivalente porque a linha germânica vai dar em "parque", compartimento de um chouso ou estábulo, a linha latina vai dar a parocha "pousada de caminho onde se oferecem camas, comidas e suprimentos para os viajantes, e os seus animais" sendo o parochus quem governa a "parocha", parocha que não deixa de ser uma mansio.
Se combinamos ambas as raízes (germana e latina) temos um lugar semelhante ao do briugu gaélico.
Outro lugar a salientar em Pé de Bispo é a aparente castronela com o nome de Fraga Redonda. Num desenho que se repete, um aro, Parrocha neste caso, ao pé de uma fortificação, um aro que dá passo ao castro.




Estrutura em forma de cousso na freguesia de São Ramão de Vilapape (Bóveda) com toponímia frequente nos coussos. A atender o nome de Vispa no interior da vedação de caça.


 No escrito "Taibó, a casa do boi", foi esboçada a ideia da relevância significativa do lexema que acompanha aos topónimos de base tai- ou tei- "casa".
No caso aqui desenvolto do bispo e o bispar, da visão chefiadora, o radical de *wis / *wes / *kʷes poderia estar nos lugares: Teigueselhe, Teiquesoi, Teiquisoi,, Teivim.
Onde um hipótético *tei-*kʷes estaria na base dos anteriores topónimos, com o significado da "casa da visão , casa da vista".
Por exempo Teiquesoi, liga com o galês ceisio "procurar, perguntar, buscar; tentar, mirar, ter como objetivo". Antigo latim quei "que, quem, qual", protoindo-europeu *kʷos.
Isto traz aqui o quaestor da Antiga Roma aproximando-o à figura do bispo do Neolítico-Ferro aqui tratada de esboçar.
Assim questor / quaesitor derivariaram de *kʷeys- / weys / wes / wis "ver agudamente", um chefiador de gando e de território.

Teiquesoi na freguesia de São Vicenzo de Gondrame (o Páramo). Pode ser observada a valinha que cai para o Minho, e a sua posição vigia sobre ela, e o castro próximo.




Teigueselhe de São Pedro de Santa Comba (Lugo), em semelhante estrutura à descrita, dominando uma vaguada. Chamativo o topónimo Teinande. Também para reparar, a nordeste de Teigueselhe, semelha um cousso modificado levemente.



Teivim confrontado com o Castro, em Santa Maria de Lourençã, a sua posição é ótima para "ver" o vale onde hoje assenta a Vila Nova de Lourençã.


Então, recapitulando:
O bispo como pessoa da religião governadora de um território tem todos os visos de ser anterior à instauração da religião católica.
Teria uma continuidade desde os primórdios do pastoralismo pré-neolítico até os dias de hoje.
O seu domínio territorial seria maior que o do abade pré-católico *wlatis/waltis (que foi tratado no escrito "Baltar, o pastoralismo"), dominaria uma bisbarra, e disporia de uma hoste de visparras, como proto-polícia gandeira. Seria o encarregado  de dar o visto, o passa -porta, o passe entre territórios numa sociedade, como a galaica pre-romana, fortemente estruturada, seria o encarregado de realizar a as vistas, os juizos....




Beauregard-l'Éveque em Auvérnia-Ródano-Alpes (França). Poderia ser traduzido como Belavista do Bispo, atenda-se como regarder é olhar. Tautológico?, de não ser tautológico bispo poderia ser o vale. Mas este lugar também tem a sua estrutura pecuária, com uma chousa marcada, com a toponímia frequente "Croix" num dos seus bicos, com bastantes chousas paralelas (veja-se a explicação dos chousas paralelas em Vessura)






Garrán an Easpaig (A fraga, bosque, do bispo), está estrategicamente situado com uma vista do vale. Vale que tem grandes chousos pecuários na mesma estrutura que os apesentados.
Então?
O bispo católico gaélico escolheu lugares de visibilidade para morar?, ou a figura de poder do mundo celto-atlântico, ou do Ferro na Europa, ou no neolítico inicial, era um pastor chefiador que controlava o vale no processo de caça regulada, ou "tinha" um vale vedado no começo da domesticação?
Garrán an Easpaig deturpado à inglesa como Garrananaspik, em Cionn tSáile, Eochail, Corcaigh.


"Senhorio do Bispo", Baile an Easpaig (Ballinaspick ou Bishopstown) na freguesia de Cill Áir, Contae na hIarmhí.














O topónimo Espido, poderia ter a ver com esta linha do *wesp-.
Por exemplo Espido em São Sebastião de Carvalhido (Alfoz):


Na ponta noroeste está o nome de Espido no mesmo lugar que outros chousões tenhem o nome de espinho ou similares, espinheiro, pinheiro.... É de releváncia que o nome também apareça como ospido, na ideia de hóspede, que já foi falado, o que reforça a ideia de um étimo primitivo tipo *wesp-, que foi falado anterioemente.
No seu lado sul está a Pena do Bispo, que outra vez nos leva ao lexema explicado *wesp- *wisp-.
No seu lado sudeste está o Espinho frequente.
E no sua parte central Asporas
Wisp-o: bispo / vispo
Wisp-in(us)-itus: wispi(n)itus: Espido / Ospido / Espindo / (es)Pindo.
Wisp-innus / wisp-ineus: Espinho
Wisp-orum: wisporum plura: wispora: wisporas (plural redundante): Asporas / esporas.

Lembrar aqui o hitita westra "rebanho" e westara "pastor".
Que poderia ter uma génese com lexema inicial *gʷṓws, mais um lexema modificador *gwows-ktor "pastor" *gwows-ta "vacada" *gwos-t-ara "das vacadas / das vacas".



Espindo de São Pedro de Bande (Bande).
Neste caso como nos topónimos da raiz espinh- o lugar esta no bico de um chousão, de hipotética origem neolítica.
Seriam pois esperáveis que o os topónimos  de raiz pind- tivessem origem comum com (es)pindo, pindo "agudo, costento".




Pinda de Arriba em São Vicenço da Granha (Ponte Cesso).





































Confronte-se o grupo de arbustos espinhosos de base -cambr-, escambrão, cambroeira .... e a etimologia proposta de base latina crabro crabronis, (onde também estaria o cravo de cravar?)


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