No gaélico antigo gabál ajuda a perceber uma gênese possível, com o significado de "ação de colher em possessão, o ato de agarrar, de pegar em, o ato de pôr uma roupa".
O antigo gabál tem o atual gaélico irlandês:
Gabháil, com os significados de:
Captura, apreensão; assunção (de autoridade); ocupação (do território); aceitação; empresa
Encaixe, ajuste;
Jugo, arnês;
Traje;
Suporte
(música, poesia) renderização, processamento.
Fermento, lêvedo.
Gabão a roupagem, tem as seguintes etimologias possíveis:
- Do italiano gabbano.
- Do espanhol gabán, polo árabe قَفْطَان (qafṭān) ou عَبَاءَةٌ (ʿabāʾatun).
- Do persa قبا (qabâ).
- Do latim capanna.
- Do latim capānu, derivadeo de capa.
- Do Arabic عَبَاءَة (ʿabāʾa), “túnica de lã”), via a popular de قَبَاء (qabāʾ).
A isto haveria que engadir o gaélico antigo gabál "o ato de pôr uma roupa" ou o atual gabháil "traje".
Então poderia haver uma relação entre o gavar-se "louvar-se, jactar-se" e o agasalhar-se com roupas?
No galês desta família de gabál está o verbo gafael com os significados de pegar, segurar, agarrar.
Esta raiz daria uma ligação etimológica com o catalão agafar com significados semelhantes de pegar em, colher... onde a raiz gafa catalã é nome de um gancho.
Assim a ave gavião e as gaivotas teria em si este étimo de pagar, colher, capturar.
Gavejo é nome do ancinho para Trás-os-Montes, é na Galiza ordem, arranjo, cuidado, atenção.
O gaélico irlandês gabháil como jugo tem em si uma ideia de ligação, do mesmo jeito que o jugo iugum e o ioga योग • (yóga).
No asturiano já for por pars pro toto ou totum pro parte, no mundo do jugo há um grupo de palavras que poderiam ter relação com a raiz gabál:
Camella: parte encurvada do jugo que apoia na cabeça ou pescoço; jugo para uma só vaca. Vaca ou boi que andam ao jugo; vaca forte para o trabalho. (Confronte-se com camelo, no espanhol gamella parte arqueada do jugo que apoia no animal).
Camellar / acamellar: jungir, pôr ao jugo.
Camellegu / camelleru: vaca ou boi que pode ser junguido em ambos os lados do jugo. (Confronte-se com cambiar). Camelleru: forte para o trabalho.
Camellón: cada uma das proeminências na parte superior do jugo que servem para segurar o loro ou para atrelar os cornos ao jugo com umas correias "corneiras". Arco do jugo que assenta sobre o animal.
Camellu: parte arqueada do jugo. Proeminências do jugo para ser segurado à cabeça do animal ou à cabeçalha do carro. Boi para trabalho, forte, resistente e pequeno.
No galego deste grupo do jugo de lexema camel- há:
Camelo, camelhão e camelha como as proeminências do jugo onde engancha o loro
Camelha: parte recurvada do jugo
Camelho: parte do jugo que assenta sobre a molida.
Camela: entalhadura
Camalhão (-om) é cada uma das proeminências do jugo; camalhão também cambalhão é a parte superior de um rego, ou num caminho rodado, a parte alta entre as rodeiras.
No jugo a parte recurvadas poderia ser pensado que tem a ver com cama por ser assento na cabeça ou pescoço, mas tem também o nome de cambelo, onde cambelo tem o lexema camb- que é frequentemente associado com parte curvada, lexema o de recurvado que parece dominar o conjunto
Sobre a coincidência dos camelos animais terem o mesmo nome que os camelos do jugo:
No asturiano já camellu e camella dá nome a animas fortes para o jugo, como se houvesse um traslado da palavra da parte que pega no animal para o animal. E desde aí para o animal forte.
O jugo tem jugueira, que é a parte curvada que assenta no animal, no pescoço ou caluga, a molídia tem jugueira que é a sua parte que recebe o jugo, e a vaca ou boi tenhem jugueira que o pescoço ou um calo produzido polo jugo: Este pode ser um movimento de significados.
Também camelo é a proeminência, o castelo, do jugo que poderia ter uma relação com as corcovas do animal.
Por outra parte camelo semelha um diminutivo de cama / camo, e como foi desenvolto noutro escrito:
Gama / camurça, a família de camox poderia estar aparentada com persa médio TWRAmyš (gāw-mēš) "búfalo, literalmente: vaca-ovelha”; pois no persa گاو (gâv), “vaca”) e میش (mêš), “anha, borrega”; antigo armênio e atual գոմէշ (gomēš), sírio clássico ܓܡܘܫܐ (gāmōšā), árabe جاموس (jāmūs), georgiano გამეში (gameši), კამეჩი (ḳameči), კამბეჩი (ḳambeči), checheno гомаш (gomaš), ossétio къамбец (k’ambec) todos como nome do búfalo.
Então o camelo que foi chamado de gamelo, estaria neste conjunto de nomes de *gow-mes, neste caso *gwo-m-elo.
Já desde a etimologia mais divulgada camelo seria uma palavra de origem semítico da raiz gamal-
No árabe: جَمَل (jamal)
No hebreu גָּמָל (gamál),
No acádio 𒀲𒃵𒂷 (ANŠE.gam-mal), onde anse é nome frequente para cavalo ou cavalgadura, sendo gam-mal um modificador?
No sumério 𒃵 (gam) significa curvar, o que liga com o lexema galaico camb- com o mesmo significado, cambar.
Estas ideias do acádio e sumério sobre o camelo animal como cavalo curvado ligam com a parte do jugo chamada cambela / camela, cambelhão (-om) parte curvada, mesa que assenta sobre a jugueira.
Estamos a falar de uma palavra-conceito camb- / 𒃵 (gam) que pertenceria a um tempo anterior à diferenciação do indo-europeu e do proto-semita, levaria a um tempo onde as línguas semitas e o indo-europeu não estavam conformadas, que seria anterior ao 10.000 aC.
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