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Castro de Lobos

Vão ir sendo apresentadas diferentes imagens de Castro de Lobos e a sua estrutura de cousso, evolucionada a granja neolítica.
Castro de Lobos na freguesia de São Paio de Paradela Toques





Podem ser observados os assentamentos humanos ancestrais nos becos da estrutura, no seu lado oeste a jazida do Paleolítica Superior das Penas dos Raposos, e a da Ínsua do Calcolítico. Já no leste há identificado um Abrigo Paleolítico e a presença da Castronela, a própria pequena briga de Castro de Lobos, poderia ter sido uma continuidade de um assentamento simétrico aos de Ínsua ou Penas do Raposo.
Há muitos exemplos da presença de uma castro na ponta de um beco de uma estrutura de caça paleolítica ou granja neolítica no escrito "Castro? Vai de ida ou vem de volta?"



O beco oeste aparece bastante indefinido, com chousos que talvez o foram partindo.
O beco leste tem menores variações, finaliza na união do regatinho  com o regato das Cancelas que continua com o nome de Rio do Porto Vaamonde.
Neste blogue teem sido apresentados muitos exemplos onde o funil da caça finaliza numa branha ou tremedal ou num rio; dá para entender que num lugar lamacento o animal perde a sua agilidade e é mais fácil a sua caça, também ocorre o mesmo se o animal entra na água, mesmo se é feita uma pequena represa.




Uma imagem do cadastro sobre a foto aérea do 1956, assim como a toponímia ajudariam a perceber a evolução do cousso, desde um espaço pequeno menor até um tamanho maior, com diversas variações do beco oeste.
De entre a toponímia a destacar:
O nome de Bica para o ancestral beco / bico leste da suposta primária forma do cousso.
E em espelho a Bica, nessa primária forma, a Chousa da Falva. Que nos leva ao latim falva / falvus "parda, pardacenta". Supostamente uma palavra latina apanhada das línguas germânicas( proto-germânico *falwaz).
Falva tem a forma patrimonial galega fouveiro "baio/alação ou castanho claro".
Como foi explicado no escrito "Bistulfe, os bois pardos", a toponímia associada a estas estruturas de cousso, granja neolítica, que fazem referência à cor parda, estariam a "falar" do animal caçável, com um eufemismo, que foge de manifestar o nome verdadeiro tabuado.
Também nestes lugares costuma aparecer o topónimo marcado pola cor branca, tipo pena branca, neste caso Chousa Branca.

Também o frequente Santas no lado oeste, numa das supostas evoluções do beco, na ideia de ter sido Antas.

Quanto ao nome do lugar habitacional, Casto de Lobos, a estrutura aparentemente não seria a própria para lobos. Talvez o seu nome ancestral, castro de x, esse x fosse um nome tabuado tipo pardo, ou falva, para um indeterminado animal a caçar, que na nova camada linguística acabou traduzido a lobo.
Confronte-se falvus com fulvus.
Para Pokorny:
germ. *falwa- in aisl. fǫlr, ags. fealo, as. falu, ahd. falo, falawēr `sallow, paled, falb' (in addition as `graue ash' aisl. fǫlski m., ahd. falawiska `ash, Aschenstöubchen'); *falha- (: lit. pálšas) in aleman.-rheinfrönk. falch `falb, esp. from hellbraunem Vieh'; *fela- or *felwa- in west föl. fęl `falb', fęle `fahles roe deer, fahles horse'.
A destacar que a cor soa dá nome ao animal dessa cor, como rúvia na galiza dando nome, não proprio,  a uma besta ou uma vaca.
Que o beco leve o nome germânico ou do neologismo latino pegado do germano, não faz com que a estrutura seja de esse tempo no que essa camada linguística vigorou por cá, simplesmente é uma capa sobre o nome ancestral que teria sido ou uma tradução, mais ou menos literal ou uma adaptação aproximação da palavra primária à nova língua (isto faz-se muito evidente na toponímia gaélica e córnica).

No proto-céltico *wailos, gaélico faol é o lobo, mas faol é também adjetivo para dizer selvagem, no irlandês medieval fáel.
No galês belau, é o lobo ou qualquer animal predador. Para alguma escola galesa o étimo comum ao galês e gaélico seria o proto-céltico *belaṷū.
Poderia haver uma raiz protoindo-europeia em falvus / fulvus tal que *fal-wós‚ numa adjetivação verbal, onde o primeiro lexema *fal- seria um verbo?
Para a etimologia clássica o proto-germânico *falwaz, teria que ver com o protoindo-europeu *pelH já dando nome a uma cor.
As cores como adjetivo ou nome indefinido, é pensado pegar o seu significado abstrato, de algo concreto.

Imos pôr o suposto étimo da escola galesa para os fáel, faol faoil, fael, faelaib, failad, faelad gaélicos e para os britônicos (córnicos e galeses): bleydh; belau, bele, bela, bala, bali, para o gaulês bledinos "adjetivo que identifica com o lobo", aparentado com o latim belua / bellua "monstro" :*belaṷū, à par do proposto étimo para falvus, *flawaz:

*belaṷū
*fal-wós / fal-uus.

Para o céltico *bela-ṷū: a raiz etimológica *bela teria a ver com o galês bela "matar, espancar" do proto-céltico *belA-"morrer, morte" do protoindo-europeu *gu̯elH- "atacar, esfaquear".
Ou estaria este grupo de palavras na raiz de Pokorny *bheleu- "bater".
Então seria a raiz verbal buscada "morrer/matar" sobre a que se sufixa o protoindo-europeu *-wós, latino -uus / -vus. o que morre e o que mata: *bhel(eu)wos.
Confronte-se com belém no seu significado de briga, confronto; e como o asturiano belén "agitação, confusão, enredo".
Confronte-se baleia, ballaena (la), φάλαινᾰ (grc) (phálaina), e bleidh (gd) "monstro marinho",  bled (sga) "monstro marinho, baleia".

Na Galiza poucos mais topónimos encontro do grupo Falva, Monte Falvão (-ám):

Ego, Sancio Afonso, conomento Galizia, vobis, priori Pelagio Moreda et fratres monasterii Sancti Petri de Rocas, facio kartam donacionis, pro remedio anime mee et parentum meorum et pro precio aderato que mihi complacuit, de hereditate mea uno kasale que habeo in Lagenoso cum quantum ad ipsum pertinet, in territorio Aquilare, subtus monte Falvan, discurrente rivulo Alesgos, sub signum Sancti Petri et Sancte Marie. Venda. 1136. San Pedro de Rocas.

Monte Falvão (-ám) em Santa Olaia de Esgos, o caminho desenha uma estrutura em cousso.

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