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As gueifas do arado



Nas Astúrias há uma raça de ovelhas de cor negra: la xalda.
Algumas ovelhas desta raça tenhem uma marca branca no focinho, e recebem o nome de gueifes.



Gueifes nas Astúrias, também são as gralhas-calvas (Corvus frugilegus), uns corvídeos.



Também: grefes, mefres, nefres "as ventas da vaca, o focinho e os lábios."
Outra palavra mais que acugula significado aqui, são as gueifas do arado, as abeacas, aivecas do arado, as orelheiras.

Orelheiras que abrem o rego, que dalgum jeito sobressaem.
Gueifas nas Marinhas dos Condes dão nome às treitoiras do carro, as peças que abraçam o eixo.
São orelhas, são bicos, ou são lábios?
Atenda-se que no asturiano, o arado recebe o nome de llabiegu, nome que na zona de Betanços tem o cognato de labega.


(Tirada de aqui, http://www1.museo.depo.es/popup/arado_e.html, ainda que semelha ser dum livro do Xaquín Lorenzo).
As gueifas do arado são as marcadas com o número 8, também chamadas abeacas ou aivecas.

Na suspeita de que a lenição/fortição ande por aqui: gueifa ....indica a possibilidade da existência duma forma hipotética *veifo.
Beifo que sim está dicionariada como variante de beiço, e que relaciona o beiço e o belfo.
Estamos pois na ideia de gueif-, veif-, como antiga raiz para o nome dos lábios?
Gueif-, veif-, neif-, (nefres), morros?
Outra das possíveis mutações é cheif-, com a palavra chefa e chefe.
Eládio Rodriguez recolhe gaife, ( /'gai.fe/ e /'hai.fe/) com o significado de aquele que galeia, que sobressai de entre o resto.
Atenda-se a que de /'haife/ ao jefe espanhol vai mui pouco.

Onde foi dar toda esta família?, de onde vem?
Olhando para o céltico, temos como nome do beiço no galês: gwefus, no córnico antigo: gueus.
E para o belfo?, no galês: gwelf, no bretão medieval guelf....
Palavras que aparentam com o protocéltico *wewlos, gaélico antigo bél.
Confronte-se com o asturiano: belfu, guelfu, güelfu, melfu.


Este morro, lábio ou boca *bel- poderia estar em topónimos como Belesar (labial, ou *morral *ladeiral, *encostal), Belesende (que vai dar à boca) Beleiriz (dos do lábio, dos da aba) Belelhe (do beicinho, do montinho, do morrinho), Beleicão / Beleicom; (morrãozinho), Belecom (grande aba, grande boca)....


Belesar, uma terra na freguesia de São Miguel de Pinheira (Sárria).


Belsar ao lado de Goiám de Torres (Vilar-maior), a salientar os outros topónimos que acompanham .

Beleiriz em São João de Moeche

Confronte-se com as Berlengas:

https://www.expedia.com/pictures/northern-lisbon-leiria/peniche/cabo-carvoeiro.d6116778/
De onde: bela é a proeminente, quem sobressai?
Berlai em São Mamede de Pinheiras (Guntim). Que nos diz Berlai?, berl- lábio, morro, bico, *berlani, plural do nominativo ou genitivo de berlanus/berlanum: os do berlano, ou os berlanos. Isto é: o castro, que é uma proeminência, foi abandonado na romanização, mas as gentes assentaram na contorna:



Outra: Belám / Belão, boca?

Belám / Belão sobre o rio Eu
Abelám de São Pedro de Crecente?





Creio que já está dito davondo....







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O nome de Gaiferos foi conhecido no século oitavo.
Dizem ter uma origem no franco waife, que dá nome aos pasteis gofres, etimologicamente também derivados da mesma raiz, com relação na marcação nas hóstias, e com relação com os favos de mel, waba, wabo, do antigo-alemão. Ou com ideia de ondulação e bandeiras, pendões nas falas nórdicas e germânicas.
Ou com ideia de waffle "palavreado excessivo mas que nõa diz nada".

E será da mesma família?
Outra ideia é que os favos de mel waba tenham a ver com a baba, ou a faba, lexemas raízes que dão ideia de comer, ou de boca.


Paradigmas de dependência fazem ver o Gaiferos longe do chefiador, do gaife.
Dom Gaiferos cantado por Santalices:



Um algo mais:
Há uma fonte do protoindo-europeu que deixou rastos na fala daqui.
Um desses rastos é a palavra gueifas, talvez mui velha dum substrato anterior ao germânico, e por suposto ao latim.
Esta palavra poderia ter um continuum pola Europa pré-romana.
Esse radical gueif- com o significado inicial de lábio, morro, prominência, saliência incrustou-se em diferentes idiomas.
Uma característica das falas céltica é a mutação da consoante inicial em função dos fonemas anteriores que acompanhem à palavra ou mesmo da função sintática que a palavra tenha no discurso, e também mudanças leves de significado acompanham-se de mutações da consoante inicial.
Este radical gueif- em gheada /heif-/, junto com veif- / beif- e neif-, conserva o campo lexical, e dá ideia da presença do céltico, pois no céltico esta mutação acontece.
Por isso não seria de estranhar que a palavra alemã Heguel (touro semental) e a inglesa heifer estivessem relacionadas com esta proeminência....

















Sobre Xalda:

Xalda faz fererência à montanha?
Xaldeira em galego é aba do monte.
Xaldu é alcunha dada aos montanheses polos vaqueiros de alçada.
Xalda, xaldo, xaldu é adjetivo asturiano para aquilo que é pouco medrado.
Enxaldar-se recolhido por Elixio Rivas como embravecer-se, anda aí.
Poderia estar no mesmo conjunto que o latim saltus, que o galês gallt.
Confronte-se com Xalde / Xalda em São Martinho de Moanha, a aldeia mais alta da contorna.

Deste grupo seriam as Saldanhas,"montanhas"; Saldante de Soandres (A Laracha), "montante"; e a freguesia de São Miguel de Saldange (A Pastoriça) "montange".


Guelf- "boca" e as gueld-?
Guelra / guerla é uma palavra aparentemente orfã.
Mas no gaélico da irlanda a palavra grafada geolbhach e pronunciada como neste enlaço é possível ouvir, diz muito.
Também diz muito a palavra gueldra "boca" na fala dos cesteiros.
Todas estas palavras remetem à boca e estão na mesma linha que o acima escrito sobre gueif- guelf-.
Guerla, também tem o nome de gala ou garla.
Daí o falar, onde o celta p: parla / fala tem o seu par celta-q garla, gala.
Assim a gala que é o mesmo que a guerla também tem no gaélico o seu par nas palavras gáilleach e gáilligh.
Isto abre uma nova hipótese para o galo e a galinha como os garleadores, os que cantam.
Mesmo o povo galo poderia estar sendo definido por: o povo do verbo que fala / *gala / garla.

Então teriamos a Céltia, a Káltia o território denominado pola sua fala, parla ou garla, como na atualidade a Gaeltacht.
Assim Callaecia / Gallaecia seria calla-icus, os pertencentes à fala.
Sobre fala, pala, cala, parla, garla poderiaser mais alargado, vendo a origem na primeira palavra

Estamos primeiro nos primeiros refúgios covas logo cabanotes de paus amoreados, onde pala "cova" passaria a "palo" pau, como caseto de paus, melhorado como os casetos do monte dos pastores as cafuas ou cafugas feitas de terrons.
O buraco refúgio pala, cala pode evolucionar e diversificar-se, adquirindo um lexema derivativo pala-tio, a pala inicial cova pode ser já em conceito refúgio, palatio ou palantio ou pal-x ser um derivado tal que refugiador, perdendo palatio a ideia de "cova".
Porque no Palatino também estava a cova da Loba.
A diversificação fica em diferentes idiomas, que fala não exista aqui para refúgio, cova, ou curro, não quer dizer nada, pudo existir, pois a variação da consoante inicial cala-pala implicaria ao meu ver uma origem comum do que o fonema mais aproximado que temos é o do efe *ɸala.
Assim a cala inicial é o mesmo que a pala.


Hipótese:
Então a primária pala "cova", virou refúgio, e na diversificação aqui pala ficou para a cova e palatio, palo para o refúgio de paus.
Palo como pau, tem malus / malo / mala e vala e a história de avelã, como abalana, abaloira, baloira, Avalon.
o primário buraco: cala ou pala, também é uma vala?
seria a mutação esperável desde o céltico e não só, pala = *fala (faled saxão) = vala.
teriamos a nasalção: mala

É por isto que as vacas são afaladas, não coa fala palavra, mas cum pau.
Pero para o caso é o mesmo, a pala dá a palavra, pala em galego é conversa, e fala tem a ver com falo que é um palo, do mesmo jeito que laretar tem a ver com lareira, e dar gaiola "conversar" com caveola....
O paleolítico apresenta-se-me como um tempo de moito silêncio e de vida isolada que por momentos era que se juntavam nas covas ou casetos de paus a parolar, parlar, garlar, falar.

Onde é que o calar é dito: calar no âmbito galaico-português e occitano, callar no astur-leonês, castelhano e catalão.
Calar é ocultar, meter na cala, pala cova.
Mas o inglềs to call?
Poderia ser que o falar da Gália e da Hispânia *kall ficasse em silêncio?

No inglês medieval callen, do inglês antigo ceallian “chamar, berrar” e nórdico antigo kalla “chamar; berrar; referir-se a alguém; nomear”; de um protogermânico *kalzōną “chamar, berrar”, do protoindo-europeu *gal(o)s-, *glōs-, *golH-so- “voz, berro”. Cognado do Escocês call, caw, ca “chamar, chorar, berrar”, holandês kallen “conversar, falar”, alemão dialectal kallen “falar; falar em voz alta ou falar de mais”, sueco kalla “chamar, falar de, chamar com um gesto”, norueguês kalle “chamar, nomear”, islandês kalla “chamar, berrar, nomear”, latim glōria “fama, honor, glória”, galês galw “chamar, requerer”, polaco głos “voz”, lituano gal̃sas “eco”, russo голос (golos), “voz”.

Falar no sânscrito:
भासते verb 1 bhāsate { bhās}

गदति verb 1 gadati { gad}

वदति verb 1 vadati { vad}

Pala(gl):
  1. fala insubstancial, chalra






Lakota: walá "fazer uma petição, perguntar por cousas, suplicar".


Aqui estaria a palavra garlopa como "boca" comedora da madeira?
A sua etimologia derivativa  traze-a do provençal garlopa, atual occitano garlòpa, por sua vez do grancês valope que derivaria do holandês voorloper, que

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