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Os Anguieiros, e as anguias....

Como foi visto no escrito sobre os topónimos Algária ou Algália há uma etimologia tirada do Ducange sobre as palavras Algardum e Halgardum, relacionadas com Angardum, Hangardum e Hagha «Locus tectus et ex omni latere apertus, vulgo Hangard».
Isto levou a buscar locais de nome Anguieiro e derivados e ver a sua conformação e com relativa surpresa:

Anguieiro de Santa Maria dos Ángeles, antiga Santa Maria de Perra (Boimorto)


As Anguieiras á direita do plano, e o lugar de Trás-Anguiero na esquerda, na fregueisa de São João de Jornes (Ponte-Cesso).


Anguieiro de Santo André de Castro (Lugo). Ainda estando à beira do rio Minho, este Anguieiro também é um curro, quando o esperável seria que o nome derivasse de anguias. Casualidades?


Anguieiro de São Tomé de Ames.


A Anguieira de São Cosme de Barreiros.


O Anguieiro de Santa Cristina de Celeiro de Marinhãos (Barreiros). Um curro pecuário do grupo *hangar, uma volta do rio, um ângulo, e um lugar de anguias.


O Anguieiro de Vicesso (Brião (-om)).


Anguieiro de São Jurjo de Moeche.



Os Anguieiros de São Vicente da Regueira (Pastoriça).


O Anguieiro de São Cristovo de Regodeigão (-om) (Rivadávia).



Os anguieiros e as angias?

A enguia, anguia é derivada do latim anguilla, aparentada com o grego antigo ἔγχελυς (énkhelus), albanês ngjalë, antigo prusiano angurguis, finês ankerias....
A proto-palavra *h₂engʷʰ- é pensada para este grupo das enguias europeias, ou para o anguis latino "escâncer ou liscranço" .

Que é um henge podemo-lo saber com maiores pormenores aqui.

Arbor Low Henge, Derbyshire (Inglaterra).
Foto tirada de http://blog.stephens.edu/arh101glossary/?glossary=henge


Esta imagem não é alheia à cultura galega, onde em diversas lendas a serpe para correr veloz colhe esta forma.

Então:
Por uma parte a etimologia inglesa, diz que henge é uma palavra de nova formação, tirada de partir o topónimo Stonehenge, sem saber realmente o que quer dizer henge, pois a memória escrita ou toponímica de tal palavra está desaparecida. Henge foi popularizada pola arqueologia para dar nome a curros circulares do neolítico atlântico.

Por outra parte *h₂engʷʰ- / h₂éngʷʰis são raízes da "enguia" e da serpe anguis.

Por outra parte estamos vendo que alguns dos topónimos do grupo anguieiro, são curros pecuários antes do que lugares onde há enguias, e tampouco diretamente de obrigada presença de um rio em ângulos.
Estes lugares Anguieiros foram postos em relação com topónimos tipo Angueira, Algária, que aparentam com topónimos recolhidos por Ducange do tipo hangar (mais desenvolto neste enlaço).
Confronte-se com o galês amgarn "anel, aro".

Anca é a nádega redonda, com anga "asa", num começo semelha que o ângulo não saiu do conceito esquina, mas do conceito de volta.
Angar é anoar.

Angarelhar ajuda a perceber o início?
Levantar, disponer a la ligera un tinglado, pared u otro dispositivo cualquiera que pueda caerse fácilmente (Fondo de Vila) : «Vou angarellar aquela parede, que non entre o ghado».

Ideia paleolítica:
Sai-se do algar "caverna" (algar/hangar) e angarelha-se um lugar habitacional simples de paus e coiros, um hangar, no que as estruturas estão atadas "angadas", anoadas (engarelhar, engarilhar, engarouchar).


Primária angarilha (asturiano angaría ou rametu), que arrastavam os cães na cultura das nações americanas, antes da chegada do cavalo. Em francês recebe o nome de travois.
Travois é uma palavra internacionalizada para dar nome a este sistema de transporte simples, que permite levar mais peso que se for carregado sobre o lombo do animal, ou uma pessoa às costas, também é um sistema mais eficiente que a roda para transitar lugares sem caminhos chãos. Este nome foi dado pola gente da cultura francesa quando chegou ao continente Norteamericano. Já utilizariam essa palavra na França para dar nome a carros simples sem rodas de arrastre tipo zorras sem rodas?, ou era usado nas montanhas francesas? Para a etimologia travois é uma palavra obscura, desde a cultura galega, poderiamo-la interpretar mais claramente?
Travois com o sufixo -ois indicaria a sua origem, seria algo assim como que é da trava, da trave.
Estes lugares onde estão as covas, as palas, os algares, ou onde podem ser feitas cabanas temporárias, *hangares (na definição de Ducange, locus tectus et ex omni latere apertus) seriam os algueiros, angueiros?, lugares  que acabam sendo sedentários?

अङ्कस् (aṅkas), “arco ou curva”.
Chamativo é que no sânscrito a letra grega Ο (ómicron) seja chamada अङ्कार (aṅkāra), poderia ser percebida como "a dos aros".

Estamos no protoindo-europeu *h₂énkos “curva, arco”.

Se pressupomos um lexema *h₂énkos /*hænk- "aro, asa, círculo, fita de anoar" (confronte-se com o hang "pendurar" inglês) e indo mais para atrás nele poderíamos supor uma fonação primária tipo *kank-,  para cousas que ligam:

Jugo com cancos / cangos.

Um aspeto do lexema ang- está na palavra angueira, como ânsia, ocupação, trabalho e trabalho imperfeito ou de pouco proveito...
Ang- também está no angaço, engaço.
Angaço, engaço que semelham aumentativos de uma palavra tal como anga/engo.
Engo é um nome aparentemente órfão para dar nome ao Sambucus ebulus, seguindo uma hipótese que os nomes de árvores e arbustos levam lexema de pau, (paleiro por exemplo)

Engo, Sambucus ebulus.A etimologia mais divulgada  reñaciona engo com ebulus nome latino.
Estraloque, estralo, estoupão, arcabuz, bosquete, zebratana, caniflote, tira-bolas, tira-taqueira é nome de um joguete feito com o uma ponla de sabugo, esvazia-se-lhe o seu miolo fazendo um tubo, uma baga de abrôtega é posta num extremo e outra no outro, com um pau a jeito de émbolo introduze-se por um extremo, ao compremer o ar do seu interior, o "balote" sai com força.
Ebulus teria a ver com embolus?
No grego:
ἔμβολον (émbolon)
cunha, rolha
parafuso, prego de madeira
arquitrave
proa de navios de guerra (para bater em navios opostos)
Ordem de batalha em forma de cunha (latim cuneus, acies cuneata)
Enxerto.

Desde um ponto de vista galego etnográfico o brinquedo do émbolo, o tutelo "embola", serve para tirar balotes
Dalgum jeito complementa e explica a origem do émbolo.
Então essa ideia de cunha ou forma pontiaguda que aparece no grego ἔμβολον (émbolon) poderia explicar que o ebulus (émbolo).
Ajudaria a perceber o nome engo aparentado com angular, daí que os anguieiros pecuários estejam dizendo que são angulares.

O seu uso anti-insetos, semelhante ao sabugo, pudo ter relevância no paleolítico e neolítico pastoral. No asturiano xaúa, sabuga, benitu, no galego sabugueirinho, levar a pensar que engo não seria um nome alheio ao Sambucus nigra.
E do mesmo jeito que sabugo semelha relacionado com os topónimos pecuários de sabuzedos, engo semelha relacionado com os anguieiros.

Poderia-se perceber uma mudança de curvado a angular nas raízes protoindo-europeias:
*h₂engʷʰ- / h₂éngʷʰis / *h₂énkos poderiam ter dado nome à curva, ao arco, para derivarem em ângulo?

Na lembrança como se atava um feixe de erva com um vímbio, que envolvia, o laço, a asa do cabo era feita quebrando a parte mais grosa, fazendo um nó.
Angar "anoar" talvez leva em si, as duas ideias de ângulo e de anga "asa".


Mas poderiamos suspeitar de uma palavra velha dada a expresão:
«na enga»: com os significados de em casa alheia ou sem ser convidado. A confrontar com endega

Soenga ou Suenga como topónimo; soenga é uma cova para cozer louça.
Sob-enga:

Custa então perceber se o primário foi a anga ou o hangar, a cabana que deu nome ao lugar pecuário, ou se o lugar pecuário apanhou o nome da forma angular.
Ainda mais: eng /eang no galês quer dizer espaçoso, amplo , largo, de uma ideia e-angh, e como prefixo negativo, "sem estreituras".
















































































































































































EN.KI(G)𒂗𒆠












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