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Pitões das Júnias, hipótese da sua estrutura fundacional.

 






Pitões das Júnias tem uma estrutura de cousso abraçando o percurso do Rigueiro.
Com microtoponímia congruente com a estrutura de caça, alguma dela já analisada neste bolgue,
A destacar a posição da igreja matriz em um dos becos, como costuma ser, neste caso no beco oeste.

A igreja tem um rueiro por trás de si com o nome Trás-do-Santo, como neste blogue doi comentado os becos costumam ter o nome de base anta, ou santa / santo, por ser um lugar onde o valo não apenas seria de terra mas reforçado com antas, polo seu maior desgaste.
No beco leste, em espelho a Trás do Santo está o Santinho que poderia ter a mesma origem etimológica.


Neste beco oeste está o nome de Fonte (Fria), frequentemente também noutros coussos analisados onde não há fonte, na ideia de nascente de água, esta fonte remete ao seu significado proto-indo-europeu de fluir, correr (sânscrito धन्वति (dhanvati)) por ser o lugar de carreira onde ocorre a captura, a caça à espera.

Raposeiras é também nome de este lugar, que faz pensar em um lugar onde mora o raposo. Mas nesta ideia de ser um lugar paleolítico-neolítico Raposeiras estaria remetendo ao lexema rap- que geraria a linha germânica exemplificada polo neerlandês  rapen "reunir, segurar, pegar, coletar" e a linha do latim rapio, rapere "agarrar, rapinhar, pegar com rapidez".

Côto é ambíguo, na zona trasmontana coto como na Galiza pode dar nome a uma elevação no terreno, mas se em grande parte da Galiza um coto é um alto de um monte, mais ou menos arredondado, coto em associaria-se com mamoas / mámoas? O que é congruente pois nos becos de outros coussos analisados nas pontas ou nas proximidades dos vértices de caça aparecem túmulos. Côto também poderia estar dando nome ao cortado, um corredor de caça que termina, que é um coto ou coteno (aparecendo a pluralidade que os topónimos dos coussos dão, indicando a sua antiguidade pois estão a dar nome com uma palavra raiz que depois derivou noutras, especializando-se em significados diversos)

Já na parte central:
Barreiro, que antes do que estar a indicar um lugar onde há barro está a dizer que antigamente houve ali um impedimento de passagem, uma barra ou barreira.


Ficheira teria um significado transparente  "cascata", ao correr o regato, Rigueira, nesse lugar. 

Cruzes, onde há um cruzamento de caminhos, em geral na toponímia topográfica com forma de vértice agudo.

Já Taranhal tem um significado dicionariado como pedregal, pode ser que este Taranhal toponímico seja um terreno pedregoso ou que tenha havido um muro de pedra.
Taranhal lembra a Ranhal, que já foi largamente analisado neste blogue.
A língua asturiana pode ajudar a perceber o significado raiz com a palavra tarañón "aranha" ou a expressão al tarañuelu "ao redor, na sua volta, andando arredor".
Confronte-se com a tartaranha:



Neste blogue ao analisar o topónimo Taranhó que aparece numa estrutura de cousso numa situação similar a Taranhal...
....O proprio nome da freguesia Aranho, já foi analisado no escrito base "os Coussos" como relacionado com Ranha.
Assim  Tojeiras de Taranhó estaria a indicar a possibilidade de um étimo com mutação, desaparição da consoante inicial taranh- / aranh-.
Assim as taranholas são as castanholas de lousa ou telha (também madeira) e taranheiro, taranhal, taranheira é um terreo pedregoso.
Se há o par Rande e Ranha dando nome a coussos de caça na sua totalidade ou em partes, taranh- poderia ter por par tarand-, como foi visto no escrito dos coussos, topónimos do grupo trandeiras estão aqui presentes, o que nos leva a um étimo talvez mais na raiz: *tarandi- / taranti- (a confrontar com sarandões e serantes).
Este étimo raiz *tarant- tem tarântula, como a sua evolução *(t)arant- / *arandi- : aranha /ranha ....

Salgueiro, no beco leste, também analisado neste blogue, tido por fitotopónimo de salicarium, alguns salgueiros vão mais além do salix, descodificaria-se como um genitivo feminino já arcaico no latim "da sala". Sendo pois, o salgueiro, árvore com nome também derivado da sua função de sebe limitadora, ou de uso para construção. Assim, se na Índia शाला (śālā) tem os três significados (árvore, estábulo e corte de governo) no ocidente sala, Saa, e zao /salix também.
Este topónimo de base sal(a)- está a ocupar o mesmo lugar no que noutros coussos aparece paço. Pois a génese de paço e sá /sala semelha paralela ......




Nanina, não sei bem a que pode estar a se referir, a uma pessoa de alcunha Nana ou de nome "Anana".
Anana poderia ter a ligação com as divindades femininas ancestrais, ao estar nas proximidades do Rigueiro.
Ou a uma anã?, mas seria infrequente que partindo de anã não fosse anãzinha?
Nana é palavra para nai, mesmo avó/avoa; no proto-céltico é pensada a raiz *nana para  avó / avoa, de um protoindo-europeu *nan(n)a.
Nanina poderia ser algo assim como "mãezinha, avozinha"?

Nanina de Dios ou nanina simplesmente, um dos diferentes nomes que recebe nas Astúrias a joaninha ou rei-rei.

Nana, é um adjetivo que significa "oca, vazia".
Nanina poderia estar na mesma linha que os topónimos do grupo Aia, Orraca, Dona, Crica, Freira.... (analisados neste blogue) que costumam estar em coussos, dando essa ideia de posse e sedentarismo matriarcal na transição paleolítico-neolítico.
O sânscrito अन्न (anna) ou आन्न (ānna) podem ajudar a perceber o que há na origem?
Comida, provisões, vitualhas; comida em sentido místico; auga; cereal; arroz cozido.
Diz-se de quem tem comida, do que tem comida, de quem produz comida.
É um epíteto, um nome, da divindade Vishnu.
Atendendo à hipótese nostrática *nan é "erva", assim os coussos das cabeceiras dos vales encerram no seu interior a lamela ou namela, a branha, o lugar de lentura que cria erva verde.
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Para confrontar com topónimos como Nanide, Nanim, Nane:




Nanim de Santo Estevo de Alhariz, com forma de cousso


Nanim de São Pedro de Bordões (-ons) (São Genjo). Com a toponímia frequente como Castinheiras num dos becos ou Areeiras, já analisada neste blogue. a destacar no beco oeste Palácios, sem queda do ele intervocálico, mas congruente com a estrutura de caça, captura.
Relevante é este cousso por estar aberto ao mar, o que indica que a sua utilidade seria no sétimo milénio antes da nossa era, ou anterior, pois o nível do mar destes oito últimos milénios indicaria a sua inutilidade.
Pode ser observado como o cousso foi encurtado, tendo os seus anteriores becos mais no sul, em Palácios por um lado e em Areeiro por outro.



Nane de São Roque do Freixo (Crecente), um vale em semi-lua com forma de cousso.



Nanide de São salvador de  Torno (Lôbios), abraçando um valigote estreito


Talvez seja relevante nestas "congruências" toponímicas que aparecem ao analisar as estruturas de coussos,  que sendo o cousso um sistema de caça que pudo chegar até a época medieval, muitos deles estão agrarizados, ou ocupados por aldeias em épocas também muito ancestrais, perdendo a sua funcionalidade de caça. Mas a microtoponímia, em todos os que neste blogue fôrom analisados, foi conservada (evolucionada isso sim, mesmo em alguns casos traduzida à nova camada linguística). Ainda que o cousso hipoteticamente paleolítico-neolítico já não serve para caçar, a Raposeira por exemplo seguiu sendo a Raposeira até hoje.
É a situação de hoje que nos ajuda a percebermos, pois ao observarmos o apagamento da transmissão da microtoponímia, a despopulação, o abandono, podemos supor que nos milênios precedentes, desde que os abundantes coussos serviam para a caça, não teria havido uma quebra da continuidade (populacional nem habitacional) como a que está a acontecer nestes últimos anos.






Inanna, 𒈹
O nome de Nana, Nanina, aparece também como Nanna, com o duplo ene nos escritos latinos medievais galegos. O que levaria a que no lado castelhano esta palavra deveria aparecer como naña. Assim no poema do Mio Cid encontra-se o controverso una naña de LX años. Nas Américas castelhanoparlantes naña é babá, ama de leite.








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