Manhufe está na freguesia de Mercurim (Ordes)
Apresenta a conformação das abondosas e hipotéticas granjas neolíticas:
Com existência atestada do nome Maniulfus.
O duplo ene de *Mannulphus dificilmente geraria a pronuncia nh no galego.
Neste blogue, no escrito "a Ulfe" já foi lançada a hipótese de que os -ulfos galaicos são mais abrangentes que o germânico -ulfo com só o significado de lobo.
Volpe, golfinho, urco, seriam palavras sediadas nessa raiz, que não estaria exclusivamente no germânico, e sim já no protoindo-europeu:
-ufe / ulfe: para Pokorny a raiz *ol- [ol-(e)-] teria o significado de "destruir", e mas também ol- [el-1, ol-, el-] teriam o significado de "vermelho, pardo, castanho".
Na cosmovisão protoindo-europeia do animal caçado ter um nome tabuado: *wĺ̥ -kʷos seria "o destruidor" ou "o apardado", dando-lhe à raiz -kʷos uma função derivativa adjetival, latim -cus, proto-céltico *-kos.
Daí que *wĺ̥kʷos poderia estar na raiz do nome de animais diversos ou mesmo fantásticos hoje, como o urco, a orca, o urso, o volpe, o golfinho, o lobo ....
Então oĺ̥kʷos, oĺ̥ekʷos, eĺ̥kʷos elkʷos / estariam na base do epos gaulês, do hippos grego, do equus latino, no celtibérico ekua-, e da iccona (Cabeço das Fráguas).
Confronte-se com alce e elk no inglês, ou com o proto-céltico *el- "ruivo, castanho" na palavra proto-céltica *elani; antigo irlandês: elit "corça / cerva", com variantes elit, ailit ailite, elt, eillti, eillte, eilit, eillti, elte, ellt, eillteadh. Galês: elain, eilon, alan "cervo".
Este lexema el- para o cervo aparece em outros idiomas:
Arménio antigo: եղն (ełn) "cerva".
Grego antigo: ἔλαφος (élaphos)
Línguas eslavas: *eleňь
Confronte-se com alce e elk no inglês, ou com o proto-céltico *el- "ruivo, castanho" na palavra proto-céltica *elani; antigo irlandês: elit "corça / cerva", com variantes elit, ailit ailite, elt, eillti, eillte, eilit, eillti, elte, ellt, eillteadh. Galês: elain, eilon, alan "cervo".
Este lexema el- para o cervo aparece em outros idiomas:
Arménio antigo: եղն (ełn) "cerva".
Grego antigo: ἔλαφος (élaphos)
Línguas eslavas: *eleňь
Lituano: élnias...
Todos eles, se quadra, animais com nomes tabuados, condizente co protoindo-europeu "o pardo, o vermelho, o castanho, o ruivo".
Quanto ao lexema Manh-, dificilmente *mann-, hipoteticamente *manio podemos observar uma nascente em branha de nome Mañufe na aba do monte Galo, deformado como Xalo por hipercorreção, na freguesia de São Tiago de Castelo (Culheredo).
Esta partícula manh- lembra o banho, por mutação b/m, banho que dizem derivar do latim balneus, o que dificultaria a ideia de uma origem como mínimo neolítica desta toponímia.
A raiz protoindo-europeia *meh₂- "lentura, humidade", tem as formas célticas:
Manial é palavra para manancial, manantio, o lugar e o nascimento de auga.
Segundo isto Manhufe seria algo assim como a branha da besta ou a fonte da besta.
Esta é a freguesia de São Vicente de Manhufe (Gondomar), que tem em comum, com Manhufe de Mercurim, ser atravessada por regueiros, rios, cousa nada frequente nas tantas estruturas aqui analisadas.
Neste caso no lado leste, na sua ponta: Campo das Bestas que levaria a pensar no Manhufe como "branha das bestas", *mania-ulfi.
Na freguesia de Santo Estevo de Queiruga (Porto d'Oção (-om)) em menos de 300m o conjunto de microtóponimos dão uma explicação:
Todos eles, se quadra, animais com nomes tabuados, condizente co protoindo-europeu "o pardo, o vermelho, o castanho, o ruivo".
Quanto ao lexema Manh-, dificilmente *mann-, hipoteticamente *manio podemos observar uma nascente em branha de nome Mañufe na aba do monte Galo, deformado como Xalo por hipercorreção, na freguesia de São Tiago de Castelo (Culheredo).
A raiz protoindo-europeia *meh₂- "lentura, humidade", tem as formas célticas:
Bretão: man "musgo, distintas espécies vegetais muito verdes".
Galês: mawn "turfa".
Antigo irlandês: móin "turfa, branha, charneca, urzeira".
Irlandês: móin "turfa, charneca"/ moing "tremedal"
Manês: moain
Manês: moain
Gaélico escocês: mòine /mɔːNʲə/ "terreo alagadiço, pantanoso, branha, turfeira, turfa".
Pokorny dá a raiz para este grupo céltico em em *mā-no- / *mā-ni-, com o latim manare.Manial é palavra para manancial, manantio, o lugar e o nascimento de auga.
Segundo isto Manhufe seria algo assim como a branha da besta ou a fonte da besta.
Esta é a freguesia de São Vicente de Manhufe (Gondomar), que tem em comum, com Manhufe de Mercurim, ser atravessada por regueiros, rios, cousa nada frequente nas tantas estruturas aqui analisadas.
Neste caso no lado leste, na sua ponta: Campo das Bestas que levaria a pensar no Manhufe como "branha das bestas", *mania-ulfi.
Na freguesia de Santo Estevo de Queiruga (Porto d'Oção (-om)) em menos de 300m o conjunto de microtóponimos dão uma explicação:
Banhufres e Manhufes estão a indicar realizações da mesma raiz, e ao lado está a Branha, segundo o aqui escrito, seria o mesmo em diferente camada linguística, ou mesmo levado à dúvida na mesma continuidade, uma forma fóssil e outra mais nova:
*b(r)ania versus *banha/manha, todas dando nome a um lugar de chão húmido. Isto dificultaria explicar branha desde o latim veranea, como pastagens de primavera, o que não dita com o significado que branha tem atualmente, não são pastagens de primavera, já que até o verão dificilmente são aproveitáveis, indicar que verão deriva do latim *(tempus) veranum, derivado de ver "primavera".
A outra etimologia céltica para branha *bragnos ligaria-a com os significados proto-célticos de "pútrido", e com o protoindo-europeu *bʰr̥Hg-nós "fedor, cheiro".
Se atendemos que a raiz *mā-no- / *mā-ni- pudo ter mutação da consoante inicial, como é o caso da duplicidade Banhufres / Manhufes: banha / branha seriam realizações da mesma palavra; quiçá *mrania.
As formas aparentemente derivadas do latim balneum nas línguas romances, teriam raiz em um cognado *banio/*manio funcional na zona céltica?
Observe-se também que se no gaélico antigo móin "turfa, branha, tremedal, charneca, urzeira", dá nome ao lugar de urzes, e mais também ao terreno húmido, no galego branha dá nome também à urze, à queiroga, à carqueija..., que não são arbustos que nasçam nas branhas húmidas, nos tremedais ou cenagais; branha também é nome para a louça, molime, esquilmo, valume, vegetais para estrar as cortes, branha também é uma charneca.
Branha (Erica cinerea), a confrontar com ranha (nessa ideia de um étimo *mrania) que dá nome também a plantas arbustivas de monte baixo semelhante às carpanças.
Hipotética estrutura de caça em Manhufe de Santo Estevo de Queiruga.
Isto ajuda a perceber que o beco de caça é uma zona muitas vezes de branha, lamacenta, um tremedal, ou mesmo já finalizante num rio, onde o animal fica entalado, espetado na lama, com dificuldade para a corrida, ou já diretamente com água até o ventre.
Assim branha, baranha, maranha compartiriam essa ideia de mato impenetrável, com o provençal baragne "silveira", ou occitano baranha "sebe".
Isto ajuda a perceber que o beco de caça é uma zona muitas vezes de branha, lamacenta, um tremedal, ou mesmo já finalizante num rio, onde o animal fica entalado, espetado na lama, com dificuldade para a corrida, ou já diretamente com água até o ventre.
Assim branha, baranha, maranha compartiriam essa ideia de mato impenetrável, com o provençal baragne "silveira", ou occitano baranha "sebe".
Este é o caso dos Manhás de São Martinho de Calvos de Sobre-Caminho já limitante com a freguesia de Santo Estevo do Campo (Arçua). Nos Manhás nasce um ribeiro numa zona branhenta, e os Manhás está numa estrutura de granja neolítica. Com marcas de ter sido variada, agrandada.
Atenda-se ao topónimo Goimil a norte no beco ampliado "reunião de bois/vacas" .
A destacar no lado leste na confluência dos regatos a Cortinha toponímica, de origem neolítica, com os seus 115-129 m (quase um furlong inglês) de longitude e 40-50 m de largura (duas correntes de agrimensor), essa medida de longitude é o que a parelha de bois semi-domesticado aram de um arresto, tiram do arado de um só golpe, até cansar.
Atenda-se ao topónimo Goimil a norte no beco ampliado "reunião de bois/vacas" .
A destacar no lado leste na confluência dos regatos a Cortinha toponímica, de origem neolítica, com os seus 115-129 m (quase um furlong inglês) de longitude e 40-50 m de largura (duas correntes de agrimensor), essa medida de longitude é o que a parelha de bois semi-domesticado aram de um arresto, tiram do arado de um só golpe, até cansar.
Este lugar poderia ter a etimologia dada por Pokorny *mā-ni- "molhado, lento, húmido".
Para a etimologia germanista com o atestado Maniulfus, estes locais apresentados anteriormente seriam todos em alguma altura propriedade de pessoas com esse nome.
Neste escrito são apresentados lugares topográfricos e hipóteses etimológicas que ligam estes diferentes lugares sob o mesmo topónimo com umas caraterísticas comuns, a auga, a branha, o tremedal e serem lugares ancestrais, de uma camada linguística anterior à germânica.
Manhufe, aldeia da freguesia de Mancelos (Amarante):
A falta de uma análise cadastral e de toponímia menor.
Neste escrito são apresentados lugares topográfricos e hipóteses etimológicas que ligam estes diferentes lugares sob o mesmo topónimo com umas caraterísticas comuns, a auga, a branha, o tremedal e serem lugares ancestrais, de uma camada linguística anterior à germânica.
Manhufe, aldeia da freguesia de Mancelos (Amarante):
A falta de uma análise cadastral e de toponímia menor.
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