Em época medieval Baltuix.
Com forma de cousso e toponímia identificativa como tal: Cousso.
Esta forma medieval Baltuix, semelha dos gentivos femininos "da *balta".
No escrito sobre a Orraca, e outros, foram apresentados coussos que hipoteticamente a sua toponímia indicariam ter sido de "governação feminina".
A lenda: The Story of Madame Noy comentada no escrito "alguns coussos e cousas da Cornualha" ajudaria a perceber esta governação feminina da caça passiva ou à espreita, do paleolítico-neolítico e sua transição à pecuária:
She was fond of going to law, and had always suits on hand concerning the bounds and common rights of her lands. She is said also to have kept the best hunter and hounds in the West Country, and that she coursed with them daily as she rode over her farms, across hedges and ditches, to inspect her work-people and stock. We suppose she was a widow then, or if she had a husband he made too little noise in his time to be remembered.
Ela costumava recorrer à justiça e sempre tinha processos abertos relativos aos limites e direitos comuns de suas terras. Diz-se também que ela mantinha os melhores caçadores e cães de caça do oeste do País e que percorria com eles diariamente enquanto cavalgava polas suas fazendas, através de sebes e valas, para inspecionar os seus trabalhadores e o seu gado. Supomos que ela era viúva na época ou, se tinha marido, ele era pouco notório na sua época para ser lembrado.
Esta lenda desenvolve-se neste cenário:
Os elementos a destacar na senhora Mary Noy seriam as funções da matriarca paleolítica-neolítica:
A propriedade privativa e a lei.
Caçadora ou diretora da caça com os melhores cães e que tem ao seu serviço caçadores.
Vigia as sebes e valas, entenda-se que o território está delimitado por um foxo e um valado.
Vigia os seus trabalhadores e o seu gado (continuidade neolítica, na transformação do cousso em grande tapada para manter animais semi-domesticados cativos).
Pressupõe-se que era viúva ou o seu homem era pouco notório. Desde o entendimento do passado recente é assim explicado, mas isto poderia ser uma camada que levantada identificaria uma situação poliândrica, talvez explicável não apenas por cultura, também por uma situação obrigada de supervivência e escassez de alimentos.
Por qual razão ela é de nome Mary Noy?
Poderia ser uma casualidade, Mary seria nome das Evas primordiais da humanidade? (1).
Quanto a Noy situa-a como da família de Noé, supervivente do dilúvio, o que a sediaria no período da humanidade no que tivo / teve que haver grandes deslocamentos populacionais por subidas rápidas do nível do mar.
Parede submergida na Enys Sampson da freguesia de Enys Skaw (Tresco) do arquipélago das Sorlingas, Ynysek Syllan / Scilly, Cornualha. Foto tirada de "The Conversation".
Imagem LiDAR do lugar mostrado na foto superior, na parte norte da ilha Sampson das Sorlingas.
Isto é para mostrar como a subida do mar tivo efeito sobre a economia da caça, ou já da exploração pecuária. E talvez como essa grande transformação ficou nas lendas.
Voltando a Baltuílhe e ao seu nome medieval Baltuix, o sufixo -ix, leva a pensar no feminino como foi dito, como um arcaico genitivo feminino "da *balta" ou mesmo agente do mesmo modo que -trix "a balteira".
Este grupo de topónimos do grupo Baltar neste blogue fôrom mostrados como célticos ou já protoindo-europeus:
*balt-/ *wlatis "soberania" no proto-céltico. E portanto a proto-balteira poderia ter sido a soberana, nos âmbitos do território, e da religião.
Então pode ser percebido que a barda, a sebe de vedação e o bardo como poeta e cantante na antiga cultura céltica, poderiam ter nascido da mesma raiz da transição da caça ao pastoralismo?
Assim o bardo cantor apenas seria uma especialização da figura do neolítico *wlatis, *waltis, pastor soberano, e posteriormente chefe do pastoreio, gerenciador da οἰκονομῐ́ᾱ (oikonomíā), gestor religioso.
Assim o bardd galês tem os significados de bardo, poeta, autor literário, profeta, filósofo e padre / crego.
Ducange compila barta: Silvæ species.
Hipoteticamente *wlatis como figura de soberania de possessão , seria uma transformação da *walta / *warta "sebe, muro limitante".
Assim, baltre "fochanca, rodeira" ou "baltrão"leito de um rio, estão a dar a ideia fosso exterior que acompanha ao muro nas vedações ancestrais (valo/vala).
Confronte-se com o par rei e rego.
Assim chega: Maria, a Balteira, a soldadeira da lírica medieval protagonista de bastantes peomas. Maria Baleteira que era dona de Armea, hoje freguesia integrada no município de Coirós:
A esta função teria-se-lhe tirado o poder, na altura das cantigas que fazem escárnio de Maria Peres, a Balteira?
Assim na tenção entre Vasco Peres Pardal, Pedro Amigo de Sevilha:
- Pedr'Amigo, quero de vós saber
ũa cousa que vos ora direi;
e venho-vos preguntar, porque sei
que saberedes recado dizer:
de Balteira, que vej'aqui andar,
e vejo-lhi muitos escomungar,
dizede: quem lhi deu end'o poder?
Então o que é lido nas cantigas medievais sobre Maria a Balteira, Maria a soberana, estariam a ser os restos de um dos roles da mulher no exército? Talvez da tradição celto-galaica, role que está a ser "criticado" por umas novas modas de pensamento, já caindo na pejoração.
Do primário cenário inicial de mulheres sedentárias, donas e consertadoras de um cousso, com homens ao seu serviço, ou acolhedoras das fianna itinerantes, chegamos até a baltroteira.
Então no lugar de Baltuix, "da *Balta", achamos o cousso paleolítico e à par a Rata, a alfândega de entrada ou passagem para briga, neste caso Bergidum.
A meu ver, e poderia estar errado, todos cenários de poder feminino:
A Balteira entre Santa Marinha da Ponte (Viana do Bolo) e São Cristovo (Vilarinho de Conso).
(1) Moura e Maria relacionariam-se? O nome gaélico escrito Maire, é pronunciado algo semelhante a /mow.ra/
Maire / Moire / Muire, nomes gaélicos de Maria têm relação com o mar , em gaélico muir?
A família em gaélico é dita muirín, muire-ín, algo assim como "mari-inho", ou "da Maire", "da Maria".
Então temos o nome atual gaélico de Maria /mow.ra/ como marinha ou do mar, e também a ideia de mar como Além (morte).