O lexema tai- / tei- aparece em nomes de lugar (Teilhor, Teimende...) dá-se-lhe uma origem céltica, a confrontar com o antigo galês tig, bretão antigo tig, gaélico irlandês teach, gaélico escocês taigh, gaélico antigo tech, palavras que significam casa.
Estas palavras são remetidas a um proto-céltico *tegos.
Dá para pensar aqui sobre a palavra teito, que é tida por evolução latina de tectum; tectum que além do telhado no latim é uma das formas supinas do verbo tego, tendo a forma verbal tectum o significado de "para cobrir".
Desde uma visão sediada em Roma, no céltico houve um corrimento do significado da palavra que denomina o que cobre para a casa mesma.
Isto exemplifica-se com a palavra asturiana teitu que dá nome à cabana de montanha de cobertura vegetal, onde aparentemente o tectum latino acabou dando nome à casa inteira:
Foto tirada do twiter de @JFCamina (2 de outubro de 2017). |
Tig, taigh, teach, tech por um lado e: techu, tichu, teichu, teitu poderiam abalar o paradigma romanista?
Tanto tectum como as palavras célticas para casa confluem em: *tego raiz esperada do proto-céltico e tego como verbo latino que significa "eu cubro, eu protejo, eu visto".
Também o grego anda aqui com o verbo στέγω (stégō) e a palavra τέγος (tégos) e o lituano com stíegiu "teitar".
O mesmo verbo latino tego tem muito a dizer dada a sua irregularidade onde se dão os lexemas raiz teg-, tex- (no perfeito, mais-que-perfeito e futuro perfeito) e tect-.
Pôr aqui a telha, que nas falas estures é: teya, teicha, techa, teixa, tea.
As palavras da telha / teya é aceitado derivarem do latim tegula.
Ora postas à par das palavras ástures do teito:
Techu, tichu, teichu, teitu versus teya, teicha, techa, teixa, tea
Não é mais que coincidência?
Assim techu derivaria de tectum e techa derivaria de tegula, e a sua proximidade, igualdade seria simples coincidência.
Ao analisarmos os nomes asturianos da telha:
Teicha, techa e teya dão também nome à árvore tileira, à tília, que nalguma área galega recebe o nome de tilha
Outra vez desde o paradigma latinista a origem é de diferente étimo que confluem em duas palavras com o mesmo som : por um lado a já falada tegula e por outro para a árvore do latim tilia.
Isto também acontece no francês onde a palavra telha, tuile tivo as formas tuille, tiule tieule no antigo francês aparenta com a àrvore tília: teille, tieulle, tille; onde tille é também o tasco do linho, significado que será compreendido mais adiante.
Usou-se a tileira para cobrir as casas?
https://wildernessguide.wordpress.com/category/crafts/ |
Known in the trade as basswood, particularly in North America, its name originates from the inner fibrous bark of the tree, known as bast. A strong fibre is obtained from the tree by peeling off the bark and soaking it in water for a month, after which the inner fibres can be easily separated. Bast obtained from the inside of the bark of the Tilia tree has been used by the Ainu people of Japan to weave their traditional clothing, the attus. Recent excavations in Britain have shown that "lime tree fibre" was preferred for clothing there during the Bronze Age.
Garai, garaia, gareia, garea, "hôrreo" na Navarra, com telhado de madeira de bagua "faia". http://www.rutasnavarra.com/Rutas/Centro-geogr%C3%A1fico-de-Aezkoa_Orbara-Centro-geogr%C3%A1fico-de-Aezkoa-Orbaizeta_1347.html |
Outro nome para a telha é tea. Tea que também dá nome à casca do vido enroscada sobre si para alumiar de nome galego velo.
Assim segundo o paradigma latinista tea de telhado provém de tegula latina; e tea, de teia de alumiar, provém de taeda.
Casca de vidoeiro (foto tirada do site: http://woodburymag.com/birch-bark-scroll) |
Lugar onde tea dá nome à casca de abedugo enroscada para alumiar. |
Casa telhada, teitada de casca de vidoeiro (foto de: http://www.avoinmuseo.fi/kivikaudenkyla/engrusaennallistus.shtml) |
Lugares onde à telha é chamada de tea |
A forma teixa está considerada uma asturização ou leonização do castelhano teja "telha". Ocorre esta palavra na fala de Bábia.
Teixa aparenta a teixo, sendo a madeira do teixo uma das mais resistentes ao deterioro.
Sobre o teixo foi escrito aqui, concluindo que mais tem a ver, no galego, o radical teix- com dureza do que com a árvore em si, que a árvore recebe o nome de teixo por ser dura, uma palavra relevante é teixo-ramo nome que lhe é dado para a parte de Cassaio (Carvalheda de Valdeorras), confronta-se com porco-teixo, teixugo sinónimo de teimudo, rude....
Nesta imagem pretende-se exemplificar o variado do significado de teixa, desde a cor, até a dureza, |
E depois de tanta coincidência?
Ilustração de Jim Lamarche para o conto The birchbark house, "a casa de casca de vidoeiro". Antigas cabanas dos povos americanos do norte feitas de cortiça de vidoeiro. |
Podemos interpretar a telha desde Roma graficamente assim:
Mas pode ser percebido que os telhados de tábuas no âmbito pirenaico, teula em catalão e teule em occitano estão muito próximos a taula "tábua".
Como se arma o puzzle?
Depois da explicação dada, pode ser visto que na zona ocidental há uma continuidade nas palavras-conceitos, continuidade que pode ser explicada desde os usos neolíticos e mesmo mesolíticos da cobertura vegetal, da primeira casa de casca de vidoeiro, de tileira / tilha ou do teixo; cobertura vegetal também em colmo, gestas ou urzes, ou de pequenas tabuinhas, e posteriormente com lousas ou barro cozido.
Também como a casca de vidoeiro foi usada para iluminar ou cobrir-se a gente com ela, e a casca de tília /tileira / tilha para fazer tecidos, tudo isto dando explicação à palavra tea....
http://www.arcticphoto.co.uk/gallery2/arctic/peoples/selkup/ry0814-16.htm |
Para as palavras asturianas, galegas e espanholas deste grupo da techa-techu avonda, é suficiente, com um hipotético primeiro étimo palavra-conceito-matéria que nos primitivos usos de coberta-vegetal foi desenvolvendo e especializando-se em dar nome a objetos nascidos do mesmo conceito-palavra primário.
Pola contra, se tratamos de explicar este grupo de palavras da techa-techu desde o latim necessitamos seis étimos que não guardam relação nenhuma direta uns com outros, exceto tegula et tectum serem derivados de tego; assim é necessário ir dar a taxus, tela, taeda e tilia.
Abre-se uma possibilidade a que alguns topónimos galegos de radical teix- (Teixeira, Teixido, Teixim...) podam estar falando antes do que de lugares onde houvo teixos, ou relacionados com teixugos, ou de lugares nos que se qualifica de algum modo como de dureza (vide aqui) que estivesse determinando este radical teix- o mesmo que tei- "casa, lugar teitado".
(Assim Santo André de Teixido poderia ser percebido não como um lugar de t, mas sim como mais adiante será visto como um lugar de assembleia).
Teixobom: Teixo-bom, uma árvore, um teixo, um teixo-ramo que é bom.
Ou uma "casa-do-boi"? Um teich-bó?
Teixobom em São Salvador de Vilar de Sárria (Sárria), pode ser visto o curro afunilado. |
A mostra aqui:
Este urbanismo pode ser ainda visto em diferentes vilas que são continuidade de brigas, como por exemplo Alhariz:
Isto é para introduzir que, em tempos recuados, a gadaria tivo muita relevância na estruturação do território, e assim ainda hoje é possível identificar na periferia dos castros os recintos para gando de forma afunilada rodeados de caminho.
O que faz supor que haveria um jeito de exploração pecuária que geria um rebanho grande, "da briga", do castro, sendo a agricultura uma atividade que ocupava pouco território, talvez só as cortinhas, vedações que ainda é possível ver polo país, e que costumam ter a mesma forma, um longo entre 150 metros e um largo de 12 ou 15, com os extremos arredondados. Sim haveria cultura de cereal no monte por sistema de roça, compatível com o gando no sistema do centeio e a sua paça invernal.
Sobre Taibó:
Nesta imagem de Taibó, põe-se em relação com o castro do mesmo nome a norte, com o lugar de Lácere oeste, com o Campo das Mantas a nor-leste e a leste com os da Pereira e dos Pereiros (poderiam estar indicando um antigo castro espoliado para pedra, como tantos outros lugares de nome Pedreira, Pereira e derivados), nesta imagem podem ser vistas quatro células territoriais, com uma quinta menor no meio que é o lugar de Taibó. |
Há que salientar a sua posição no meio de quatro células territoriais.
Que como está explicado no texto sobre o lugar do Paço de Arceu e as Quintás pode ser percebido como um lugar de administração. Ou mesmo de assentamento de poder religioso?
Há que lembrar que na Irlanda um senhor do gando em relativa vassalagem a senhores mais poderosos recebia o nome de bóaire: aire, ário dos bois, amo ou senhor de gando, tinha as vacas em propriedade mas o território era de um senhor supeior flaith.
Um tipo de bóaire é o brugaid, briogú, era encarregado de dar pousada e alimento a quem passasse, de gerir uma hospedagem, onde dava alimento ao seu senhor.
O topónimo Taibó está na origem do apelido Taibo:
Distribuiçao do apelido Taibo na Galiza. http://ilg.usc.es/cag/Controlador?busca=TAIBO |
Teiboi de Argemil fazendo parte de um grande cousso.
Casa do boi, que ainda perdura em lugares transmontanos, onde o boi do povo, o semental, era (é?) bem cuidado numa corte que parece ou é uma capela.
Aqui um exemplo:
Casa do boi do povo, Padornelos (Montalegre). https://padornelos.blogspot.com/2010/09/em-padornelos-sempre-ouve-o-boi-do-povo.html |
Pormenor da igreja de São Pedro da Melha (Arçua) com boi que tivo cornos mas está demoucado, salientar que não é um Agnus Dei. |
Outros topónimos em Tei- que indicam algo:
Teibade / Teibalde: tei-abade, tei-baltus?, tei-*wlatis, tei-faltus, tei-flaith, "casa do soberano". Aqui semelha que se associa a palavra abade com baltus/ *wlatis e com soberano, na soberania religiosa? Abade vincula-se com vate.
Talvez *wlatis, não tenha a ver com a escala hierárquica do reinado?, e sim com a ideia de "ser dono ou dona de si, não ser dependente"?
Outros topónimos de lexema tei-:
Teimende: Tei-mende: A casa do do rebanho?
Teimende em Santa Marinha de Parada do Sil. |
Mais topónimos do tei- relacionados com o poder religioso, administrativo, judicial...
Teibelim, Teibilide, Teibel; Tei-*weless.
Está a falar da casa do fili ou ᚃᚓᚂᚔᚈᚐᚄ velitas , é a casa do mago, legislador, juiz, conselheiro do chefe e poeta.
Teibel, de Santa Maria de Reiriz (O Savinhao), situado entre quatro brigas ou castros. |
Teilhor: Tei-lhord?
Teilalhe: Tei-lalio, casa do canto, da louvança, da palavra?, λαλέω?, está aqui o verbo laiar, lalhar, e o canto, o lai?
Teilalhe de São Lourenço de Pousada (Valeira). |
Teicede, Teicide, Teicim (Teiguim?, Teitelhe?, Teicelhe?): Tei sídhe / síd, a casa da mámoa?, Abrindo a possibilidade de que a sé, sede primitiva tivesse a ver com uma mámoa?
Teicide de São Tiago de Guldriz (Friol). |
Teicide de Santa Maria de Vilaragunte (Paradela). Murodaire topónimo esclarecedor. |
Teiquesoi, Teiquisoi: Tei ceisio (galês) procurar, perguntar, buscar; tentar, mirar, ter como objetivo. Parelho do gaélico cas "complicado retorto, curvado?"; antigo inglês cæg "clave", antigo latim quei "que, quem, qual", protoindo-europeu *kʷos (Sihler, Andrew L. (1995) New Comparative Grammar of Greek and Latin, Oxford, New York: Oxford University Press) , Pokorny: kwo-, kwe-, fem. kwā; kwei
kʷēs.
No gaélico irlandês para dizer "na de Brian / na (casa) de Brian" é tigh Bhriain.
Teicade, Teicoi, Teife, Teifulám, Teigueselhe, Teilonge, Teimám, Teimoi, Teinande, Teinei, Teininhe, Teinogueira, Teipade, Teiquesoi, Teiquisoi, Teitelhe, Teitidom, Teivente, Teivim
Pontos suspensivos .....
A utilização da casca de árvore como telha ou telhado pode estar na palavra sobreira?
Sobreira além de dar nome à corticeira, na Galiza dá nome à sobeira.
Com um lotinho de palavras: subeiro, sobeiro, subeira, subreiro que relacionam a árvore com cobertos ou tabiques.
Então se o sobreiro tem a ver com a palavra latina suberus, pode ser que tenha a ver com a sua utilidade de teto, de superus.
Santo André de Teixido:
Tei-xido? ou Teix-ido?
A casa do xido, do varil, do bom, do formoso, do desejável?
(xido nas gírias, e xido na fala popular, confronte-se com o português giro "bonito, bom, completo, e giro=volta completa de 360º, e o latim gyrus e o grego γῦρος "aro, círculo").
Teix-ido?
Cas-ido?
Teixido, lugar de teixos-ramos, lugar de teixos.
No blogue: Os nomes do país:
Teicide em "in Humano in villa que dicunt Teicidi" e Teixiz em "inter duos rivulos Homano et Teixeirua, sub monte Acuto, sub aula sancti Salvatoris et sancta Marie; villa predominata Teixiz", sendo, claramente, o mesmo topónimo.
O par xida, gira, a estudar como os lugares de nome gira e derivados estão associados à quinta parte.
A Gira em Doninhos, terreos ao pé da aldeia de Vilar (willa/vila).
A Gira em Sigrás na crica do castro de Sigrás e entre quatro castros (Tarrio, Alvedro,Sigrás e Cambre)
Sobre tai- / tei-
Miro a palavra desde a continuidade paleolítica.
Como sou suprefriki e considero o mapa que acompanha o texto como hipotecnicamente certo.
Para "confirmar" dentro da hipótese, (se é que isso é possível confirmar o que sempre será hipótese) se uma palavra é paleolítica ou neolítica, (fora das evidências técnicas) recorro a um dicionário de lakota.
Quando a palavra lakota é irmã da palavra protoindo-europeia, brinco e berro, porque dá muita informação dizendo que é dum estrato cultural que se remonta à última glaciação. quando a banquisa de geo que chagava à Crunha atual permitiu o passo das gentes do R1b, que levárom consigo "indústria lítica" para Norte-América, e supostamente falariam um verdadeiro proto-ástur-galaico-lusitano.
O porquê do lakota: é a língua dos siux, e os siux são o povo com mais R1b ancestral?
Sei que é uma licença esta criticável, pois genética e idioma nada tenhem a ver, mas das diferentes línguas das nações americanas, é em lakota que o urso é chamado mato, como no gaélico antigo, isto foi o que me levou a seguir indagando co lakota como ferramenta, e saber que por estudos feitos, a nação siux morava inicialmente na faixa atlântica norte-americana e foi deslocada ou deslocou-se, para o interior.
Então, estavamos falando de tei- / tai-, *tego, thach-, teitu, teichu...
Em lakota casa é dito thípi, palavra hoje internacional, o "tipi", a tenda índia.
Thípi também é a área, o território onde a tribo mora.
Bom pois thípi tem o verbo thičáǧ /tʰi.'tʃʰaʁ/, que significa fazer uma casa.
O conceito casa-lar (home em inglês) é dito thiyáta. e funciona de jeito advérbial "em casa".
Thičáǧ para mim dá muita luz à busca.
Miro a palavra desde a continuidade paleolítica.
Como sou suprefriki e considero o mapa que acompanha o texto como hipotecnicamente certo.
Para "confirmar" dentro da hipótese, (se é que isso é possível confirmar o que sempre será hipótese) se uma palavra é paleolítica ou neolítica, (fora das evidências técnicas) recorro a um dicionário de lakota.
Quando a palavra lakota é irmã da palavra protoindo-europeia, brinco e berro, porque dá muita informação dizendo que é dum estrato cultural que se remonta à última glaciação. quando a banquisa de geo que chagava à Crunha atual permitiu o passo das gentes do R1b, que levárom consigo "indústria lítica" para Norte-América, e supostamente falariam um verdadeiro proto-ástur-galaico-lusitano.
O porquê do lakota: é a língua dos siux, e os siux são o povo com mais R1b ancestral?
Sei que é uma licença esta criticável, pois genética e idioma nada tenhem a ver, mas das diferentes línguas das nações americanas, é em lakota que o urso é chamado mato, como no gaélico antigo, isto foi o que me levou a seguir indagando co lakota como ferramenta, e saber que por estudos feitos, a nação siux morava inicialmente na faixa atlântica norte-americana e foi deslocada ou deslocou-se, para o interior.
Então, estavamos falando de tei- / tai-, *tego, thach-, teitu, teichu...
Em lakota casa é dito thípi, palavra hoje internacional, o "tipi", a tenda índia.
Thípi também é a área, o território onde a tribo mora.
Bom pois thípi tem o verbo thičáǧ /tʰi.'tʃʰaʁ/, que significa fazer uma casa.
O conceito casa-lar (home em inglês) é dito thiyáta. e funciona de jeito advérbial "em casa".
Thičáǧ para mim dá muita luz à busca.
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