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Baltar, o pastoralismo






Casa do boi do povo, Padornelos (Montalegre).
https://padornelos.blogspot.com/2010/09/em-padornelos-sempre-ouve-o-boi-do-povo.html


Topónimos de lexema tei- / tai-, foram analisados no escrito Taibó a casa do boi, onde foi indicada a proximidade entre os topónimos Teibade / Teibalte e similaes; com a possibilidade de serem: tei-abade ou *tei-baltus, *tei-wlatis, tei-flatus, tei-flaith, "casa do soberano".
Fazendo isto uma ligação direta entre uma figura de poder da Idade do Ferro da cultura galaica com o posterior abade, fazendo também uma associação entre a palavra abade com * balt-/ *wlatis "soberania" e portanto com soberano, mas também na soberania religiosa, e territorial. Vinculando-se o abade primário com o vate?

Isto ligaria o *waltis, toponimicamente *balde / *bade, e na possível continuidade o abade, com o briugu gaélico?

Assim o *wlatis, soberano, como briugu, é "ministro" da economia de uma unidade territorial superior à da governa de uma briga. Formada polo comum por três ou quatro células territoriais mais a marcada pola toponímia como quinta.
O briugu no mundo gaélico governa um território no que possui umas cem cabeças de gando, também pode ter servos, não é rei mas é soberano.
Costuma ter, o briugu, uma casa aberta no cruzamento de caminhos, uma pousada, é chamado por isto de hospitaleiro.
Abren estas ideias possibilidades à alcunha da balteira ou aos topónimos Baltar.


Baltar de Santa Maria a Maior do Val (Narão (-om)) no lugar o Paço de Baltar, fazendo parte de uma hipotética estrutura que inicialmente teria sido um cousso evolucionado a granja neolítica. Com toponímia condizente analisada neste blogue.



São Pedro Fiz de Baltar (na Pastoriça), com "possível" recinto pecuário, dentro do que está a igreja no seu bico norte; na parte sul: os Castros. Numa configuração que é frequente haver um castro que diretamente está em contato com o recinto pecuário como é o caso por exemplo do Castro de Ril e Sesmonde em Barbeito (VilaSantar).

Sesmonde, Barbeito (VilaSantar), ao pé do castro de Ril.
Balda é nome do taipal ou ladral do carro de vacas, é uma palavra não dicionariada, mas viva porque passou a dar nome à mesma estrutura da caixa dos camiões e reboques de trator; balda ou baldeira, por vezes espanholizado como "baldera":

Baldas ou baldeiras do carro de vacas, na imagem com o nome de "ladrás".

Então a balda como primário taipal do carro poderia explicar o balteus latino ou o *baltijaz proto-germânico, como cintos. Também poderia explicar o balde como o contentor, e daí o baldeiro ou "vazio".

Nesta ideia de balda: Teibalte poderia ser uma  casa com uma balda na sua volta, uma espécie de ráth:
Ráth no gaélico antigo e atual dá nome a uma muralha de barro em torno da residência de um chefe, a um pequeno forte.
Dá nome ráth a uma pessoa que fala em nome de outra, a quem oferece garantia ou fiança, e também dá nome à garantia, à fiança.

Esquema de um ráth gaélico, a edificação interior poderia ser apenas uma principal com alguma mais anexa. Foto tirada do blogue: http://irishimbasbooks.com/the-difrence-between-irish-fairy-forts-fairy-rings-rath-and-lios/



Balté (nome afrancesado de um original occitano, talvez Baltet) na comuna occitana de Lo Casterar de Boset (Lomanha). Pode intuir-se o lugar ovalado onde está Balté.
Lo Casterar de Boset (afrancesado como Castéra-Bouzet) tivo os nomes de Boset, Gautier del Bozeg, castello de Castellario, castri de Castellario, domini de Castellario, Castellare, Barravo del Bozeto, castellar del Bozet de l'Avescat de Laitora, Castellum in Leomania, domini Castellario de Bozeto, Barrau de Bozeto, Casterarii de Bozeto, Castellarii de Bozeto, Castera de Lomagne, Sanctus Andreas Casterarii seu Castellari de Bozeto, Le Castera (Cassini).
O segundo elemento "Boset" desde ouvidos galegos poderia ser aparentado com bouça.
Na hipótese: um primeiro "bald-" neolítico e um segundo castro bronze-ferro, dominando um recinto pecuário que abrange o nascimento de um córrego, um valigote secundário a um vale de um rio.

Abalde ou a Balde em Santo Estevo de Beade (Vigo), marca menor.










São Martinho de Balde (Carvalheda de Ávia).


Baldemir de São Ges de Vilarinho (Lobeira). seria um *bald-?, seria um -mil?, ou ambos os conceitos?


Vilabalde de Figueiroá, fazendo limite coa freguesia de Boimente. Talvez o *bald- estivesse no couce oeste do curro afunilado.


Assim o Porto do Abalde em São Tomé de Parada (Silheda), estaria dizendo hipoteticamente, "o passo para abalde", para o curro, o cercado pecuário. Curro que está na beira do Pereiro, que é lugar de pedras, por vezes associado com assentamentos do Neolítico-Ferro até hoje.
Confronte-se com Baldos de Moimenta da Beira:
Em Baldos poderiam ser vistos três recintos pecuários, um central com saída cara o  noroeste e dous laterais a este. A igreja matriz de Baldos está dentro do que foi o recinto pecuário.

Bald- gandeiro e baldio?
A etimologia mais comum de baldio, como terrenos comuns de pastoreio, vai dar a vazio, ou ao árabe بَاطِل‎ (bāṭil), “inválido; nulo; fútil, falso”, mas desde esta linha etimológica sediada nos usos antigos, o baldio poderia ser interpretado como a terra que faz parte do *bald-?
Há uma interpretação à pejorativa dos terreos comunais como "inúteis", quando fôrom dos mais úteis que a sociedade mantivo?

Poderia estar aqui a raiz do alemão Wald "floresta", do inglês weald "campo aberto" / wald "floresta; governo, controlo, possessão; governar, herdar uma terra".
Com o proto-germânico *waldą "autoridade, poder, potência".
Também na linha germânica está o alto-alemão médio valt, vālt “espaço vedado, valado, curro”.
*walda / *valta que também ocorre nas línguas proto-fínicas com ideia de autoridade; e no estoniano vald "paróquia, município".

É possível perceber que Teipade e Teibade Teibalte seriam o mesmo, o mesmo lexema pad- / bad- / bald-?


Teibalte em relação com o Castro de São Mamede, a uma distância em linha recta de quinhentos metros.
Estrutura de Teibalte, com Outeiro no seu norte.


Teibalde em relação próxima com uma estrutura de cousso de caça analisado no escrito "O caso da caça e das casilhas. Begonte e Cáceres", onde é indicada a continuidade entre a religiosidade paleolítica-neolítica e a atual.


Segundo esta hipótese linguística de: serem parentes o céltico *wlatis / *waltis "soberania" e os lexemas bald- e bad- dos topónimos Teibalte, Teibade , seria de esperar formas com gald-, assim:


Galdos, freguesia do concelho de Viveiro. É possível ver um longo curro; no seu lado oeste com o topónimo de a Santeira, que poderia estar ocultando uma forma original como "as Anteiras", o curro está partido por caminhos transversais no centro que unem o Paço da Trave com a igreja de Santa Maria. Dá para fazer ver que o cemitério está dentro do curro, enquanto a igreja está fora no seu limite.
O nome do Paço da Trave não parece desconectado da sua situação e função, como travancar, ou travar, fechar, mas também, sendo paço, como topónimo pecuário derivado do palatium vedatório gandeiro.
Nessa parte do Paço da Trave outros curros menores podem ser intuídos entre as duas metades do grande curro, vedações menores que serviriam para o maneio e separação de animais, para ter animais enfermos ou alguma nai paridas.
Já no lado leste o topónimo das Pedrosas e a sua forma marcada no relevo como circular, faz pensar num possível assentamento do Bronze. o Lugar de São Martinho dá-lhe uma ideia de equídeos por ser o padroeiro deles.


Galdos em Santa Maria de Manhom. Este grande curro no seu lado sul está limitado polo Rego do Seixo, leva dentro de si o micotopónimo Palancate, um fóssil que nos diz que haveria uma paliçada, já na parte norte: Ortega, talvez melhor grafado como Hortega, fazendo referência ao hortus, como hortica "pertencente ao hortus, mas hortus numa ideia pré-latina, não como jardim ajardinado, mas como *ǵʰortós. "cercado".
Já na ponta norte, e fazendo relevo chamativo, que lembra um ráth, a igreja parroquial de Santa Maria. Dá para reparar nos topónimos do Pardo do Cura e o Lugar da Igreja, vizinhos ao templo.
Outra observação é que o longo curro norte sul, está no seu centro cortado por outro com nome no bico de Barreira, o que faz pensar nessa compartimentalização na parte central dos longos curros para maneio de magotes de animais separados do grande rebanho.



Sobre Teipade:
É de supor que Tei-pade, assim como Teibalte, ou Teibade, o lexema pade, poderia estar a indicar um genitivo?
Que significado teria pad-?
*Pad- pode ser percebido desde a etimologia oriental como Padus, que foi nome do rio Po, Πάδος em grego, com uma ideia de profundo.

Na linha germânica há *paddǭ “sapo”, onde a etimologia relaciona o significado da raiz com verruga.
Desde uma visão das línguas da Península, o sapo: estaria relacionado com o buraco, logo com o inferior ou profundo, podendo haver uma relação entre o rio Po / Padus / Πάδος com o germânico *paddǭ “sapo” nesta ideia de fundura.

O πάδος (pados) grego é nome de uma espécie de cerdeira (Prunus mahaleb), infrequente na Galiza, mas sim presente nas Astúrias, conhecida como artu cutíu; artu é nome para silveira, mas também nome inespecífico para arbustos espinhosos (o azivro, o escalheiro, o estripo ou o abrunho); quanto a cutíu significa denso, espesso.
Então temos o Prunus mahaleb "abrunheiro-bravo ou cerejeira-de-santa-lúcia", como arbusto de sebe.
Na linha grega do πάδος (pados): παδόεις significa jardim ou arboreto.
O Prunus mahaleb tem o nome no siríaco clássico ܬܰܢ̈ܓܳܝܳܬܳܐ‎ f pl (tangāyāṯā) ܬܰܢ̈ܩܳܝܳܬܳܐ‎ f pl (tanqāyāṯā, “Prunus mahaleb”), confronte-se com tancar, tancar catalão, tanguer o gando, ou o catalão tancar, ou tranco (mais desenvolto no escrito "Cortiças").
Voltando à linha grega παδόεις significa jardim ou arboreto.

Outra linha etimológica para *pade, poderia ter a ver com padre, sendo pater pat-er, o ator do *pat-.

Mas que é pat- / pad-?, poderia ter a ver com o protoindo-europeu *peh₂- “proteger, pastorear”. Assim Ducange compila paduire "pascer", paduentiae "pasça, pacedura", padoencum, padoentum..., diversas palavras de lexema pad- com ideia de paça, de lugar de pascer.

Desde uma ideia neolítica pastoral e integrando os diferentes significados que o lexema pat- / pad- dá: teria a ver com um lugar fundo (germânico e rio Πάδος) onde haveria uma vegetação densa (arbusto πάδος), e que fosse pastoral: isto cria na mente uma imagem de um fundo de vale, com arbustos ou árvores de proteção, rodeado de uma sebe espinhosa ou densa.

Assim no gaélico escocês, bad tem os significados de: lugar, sítio; topete, tufo; rebanho, grupo; mato denso, arvoredo. Significados que condizem com o apontado pola esculca etimológica anterior.

É para perceber, em hipótese, como um feito na vida neolítica com um nome concreto, no devir do tempo, ficou em retalhos, aparentemente inconexos, mas que integrados podem explicar o jeito de vida no que essa palavra-lexema-conceito nasceram antes de divergir.


Podemos ver o microtopónimo Teipade em Reiriz (o Savinhao) está na cabeceira de um valigote que acaba em canhada, o nome de Xesteira é dado a um prado no começo da golada:



Assim pode ser percebido que no primário pastoralismo estas quebradas, quenlhes, são aproveitadas para meter nelas o gando, como curros naturais.
(A palavra Xesteira oculta sesteira, lugar para sesteio do gando, antes do que gesteira, lugar de gestas).

Teipade em Vilar-Mosteiro (o Páramo) e a sua relação com os Castros de Pinheiro.

A mesma zona.



A Veiga da Pada na freguesia de Santa Maria de Conforto (a Ponte Nova).


Padim de Goiam / Goião (Tominho)



Barranqueira de nome Pádia ou Padim em Santa Cruz de Ribadulha (Vedra), confronte-se com a imagem de Teipade de Reiriz.




A casa do abade como casa pecuária exterior ao castro?, como casa bancária, alfandegária?

Santa Maria de Vilabade no lado leste do plano, no Oeste Castro Verde. Podem ser vistos três curros afunilados, de suposta boca em Vilabade, polas profundas corredoiras que ali há na subida à Serra da Vacariça.

Adadia tem a foma latina abbatia como raiz, aparecida no século VII, a sua linha etimológica é dita vir do abbas latino já nessa altura nome aparecido para o cargo pessoal católico, abbas derivado do grego ἀββᾶς (abbâs) "pai", por sua vez dizem vir do arameu אבא‎ (’abbā), "pai".

Então há uma linha etimológica do abade, abbās abbātis, claramente oriental, com o significado de "pai"; e uma linha etimológica céltica *wlatis, que o relacionaria com a figura do soberano, talvez um briugu pecuário, como pessoa em funções similares à do abade, mas não apenas no âmbito religioso, mas no administrativo: *wlatis (toponimicamente *balde / *bade).

Segundo isto, o korunho e baralhete: bata e bato "nai e pai" estariam nesta mesma linha etimológica do abade, junto com o inglês father, e o latim pater.

O asturiano completa a arqueologia das palavras como reduto de antigos usos, assim abadía além de ser a abadia e o seu território, é também:

Multitú de muchachos o de ganaos en llibertá que destrozan lo que encuentran al só pasu.

Pode estar aqui uma interferência de vadiar, de vagar, sobre a palavra abadía, ou pode ser que o pastoralismo inicial fosse um vadiar dos *bad-, confronte-se com o proto-germânico *wadaną "passar um rio, vadear; caminhar".
Também no sânscrito está esta ideia de caminhar mas também as ideias apontadas polo conceito de ponto inicial do pastoreio: पाद (pā́da) "pé; coluna piar; base; a parte inferior de uma montanha; quarta parte.
Apontar aqui a palavra galega usada na construção antiga das casas:
Pádea; no remate da parede de pedra de uma casa, madeira superior sobre a que é armada o teito.
Padieira: lintel.

Também é observado que as brigas ou castros tenhem um caminho que vai da croa à rua perimetral, este caminho entronca na rua em lugares toponímicos com o nome confuso de lexema ar-: areas, arosa e similares, que fazem pensar em lugares onde há areia mas que toponimicamente fazem referência a um aro:

Areosa em São Pedro de Vilar Maior, ressalta o topónimo Calheiro entre a briga e o lugar da Areosa.

Orosa, Santo André, freguesia de Palas de Rei. O castro do Farruquinho, e o seu perímetro (crica) de aproximadamente uma légua céltica ou leuca Callica (2,2Km), com toponímia limitante: Devesa, divisa, divisão; Avelão (-ám), mais explicado nesta ligação; Marco Negro, Zancola. Assim  Orosa é um arinho perimetral ao castro onde sedia a igreja da freguesia.


 Então pode ser entendido que na estrutura territorial de uma briga, haveria na entrada ao seu território íntimo uma casa, defendida por um valado, esta casa, por vezes toponimicamente tei-, ou tai-, teria umas funções pastorais e de serviço a quem viajasse, o que faz lembrar a figura do briugu.
Que toponimicamente sejam aro, faz pensar num aro, anel, de terra que as defendesse, com uma barda superior ou paliçada.
Este seria um vau, ponto de passo, de vado.
Assim vado, com toda a força lexical do verbo ir, passar, e Teibade, poderiam ter uma origem comum.

Assim os topónimos tipo Abadela, que estão na beira de um rio, podem ser percebidos como Avadela, ou a Vadela?, vaus, passos.


Muros do Abade no Hio, nas proximidades dos Castros.


Abades, ou as Abades, mesmo Sabades, em São Martinho de Bandoja (Oça dos Rios).
Pode ser observado o grande curro como foi modificado (pode-se comparar com Galdo). assim na sua parte leste foi "comido" polos lugares de Rua e Sangorço.

(Sangorço, no século dez com nome de Sangurcio, Sangorcio, Sangorzu e Sangorrum, de etimologia discutida, poderia ser Sala urciu, a sala que está na saída a confrontar com Usseira e a ideia de saída, na saída do curro neste caso, a confrontar com Sangorça freguesia de Agolada, com as palavra rigórcia, farrigórcia e gorja, que levariam a pensar em lugar íngreme ou estreito de passagem pendente, sendo Sala *gúrcia, vide abaixo de tudo Sangorça, assim teriamos o lexema orç- como gorja ou saída).

A ressaltar além de Abades:
- A Taberna Velha, o topónimo Taberna associado aos curros afunilados costuma aparecer num dos seus lados com um caminho ou vedação que parte o curro à metade, pondo em relação a taberna tab- com a trane trav-. No casso de Galdos o topónimo também tleva o mesmo lexema mas como o Paço da Trave.
- O Lugar da Rua que faz entender que o curro está situado na periferia do território íntimo de um casto
- Cafua e Concho Velho, cafua é uma cabana simples, e Concho Velho faz referência a um curro antigo que ficou grafado nos caminhos que o cercam.

Este lugar das Abades seria o mesmo que a badía /abadía asturiana?
Os terreos da abadia, talvez a unidade territorial pastoreada neolítica que acabou em mãos da igreja católica?, lembre-se o par toponímico Teibade e Teibalte que associa -bade e -balte.

Sendo em palavras náuticas uma badia o mesmo que uma baía, um refúgio, neste caso alargadamente aqui tratado: o refúgio do gando?
Assim a baiuca, taberna, desde o pastoralismo inicial, seria o refúgio, baia, badia, abadia, lugar noturno de reunião de pastores e dos seus diferentes rebanhos, uma venda, mansio ou părŏcha.

A Taberna de Santo Estevo de Abelhá (Frades).


A Baiuca, na freguesia de Santa Eulália de Senra (Oroso). Pode ser percebido o curro afunilado e no seu lateral o lugar da Baiuca, ocupando o espaço que noutros casos ocupa a Taberna toponímica, de feito as terras a Oeste imediato da Baiuca tenhem o nome de Taberna.



O Cocho da Abadinha em Santitiago de Rubiãs dos Mistos (Calvos de Randim)
O cocho da Abadinha.

Refúgio, badia?
Do lexema -balde, de Tei-balde, e atendendo à variação da consoante inicial, seria de esperar uma forma semelhante a malte. O nome da ilha de Malta, dizem derivar do fenício 𐤌𐤋𐤈(mlṭ) "refúgio".

Malta por outro lado tem o significado de grupo de pessoas, de trabalhadores do campo. De etimologia desconhecida, mas que poderia aparentar com o aqui apresentado.



Abadesa, neste caso em um grande chouso afunilado na freguesia de São Julião de Eire (Pantão), chousão que na sua borda sudeste tivo um mosteiro.


Abadim está considerado ser um derivado do cargo católico de abade, ou de uma pessoa de nome derivado de abade: Abatinus, de uma hipotética villa Abbatini.
Mas a estrutura que observamos é a frequente nos grandes curros, decalque da estrutura mostrada noutros:
Abadim de São João de Alva (Vilalva). Como nos casos anteriores um grande curro, que no seu centro está partido em curros menores. No seu lado leste, exteriormente a ele, poderia ter havido um assentamento observe-se no relevo e na forma das parcelas.


Já também: Abadim capital do concelho do mesmo nome:
Santa Maria de Abadim. Na imagem podem ser vistos os dous grandes curros, o do leste leva o nome de os Cardos (que será explicado mais abaixo). A igreja parroquial ocupa o lateral sul no meio com um caminho que une coa Torre, o curro do leste tem o lugar de Fernandanho dentro dele, e exteriormente no seu lado leste o Vilar dos Sinais, só lembrar que a toponímia de vila, *willa, não tem que ser obrigatoriamente na ideia de vila de estrutura romana (mais alargadamente explicado isto neste enlaço).


Abadia, lugar em São Vitório de Ribas de Minho (o Savinhao) onde está a igreja parroquial. É um curro semelhante a alguns aqui já apresentados, um curro partido por um caminho transversal, na parte sul o topónimo Bouça, no seu lado leste Pácios, fazendo referência ao antigo palatium pecuário, na sua parte norte o possível assentamento da continuidade Neolítico Ferro até hoje, toponimicamente Pereira.
Dentro do grande curro estivo o Mosteiro  de São Vitório de Ribas de Minho, no plano com o nome de Lama.


Monte Abadia na freguesia de Santa Maria de Évora Monte (Estremoz).
Este lugar tem a mesma conformação que aqui está sendo apresentada.
Qual é a explicação?
Foi uma abadia criada posteriormente à conquista cristã do século XII?
As abadias eram estruturadas segundo um modelo ditado polo costume?, por uns planos dados pola Igreja?
O lugar de Monte Abadia foi anterior à época muçulmana?, mantivo a sua estrutura e funcionamento durante o período islâmico?

Esta estrutura pecuária complexa também é vista na Irlanda, em lugares que forom abadias ou seguem a ser.
Por exemplo na Abadia de Leathrátha, Mainistir Leathrátha (Abbeylara):



O curro pecuário é similar e também está partido, com aparentes divisões menores na linha central como pode ser visto em Abadim ou noutros curros galegos apresentados.
Dento do curro está o cemitério, no seu extremo sul está um ráth, que dá nome à freguesia Leath-rháta, para a etimologia mais divulgada significaria "pequeno forte, ou metade de um forte", entendendo forte na ideia de fortim, fortificação. Outra proposta é interpretar leath- como leth (vide gaélico escocês leath = leth) em conceito como que faz parte de, que toma parte de, que compartilha, ou mesmo que é: Isto levaria a interpretar Leath-rháta, como "que faz parte do rhát".
Estariamos diante do curro pecuário de um briugu, que o devir da religiosidade virou em abadia.
Indicar que dentro do curro, no caminho que o tronça, está uma fonte com o nome inglês de Well of the Saintesses "fonte das Santas", também Well of the Holy Woman, em gaélico o nome do lugar é Tobberbiernagh ou Tobernamanneera.
Tobberbiernagh, seria algo assim como "fonte da quebra"
Tobernamanncera, Tober ann an cera?  "fonte do chafariz"
.
O lugar onde está o ráth, tem a reitoral à par, e recebe o nome de An Bhuaile Bhuí (em inglês Ballyboy), com o significado de "o curro da (vaca) marela" ou "o curro da gratidão".

Sainte-Barbe (antiga freguesia de Keriti) na comuna de Pempoull (Bretanha).
Esta organização do espaço do grande curro dividido aparece noutros lugares da Europa.

A Badorna e a Taberna: Já noutro escrito foi falado da taberna/taverna, e como alguns topónimos do tipo Taberna ou Casa do Taberneiro teriam a sua origem no Ferro, e não tanto todos eles numa idiea "recente" de taberna.
Taberna em São Salvador de Parga (Guitiriz), a salientar os topónimos Pereria (Derivado de pera, pedra, polo comum assentamentos primários pecuários, prévios às brigas ou castros, Mirão (-om) como lugar de vigilância, noutros curros pecuários co nome de Torre, Xesteria, por Sesteira, lugar do sesteio do gando.

Tabenra do Ferro  também na contorna do castro, também lugar do briugu.
Na gíria dos canteiros recebe o nome de badorna a taberna, com o lexema bad-.
Pondo em relação bad- com tab-:
Assim a palabra taberna é pensado ser construída sobre os lexemas protoindo-europeus trabs / *treb- "trave" +‎ -rna; confrontada com badorna, teríamos que o inicial lexema bad- / pad- teria a ver com trave, como ficou indicado polas palavras galegas pádea e padieira; trave da paliçada pecuária.
A palavra tabernáculo, apoia esta ideia ao dar nome a uma cabana temporária.





Isto abre a possibilidade de que a treba inicial foi a gente envolta em cada um dos assentamentos pecuários neolíticos iniciais, que posteriormente desenvolveram unidades territoriais celulares que ocuparam completamente a geografia.

Assim bald-, como topónimo de vedação, teria a forma parelha bard-, com bastante força lexical: barda, bardar...
(Aqui entraria a palavra galega xardão, nome do azevinho, talvez no seu aspeto de arbusto de vedação).
Sendo pois bald- e bard- a mesma ideia, como vald-/wlad- e gald-/ guald- ao lado de gard- guard-.
Desde uma visão pastoral e pecuária a plavra órfã gardar nasce de aqui, percebendo-se complementares o guardare italiano com o gardar provençal, o garder francês e as formas peninsulares de guardar e gardar, que são remetidas a uma hipotética forma frâncica *wardōn, mas vistos os vistos: barda já nasceria como forma plena no neolítico pastoral ou no paleolítico caçador (coussos), sem esperar a uma língua frâncica que seria relativamente moderna, como para dar nome a estruturas possivelmente anteriores à sua diferenciação como língua.

Mas nas línguas tocarianas: wärt (tocariano A) e wartto (tocariano B) significam bosque, floresta, há que se pôr na situação de que estas línguas existírom em oásis do deserto.
No tocariano B, nesta linha:
wälts- (verbo transitivo) "reunir, juntar"
wertsiya (nome feminino) "assembleia, concelho, reunião, comitiva, séquito, companhia"



Mugardos e os seus coussos, mais alargadamente analisados no escrito "os Coussos". Segundo esta hipótese Mugardos teria uma raiz em lexemas *mu -gardos, mu-wardo.
Quanto a mu, além de ser a evidente onomatopeia da vaca:
A ideia mais divulgada é que no protoindo-europeu a forma raiz foi *gwos.
A etimologia aqui proposta é que houvo um primário mu/bu que derivaria em duas linhas semelhantes às do céltico-p *pwos e um céltico-k *kwos, que gerariam:
1.A do *pwos: pucha, bucha, *boukkā, vaca, mucca italiana, a do pecus, lituano pēkus "vaca", inglês antigo feoh "vaca"Na língua suana da Geórgia: ფუ̈რ (pür) "cerva, corça", georgiano ფური (puri) "vaca".
2. A do *kwos: mais estendida com a rama mais estudada de *gwos.

Quer dizer mu/bu seria primário original por ser onomatopeico.
Mugardos seria transparente, segundo esta hipótese como a vedação para as vacas.
Mas neste caso como vedação de caça.

Gravura no Vale do Coa de um arouque ou uro, neste caso aparentemente fêmea, com uma antiguidade estimada de 80.000 anos, a destacar o contraste da silhueta tão vacuna com as figuras que na atualidade intentam recriar o uro como um bovídeo hipertrofiado.

Como datarmos a vedação de caça de Mugardos? E com licença, datarmos a palavra?


Coussos em Mugardos (mu-wardos), para serem funcionais obrigaria a um tempo passado no que o rio de Júvia corria polo mais fundo da ria, um vale fluvial não inundado polo mar. Segundo às tábuas: levaria a pensar que a sua funcionalidade seria plena no sétimo ou nono milênio antes de Cristo (ainda que evidentemente poderiam ter sido funcionais antes). Datando-o no nono milênio antes de cristo estaríamos em um tempo no que a hipótese do protoindo-europeu não explicaria a sua toponímia, pois no sexto milênio (época na que a sua hipótese dato o nascimento do protoindo-europeu na hipótese Curgã) a ria de Mugardos teria marés e a faixa de terreno não permitiria a utilidade do cousso, por ser estreita:

Hipotético nível do mar na ria de Mugardos no seis mil antes de cristo, co mar vinte metros mais abaixo o seu nível.








A linha da hipótese do frâncico *wardōn como gerador de toda esta famíliado bardo como sebe de defesa, do guardar semelha não se sustentar. Tem uma palavra o fenício que o deita isto também abaixo que é  (𐤂𐤃𐤓(𐤀 transliterado como (ʾ)gdr "castelo, fortaleza, pátio murado". Palavra que leva ao nostrático, por exemplo no berber ⴰⴳⴰⴷⵉⵔ (agadir) é muralha, fortaleza e celeiro.
Então no caso de *ward-, atendendo à hipótese nostrática, dataria a palavra como do paleolítico superior, o que condiz com a hipótese do mar em Mugardos e os coussos.

No galego deste grupo vale reparar em gadeiro/godeiro "refúgio, cova, esconderijo no fundo do mar para os peixes", que poderia estar ligado com gadus, a faneca, pois é o peixe que se junta nos acochos marinhos chamados fanequeiras ou gadeiros / godeiros.
Quer dizer: o gadus, peixe, leva esse nome porque está no *wa, "gua".
Que exista gadeira e godeiro leva a uma ideia de raiz *wad- para ambos, do mesmo modo que no galego medieval guarir tem formas similares como garir, gorir.
Confronte-se com guarida "toca de animal" e com o asturiano

gua.re.cer

  1. pascer o gado; pascer livremente
  2. manter-se o gado; colher carnes, engordar o gado
  3. alimentar-se a galinha com o que encontra pelo campo
  4. buscar o sustento, o necessário para alimentar-se; subsistir, sobreviver
  5. guiar o gado a lugares onde tem comida, boas pastagens
  6. resguardar-se da chuva
  7. salvar de um perigo, de uma doença; superar um risco
  8. sarar
  9. chegar ao fim desejado
  10. conseguir dificilmente sustentar uma fazenda, uma casa agrícola e a família que mora nela, vivendo pobremente

Formas alternativas[editar]

  • De 1buarecer

Esta palavra fenícia (𐤂𐤃𐤓(𐤀  (ʾ)gdr ligaria o lugar primário vedado, com o gado, com o guardado e com o ganhado. E remete a um tempo do nostrático, leva a ideia paleolítica de cova, neste caso de guá.

Guá é uma palavra do léxico infantil no jogo das bolas ou berlindes.
No asturiano guá é também buáGuá aparentaria com o gaélico cúas com o significado de buraco; cavidade; caverna, cova; covil, tobo, abrigo. Guá tem parentes no sânscrito e nas línguas do sudoeste asiático e da Malásia.
No lacota wa- é um prefixo que indica um "indefinido objeto marcado", podendo indicar possessão.
*wa-arto, muito wa. Talvez na primaria ideia de possessão privada. Escreve-se aqui do lacota por ser hipótese nostrática e por poder ter havido uma relação genética, cultural: hipótese solutrense.



Reconstruction of summer sea surface salinity for the North Atlantic Ocean during the last glacial maximum (expressed as S-35). 
De Sea surface salinity reconstruction as seen withforaminifera shells: Methods and cases studiesB. Malaiz´e and T. CaleyUniversit´e Bordeaux 1, UMR 5805 EPOC, Avenue des Facult´es, 33405 Talence, France



Já mais perto:
Então pode ser percebido que o bardo, de vedação e o bardo como poeta e cantante na antiga cultura céltica, nascem do mesmo conceito do pastoralismo. Assim o bardo apenas seria uma especialização da figura do neolítico *wa-ardo/ *wa-arto, pastor soberano, e posteriormente chefe do pastoreio, gerenciador da οἰκονομῐ́ᾱ (oikonomíā), gestor religioso.
Assim o bardd galês tem os significados de bardo, poeta, autor literário, profeta, filósofo e crego.
Ducange compila bartaSilvæ species.
*wa-arto, warto /walto *wal(a)tis / *baltus.
Está-se a ver que há uma mudança da consoante inicial da palavra-conceito neolítica *wlatis / *baltus.
Desde o celta-p e celta-q seria pois de esperar palavras *klat- / kalt- que levem em si ideias pecuárias.

É o cardo latino?, a rua cardinal romana norte sul?, ou o lugar cardinal?, logo será lançada uma hipótese.
Estariam aqui os parentes do grego χόρτος (khórtos)?
E os topónimos galegos de base card-: Cartelhe, Cardelhe, Cardeiro...?
Poderia ser percebida a génese como do lugar  "central" de guarda, posteriormente de pastoreio, o *wardo / cardo, foi divergindo e criando-se todo um conjunto de palavras que originalmente sediariam no curro central cardo / cadro / cuadro / cuadra?
O cárdio coração, o cardo eixo referencial, e o carduus vegetal, já no asturiano cardina "tojo" (tambám em hipótese como tapume?) a cardenha (bisarma), gardunho (Crataegus monogyma), cardume "rebanho"...

A Pedra do Cadro na freguesia de Esteiro (Muros):
A Pedra do Cadro como ponto de referência, na ideia romana de cardo ou na ideia de cuadra?, ou ambos os conceitos nela?
Tem os topónimos de Campo Cerval, Rego Travesso que o envolve na sua parte sul, Carvalhos Mindos, talvez fazendo referéncia ao "mende"; nomes que poderiam indicar um antigo recinto?


O Cadrom / Cadrão em São Mamede do Barreiro (Melide). O Cadrom são umas terras dentro de um grande curro, que leva toponímia evidente como Barreiro de riba, do médio e de baixo.


O Cadramom / Cadramão em São Tiago da Capela (A Capela), um curro pecuário complexo, semelhante aos anteriormente vistos. No seu lado oeste: o Pereiro, que se repete noutros lugares, e já foi falada a sua relação com um assentamento do Neolítico-Ferro até hoje, também o topónimo viário da Vrea. No lado sul: Cadramom, talvez dando nome a todo o Cadro; e fora do plano as Areosas, como suposto assentamento do "ário".
Cadramom, descomporia-se em Cádramo + -om /-ão (aumentativo ou genitivo) e Cádramo como Cadra + -mo (átono, como sufixo superlativo ou aumentativo, ou como sufixo locativo ou de estado, confronte-se com o sufixo galês -ma, também com o grego -μᾰ.).
Assim este Cadramom dá explicação à freguesia de São Jurjo do Cadramom (Valadouro) onde no lugar da Igreja pode ser percebido um curro.
O hipotético *cadramo poderia ter a forma parelha em Cardama:
Freguesia de Cardama (Oroso) com o curro pecuário identificado toponimicamente por : Os Currás, a Chousa dos Currás e a Chousa do Pererio. A salientar o Pereiro como assentamento primário ainda visível e identificável nos planos do 56, e o castro próximo de nome "Castro da Chousa dos Calvos".
Hoje a paisagem está completamente modificada pola concentração parcelária.
Recolhe Ducange cadrus como ângulo, significado que é mais acaído para o que estamos a ver:
Santa Baia de Castro de Esquadro (Maceda), é um lugar esquadrado contra o vale profundo do rio Tioira.
Como um antigo curro quase natural, do tipo dos Teipade, Padim.



Cardeiro como gardeiro?


Paróquia de Cardeiro. lugar da Igreja. Pode ser vista a forma de cousso e na boca dele a igreja e cemitério. Cardeiro que segundo esta linha etimológica seria o mesmo que uma "bardeira" ou que um "gardeiro"; *wardo paleolítico.




Nesta "granha" há tomponímia que frequentemente sai neste blogue como pode ser Cardeiro, na ideia de lugar onde guardar o rebanho?


A hipótese do funcionamento neolítico da granha com animais semi-selvagens, seria que pasceriam livremente no espaço tapado ancestral de caça, no cousso reutilizado como granha. E polas noites seria recolhido em duas da suas esquinas, em Pousada de Arriba a norte e em Cabanas a leste.
No lado de Pousada poderia haver vários currais, toponimicamente: a mesma Pousada, Cortinha e Cardeiro, nessa ideia protoindo-europeia de *kwart- "quarto e guardar". Repare-se que Cardeiro é quase quadrado neste caso.

Nas fundações das urbes romanas inciais é descrito que antes de andar com o arado marcando os limites, era construída uma estrutura oracular e de referência de coordenadas, um auguraculum, nesse local era cavado um buraco na terra que levava o nome de mundus, havia um ritual, onde se faziam oferendas, trazia-se terra doutras partes, aradinhos votivos....
Desde essa estrutura traçava-se a urbe, desenhava-se desde a distância o lugar exato onde seria o assentamento humano, as suas orientações.
E assim que desde um ponto extreno é traçado os eixos cardinais, na cultura romana: o cardo (cardonis) e o decumanus.
Assim na cultura grega: κᾰρδῐ́ᾱ (kardíā) "o coração", é percebido como na nossa cultura, "o núcleo, o ponto central interno".


Linha do horizonte que une a Pedra Fita de Adai com a cidade de Lugo (a su parte mais elevada).
Sol-pôr: Os dias 2 e 3 de Novembro desde Lugo é visto que o Sol se deita alinhado coa Pedra Fita, e também polo 10 de Fevererio.
Abrente: Os dias 31 de Abril e primeiro de Maio desde a Pedra Fita é visto sair o Sol alinhado com Lugo, e também polo 10 ou 11 de Agosto.

Depois vinha o ritual do arado que marca um rego o pomerium  (pomerium que é mais explicado no escrito Roma) que delimita o que iria ser dentro, e o que há estar fora da "cidade"....
Plutarco relata a vida de Rômulo e conta que a relha do arado era de bronze, isto pode dar ideia da época.
Então seria percebido que o inicial assentamento neolítico foi o curro pecuário.

À parte:
A etimologia latinista de curro remete a corral, curral derivado de uma hipotética palavra não constatada *curralis "local onde são guardados os carros", carro que no latim é currus. Este salto etimológico é um pouco forçado. Mesmo o corro de pessoas ou animais é referenciado no hipotético *curralis latino.
No gaélico da Escócia, cùrr significa canto, recanto, esquina, fosso, poço de auga, local, lugar. Ligando diretamente com o galego curro "recuncho, canto", e com a ideia pastoral de curro como local afunilado que tem ou não cercado circular na sua saída:
Cwr no galês com o mesmo significado "canto, esquina, aquilo que se estreita ou finaliza em um ponto, limite, borda, final, beira, lugar remoto."
Confronte-se com corruncho / curruncho.



O abade no gaélico recebe o nome de ab e também luamh.
Luamh, além de abade, dá nome a quem governa o leme, ao timoneiro ou piloto de navio, à mão diretora; e a uma embarcação de recreio, um iate.
Luamh no gaélico escocês, além do abade ou prior, dá nome ao calheiro, abomaso;  dá nome ao cadáver e a uma pessoa introspectiva, que oculta o que pensa.
A etimologia de luamh aparentaria com a de de luamai "astrónomo, navegante, piloto", relacionado com Luan "Lua".

Assim aparentemente o lugar pastoral é o sítio referencial desde o que é desenhada a paisagem do território por talvez mais de um milênio de pastoreio que foi prévio lugar de caça passiva antes da domesticação, o lugar de caça à espreita, posteriormente pastoral é o lugar primário de assentamento dede o que é escolhido um lugar secundário residencial para uma suposta elite, que podia viver de jeito mais ocioso, na briga, castro, polis ou urbe.
Esse primeiro lugar é a casa pastoral, percebida a ideia de nai-pastora e pai-pastor, como a "Eva" e o "Adão" caçadores possuidores e posteriores pastorais neolíticos, daí a diferenciação genética tão marcada na Gallaecia, como linhagens muito antigas.


Sobre Baltar:

Baltar e outros de este lexema é desses topónimos apanhados pola etimologia germanista, feito derivar de *balds "abundância" e *hariis "exército".

Baltar também é feito derivar do nome ou cognome medieval Baltarius, como o dono do lugar de Baltar, o possuidor de uma hipotética villa Baltarii.
Esta outra linha etimológica, a do nome Baltário, é derivada de bald-, balt-, do proto-germânico *balþaz "valente, audaz atrevido".
Assim recolhe Ducange: Ordinant super se Regem Alaricum, cui erat ex Baltharum genere origo mirifica, qui dudum ob audaciam virtutis, Baltha, id est, Audax, nomen inter suos acceperat.

O asturiano poderia esclarecer com o seu verbo baltar "practicar la llucha lleonesa", loitear. A loita regrada entre duas pessoas consiste em, agarrados polos cintos balteus, deitar abaixo o par.


Segundo a hipótese lançada aqui, o lexema indo-europeu balt-, proto-céltico *wlatis/*waltis "soberano", estaria dando nome a um chefiador de rebanho, a um herdeiro territorial, descendente do fundador de uma célula pastoral neolítica herdeira por sua vez de um cousso de caça, mas esse nome derivou na continuidade e diversificação do comum proto-indo-europeu e na época cultural do Bronze e Ferro, em adjetivação do soberano, para indicar qualidades positivas de um pater pecorārius gregis, que acabou sendo rex ou sacerdōs.

A linha germânica que estaria mais próxima a esta ideia pastoral, e ao lexema raiz aqui apresentado *wlatis / *waltis, poderia ser a da palavra inglesa wald "floresta; governo, controlo, possessão; governar, herdar uma terra", do proto-germânico *waldaną “reinar”.
 *waldą "governante". 
Então o pai caçador , depois pai pecuário, pastor, acabou sendo rei no mundo germânico, na ideia neolítica de governante de uma célula pastoral, quem tinha a soberania, era dono de si e da terra que andava.

O *walto e o palatio:
Nesta linha etimológica o esperável para o gaélico seria a perda da consoante inicial, pressupondo uma origem em *pal(a)t-, assim: ealt / ealta tem os significados de grupo, bando, rebanho de gando que é movido para novos pastos ou para a feira....

Palatio / phalatio / valatio é o mesmo, um lugar vedado de paus ou vedado de valo.
*Kalatio? Temos no latim calatus, que é o particípio do verbo calo "chamar a assembleia, proclamar, convocar", mas também o substantivo latino calo calonis "valete do exército (armado com um cacete, porra ou moca); escravo encarregado de apanhar lenha, escravo inferior".
Sendo o latim cala "pedaço de madeira".


Pode-se logo inferir que no fundo de calo calonis e do verbo calo "convocar em assembleia" está o pau?
Como vara de mando, e como vara de luita?

 Assim o Baltarius medieval não seria só o do "exército abundante" ou o "valente, audaz ou atrevido".
Desde o latim seria quem levava cinto, sendo o balteus um ornato do Papa, no século X documentado, cinto ou faixa papal, mas também dos cregos medievais.
Balteus, cingulus regalis. Baltearius, aliquis tali cingulo ornatus.
Assim: Balterius comes subscripsi (S,VI).
Para o comum do estudo do latim, o significado de balteus como margem, fronteira, borde, círculo é secundário ao primário significado de "cinto"; ainda que também poderia ser à inversa como aqui está a ser apresentado.

Baltar é uma caste silvestre de vide portuguesa.

Balt no címbrio, é bosque, floresta.
Balt no gaélico escocês é:    
Borda
    
Aurora
    
Cinto, tira de coiro
    
Bainha de um tecido cosido
    
Bigode
    
(
Ilha de Arran) Colar masculino


Mas também poderia ser ainda o balt-arius "o que pertence ao balt-", o baltarius, como "soberano", mas agora percebemos essa soberania como que era dono do seu curro, não era "empregado" ou servo no trabalho. O *baltário inicial seria quem morava e governava o curro, sendo *balt-ar uma unidade pecuária, "o lugar do balt-", o lugar da soberania, ou o lugar do soberano.
O lugar que tem borde, limite.
Como é esboçado no escrito o Ruler que anda de rule, estaríamos na primeira célula territorial neolítica, um aro limitador de um território gerido por alguém proeminente. 

Também Balteiro pode ser isto:



Balteiro de São Martinho de Olerios (Ribeira). A destacar no seu norte o topónimo Pereira, no oeste: Devesa do Rei, no lado leste a Hortinha, que semelha um curro menor interno. Na hipótese de que o seu tamanho sul fosse mais alongado até as margens do rio de Lobeiras.
Balter de Santa Maria de Fisteus (Cúrtis). Pode ser vista a mesma estruturação do território que nos distintos lugares aqui apresentados: um grande curro.
Na sua parte norte um pequeno "castro", a sua parte central partida, neste casso não há parcelção cadastral pois toda a peça é da mesma casa, poderia ser dito que a herdade, em comparança com os outros lugares que fomos vendo ficou mais inteira, mas essa parcelção pode ser observada no relevo variável na parte central. E na parte sul a igreja, com um aparente curro redondo de nome  Cubelo(1)
Fazer ver que Balter tem próximo a si o lugar de Baldariz, que a maior parte da toponímia não os associa, mas tanto topograficamente como por caminho direto, e por linguística estão ligados.
Relação de caminho direto entre o Castro de Balter e Baldariz, pouco mais de um quilómetro.


Villabalter (San Andrés del Rabanedo, Leão), como noutros casos, a villa, willa num dos seus couces, também relevante: o topónimo el Cuadrón em relação com cuadra. E com o conceito que puido dar o cadro romano)?
Assim ultrapassa a casualidade que desde a vila de San Andrés del Rabanedo o sol se deite em linha com as partes elevadas de El Cuadrón, o dia de São Andrés, o 30 de Novembro?











Baltanás (Palência), Com a estrutura pecuária frequente.



Voltando atrás e recapitulando: Como se tem visto neste blogue, os nomes dos recintos pecuários são muitíssimos, palatio, mundim, -mil, algália, anguieiro, sabuzedo, ameijeira ..., a maioria deles de etimologia que é buscada fora, querendo dizer isto que durante o Neolítico, Bronze e Ferro "aqui" (numa ideia alargada do aqui) todas essas palavras chegárom...

Outra interpretação que quebra os paradigmas é: que a multiplicidade de nomes dos recintos pecuários foi devida a uma elevada "estrutura" da sociedade já neolítica, uma elevada organização territorial devido a que a paisagem estava lotada, estava colmatada, ocupada totalmente....

Esquema do curro "balt-",  simplificado, visto nos exemplos anteriores.
De esquerda a direita:
O bico, por vezes com o topónimo Cruzeiro.
Caminho central que fende o curro em duas peças
Parte central superior, lugar de assentamento de nobreza, ou lugar menos religioso. Com um pequeno curro insertado no curro maior, que está parcelado em uma ou várias partes menores.
Parte central inferior, assentamento "religioso", por vezes a igreja, uma capela, ou o cemitério.
Estremo da direita "pedreira, pereira", willa, talvez do bronze ou anterior, um lugar murado ou valado de tamanho pequeno, por vezes chegando a castro, pode estar nele a igreja, os terreos da sua periferia costumam ser da igreja se nele assenta a mesma....

Por alguma razão estes lugares tenhem como padroeira a Santa Maria ou como padroeiro a São Martinho.

Analisando a palavra conceito desde a árvore genealógica do indo-euopeu:

Que a palavra-conceito seja compartilhada polo tocariano (wartto, wälts-) da-lhe uma probabilidade de poder ter uma antiguidade do 6.000 aC.
Quer dizer uma palavra do neolítico inicial.

O hitita também ajuda aperceber algo mais o antigo e uma hipotética génese com palavras como:
pa-al-ku-us-ta: mirar, mirar por, guardar, ter consideração, apreciar
palh(ai)- alargado, extenso, chão.
palzah(h)a-, palzasha-, basamento, base, base de madeira, estrado de madeira, plataforma, pedestal, plinto.

Outra vista de Teipade em Reiriz (o Savinhao)

Voltando a Teipade, e à esculca etimológica que dele foi feita anteriormente:
O lexema pad-, dava os significados:
Italo-gregos: profundo
Grego: arbusto de sebe, πάδος (pados)
Italo-Germânico: pater, father.
Sânscrito: पाद (pā́da) "pé; coluna piar; base; a parte inferior de uma montanha; quarta parte.
Galego: Pádea; no remate da parede de pedra de uma casa, madeira superior sobre a que é armada o teito e padieira: lintel.

Entendo que o conceito que sai disto (da integração desde o hitita e a esculca anterior) poderia ser "sustentar".
A ideia que nasce é a já apresentada anteriormente, que os conceitos de "pai, alicerce baseamento, sustento, limite" podem sair do mesmo, com uma origem em algo físico e tangível.
Se comparamos o hitita palzah(h)a-, palzasha- "basamento" com o galego palenque:
     Estrutura de ramos e paus, sobre a que é formado o palheiro para elevá-lo do chão.
      Meda de feixes de cereais ceifados, guardada sem malhar durante tempo.
      Montão de achas.
      Coberto de construção simples, espécie de alpendre.
      Corredor a jeito de ponte entre duas moradias, coberto de telhado e paredes, que salva um caminho ou rua.
Também com palanque:
      Valado que fecha um terreno.
Palanqueira:
      Vala feita de estacas de madeira.
      Por extensão, valado que fecha um terreno.

Se a este conjunto ainda lhe engadimos palatium, como primeiro lugar pecuário (Callaica Nomina) ou o topónimo anteriormente visto num dos curros: Palancate, ou o catalão palenc "paliçada", poderíamos perceber que a ideia de pau, ramo, subjaz em todo isto.
Desde a esculca do hitita, os textos pouco amossam da vida camponesa, mas sim da vida administrativa e da elite, assim ligar palzah(h)a-, palzasha- a um estrado simples de ramos que serve de base ao palheiro, quando os textos falam de que "a divindade está sobre uma plataforma" ou "a joia é engarçada sobre uma base", ou que "o rei dança sobre um estrado", semelha difícil...Mas a cultura nasce da agricultura.
Assim, também a palavra hitita paltana- teria relação com isto; traduzida como "ombro", (mas revisada desde uma óptica galaica, ou de gentes camponesas que despeçam o porco e outros animais) talvez mais acaidamente como "lacão, ou braço inteiro desde a pádia ou espádua".
Assim este lexema de "pau, ramo" palz- /palt-, está como em outros idiomas definindo o braço.

Bom, com tudo isto o que se vem dizer é que o lexema pade de Teipade, poderia ter muita antiguidade definindo algo físico e cultural do primeiríssimo neolítico pastoral e agrícola, e já na altura como derivado, segunda forma, de "pau", um pau que tem um uso, paliçada, palenque de palheiro, ou cabana de paus.
Assim o lexema tido por raiz palus, talvez fosse *wallus o que explicaria a "explosão" de formas, e não deixaria órfãs palavras galego-portuguesas como baliza, baloira, balouco, baldão, baleio...

Paradigmas deitados abaixo:

O relevante é encontrarmos em fósseis topónimicos galaicos de raiz indo-europeia dando nome a estruturas de caça ou pecuárias mais antigas do que é pensado que foi chegada do indo-europeu.
Ou doutro modo: Dar com isto desde uma óptica livre de denpendentismo colonial, no que a sociedade galega mora, significaria que a transição paleolítico neolítico apareceria nesta esquina atlântica, que antes do que lugar de chegada de vagas civilizadoras, poderia ter atuado como berço indo-europeu e neolítico pastoral, ou quando menos: como dos primeiros lugares pecuários neolitizados ou indo-europeizados, e seja como for apresentando uma continuidade, que deixa fósseis vivos e o que é também relevante: as suas formas evolucionadas, o que permitiu a chegada a dia de hoje como topónimos de palavras do 7000 aC, como pouco.

Já tratando temas mais recentes:
O idioma céltico é apresentado como uma língua de comércio que comunicou o atlântico, uma língua franca, que ligava culturas diferentes:
Segundo isto apresentado aqui, a organização espacial pecuária era a mesma, e a instituição que geria isto semelha ser mais religiosa do que nobiliária ou da realeza.
Também pode ser percebido que a chamada, por diversos motivos coloniais, cultura "castreja", cultura celto-galaica não nasce do castro, mas sim de um lugar pecuário do que a briga ou castro é um elemento secundário, "tardio'; conformado posteriormente no tempo, milênios depois do primário curro pastoral.
Assim a cultura celto-galaica aparece como uma continuidade e superestrutura do Neolítico pastoral, requintada, alicerçada e mas-valia de um modelo agro-pecuário, muito focado no gando.

Orca dos Juncais, do séptimo milênio aC.















(1) Cubela:
Como foi visto no mapa anterior de Fisteus, no entorno da Chousa costuma aparecer o topónimo Cubela e similares de base cubo, um topónimo aparentemente transparente, pois um cubo é um repositório, um lugar de "armazém" ou espera, de recolha, um fundo final

Cubelo de Santa Maria de Fisteus (Cúrtis).

Cubelas em Santa Valha de Búbal, uma chousa com toponimia associada pecuária como Mundim, Outeiro (saída), Naveiras (não na ideia de plantio de nabos, mas de nava "rego") Cancela.

Cubillos em Tornadizos de Arévalo (Palacios de Goda).

Para a etimologia mais divulgada cubo no grego κύβος (kúbos) poderia vir de uma forma *keu(b)- "dobrar, virar".










O abade como chefe do abatedouro?
*Abbatt(u)ĕre do latim batuere, talvez empréstimo gaulês, do protoindo-europeau *bʰedʰ- “apunhalar, cavar”. No galês bathu “pancada”; antigo inglês beadu “batalha”, bēatan “bater”, bytl “martelo, maço”.






















Sangorça (Santa Maria do val de Sangorça, Agolada):
Gurges? *Górcia?








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