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Uma das tantas Ameijeiras. E os três resultados toponímicos de *ɸert.

Neste blogue já foi analisada a toponímia de base (a)meij-, como por vezes não fitotoponímica (derivada de ameixa) e aparentemente tendo a ver com ameijoar.
Ameijoar: Juntar, reunir (o gado) na ameijoada; passar a noite ao relento reunidos (diz-se dos animais); passar a noite na diversão ou no trabalho.
Neste caso é apresentada a Ameijeira de Santa Maria de Dordanho (sob o concelho de Oça-Cessuras):




Toponímia e estrutura do lugar: pode ser observado que é condizente com a sua funcionalidade.
De entre os topónimos a destacar:
Avieira, poderia ser uma aveeira, um lugar de aveias; ou a Vieira, uma via ou vieiro, de feito são terras polas que passa o caminho do Castro de Torre de Mira.
Aberta, poderia ser um lugar aberto, uma abertura do cerre, ou poderia ser a Berta / Aberta, o mesmo que abirta / a birta, que dá nome a um suco de rega, neste caso seria o nome do fosso perimetral; ou que seja uma forma de a virta: terreno de lavoura valado; parcela de monte murado; faixa de terreno entre propriedades que é deixada sem lavrar, sem cultivar, para o passo de pessoas ou animais.
Estas formas virta /abirta / birta poderiam estar em relação com o céltico *bert-: galês perth "cerca, sebe, arbusto espinhoso, matagal, bosque cerrado, touça (terreno onde há lenha arbustiva), selva, zona rural"; com a forma parelha córnica berth / perth comumente como topónimo, tido por fito-topónimo, com o gaélico ceirth, de uma raiz proto-céltica *kʷerxtā, protoindo-europeu *pérkus "carvalho"; poderia ser contrastado que a leste está Carvalho.
Quenlho, como par de quelho, canal, passagem.
Terreo de Dentro: é um nome transparente e faria referência ao curro de catividade posterior ao beco de caça, da mesma maneira que no beco oeste o gado seria ameijoado na Ameijeira, no beco leste em uma vedação que leva o transparente nome.
Meijão é uma palavra já no galego medieval com o significado de venda, pousada, hospedagem, casa. Aparece uma relação entre meijão / mesão e o lugar pecuário, este tema foi alargadamente tratado, analisado em outros escritos deste blogue, onde foi lançada a hipótese baseada na toponímia e topografia da estrutura de caça, como as vendas, tabernas, mesões, teriam sido lugares de ameijoada do gado semi-domesticado da granja neolítica, onde pernoitaria ou habitaria o grupo pastoral; lugares que seriam ancestrais pontos de caça à espreita nos coussos.
Neste caso, quanto de antiga seria a taberna que funcionou até há pouco na Ameijeira de Dordanho?
Castelo, faria referência à existência de um castelo ou castro na zona, como tem sido mostrado no escrito "Castro, vai de ida ou vem de volta", nos becos de caça dos coussos, teria havido um assentamento fortificado, na evolução a granja neolítica, um lugar defensivo, por vezes com o nome de Castro, um "castro pecuário", uma roda dentro da que seria ameijoado, guardado o rebanho,  doutras vezes sim,  uma briga na evoluç¡ao paisagística do Ferro.
Verde, foi também tratado neste blogue no escrito "Verde, a tapada"
Verde, poderia ter a ver ou com o galês e córnico perth / berth, já comentado, de um proto-céltico *ku̯erku̯-t-, (indo-europeu *perkwus "carvalho") com o gaélico antigo ceirt; que tenhem a ver com o latim quercus, no celta p e celta q esta palavra de vedação teria um protoindo-europeu *perku̯u e indo mais atrás a um anterior proto-céltico: *ɸert, que ligaria com vert- diretamente ou com *wert-; confronte-se com vedro "
valado nos campos de lavoura; tapume; sebe; vedo, vedação".
O latim virdis ou viridis, poderiam ser vistos como genitivos adjetivais originariamente derivados de uma hipotética forma *viridus / *virida que poderia ser *werēdos, de um proto-celtico *uɸorēdos "cavalo", gaulês, em latim veredus "cavalo de posta". Onde o cavalo teria (por tradição indo-europeia) um nome tabuado que viria ser "o do curro, o da vedação".
Sendo então *viridus, *viredus a reunião de *vir ou o caçado / caçável / a caça; *wiHrós é derivado de *weyh₁- “caçar", confronte-se com o sânscrito वेति (véti), lituano výt. Quer dizer a vereda seria inicialmente a manada, o rebanho, acabando por dar nome ao caminho feito polo passo milenar do rebanho.
Este *vir *ɸiro/*ɸero, e para confrontar com fera e herói.
A vereda / *vireda inicial seria inicialmente a manada caçável para depois ser a manada em domesticação?, em contraposição à besta selvagem?, o rebanho, acabando por dar nome ao caminho feito polo passo milenar do rebanho.
Confronte-se na ambivalência da palavra galesa gorwydd "cavalo de sela" e "floresta, borda de floresta, cômaro arborizado".
Então teríamos os paleolíticos-neolíticos, hoje toponímicos Verdes, como iniciais locais de caça, "coussos" para depois mudarem com a exploração de animais selvagens em domesticação, em recintos pecuários.

Então poderiam ser observadas três realizações atuais do mesmo?

Velho cômaro, vedro, ou  na freguesia de Barbeito (VilaSantar). Hipoteticamente no seu início e uso multimilenar teria sido o que é uma parede de pedra e terra coroada de arbustos espinhosos, ou carvalhos, com fosso exterior ou caminho fundo perimetral.

A hipótese de serem três realizações atuais da mesma palavra:
1. Verde, *ɸert, talvez como genitivo.
2. Aberta / a Berta cognata de perth / berth "cercado".
3. Carvalho, como tradução ou sinónimo de *pérkus / quercus, sendo o nome inicial deste posterior carvalho toponímico, como *pérkus (quercus) um adjetivo, um genitivo, que viria a significar "do cercado "cerqueiro", do perth".







Funcionamento como cousso de caça


Funcionamento como granja neolítica, um espaço fechado que somaria umas 24 Ha, suficiente para manter um rebanho de entre 24 e 48 cabeças de gado maior.




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