© Copyright. Direitos autoriais.

© Copyright. Direitos autoriais

Reina?

 
Fonte da Reina em São Tomé de Salto (Oça dos Rios) aparentemente fazendo parte de um cousso com toponímia típica de estas estruturas. Não é uma fonte de nascente, a paisagem na zona mudou com a concentração parcelária. 

Fonte da Reina em  São Cristovo de Santa Maria de Brião (-om) (Ferrol). Dous topónimos Casa Velha em cada seu beco de uma estrutura tipo cousso de caça.
No Beco oeste a capela de São Cristovo, o topónimo Pasteiro, e também o topónimo Ventureira, com ideia de venda pastoral, mas venda caçatória.


Fonte da Reina em Calo (Vimianço), neste caso o cousso está menos marcado, ainda que a toponímia é condizente. No Beco norte Espinhado que costuma dar nome aos becos em ponta de coussos e curros afunilados (mais explicado aqui) pode ser comparado com Nespereira no hipotético cousso de Salto, também na ponta de um dos becos, Cachada, que costuma dar nome ao local de captura, Pedreira é topónimo nos coussos associados ao beco. No centro como nos casos anteriores Fonte da Reina e no Beco sul: Meijoeira, lugar onde ameijoam, onde se juntam os animais, Barronha como topónimo vedatório, barrando, limitando, e depois dous topónimos que dão nome à cortinha que recolhe a caça não sacrificada, capturada, Cortinhotes e Menlhe que é do grupo Mende (explicado em Mundo) .






Neste caso não é Fonte da Reina mas da Rainha

Fonte da Rainha ente as freguesias de Bravio (Betanços) e Armeá (Coirós) também dentro de uma forma de cousso. A destacar que dentro está o topónimo de *Monteria Montaria de São Jião. Também dizer que a capela de São Jião está desaparecida apenas toponimicamente.
O beco leste estaria modificado. 
A hipótese é que na domesticação estes coussos perdêrom parcialmente a sua função de caça. Ainda assim alguns ficárom modificados para captura de animais semisselvagens ou semi-domesticados que eram encerrados em vedações maiores (cortinhas).
Este beco leste estaria comido polo curro afunilado neolítico da domesticação (vila ou vilar):




Em Santaia de Codesso (Boqueijão (-om)). Neste caso a Fonte da Rainha tem uma continuidade é um rego linear aparentemente antrópico que vai dar ao rio Merlão (-ám). De todos jeitos topónimo como Fonte Randeira identifica o lugar como um possível cousso. No escrito "os coussos" estão identificados locais de toponímia rand- que morfologicamente têm a mesma estrutura que os aqui apresentados.



Fonte da Rainha em Guende [pronunciado com gheada Ghende e re-galeguizado como Xende] (na Lama). O topónimo do beco norte como Catadoiro, (omo outros já analisados no escrito dos Coussos: Catuveira)
O beco sul com Eidecabo (Eido do cabo), Baralha como lugar de movimentação, Fonte dos Salgueiros, na ideia de fonte não como nascente mas como lugar de fluir e (já noutros escritos explicado desde o protoindo-europeu) salgueiro ainda que percebido como fitotopónimo oculta salix "da sala" e Porcal (Porta do Cal).


Fonte da Rainha em São José da Laje (Fornelos de Montes), sem estruturas que indiquem cousso.



Fonte da Rainha em São Tiago de Bembrive (Vigo), também no meio de um hipotético cousso de caça, de geografia similar a outros.
Neste caso a Fonte da Rainha tem também o topónimo Rainha lindando no seu lado Norte.






Leira da Reina em Granhas do Sor (Manhão (-om)), Também nessa mesma posição que se repete nas imagens anteriores. Aqui para destacar Chãos da Casa Velha, Casa Velha que já foi tratada no escrito dos Coussos, que frequentemente acompanha estas morfologias, fazendo suspeitar que tenha sido capsa, caça...O que leva a pensar que no fundo paleolítico ambos três conceitos fôrom um só.
Algaria já tratado neste blogue, Pedreira que costuma estar nos becos, nos cornos de estas estruturas.
Outro nome a reparar é o de Aguieira, do grupo de Anguiero por vezes relacionado com a ave águia ou com anguias, mas também relacionado com estruturas pecuárias.
No beco oeste: Pau Chantado.

Estes coussos de caça costumam levar o microtopónimo associado granja, neste caso anterior granha.
Ao sul da sede de São Mamede de Granhas do Sor podemos observar a Granha Velha na mesma freguesia:




Santa Rosa de Viterbo da Granha (Ferrol), também com estrutura de cousso, e pola crescida do mar, um cousso que serve para a sua datação (para mais explicações vide "os Coussos"). Para indicar No lado Sul: Bispão (explicado n' a nespra e o bispo), a Ponta Campo Santo, modificada pola base naval que expropriou os terreos, Campo Santo como cemitério, coincidindo com um dos possíveis lugares foxo de caça, na variação que teria havido na estrutura, no beco norte a sede paroquial ocupando-o e com o nome de Forno numa ideia de foxo, cavidade.
Também indicar Souto que como noutros exemplos expostos neste blogue intui-se que é um salto, um corte na continuidade da estrutura, uma redução do seu tamanho.








Terreo da Reina em Teixidelo, Teixedelo  de Santa Maria de Régua (Cedeira). Pode ser observada a mesma estrutura de caça no nascimento de um vale com o seu córrego, Também é possível observarmos variações da linhas de vedação do embude. Com diversa toponímia identificativa: no beco leste Cornecha com uma cortinha ou feche circular, comum na transformação de cousso de morte a cousso de captividade. Aqui com o nome de Bieiteiro, a destacar a possível relação entre Bieiteiro, também chamado Benteiro e os locais da família da Venda, como foi visto arriba Ventureira.
Destacar também que o Amilhadoiro está no ponto onde estaria o suposto foxo da caça, isto por exemplo também acontece no caso dos hipotéticos coussos de Sobrado dos Monges, onde o amilhadoiro toponíminico também está nesse lugar da estrutura. Mas aqui neste caso o amilhadoiro é físico, um acúmulo de pedras trazidas por gente em peregrinação para o santuário de Santo André de Teixido, vizinho de Teixedelo.
Seria possível pensarmos desde a ideia da continuidade qual é o transfundo da peregrinação com pedra. Entre cousso e couso haveria um caminho (paleolítico) que uniria em rota os coussos de uma região.
Assim haveria uma deslocação de couso em couso, de capsa em capsa, de casilha em casilha. Mas talvez em cada cousso poderia haver gente sedentária.  Quando as pessoas em viagem chegam ao cousso, provocam uma entrada de caça por escorrentar rebanhos, ou apanham a caça que caiu em por ela, mas também reparam e recompõem o cousso, com pedras na sua parte mais forte, nos bicos e fundo (daí o frequente topónimo nas pontas de base em pedra: Pedreira) e com sebe, valado, muro de terra nas suas partes que requerem menos parede.
O ato profano e sagrado foi todo um. Agora o ato sagrado, o levar a pedra, segue sendo feito, mas descontextualizado da sua razão primeira.

Este é um hipotético cousso em Val de Farinha (São João de Louçarela, Pedra Fita), onde no seu beco leste está assentada a casa de Reina.
Entre os microtopónimos a salientar: o comum Pedreira na ponta do bico, ou também na ponta Cortinha como corte na evolução de caça com morte a captura com vida, também os topónimos vedatórios Muragos, Barbeitim (barbeito é entre outras cousas um cômaro) Paredes e Lindeirão, todos em um pequeno espaço. Também sinalar o nome de Queixeiro no beco oeste e no fundo de saco.
Nome de Queixeiro que aparece recolhido também como Teixeiro.
Então para comentar que a casa de Reina ocupa o mesmo lugar que topónimos que remetem ao poder feminino Crica, a Orraca, a Freirã, Dona,  assinalados no escrito dos Coussos, reforçando a ideia de chefatura feminina.
A lenda popular da zona é que a casa recebeu o nome por nela se ter hospedado a Rainha Católica, Isabel, caminho de Compostela.
Como é explicado, estes pontos de caça, acabárom sendo postas de caminhos, pois os caminhos paleolíticos que ligavam uns coussos com outros, acabárom sendo as vias do país, o caminho feito polos milênios de vida paleolítica no percurso de cousso a couso, de caça a caça de casa a casa, de casilha em casilha.


Casa da Reina de São Sebastião de Covelo (na Lama), com toponímia de poder feminino sobre o cousso como é a Cruz de Maria Catela, Rego da Crega e Rameiras, abraçando o vale do início do correr do regueiro das Silvas.



As Reinas em São Cosme de Nogueirosa, no entorno do Castelo de Andrade (Ponte d'Eume), a destacar que no outro bico está o topónimo Casa Nova (capsa, caça, casa) e observando essa outra ponta podem intuir-se modificações que levárom a renomear como nova essa ponta.

As Reinas de Nogueirosa em relação com a Granha da mesma freguesia. A destacar que um dos becos é a Granha e outro é Cabria Velha como local de captura de "cabras".


Cabria Velha em relação com Cabria Nova, ambas elas com forma de cousso, mas a segunda a Nova, como cousso de captura, daí que na ponta dos seus becos tenha recintos: O do leste com o nome de Peteiro, que faz parte do peto (algibeira, poupança) do pito do pico / bico. O do oeste: Bodega que foi identificado no escrito "Pastoralismo inicial?, a godalha e o godalho" como:  O *gʷṓws-stegos *wo-*tegos também poderia estar na base de bodego; então as bodegas inicialmente teriam sido pecuárias antes do que agrárias.
O radical protoindo-europeu *stegos dá a ideia de "coberto", mas aqui semelha ter uma ideia de estar, permanecer ou mesmo de esteio.

Por exemplo na fala do Xálima a "boíga das vacas" ou "boíga de afora" é a corte, um coberto simples separado da povoação. A bodega [bo-(s)tega] da casa é chamada "boiga de adentro" (a boíga das cabras ou das ovelhas está integrada dentro da casa).
Bodega nalguns lugares das Astúrias é o nome exclusivo da corte interior da casa.


Reina de São Jião de Coiro (na Laracha)











São Tiago de Renche, com a toponímia dando coerência a uma estrutura de couso de caça. No beco leste Foxos. No oeste maior quantidade: Sob-Minhão (-ám) (debaixo do minho sendo minho: mina, burato, escavação) Baralhua (como no caso de Gende de base em baralha) Porto de Bou, ou Lastres (lugar de lastras, de lajes).
São Tiago de Renche que foi chamado em época medieval Raniscli (1003), Rainhe (1175) e Ranchi/Renchi (1195).
A forma conservada de maior antiguidade Raniscli  poderia pressupor um adjetivo diminutivo sobre a base rani-, raniscus (o da rani-) ranisculus e novamente em genitivo ao ser nomeado como Sancto Iacobo de Raniscli.
Então faria fé, seria prova, que no fundo está a palavra ranha rania que foi alargadamente explicada no escrito dos Coussos.
Então poderia ser feita a seguinte ligação devido à forma Rainhe: as (g)ranias de captura, ranhas, granhas, granjas também teriam sido chamadas por metátese de umas formas em outras como rainas ou reinas, e já por influência de rainha reinante poderiam estar ou não na toponímia grafadas como rainha (ainda que é dito reina e é tido por castelhanismo, fica a dúvida de quais seriam castelhanismos e quais "ancestralismos").

A Rainha em São Pedro da Porta já raiando com São Miguel de Codessoso (Sobrado dos Monges).



Estrutura tipo cousso na freguesia de São Romão dos Casás com o topónimo Horta da Reina.
Horta aparece nestas estruturas entre os dous cornos ou extremos do cousso, fazendo parte da entrada na sua parte central.
Este topónimo horto nas bocas dos coussos, leva várias ideias: ao horto como vedação mas também:
Ao grego ὀρθός (orthós) "erguido, no correto ângulo".
Também no grego χόρτος (khórtos) "pastagem".
Ao ōrdō latino "série, grupo, tropa".
No alemão Ort "posição localização".
Nas línguas túrquicas orta "posição central".
Gaélico gort: "lavradio, pastagem, terreno agrícola"

Então na teoria p/q (celta-p celta-q) haveria porta que é o que topograficamente são as hortas nestes coussos e *korta daí o genitivo *korti "corte, lugar vedado para resguardo de gado". Que remeteria a um *worta inicial.
A destacar o próprio nome da paróquia como Casás, que bem poderia ser uma variação do padronizado caçais.
O extremo oeste com os nomes de Pedreira, tão comum e habitual nestas formas, e Beco, que por exemplo também aparece no cousso analisado neste blogue de Randulfe em Santa Maria de Bardãos (São Sadurninho).  o nome do Beco, que diz já o que foi na altura da caça, um bico mas também um beco sem saída: esta imagem explica a etimologia de beco, bico/beco da estrutura do cousso de caça paleolítico.
No extremo sul a salientar Casão (-om) outra vez na ideia de caça, capsa, casa. A Taberna como local pastoral mas neste caso ligando com a caça como local de reunião de pessoas caçadoras. Também Telheira que costuma aparecer na volta dos coussos.
A salientar a Rega do Ranhal ao lado mesmo da Horta da Reina, identificado que foi Ranhal como cousso de caça de uma hipotética forma (g)rania (no escrito dos Coussos podem ser vistas imagens de lugares com toponímia de raiz ranh-).


Localização do topónimo Horta, na boca de entrada de uma estrutura similar, de caça, captura, no vizinho Santo André de Longe, ou de Teixido, (Régua, Cedeira).



Horta em São Jião de Gaibor (Begonte).



Outra morfologia de cousso de caça com o topónimo: Xesteiras das Reinas, em Santa Maria de Lavrada (Guitiriz).
Onde Reina, além da hipótese lançada anteriormente (rania / raina, ranha) pode fazer referência segundo o explicado no escrito dos coussos, ao matriarcado paleolítico, à possessão do lugar de caça por linhagem matrilinear (Orraca, Dona, Freira, Senhora, Crica).

Xesteiras pode fazer referência ao fitotopónimo gesta, pode ser lugar de gestão do rebanho de caça ou semi-domesticado, ou pode fazer referência a local onde sesteiam os animais (ou todo à vez).

A evolução do cousso de caça, com morte no paleolítico, ao cousso neolítico é marcada pola presença na parte contígua ao beco de uma a cortinha, que serve para gestionar o rebanho semi-selvagem, que quando é caçado passa vivo a locais fechados pastorais (explica-se com maior detalhe no escrito antedito).

Neste cousso aparecem três topónimos que remeteriam a animais menores: Camposa do Carneiro, Ramalheira (Ramil e Roma) e a própria Xesteira das Reinas, que faz lembra às renas?

Isto cria uma associação entre o reinado feminino a (g)ranha de caça e as renas.

Renas que dizem ter uma etimologia germânica reindeer de onde rein-  *hrinda- dizem derivar do protoindo-europeu *ker "chifre".
A palavra rena no sueco ren tem neste idioma um suposto falso cognado ren, adjetivo, com os significados de "limpa, pura" de um proto-germânico *hrainiz.

Outra linha etimológica nas línguas germânicas esclarece isto de outro modo:
ᚱᚨᛇᚺᚨᚾ (raïhan) "cervo" em runas do século V
Rei em luxemburguês nome do corço
Roe em inglês
Levam a um proto-germânico *raihô, *raihą “corço, cervo”.

Então seria possível que a rena como palavra germânica ren, rein(deer)... tivesse a mesma raiz que o cervo germânico ᚱᚨᛇᚺᚨᚾ (raïhan).
Tudo na volta da rainha, do rei e do reinado.
Confronte-se com o inglês ram.

Assim por exemplo rangifer é tido por um neologismo no latim medieval, uma adaptação, para nomear a rena, este rangifer tem a forma latina rangier e a hispana rangiferus, "rangífero" que seria formada por *rang(i) et ferus.
De onde *rang(i) estaria nas proximidades da *rania /reina / ranha como cousso de caça?
Este *rangi poderia ter a ver com o ranger, com o ruído.
Dous ruídos caraterísticos apresenta a rena:
Um clip, clip dos seus tendões ao caminhar, que lhe rangem, também presente noutros animais como cabras.
E o seu bruar que é muito erre:


(O som é de rena ainda que a imagem seja de cervo).

Assim é perceptível o grego  ῥέγκω (rhénkō) ou o gaélico antigo srennaid  ambos os verbos com o significado de runflar, ressoprar, roncar.

Este puzzle poderia ser armado?
A onomatopeia da rena, cria toda uma árvore de palavras só compreensível desde uma vida paleolítica de caça maioritária de cérvidas e ruminantes menores em coussos, e dai a sua evolução e diversificação.
Esta árvore ajuda a perceber a vida e as crenças de essa altura.



Rena na Caverna de las Monedas (Cantábria).
(Fôrom encontrados restos de rena na cova da Valinha em Santa Vaia de Bolanho (Castro Verde)).

A rena e animais de haste caçados desde o paleolítico poderiam ter um nome tabuado, como tantos outros animais pola sua divinização, a reina, rena, com hastes como primária coroa.




O deus Ra em iconografia com cabeça de carneiro (pormenor de esta imagem)










































Sem comentários:

Enviar um comentário