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Receá e outros ....

 


Recegulfe em Santa Maria de Queixas (Cerceda), a destacar os nomes nos becos Revolta do Seixo a oeste e Revolta a leste.
Também o transparente nome do regueiro que corre por dentro do cousso: Boedo, que foi explicado anteriormente, e aqui tendo em si a duplicidade de significados, de lugar para bois e lugar enchoupado, branhento.
Que significa o lexema rece- de Recegulfe.
Rece- aparece em outros topónimos como Recemil, Recemonde, Recesende ...

No escrito "o recado e o recôndito" a partícula rec- foi analisada:

Uma recada é um vara de porcos, um grupo de porcos, mas recada semelha nascida de reca ou reco "leitões".
Recada poderia esta na base de recadar como juntar, e no pago matrimonial e outros pagamentos com gando?
Aqui estaria a palavra récua tida por derivada do árabe رَكِبَ (rakiba) "cavalagar"?
Confronte-se récua com récova, com recovagem e recoveja, o que faz abalar a ideia de etimologia árabe?


No gaélico escocês ruc / rùcrùchd "suíno"; com o asturiano rucu "carneiro ou cavalo pequeno". Catalão ruc "asno".
Assim também a palavra asturiana reciella teria a ver com uma raiz rec- de agrupamento.
O trasmontanismo récula também dá ideia de grupo com as palavras galegas arricolada, arricalhada.
Uma hipótese seria que rec- nessa ideia de grupo tivesse a ver com o proto-céltico *gregis "grei, greia". Confronte-se com o galês gre, gaélico escocês greigh, gaélico antigo graig.
O galês gre, polo fenômeno de mutação vira em re dependo da sua função na frase.
Se imos, com licença, um pouco além de Matasović, poderia ser pensada uma forma anterior a *gregis tal que *krek- .
A confrontar com o inglês falado na irlanda e na escócia rake "montão" confronte-se com o galês rhaca / raca / reca "conjunto de utensílios".
E aqui entraria o sânscrito रेखा (rekhā): série, fileira, linha.

Toda esta série de significados fazem pensar no jeito de deslocarem-se os equídeos e suínos em mandada, que costuma ser em fileira, em renque e também o jeito como os equídeos têm sido empregados milenarmente para transporte de mercadorias.

Também poderia ser entendido o jogo da reca, um ancestral hoquei, onde uma "reca, porca" é conduzida com paus a um foxo.

Então, depois de visto isto, a palavra árabe ركّب (rakkab) como verbo que significa "juntar" tem mais a ver com a récua peninsular do que  رَكِبَ (rakiba) "cavalagar", ainda que ambas as verbas nasceriam da mesma imagem do modo de andarem os grupos de equídeos.
O que levaria a um estrato anterior ao protoindo-europeu, ao nostrático.


Neste caso Receá de São Marinho de Ledoira (Frades).
Neste caso Receá, poderia ter sido *receana: Receã, o lugar da *(k)rek-.
A destacar o nome de a Casa dos Golpes, que é transparente depois do explicado aqui, como o lugar da caça dos *wĺ̥-pos.

Quanto a Ledoira:
Poderia ser cognato de lodoira / lodeiro

No sânscrito:
रोध (rodha)
- barreira
- entrave, controlo, checagem
- o ato de parar, bloquear, obstruir, dificultar, impedir
रोधस् (rodhas)
- ribanceira, ribaço
- cômaro
- barragem

लोत (lota): signo, marca.
लोठ (loṭha), rolar, rolar polo chão.
लोडन (loDana) "agiração, distúrbio".

No galês llodr, llodor dá nome a um animal ou pessoa que está tirado de qualquer modo polo chão.
Liga isto com ludre, ou lorda, a sujidade da lama.
Também o galês lludd com o significado de obstáculo, obstrução, impedimento, verificação, interrupção, frustração, prevenção..., ajuda a perceber a raiz. Confronte-se também com o protogermânico *hlutą pensado do protoindoeuropeu *(s)kleh₂w- "capturar, cachar, colher, pegar, pescar, dificultar, bloquear, fechar, impedir a entrada", mas segundo a hipótese aqui lançada a linha estaria ligada com outra raiz que acolheria o sânscrito  रोध (rodha) e todo o desenvolvimento agrário da raiz de roturar.
Aqui também estaria o gaélico antigo lod que dá nome a uma sebe temporária, também desde o gaélico antigo lod "caneiro, represa, pesqueira", gaélico escocês lod "barragem, pântano"

Então há a possibilidade de que o lodoeiro, o lotus, a árvore vedatória, tenha apanhado o nome da palavra para a vedação, como tantas outras plantas?
Vide "Filseira, os limites".

Assim o arbusto ou árvore do mediterrâneo o  Ziziphus lotus,  famosos lotófagos, é uma planta espinhosa usada como vedação, natural no Mediterâneo e no sudeste da Península, com os nomes em espanhol de artoarto blanco e espina de Cristo.
O nome de arto é transparente para o galego, pois arto é nome da silva.

Já no norte, lotus está no nome do lódão, lodoeiro, lodeiro o Celtis australis, já for polos seus froitos as marouvas em semelhança com o lotus mediterâneo (desde uma visão mediterraneocêntrica), ou por ter sido usado como marcador da sebe da *rhotha.

Compila Dugange:

LUTUS, Genus ligni

LUTUM, Hispanis Tapia, nostris Muraille de terre, Cloison de mortier. Lutamentum
Hic jacet Rex Adelfonsus , post destructionem Almançor, et dedit ei bonos foros, et fecit Ecclesiam hanc de luto et latere ....


No asturiano ḷḷota /  llueta é um lote de feixes de cereal. Então a palavra lote, o lotado (montão de canas de milho, montão de erva segada para o gado, carregada por uma pessoa, montão vegetal...) poderia estar nesta linha etimológica na ideia de monte, montão, podendo ter nascido do lutus medieval muralha de terra, (valado no galego tradicional), e daí ao lote como montão qualquer, feixe maior.

O lodo, lama?
Do latim lutus, por sua vez derivado de luo "lavar".
Mas foi visto como no gaélico lod há essa ideia de augas estancadas, de pântano, e mas também o conceito caminho no inglês lode (e os conceitos de mineração que lode tem).

O que dá uma ideia de que a vedação paleolítica-neolítica da grande chousa era um perímetro de foxo, do que era tirado o material para fazer o valado de terra com sebe superior, esse foxo perimetral era um atoleiro, mas a conservação do perímetro obrigava a ser ele caminho, como é visto hoje nos restos abundantes dos coussos neolíticos que chegárom até hoje.


Receá / Receã de São Sebastião de Castro (Mesia).
Neste caso o posterior castro da época do Ferro "comeu" a parte do beco oeste do cousso.
A toponímia é a que comumente acompanha esta estrutura de caça ou captura.

São Tiago de Requião (-ám) (Betanços)
Chama a atenção o nome de Palência e o de Abilheira, talvez A Bilheira, ambos os topónimos com uma ideia de paliçada, assim como Guilhade também teria o guilho / *bilho na sua raiz.

A Requiã (A Requiám na pronúncia local) de São Miguel de Saldange (na Pastoriça).
A destacar o nome de Cão que aparece no Salto de Cão e Espainho de Cão. Como já foi visto noutros escritos do blogue o nome de Cão /'kaŋ/ , /'ka.ʊ/. salto está na mesma linha que alguns topónimos do grupo souto vistos neste blogue, que antes de ter a ver com um plantio de castinheiros, teriam a ver com uma descontinuidade na unidade do terreno, neste caso os do sul becos separados.


Requião (-ám) de Santa Maria de Parada de Sil, do concelho do mesmo nome.
A destacar Barbeito da Uzeira, onde barbeito antes do que terra em pousio poderia estar a indicar o seu outro significado de valo limitante, e onde Uzeira, poderia não ser fitotopónimo e estar a dar nome como "porta" que já foi comentado acima.



A Requiã (A Requiám na fala da zona) de Santa Maria de Frades (na Estrada)





Requiás (São Tiago) (Muinhos).



Recemonde de Santa Maria do Deveso (nas Pontes)




Recemonde de Mandaio (Oça dos Rios)






Recemunde de São Pedro de Lama-igreja (na Póvoa do Brolhão)



Racamonde na freguesia de São Martinho de Condes (Friol), o topónimo Casa Branca na triplicidade capsa, caça e casa.
Jul / Xul no outro beco é um topónimo infrequente, talvez aparentado com Xil / Gil

Santa Eulália de Xil / Gil em (Meanho).

As hipóteses de Xul / Xil dando nome aos becos ligaria com:
1. Protoindo-europeu *sel- "manar, sair, fluir", que liga com o frequente topónimo Fonte que costuma aparecer nos becos de caça, sem que tenha que haver nascente nenhuma, e remetendo à sua raiz etimológica, "fluir".
2. Protoindo-europeu  *h₂el- "deambular".
3. Protoindo-europeu *solom ou *selom "chão térreo, lugar, sítio", confronte-se com o frequente topónimo terreiro, torreiro, terreo, tarreo que acontece também nos becos.
4. Da raíz protoindo-europeia *selh₁- "pegar, colher, agarrar"
5. Da raiz peninsular, silo, zulo "buraco".

Todas estas quatro hipóteses acontecem no beco do cousso de caça.



Nascimento do rio Sil em um cousso natural com toponímia identificativa de caça como é Rañadoiro, topónimo analisado no escrito dos Coussos. Também el Muñón fazendo referência à que é um coto, uma parte cortada que não prossegue.


Santo Domingo de Silos (Burgos)


Xil em Santa Maria de Burela, com toponímia como Cardoge (cardo), Pena Rama (Ramil).


São Xil  / Gil de Carvalho, com forma de cousso e topónimo identificativo de tal função.
Assim visto o nascimento do rio Sil, este Xil tem a mesma configuraç¡ao topográfica, e poderia ser pensado que o padroeiro apenas é uma adaptação ao topónimo prévio.

São Gil / Xil de São Bartolomeu das Eiras, já lindante com São João de Tabagão (-om) (no Roçal).




Recemondelhe de Santa Maria de Jião (-ám) (Tabuada), pequeno cousso no alto de um caborco. No leste Capareira ou Capareiro, o que faz pensar numa utilidade de caçar corços, cáparos.


Recemil de Santa Maria Madalena de Monte Maior (na Laracha).











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