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O Ninho da Águia na Cornualha e na Galiza

 


Esta estrutura em forma de cousso está na freguesia de Pluw Nennys ou Pluwnonna, anglizada como Pelynt, na Cornualha, com antigos nomes como Plunent ou Plounent. Com padroeira Santa Nonita, Santa Non, Nonna ou Nonnita.
Com este nome de Non, Nonna, talvez estejamos diante de uma mãe fundadora?

Bom, o que quer ser mostrado é que o beco de caça oeste leva o nome de Kite's Nest, o nome córnico está perdido, um intento de ir ao seu nome original seria neyth skowl.
No escrito d"os Coussos" foram mostrados vários exemplos onde a estrutura de caça ancestral recebe nome de ave de rapina, derivados de açor como açureira.
Eira do Açor em São Marcos na freguesia de Bando (Santiago de Compostela). A destacar o que é comum em um dos seus becos há um local religioso, a capela a São Marcos.

Analisando toponímia córnica, também apareceram neste blogue possíveis topónimos do lugar de caça associados ao nome da ave de caça:

Resberi em Pluwneves (Lanivet) como lugar onde acontece a caça, captura, morte, onde são pilhados os animais no cousso. Atual topónimo anglizado como Repery, antigo Respery, em cornualhês Resberi: Res- "cruzamento de caminhos" -beri "ave de rapina": "cruze da rapina (ave)".

Na Galiza Ninho de Açor é um lugar da freguesia de Soandres (na Laracha), que também apresenta a forma de cousso e granja neolítica:

No Ninho de Açor poderiam ser observadas três fasses:
Um primeiro cousso:


Um agrandamento do cousso:

A sua transformação para manter gado captivo e a sua neolitização para gado semidomesticado:


Este curro para manter o gado cativo, que costuma aparecer posteriormente ao beco de caça, tem o nome de Vila Nova:


Confronte-se com o caso de  Pluw Nennys na Cornualha onde também o seu beco leste acaba num curro com entre outros nomes o de Newtown.

Ponho aqui outra Newtown, neste caso da ilha de Man, o seu beco oeste está na freguesia de Stondane (anglizada como Santon) a maioria da grande tapada pertence à freguesia de Braddan:



Ao confrontar o de Vila Nova e os Newtown, percebe-se que talvez uma mesma palavra conceito subjaz a elas, se calhar town é uma tradução de balley no caso gaélico da ilha de Man (grafia inglesa de baile) e newtown uma tradução de Trenowydh no caso da Cornualha.
Neste blogue já foi tratado que o nome de vila além do significado romano de villa:

En algunas comarcas llaman vilar a los campos de centeno que, después de sembrado, se cierran con un balado que no se derruba hasta que se siega, y queda el terreno a restreva o pallarega.
Leandro Carré Alvarellos (1979): Diccionario galego-castelán e Vocabulario castelán -galego, A Coruña, Moret

Abre a porta a que as primeiras vilas tivessem a ver com uma paliçada de billiae, do proto-céltico *belyom "tronco, árvore". Isto está mais desenvolto no escrito "Guilheto": Ser a vila um valo e vedação vegetal espinhosa em sebe, e estacas.

Nas línguas célticas é tido o poroto-céltico *baliyos como o gerador do nome de assentamentos humanos menores:
Irlandês: baile
Manquês: balley
Gaélico escocês: baile

Nas línguas britônicas: no galês gwlad . Para o que é dada uma etimologia no proto-céltico *u̯lat, associado como o proto-céltico *wlatis "soberania".

Nas línguas saami, a palavra muro tem o nome de väddtja (plural: viedtja) em um dos seus dialetos, e o de vïedje em outro, o que semelha pôr em relação a vala com a vila.
De haver uma relação entre o significado de vila, ancestral, como valado e o muro saami väddtja / 
vïedje, estaríamos no nostrático, no final do paleolítico superior.

O que se propõe desde aqui é que teria havido uma palavra comum para a paliçada que envolve o assentamento humano de caça ou pastoral, que reuniria a vila/vilar na ideia galaica topográfica como vedação, o gaélico baile, galês gwalad, junto com o germánico walla, e as saamis 
väddtja / vïedje...
Todas elas precisariam, a meu ver, e podo estar errado, de um étimo comum.
E que esse valo, já for de paus, pedras ou terra acada dando nome ao que envolve, um lugar de habitação.

Seja como for, há uma vila velha (analisadas neste blogue) que desenvolve uns curros novos na ponta dos becos co nome de Vila Nova, Newtown.


Voltando aos ninhos, outros exemplos toponímicos galegos:
Ninho de Açor na freguesia de São Tiago de Corços (na Veiga).

Santa Maria de Ninho d'Aguia (Junqueira de Espadanedo) com o identificativo topónimo o Cousso.




Vai ser analisada a toponímia da tapada de Pluw Nennys da Cornualha começando por Kite's Nest e seguindo no sentido anti-horário:

Penkelly, Poderia ser Penn kelli, sendo penn "cabeça, fim, tope" e kelli "arvoredo". Também é interpretado como sendo o lugar de uma pessoa de nome Kelly.

Cartole, a etimologia suposta é de curc "valado" e tol "buraco".
Se observamos a imagem o cousso tem uma forma anterior sobre a qual se desenvolveu:
Então Curc-tol Cartole "buraco ou foxo do valo", faz todo o sentido pois Cartole é o beco de caça o lugar do foxo.
Esta forma primária do cousso dá os seus porquês aos topónimos
Hendra, Cardwen e Wilton.
Hendra, estaria formado por hen "velho" e dra como mutação de tre, Hendra seria o equivalente a Vila Velha.

Assim haveria uma Hendra, uma Vila Velha que é refeita com um curro para manter os animais com vida Newtown.

Voltando à antiga estrutura:


Cardwen é entendido como gard wen "recinto branco", a sua forma galesa seria Gard gwen

Wilton poderia perceber-se como um antroponímico, mas aqui o seu significado etimológico é transparente: no antigo inglês de welig "salgueiro" ou de wella "fonte, nascente, correnteza" e tūn "cercado, assentamento humano, aldeia". Wilton é o tapume à altura do ribeiro, da Hendra, da Vila velha.

No norte:

Trenake ???
Lancare: lann "recinto", galês lan "valo, cômaro" e caer ou gear "campo" / ker "forte": Valo do forte, Valo do Campo, campo teria a ideia inglesa de camp, lugar de briga, recinto ...
Tregarrick, não dou com documentação que esclareça se o nome original córnico é Tregarrek ou Talgarrek.
Tregarrek, tre, e karrik "rocha, pena".
Talgarrek, tal "frente, testa" e karrik "rocha, pena".
Tremaine, teria a forma córnica como Tremen tre e men "pena, rocha". Lindante com Tremen, no sul, houvo uma tre medieval com o nome de telhay, que poderia ter sido tal "frente" e hay "recinto".
O que explicaria que estes dous topónimos de base tal Talgarrek e Talhay, estivessem a fazer referência à testa, cabeça do cousso.
Pelynt anglizado de Pluw Nennys ou Pluwnonna, já foi explicado, teria sido o fundo do saco do primário cousso.
Colds Wells, lembra as galegas Fonfrias e Fonte Frias. O apelido Colwell em outros topónimos córnicos foi transformado em Cold Well.
Trelay, pode ter diferentes origens, uma é pensada em Treleigh, de tre e leigh "laje".
Ashen Cross: Cruz do freixo, cruz freixeira ou Cruz das cinzas. Esta última forma cruz das cinzas leva a pensar num lugar crematório, ou de restos, um empilhamento funerário ou um empilhamento de ossos como os havidos nos lugares de caça de bisontes na América do Norte, ao ser este vértice um lugar de caça talvez multimilenar.


Os topónimos do curro de Newtown:
Barrow Field, é um campo tumular com nove mámoas, o seu nome é transparente, "Campo dos Túmulos".
Trenderway (está errado no mapa); tre + gwaneth / gwenit  "trigo", foi o que achei na rede, mas n~ao condiz muito.
Gushland: é sebe segundo o Bannister, John Rev. 1869-1871. A Glossary of Cornish Names. Truro: Netherton.
Outros trabalhos dim que é pronunciado Guttes land.
Trelawne: tre heligen "salgueiro".


Os nomes da boca:


Carn, que é um empilhamento de pedras.
Polean: Pennlenn em córnico, penn "fim, estrema, cabaça"e lenn "leira, lata, embelga, tira estreita de terra".
Pennellik, penn "estrema" hellik/helik "salgueiro".


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