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Pintassilgo


Pintassilgo:
Entre os variados nomes da avezinha desta raiz temos: pintassilvas, pintassilvo, pintaxildo, pintaxilgo, pinta-sirgo, sigueiro, sílgaro, xílgaro, xilgueiro, xildo, cílgaro, picílgaro, sibeirão (sibeirao).
Já nas Astúrias: xilgueru, xilgueiru, xilguiru, silgueru, silguero, sirgueru, filgueru filgueiro (Santa Eulália de Ozcos).
No mirandês: pintassilbo.
No espanhol: jilguero; em Salamanca sibón.

Xilgueru / silgueiru, no asturiano é adjetivo e qualifica a quem é ágil e bem disposto para atuar.
Picílgaro / pizílgaro, palavra não dicionariada, nas terras das Marinhas dos Condes, na freguesia de Leiro, dá nome a quem é magro, ligeiro e ágil.
Picílgaro poderia ter a ver com pecilgar e pecilgo, "beliscar e belisco".
Cílgaro seria um apócope?
Entre as palavras que podem estar no nome do xílgaro também está a silva, e a sirga (cerda, e peneira fina), o assobio, ou silvo.

Exite no asturiano o adjetivo silgu, que qualifica os animais com uma marca de cor diferente.
Sengundo isto pinta-silgo seria tautológico.
De onde é que sai o silgu asturiano?
Outra etimologia proposta para para o silgo de pintassilgo, é que silgo provém de syricum / siricum "cor vermelha".
Também silgo derivam-na de sericus, referido à seda.

Neste grupo de nomes similares: pintassilgo / xílgaro, há uma raiz que se repete: silg-/ xilg-/ xild-/ filg-/ cilg-.


Outros nomes fazem referência à sua alimentação com cardos, pois é uma ave que se alimenta de plantas de espaços ruderais, de bordes de caminhos, ou de campos de cultivo abandonados.
No galego: pica-cardinhos, pica-cárdio, pica-cardo, picar-o-cardo.
No catalão: cadernera, cardina, carderola.
No aragonês: cardelina.
No occitano: cardelina.
Francês: chardonneret.

A etimologia latinista para a forma silgueiro / xílgaro dá uma forma hipotética latina *sillybarius por sua vez derivada de uma forma grega σίλλυβον "cardo-leiteiro".
Outra proposta é que derive de sericarius, "sedeiro". E assim parece quando é chamado de pinta-sirgo.

Voltando ao radical silg-....
Chama a atenção a existência nas Astúrias de filgueru / filgueiro, pode ser uma ultracorreção asturiana por influência da língua A jilguero no espanhol com formas intermédias não recolhidas como *ḥilgueru dando o f- inicial, ou à inversa polo fenômeno do mesmo modo que juerga nasce de fuelga ḥuelga "folga".

Mas é extranho pois a palavra foi recolhida a mediados do século passado quando a influência do Espanhol era pouca, e ainda mais numa zona galegófona, em Santa Eulália dos Ozcos.

A existência de cílgaro no galego também abre a hipótese de ser uma alternância de θ/f, que também é frequente...

Vistas as formas variadas, o fonema consonântico inicial do lexema silg- é não estável, e ainda que a sua variação ( f / x / θ / s / ʃ ) dá um valor polissêmico, deveu ser um único.
A ideia de ser filg- um lexema velho foi tratada neste escrito onde filg- foi associado com a marca exterior do território agrário, com o campo agrícola em descanso anual, na ideia de ser o pintassilgo ave própria das terras ruderais, um campo se é deixado em descanso, na zona sul da Europa, costuma encher-se de cardos e plantas das que se alimenta o xílgaro.
Então xílgaro significa "o das *xilgas" ou "o dos *xilgos" entendendo que leva um sufixo genitivo plural.
O xílgaro com as suas variantes pode ser que conserve a relação raiz entre a felga, a selva, e o jilso.
Para ser entendido isto é necessário ler o anteriormente referenciado escrito onde se fala do radical filg-.
O protoindo-europeu proposto para a selva e a silva é *sel-, *swel- “borda, limiar, limite".
Confronte-se que o nome grego do cardo-leiteiro, σίλλυβον (sillybos) que antes foi falado muito assiciado à avezinha, cardo que é uma planta ruderal.
Aqui está a sebe? a *selve?
Há uns quantos nomes do xílgaro que como pintassilbo, sibeirão, sibón, semelham ter a ver com assobiar, mas tenhem a ver com mato e sebe: sibeiro, subiadeiral, subiado, com as asturianas subiadal e sobiáu, (e co cântabro asubiadero?, com as galegas sobeira / subeiro?).

Aqui está Sibéria?, como a terra separada e de pouca vegetação?
Está o topônimo Fezes, como Felzes.

Ideia:
No neolítico europeu, a agricultura era em ínsuas desbroçadas do bosque primigênio, aparecendo a paisagem ruderal primeira, e com ela novas espécies de animais e plantas foram mais comuns, apareceu o inexistente limite, agora entre a zona humanizada agro-pastoral e a zona florestal, este limite tivo um primeiro nome que deu lugar a muito vocabulário esboçado neste escrito e no que trata sobre a filseira.

Filseira, os limites


Filseira, alfanheiro, Ligustrum vulgare.

Trata este escrito dos nomes que recebem algumas plantas usadas paras fazer sebe.

A filseira é um arbusto que pode chegar a árvore muito usado para fazer sebes, pois suporta bem a poda continuada. Tem florinhas brancas em grupo, que abrem no começo do verão e deitam bom recendo.

Filseira tem a origem em filso.
Filso é palavra pouco conhecida, dá nome à linde, ao limite entre propriedades.
Com a expressão "a filso" que significa "na linha mesma".
Filso tem o parente jilso ou xilzo, um arcaísmo que dá nome ao marco de pedra.
A ideia primeira que vem como origem de filso é a de filum latino, fio como linha, raia, como limite.
A etimologia proposta de filum ajuda a perceber as ideias aqui manifestadas: derivaria do protoitálico *fī(s)lom, do protoindo-europeu *gʷʰiH-(s-)lo-.
(Topónimos como Fial, o Alto do Fial quase entre as freguesias de Santa Maria Madalena da Ponte e Santa Maria de Xares, no concelho da Veiga e lindando co concelho de Porto da Seabra zamorana, Fiouco, poderiam ser topónimos de limite).
Assim outros nomes do Ligustrum são os de fiaça, fiateira e fiafeira, que vão dar também no fio.
Mas é um arbusto do que se faz fio?
Outro nome deste vegetal pode ir aclarando isto: Tilseira.

Estamos na ideia de que o primitivo proto-indoeuropeu, e proto-céltico, terem mutação da consoante inicial: filseira / tilseira.
Assim: tils- / dils-/ *zils- / fils- / vils- / jils- / xilz- / *silz- / *hilz- / liz- / lis-

Já no céltico:
No gaélico dílse é uma palavra ubérrima que semelha ter a ver com o jilso.
Dílse: Propriedade, apropriação, posse, direito sobre tal. Emancipação, liberdade. Confisco. Lealdade, fidelidade. Segurança.

A tilseria.
Se a filseira nasce do conceito filso, a tilseira teria que nascer do conceito *tilso.
Filso, *tilso, que como par em mutação, coexistiriam?
Aqui aparece a preposição inglesa e germânica til (until).
Til é nome para a Ocotea foetens, laurácea das ilhas atlânticas dos Açores, Madeira e as Canárias.
Til que a etimologia portuguesa faz derivar do francês antigo e occitano til.
Til é o nome da tília no francês antigo.
No occitano tilhe, além da tileira nomeia ao choupo italiano. Outros nomes occitanos são: tilh, telh, tilhòu, tilhul.

A árvore tília, tileira com as variantes: tilha, tilheira...
Para a tília a etimologia grega dá esta origem: πτελέα, (pteléa), que dá nome ao ulmo:
πτελέα que dizem estar à par de penugem, de pena,
πτίλον (ptílos), por serem assim como penas os seus frutos. Também dizer que o nome do porco-bravo em grego clássico anda por aqui: πτέλας (ptélas).
No caso do galês também a tileira está associada ao ulmo sob o nome de llwyf que dá noma a ambas as árvores, outros nomes para a tileira são palalwyf / palwyf ; formada polas palavras pala / pa + llwyf), em galês o significado de pala ou pa são desconhecidos, poderia ser pensado desde o galego que a tileira galesa é o ulmo da pala?
Sob os novos paradigmas:
A tileira foi utilizada para marcar em sebe também os terrenos?
A tileira era o bosque primário arroteado para fazer lavradio?
Ou a tileira era a fileira de árvores que marcavam linde?
Confronte-se com tilha
montão de terrões que nas cavadas e roças são assim dispostos, para logo de secos, serem queimados.
Ou mais bem ao revés?, a árvore ou arbusto que marcava o filso / *tilso, o limite apanhou o nome de tilseira ou filseira.
Observemos o nome da tília em inglês, e a dificuldade que a etimologia inglesa tem em buscar um porquê ao tal:
Lime tree e linden tree (4).
Tanto um como outro a ouvidos e a olhos que leem desde a cultura galega, são: a árvore do limes (do limite), e a árvore da linde.



Mapas da extensão Tilia platypyillos e Tilia cordata.
(Fonte dos mapas: http://www.euforgen.org/distribution-maps/)



Voltando ao Ligustrum vulgare:
Outro nome, não dicionariado, que é vivo no Alto-Tambre para ele é aliste.
Na suspeita de que a comarca çamorana de Aliste tenha dado nome ao arbusto, por ser uma zona na que o alfaneiro, alfeneiro, alfanheiro, alfenheiro, alfena, ou ligustre, é muito frequente, mesmo silvestre...
Mas liste?, lista, faixa?, volta a fazer pensar no limite, sendo como é comarca que raia entre a Espanha e Portugal.
A etimologia germânica referencia list aos significados de tira, borde, beira, faixa...
No inglês atual lists dá nome a uma paliçada.
É pois, Aliste, a comarca da beira, do borde, havendo a possibilidade que que tenha sido nalgum tempo "a liste"?, ou que tivesse colhido um a- em prótese?
É outra vez o ligustrum, e por outro caminho: o arbusto limitador.
Atenda-se a que ligustrum tem a ver com ligare, com legão, mais desenvolto nesta ligaç
ão.

Outro arbusto que é empregado para fazer sebes é o mirto, Myrtus communis.
Mirta dá nome ao Myrtus communis, ao buxo Buxus sempervirens e à brusca ou silvardeira Ruscus aculeatus.
A palavra mirta nomeia na rega dos prados o sulco secundário que sai do rego maior e que deita a água pola erva adiante em manta ou manda.
Este rego último é chamado mirta, birta ou creba, entre outros nomes(1)
Existe a expressão "arar à birta e rebirta".
Birta é também o sendeiro na neve.
Estes regos secundários, abertos nos prados de rega, são feitos com uma ferramenta especial que corta os terrões de erva limpamente, para depois serem levantados com um ligão e serem assim mais direitinhos, este trabalho é chamado de birtar.
Birtar é romper, crebar, britar, também é quebrantar uma lei.
Birtada / britada é a parcela de terreno arroteada, roturada, transformada em lavradio.
À par de birta existe virta.
Virta é um terreno vedado, com muro ou valo, nalgumas zonas um terreno de culturas, noutras um monte murado.
Virta é o comareiro limitador de um terreno de lavoura, a parte entre propriedade e propriedade que não é arada.

Polo lado céltico birto / virto tem o seu parente no galês perth "sebe, arbusto espinhoso, matagal, bosque cerrado, touça (zona de lenha), selva, zona rural"; com a forma parelha córnica berth / perth.
Esta raiz pode estar na origem de topónimos de raiz bert-, como Bertim, Bertomil, Bertamirans...
Berth também dá uma outra face à palavra aberto, (a-berto) "sem berth, sem sebe, não vedado."
Celta P, celta Q, haveria que esperar uma fomra *kerth: quercus?

Um dos nomes do Quercus pyrenaica na Galiza é cerco e cerquinho, onde é observada a confluência entre o cerco do cercado e o cerco quercus. A reparar que cerquinho pode ser percebido como cerco, quercus, pequeno; mas também como "o do cerco", do mesmo modo que marinho é o do mar.

A etimologia clássica aparenta virta com o latim virtum / virctum que significa "prado", relacionado com o verbo vireo "verdecer, abrochar, medrar com vigor e força".
Então vemos como as variações na fortiç
ão lenição da consoante inicial de mirta, como também palavra do limite, explicam esse primeiro território neolítico limitado por um rego: birta / mirta, que limitava um terreno arroteado: uma birtada / britada, valado por vegetação ou muro: uma virta / mirta.
Então já podemos dar uma outra etimologia de Briteiros e uma etimologia a Brito?
Brita: primeiro trabalho de arroteamento.

Mirta, mirto e mesmo murta estão ao pé do limite maior da vida, isto é: da morte.

Britar que dizem do
suevo *briutan, mas que semelha estar já no neolítico como palavra funcional.
Pois brita é a primeira rotura, o arroteamento, a roça e preparação de terreos incultos ou bravos, para cultura.
Então o britânico tem uma explicaçao desde aqui?, bretão como o brit
ão, uma terra arroteada, roçada.
O que leva a pensar que foi posta em cultura desde um lugar no que já a agricultura era assentada.

Brita: pedra moída para caminhos.
Virto é nome também de monte murado.
Mas virto é palavra arcaica para dar nome a uma hoste, a um exército.
Virto está recolhido em Salamanca como sinónimo de força, violência; o latim virtus semelha palavra que pode estar no mesmo conjunto?

Outro mirto é o Myrica gale, com os nomes de mirto-de-barbante, frúndio, frundinho, frundo, fúndio, fundinho, fundo e palmas.
O nome de f(r)und- leva a pensar em fronde.
Fronde tem a etimologia latina de frons frontis.
Para a etimologia clássica frons frontis dá a fronte da testa, a frente e a fronde vegetal, mas de duas fontes diferentes que convergem em duas palavras que são homónimas:

*bʰron-t- para a fronte anatómica.
*bʰron-d- para a fronde vegetal.
Voltamos a célula agrária neolítica, onde ambas as etimologias confluem, a fronteira é a fronda, e fai-na / fá-la o frúndio o mirto a sebe.
Entendemos então como divergiu da mesma palavra dous conceitos que semelham separados mas no início foram um, outra vez o limite entre a cultura e o outro território.
A pôr aqui outros significados de frons latino que ajudam a entender esse neolítico:
Testa, fronte anatômica; semblante aparência; frente,fachada; circunferência de una roda; capa exterior, parte exterior.


Frúndio, Myrica gale.

A mirta (Myrtus communis) também tem por nome arraião (arraiám).
Arrai
ão dizem provir do árabe...
Este é o mapa da sua distribuição "originária":


De BOLÒS, O. & J. VIGO (1984-2001
Colhido da rede:

ARRAYÁN, así se llamaba al ´mirto´.

      El padre Guadix dice que la palabra viene del árabe, pero la raíz es hebrea,  en árabe
   significa ´algo que siempre está verde´.

      Corominas apoya el origen árabe diciendo que viene de la palabra raihân que significa
   ´cualquier planta olorosa´.

       Al mirto lo llamaban raihân en el árabe de Espana y hasta hoy podemos encontrar la palabra
   en el árabe vulgar de varios países.

      En varias fuentes literarias podemos hallar variantes de la voz como arrahan o arraihán
   pronunciándose con la h aspirada. Esta versión, pronunciándose arraiján según Pichardo y
   arraigán según Cuervo, hasta hoy en Cuba.

A ouvidos de um galego arraião, poderia ser um empréstimo do romanço hispano (moçárabe) ou do galego medieval para o árabe andaluzi, sendo pois outro arbusto que faz a raia.
Há o arcaísmo arraiaz, o que linda ou limita com outra coisa.
E com isto volta a ideia de ser cousa do reino o assunto da raia, como mais adiante se explica.
En varias fuentes literarias podemos hallar variantes de la voz como arrahan o arraihán pronunciándose con la h aspirada
Isto ligaria o arrião com o arraclán castelhano barrete-de-padre"  "Euonymus europaeus", ou também com nome de arraclán o sanguinho.


Também a hedra ou hera é uma planta que tem a ver com os limites da primitiva unidade agrária, pode-se ler mais desenvolto aqui: http://remoido.blogspot.com.es/2016/06/lugares-herdadas-hedradas.html




Voltando ao filso e aos felgos:
A força da palavra filso como limite fica oculta dentro da palavra filgueira, ou felgueira?
Filgueira que semelham ter a ver com felgos ou figueiras. E não se nega.
Tenha-se em conta que felga, não é apenas fento, fieito ou felgo, felga é o conjunto de mato, ervas, fieitos e arbustos, tojos e silvas, que estão no limite das propriedades, chegando inclusive a ser felga o mesmo que o molime, louça, valume, estrume ou estro, a cama do gado que se apanha para jazida, também chamado este conjunto vegetal usado para estrar a cama do gando como felgos.

O par aragonês de flega é felze, também no italiano felce. O que ligaria filso "marco limitante" com a etimologia de felgo.
Felze, felce e felga são tidos por derivados do latim filix, mas poderiam ser cognados do latim.
As freguesias de Fezes de Arriba e Fezes de Abaixo levarom o nome de Felzes, o que as ligaria com filso:

.....A mais antiga referência documental alusiva a Monforte de Rio Livre data do
século XI, mais concretamente a 25 de Agosto de 1072. Trata-se do testamento de
Martinho Zarraquizno qual faz a doação dos bens que possuí em Chaves ao Presbítero
Fernando Pais, com obrigação de testar no Mosteiro de Santo Estêvão. Neste
documento o local onde se encontra o território de Monforte de Rio Livre é denominado
de Batocas, designadamente in territorio Flaviensis discurrente rivulo Tamica
determinantibus per illa fontanela de Felzes et ferit in Tamicam et per illum soveredum
et per mediatorio de Marius et per Aquas Frigidas et venit ad civitatem de Batocas.

Ricardo Jorge Pinheiro Teixeira
A Evolução do Povoado e Castelo de Monforte de Rio Livre
na Idade Média
.


Segundo esta hipótese, Felzes / Fezes seria o lugar limite entre o território Tamagano e o Aquiflaviense.

A raíz fils- teria a ver com filz- / filg-?


A Pedra Filga no Outeiro das Pias, freguesia de Arcos da Condessa (Caldas de Reis)
https://es.wikiloc.com/rutas-senderismo/ruta-das-3-fervenzascaldas-morana-e-barro-33207699

Vão uma images de um lugar com o topônimo Felgueira:


O agro da Pena Felgueira fai limite entre Campos e Abeancos, mas talvez já tivesse feito limite, ou filso entre as governas dos castros de ambas as freguesias Abeancos e os Campos. Na possibilidade que no outeiro entre os Campos e Linhares houvesse outro assentamento, polo que a tal Pena Felgueira poderia estar a fazer limite entre três governas.












Filgueira da Devesa em São Mamede do Carvalhal (Palas de Rei).

Filgueira da Devesa está a falar de "limite, borde, linde" da devesa; Sendo pois devesa a terra adevesada, a terra transformada para pastoreio, ou mesmo defesa, terra interdita.
Mas também Devesa pode ser "divisa", dividida, então seria tautológico. Muita toponímia do grupo devesa faz referência a divisão.

Como pode ser visto, a unidade territorial ainda conserva os antigos curros circulares marcados com frechas (pode-se ampliar a imagem clicando nela).


Fieito, felgo?
Felgo é dialetal no padrão português, mas felga tem o significado de:
- terrão desfeito
- raízes de plantas ao descoberto depois da cava de um terreno
- balbúrdio
Outra das palavras que liga o fieito com os valados é feigha: tojos dos valos.
Fieito tem no latim a sua origem: filectum, filix.
Este filix aparentam-no com felix.
Ainda que depois do visto, filix poderia ter parente com filum.
Sendo o sufixo -ix na sua função antiga de genitivo feminino. (confronte-se com pulex)
Filix é "a da fila" ou "a do filo".
Esta filix (a da fila ou a do filum / filus, pode ser "a do limite" ou "a do corte".
Que se imos ao início neolítico agrário de suco limitante arado ou cavado, corte, filo e limite estão no mesmo conjunto conceitual.

(filso, fil(s)o, filo?).
Valados de fieitos, no prado, já for pola sega ou polas vacas pisarem, ou no campo de lavrança polo arado o fieito não medra, apenas o limite é o seu reino.

Palavra velha filar, que tem a ver com o cão de fila.
Também filar no galego medieval, com os significados de: pegar com força, agarrar, aferrar, (e ajudando a entender filhar e pilhar).

Mas também o fieito comum, o Pteridium aquilinum, tem fios dentro do caule, (quem criança rural não se cortou ripando nele, e depois ouviu o tópico: "já cho dizia eu"...). Assim fienta e fiento são nomes para o fento, para o fieito.
Filectum?, o que poderia indicar ser filix "a da fia, a do fio".
Este filar tem por par pilhar, verbo com muita força no galego e com diversos significados, mas todos nascido da ideia original de pilha, montão?, mot
o?, mota?, terras da roça?
Assim as cousas: o fieito, como o felgo que será tratado mais adiante, está falando da terra deboirada em derredor da propriedade do reino, pois é neste tipo de terreno passados os anos de ser cultivada que o fieito medra.

No céltico das ilhas, o fieito leva o nome de raithnech no antigo gaélico, no galês: rhedyn, com o bretão raden. Na raiz do gaélico, esta ráitha, que dá nome à muralha de terra circundante da residência de um chefe: um forte,(tem a ver com a palavra rath, algo mais desenvolta neste outro escrito).
*ɸratis é a raiz protoéltica pensada para o fieito.
*Fratis que vai dar ao irmão, à fracha, à fratura.
Desse lugar da rotura, de rupturar, da quebra e da roça, do roto, como bro, é escrito aqui.

Quando falamos de fieito estamos falando desde o latim "da da raia"?
Nas falas célticas o raithnech está nomeando o valo circundante do lugar.
Diz isto logo, que os valados eram o lugar dos fieitos tanto etimológico como onde cresciam?, pois do resto a roça, o arado limpava o campo deles.
Roça que era feita por Rei, que derreigava em redor da propriedade, raía /ra.'i.a/, trabalhava na raia.
O verbo raer é roçar o terreno, confronte-se com rair.
Raia, significa além da linha, a roça.
Raeira é o terreno livre pelado de vegetação.
Raído é o desobediente.
Isto tem parente no verbo latino rado, com o particípio rasum.
Por isso é o nome do rádio.
E aqui une-se o rado com o rodo.
arrais: superfície...
arraiais....
Outra árvore ou arbusto que faz sebes é o Prunus laurocerasus, chamado loureira, loureiro-romano (2), loureiro-real, e surpreendentemente loureiro-raial. Outra vez na "confusão" entre o rei e a raia.
Daí que rainha antes do que uma deturpação de uma hipotética reinha, ou uma derivação de re..., rainha talvez nos esteja a dizer que é "a relativa ou pertencente à raia"; do mesmo jeito que marinha é a do mar, rainha é a da raia.
Como foi exposto no escrito o ruler que anda de ruler e desenvolto noutros escritos, foi função dos iniciais reis itinerantes a marcação cuidado e proteção do limite, da raia, raia pela que corria o caminho raial ou caminho real, circundando as governas, polas ruas, cricas ou contornas das unidades agrárias neolíticas.


Loureiro-raial, Prunus laurocerasus.


Uma outra forma da palavra felga inicial, referida aos vegetais para estro é melga.
Melga com o significado de batume, molime, restos vegetais apanhados para estrume.
Melga tem outros significados que aparentemente confluem vindos de outras raízes etimológicas.
Melga é nome da faixa de terra entre dous sucos arados, com o castelhano amelga.
Melga é nome das sargacinhas ou carrascos, e também dá nome à alfalfa.

Melga, Halimium lasianthum
Melga, pode ser fonte da palavra melquita, melquita nomeia à brusca, rusco ou silvardo, planta que também é usada para fazer sebes ou bardas:

Melquita ou mezquita, Ruscus aculeatus

A planta melquita, seria um diminutivo de melga, *melguita, com fortição: melquita? Melquita tem a variante mezquita também nome desta planta, talvez por influência do nome do templo islâmico, ou por ser a proto-forma *melzk- / *belz- / *felz- ... Confronte-se com o o já comentado feigha.
Abre-se pois a possibilidade que os topónimos de raízes melg- mezq- e melq-, estejam sob a ideia de borde, limite. Confronte-se coa Mezquita das terras das Frieiras, com Melgaço do Minho.
A Mesquita e também a Cruz da Mesquita fazendo limite entre três freguesias do concelho de Pontecesso.
Limites da Freguesia da Mezquita da Merca, entre três concelhos e três parróquias, São Votório da Mezquita de Alhariz, Souto Maior de Taboadela, e a própria Mezquita da Merca.
Ressaltar Melcas na freguesia de Corujo (Vigo), que poderia apanhar o nome da planta, mas mirando o lugar, Melcas linda com as Roteas, (rotea é o terreno cavado,lavrado de novo para cultivar):



Outra variação de felg- é belg-, assim belga, albelga, embelga, são as faixas de terreno roçado que marcadas, polo comum, com palhas, servem de referência para quem semeia. Belga é um tipo de terreno em faixa, um jeito de cultivo do monte comunal no sistema de roças e de reparto de sortes, de faixas de terras para a semeadura:


Talvez isto ajude a entender polo quê, na linde entre a Gália e a Germânia, o povo que a habitava, foi chamado de belgae.
Outras lindes célticas também com o nome de Belgae?


Península da Cornualha, no oeste, para leste dela aproximadamente a atual Devon, e depois Belgae.

Por exemplo na linha germânica e na mesma raiz do felgo, fieito, que anteriormente foi falado:
Felg (norueguês): aro de roda.
Felga (alto-alemão antigo): aro.
Valg (neerlandês): pousio, terras em descanso.
Fealh / fealg (inglês antigo): pousio, terras em descanso.
Confronte-se com o espanhol fleje "aro de cuba, aro de roda..."
Confronte-se com o arcaísmo helga: anel de ferro com espigo para o afixar.
Remete isto a um proto-germânico: *falgō “margem, grade agrícola, pousio: terreno de lavoura em descanso anual” e *felgō “aro, borda, contorna”.

Estas terras em pousio, no gaélico são as fíad.
Fíad é também uma nódoa de lixo, uma mancha, uma floresta selvagem, um lugar selvagem, dá nome ao cervo e ao gamo, ao honor e ao respeito.

Nas Astúrias de fala galega o pintassilgo, o xílgaro tem o nome de
filgueru / filgueiro.
Estamos no lexema xilg- filg-.
As práticas neolíticas agrárias ou pastorais da queima e roça, da existência de terras em pousio ou barbeito, a exitência de
fealg, favoreceu a certas espécies de aves ruderais, entre elas o pintassilgo.
La
felguerina e el filgueiro são então as aves do *felg- da *filga.
Os variados nomes do xílgaro;

pintassilvas, pintassilvo, pintaxildo, pintaxilgo, pinta-sirgo, sigueiro, sílgaro, xílgaro, xilgueiro, xildo, cílgaro, picílgaro, sibeirão (sibeirao).
Já nas Astúrias: xilgueru, xilgueiru, xilguiru, silgueru, silguero, sirgueru, filgueru filgueiro (Santa Eulália de Ozcos).
No mirandês: pintassilbo.
No espanhol: jilguero; em Salamanca sibón.

poem em relação esta antiga raiz de um suposto terreno desmatado felg- com silg- / xilg- / xild- / filg- / cilg-.
Abrindo as hipótese toponímicas a lugares como Silgar serem antigos pousios ou limites de primitivas células agrárias neolíticas.

Os variados nomes do xílgaro e o estudo do seu lexema poẽm em relação a felga/fio coa sirga, a felga coa sib-/sebe.

Conflui-se. O que talvez quer dizer que os usos-costumes eram os mesmos no mundo europeu antigo.

Este acúmulo de tantas palavras enguedelhadas e desenguedelhadas leva a uma interpretação: o sistema neolítico inicial de ocupação do território, que chegou ao seu colapso no final do ferro, com a entrada da Roma, começou tendo uma ordenação do agrário e "político" em mini-reinos, cada reino era uma unidade agrária, que na sua periferia realizava o sistema de roça. Mas o território estava limitado por uma terra que a jeito de pé-de-boi, era limpada extra-muro em aro arroteado. Este feito da agricultura determinou a cultura, e determinou a paisagem. A cultura ainda está presente na etimologia, que dá um grande campo de palavras que indo à sua raiz explicam como era uma parte da vida no passado, que deixou pegadas na geografia e na fala indo-europeia que assoma ainda hoje. Mesmo no jeito de sermos hoje as pessoas?


Pinus cembra, é um pinheiro da zona dos Alpes, onde é chamado de cembro, arolle ou ternier em francês; em italiano cembro, zembro, cirmollo; em alemão Arve, Zirbel, Zirbelkiefer.
A considerar o que significa cembro na Galiza, ou a proximidade do alemão Zirbel com serbal.
Também para reparar no nome de arolle, como do aro.


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(1) Outros nomes do rego secundário de rega:
Guiteira, freita, manda, mandra, madoiro, picheta, atola.

(2) Para loureiro-romano há a evidente interpretação de loureiro que veio da Roma. Mas é possível perceber que Roma além da cidade pode ter sido outra cousa, roma a romba o inicial território limitado que é explicado nestes dous post: 1 e 2
Sendo pois loureiro-romano percebido como o loureiro que marca a roma/romba, o perímetro do aro territorial marcado com arado(-romano), assim o dizem os seus outro nomes loureiro-raal, loureio-raial ou loureio-real.

Entre as variantes de felga e felgo, está filgueira, fulgueira e folgueira. Dentro deste conjunto a palavra folgada tem o seu aquele.
Folgada e folgado dão nome ao barbeito.
Folgada dá ideia de folgar, descansar, ou mesmo de ampla, alargada, fácil de trabalhar.
Até aqui, tudo bem, o caso é que folgueira dando nome a fieitais confunde-se e conflui com a folgueira de descanso.
Como é isto assim?

https://pt.slideshare.net/asensiosara/la-agricultura-en-la-sabana-africana

Acho que no neolítico a terra em redor do núcleo habitacional era trabalhada em períodos talvez mais longos do que um ano, onde esta terra em descanso ficava inçada de mato novo que era cortado aproveitado para estrar, estercar, daí a palavra felgos. Mato maioritário de fieitos ou felgueiras, folgueiras.
A terra estava folgada e com vegetação de nome folgueiro porque é o próprio da folga, folga é palavra patrimonial agrícola galega que também dá nome ao terreo de lavradio em descanso.
Quer dizer, que a folga inicial neolítica não foi a do descanso da pessoa, mas a do descanso da terra, e desse barbeito agrário passou a dar nome ao descanso humano.

Fisteus: Poderia pertencer a este grupo toponímico de limite, sendo antropónimo com o significado de "as gentes do limite", de uma suposta forma latinizada *filict(e)us, "os habitantes do *filectum, ou já de um proto-indo-europeu que teria a sua raiz no jilso / filso falado, *filze-yós.



A etimologia latina de arbor leva-nos ao protoindo-europeu h₂erh₃-, do qual dizem que deriva o proto-céltico *arwī, e no bretão erv "a parte elevada do sulco, o cavanhão ou seta", com o plural ervióu e irvi.
Esta palavra bretoa/bretã faz lembrar o êrvedo (Arbutus unedo).
Então como segundo o que foi sendo apresentado neste escrito, a grande relação entre o limitante e os nomes diversos de árvores, o nome genérico de árvore poderia ser explicado desde o proto-céltico *arwi- + -or(e), a árvore seria quem faz a função do cavanhão ou cambalhão.
A deriva de *arwi- "sulco elevado" para o galês erw "terreo valado, acre, e córnico erow "acre, medida de terra que ara num dia uma parelha de bois" ou para o gaélico antigo arbor / arbar "plantação, cultura de cereal, o grão de cereal mesmo", para o latim arvus "arável, cultivável" poderia ser entendível porque no neolítico pastoral, talvez as culturas tivessem que ser feitas dentro de aros de valados e sebes, cortinhas, pois os rebanhos de animais semi-domesticados não seria fácil o seu pastoreio.
De esta base *arw-, bretão erv, confronte-se com êrvedo, írvedo, úrvideiro.
Outra etimologia associa estas forma britónicas erv, erw, erow com o proto-céltico *eru̯ "terra".











(4) Linden, descodificaria-se como lind- + -en.

















Barreira ou Farrumeira ou Fieiteira (Vioño, Monte Alto, Nelle)









A Silva
Silva com as três partes, vala, valado e balouco ou vegetação limitante
Silva em letão significa vala
Proto-germânico *sulī "poste, estaca, barra".
Silva: silveira.

As três formas do protoindoeuropeu *sel- *swel-, neste caso já do nível nostrático, paleolítico superior, 10.000 aC.